Observação para o líder da classe: Recomendamos que você ministre esta lição em duas aulas devido à quantidade de material a ser abordado. Os alunos só terão uma tarefa após a segunda aula.
Conhecer as formas literárias nos ajuda a interpretar as Escrituras.
Quando a Bíblia nos diz que Davi cuidava de ovelhas (1 Samuel 16:11), sabemos que está falando literalmente de ovelhas, porque ele era pastor. Quando o livro de Apocalipse diz que João viu um dragão (Apocalipse 12:3) ou algo que parecia um leão ou um urso, sabemos que esses animais representam outras coisas porque o livro de Apocalipse tem muitos símbolos.
Quando 1 Reis 5:6 nos diz que Salomão comprou árvores de cedro para usar na construção do templo, sabemos que ele comprou árvores literais. Quando Salmos 1:3 diz que um homem justo será como uma árvore junto ao rio, sabemos que ele está fazendo uma comparação. Quando Isaías 55:12 diz que as árvores bateriam palmas, significa que haveria tanta alegria que até a natureza pareceria estar comemorando.
A compreensão da forma literária é importante na interpretação da Bíblia. Um livro de poesia (Salmos) irá comunicar de forma diferente de uma epístola (Romanos). Entender as diferenças nos ajuda a interpretar cada livro conforme a intenção do autor. Aqui está uma introdução aos principais tipos de literatura nas Escrituras.
Forma Literária: História
Grande parte da Bíblia é história: o Pentateuco, os Livros Históricos, os Evangelhos, Atos e outras seções mais curtas são relatos históricos precisos de pessoas e eventos reais.
(A Bíblia também inclui ilustrações fictícias contadas pelos profetas e parábolas contadas por Jesus. Discutiremos a interpretação delas em uma seção posterior, pois é diferente da interpretação de relatos históricos.)
Perguntas a Serem Feitas ao Ler a História
Você deve fazer estas perguntas ao ler a história bíblica:
(1) Qual é a história?
Quando lemos a história, procuramos pela sua estrutura. Por exemplo, o Evangelho de Lucas traça o ministério de Jesus na Galileia; em seguida, analisa a jornada de Jesus para Jerusalém e se concentra em Seus ensinamentos sobre discipulado. Lucas conclui com foco na morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém. Em Atos, Lucas mostra o ministério crescente da igreja. Mais uma vez, ele segue uma estrutura geográfica. O evangelho é pregado em Jerusalém; depois, o evangelho é levado para toda a Judéia e Samaria; finalmente, o evangelho vai até os confins da terra por meio do ministério de Paulo em Roma.
(2) Quem são as pessoas da história?
Quando lemos sobre pessoas históricas na Bíblia, aprendemos sobre os pontos fortes que devemos desenvolver e os pontos fracos que devemos evitar. Fazemos perguntas como: “O que fez de Neemias um líder eficaz?” e “O que fez a diferença entre o fracasso de Saul e o sucesso de Davi?”. Comparamos as abordagens evangelísticas de Pedro e Paulo. Na história bíblica, obtemos um retrato das pessoas.
(3) O relato histórico dá um exemplo a ser seguido?
Ao lermos a história, devemos nos perguntar se as ações são um exemplo a ser seguido. Um relato histórico pode fornecer um modelo do que Deus espera de Seu povo. Por outro lado, ele pode apresentar uma história importante que não fornece um modelo a ser seguido.
Você se lembra do exemplo dado sobre um pregador que usou Juízes 21 para pregar sobre como conseguir uma esposa? Nesse exemplo, o pregador deixou de perguntar: “Juízes está ordenando essa ação ou simplesmente descrevendo essa ação?”. Juízes 21 descreve as ações de Israel; não ordena o comportamento.
Ao lermos a história, devemos nos perguntar: “Este é um exemplo a ser seguido?” ou “Isto é apenas uma descrição?”. Em muitos casos, a resposta é simples: ninguém acha que Juízes 21 nos ordena a raptar uma esposa! Entretanto, muitos casos são menos claros. O livro de Atos é particularmente difícil. As igrejas de hoje devem esperar que Deus faça os tipos de milagres que Ele fez nos dias da igreja primitiva? Todos os crentes cheios do Espírito falarão em outras línguas?
Como decidimos se uma passagem nos dá ou não um exemplo a ser seguido? Se não respondermos corretamente a essa pergunta, faremos uma leitura errônea de livros históricos como Juízes e Atos. Se não respondermos corretamente a essa pergunta, enfatizaremos ou negligenciaremos detalhes bíblicos, dependendo de nossas preferências pessoais. Lembre-se deste princípio: se uma passagem histórica nos dá um exemplo a ser seguido, podemos esperar encontrar instruções claras ou exemplos repetidos em outras passagens.
Por exemplo, Atos mostra que os primeiros cristãos eram apaixonados pelo evangelismo. Sabemos que esse é um exemplo que devemos seguir porque Mateus 28:19-20 nos ordena a fazer discípulos. Atos mostra o agir do Espírito Santo na igreja. Sabemos que isso deve ser uma parte normal da vida da igreja, porque Jesus prometeu que o Espírito Santo capacitaria o ministério de Seus seguidores (Atos 1:8). Se deixarmos de evangelizar ou de demonstrar o poder do Espírito Santo em nosso ministério, não estaremos vivendo de acordo com o modelo de Atos. Essas histórias são exemplos para a igreja.
Atos também nos diz que os cristãos tinham todas as coisas em comum e cultuavam em casas privadas. Essas práticas são ordenadas na Bíblia? Não. A prática de compartilhar a riqueza de alguém era voluntária, não obrigatória, como Pedro disse a Ananias (Atos 5:3-4). Da mesma forma, a Bíblia não nos ordena a fazer o culto em casas privadas.[1]
Como essas práticas não são ordenadas nas Escrituras, podemos concluir que elas fazem parte da história da igreja, mas não são necessariamente um exemplo a ser seguido. Atos está descrevendo uma época específica da história; não está ordenando essas práticas para todos os tempos.
(4) Quais princípios são ensinados nesse relato histórico?
De acordo com Paulo, a história bíblica é dada para nossa instrução (1 Coríntios 10:11). Ela mostra como Deus trabalha na história humana e o que agrada ou desagrada a Deus. Como leitores, devemos encontrar princípios nos relatos históricos.
Raramente a história diz: “Os israelitas reclamaram contra Deus e foram punidos. Vocês não devem reclamar contra Deus”. Em vez disso, somos informados de que Israel reclamou contra Deus; vemos as consequências de seu pecado e devemos entender o princípio que é ensinado. Em vez de ordens diretas, a história dá exemplos positivos a serem seguidos e exemplos negativos a serem evitados. No livro de Josué, vemos que a obediência a Deus traz a vitória; no livro de Juízes, vemos que a desobediência traz o caos.
O Livro de Atos
O livro de Atos fornece um registro histórico do que aconteceu depois da vida de Jesus na terra. Para os leitores do Novo Testamento, Atos fornece o contexto das cartas escritas às igrejas.
O livro de Atos mostra que a igreja — capacitada pelo Espírito Santo —, não podia ser detida em sua missão de espalhar o evangelho. A igreja enfrentou questões doutrinárias, divisões internas, ensinadores de falsas doutrinas, dificuldades na administração, hipócritas, resistência de demônios, perseguição da sociedade e do governo e desastres durante as viagens. No entanto, a igreja seguiu em frente com alegria e vitória. Como o Espírito Santo capacitou a igreja, indivíduos e comunidades foram transformados pelo evangelho.
O propósito de Lucas ao escrever Atos era dar confiança à igreja para continuar cumprindo sua missão de alcançar o mundo com o evangelho. Seu propósito é visto em todo o livro com os pontos a seguir. Outros pontos semelhantes poderiam ser acrescentados:
Jesus disse que os Seus discípulos levariam o evangelho até o ponto mais distante da terra (Atos 1:8).
O Espírito capacitou os discípulos a pregarem o evangelho no dia de Pentecostes, e 3.000 pessoas creram (Atos 2:41).
Pessoas eram acrescentadas à igreja diariamente (Atos 2:47).
O líder judeu Gamaliel disse que a obra de Deus não pode ser interrompida (Atos 5:39).
Os crentes perseguidos saíram de Jerusalém e espalharam o evangelho (Atos 8:1, 4).
O líder da perseguição se converteu e se tornou o maior evangelista (Atos 9:13-22).
Paulo e outros fizeram viagens missionárias por todo o mundo conhecido (Atos 13-21).
Paulo pregou aos governantes (Atos 24-26).
Paulo pregou em Roma, a capital do império (Atos 28).
Aplicação do Livro de Atos
Às vezes, um leitor supõe que o livro de Atos nos diz como fazer o trabalho missionário, batizar, organizar a igreja e experimentar o Espírito Santo. Atos registra a história de como a igreja primitiva fazia essas coisas; no entanto, o autor não pretendia que Atos fosse um manual para o ministério da igreja.
Não devemos presumir que precisamos fazer tudo da mesma forma que a igreja fez no livro de Atos, mas podemos aprender muito ao ver como a igreja enfrentou os desafios.
O livro de Atos nos mostra que a igreja deve continuamente chegar mais longe com o evangelho, sempre avançando e enfrentando todos os problemas com o poder e a sabedoria do Espírito Santo, desenvolvendo estruturas conforme necessário para resolver questões práticas.
[1]Atualmente, em algumas partes do mundo, os cristãos acham que o culto doméstico é mais seguro do que se reunir em um prédio público. Isso se baseia em circunstâncias locais, não em uma ordem universal.
Forma Literária: Lei do Antigo Testamento
O Valor da Lei do Antigo Testamento
Alguns cristãos acham que o Antigo Testamento tem pouca utilidade para o crente de hoje, exceto pelo fato de as partes históricas ilustrarem princípios cristãos. Eles acham que as leis do Antigo Testamento não têm aplicação para os crentes de hoje.
O Apóstolo Paulo escreveu várias vezes sobre a mudança de uso da lei do Antigo Testamento para o crente. Ele disse que a morte de Cristo retirou a condenação da lei e que não devemos julgar aqueles que não seguem os rituais da lei (Colossenses 2:14-17). Ele disse que os apóstolos não viviam mais sob as exigências judaicas (Gálatas 2:14-16). Ele se recusou a exigir que um pastor gentio fosse circuncidado (Gálatas 2:3). Ele disse que cada pessoa deveria seguir sua consciência com relação à dieta judaica e aos dias especiais e que os crentes não deveriam julgar uns aos outros com relação a essas exigências (Romanos 14). Ele disse que o crente está morto para a lei e que servimos a Deus de uma forma que cumpre a intenção da lei, mas não as exigências específicas (Romanos 7:4, 6). Mais importante ainda, ele disse que ninguém será justificado pelas obras da lei (Romanos 3:20).
A Bíblia também faz declarações sobre a lei do Antigo Testamento que nos mostram que ela ainda é importante para o crente. Como a lei do Antigo Testamento era uma expressão da natureza de Deus, a pessoa que amava a Deus amava a Sua lei (ver Salmos 1:2, Salmos 119:7, 16, 70). Paulo disse que a lei é santa, justa e boa (Romanos 7:12). Ele também disse: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na justiça” (2 Timóteo 3:16). Na época em que ele fez essa declaração, o termo escritura se referia principalmente ao Antigo Testamento. Paulo disse a Timóteo que as Escrituras o tornariam sábio para a salvação (2 Timóteo 3:15). Essas declarações nos dizem que, como crentes, não devemos descartar nenhuma parte do Antigo Testamento. Embora não sejamos salvos por cumprirmos as leis de Deus, queremos entender a Sua vontade para nós, para que possamos agradá-Lo (2 Coríntios 5:9-10).
Classificação das Leis do Antigo Testamento
Para nos ajudar a entender como os crentes devem usar a lei do Antigo Testamento hoje, observaremos algumas categorias de leis.
As leis cerimoniais tratavam dos sacrifícios, rituais, dieta e dias especiais. Paulo disse que essas leis foram cumpridas por Cristo (Colossenses 2:16-17). O livro de Hebreus dá muitas aplicações sobre o significado das cerimônias do Antigo Testamento. Por exemplo, as coisas no templo eram purificadas com sangue, simbolizando o sangue de Cristo que purificaria os crentes (Hebreus 9:14, 21-24).
As leis civis foram dadas a Israel como uma nação. As leis civis não eram aplicadas por cidadãos individuais, mas por autoridades designadas. Por exemplo, as pessoas que praticavam feitiçaria deveriam ser executadas (Êxodo 22:18), mas o julgamento e a execução eram feitos por autoridades estabelecidas, não por cidadãos comuns. Deuteronômio 17:2-12 descreve o processo do governo local de ouvir testemunhas e fazer justiça; um tribunal superior estava disponível para casos mais difíceis.
As leis de uma nação podem ser diferentes hoje, e os crentes não devem assumir a responsabilidade pessoal de aplicar as leis civis do antigo Israel. Entretanto, essas leis nos ensinam sobre a justiça de Deus e a justiça que Ele espera de Seu povo. Por exemplo, a lei dada em Êxodo 22:18 nos diz que é errado praticar feitiçaria. Outras leis civis nos dizem que Deus quer que a nação proteja os pobres e evite a injustiça com todos os grupos de pessoas (Deuteronômio 24:14-15, 17-22).
O intérprete da Bíblia primeiro tenta entender o princípio de uma lei civil do Antigo Testamento e depois considera como o crente deve aplicar esse princípio hoje. Devemos nos perguntar: “Qual era a preocupação de Deus? Qual era o propósito de Deus? O que essa lei revela sobre o que Deus valoriza?”. Em seguida, consideramos qual aplicação moderna agradaria a Deus.
As leis morais estabelecem os requisitos permanentes de Deus para uma vida correta. As leis morais falam sobre honestidade, sexualidade, idolatria e outras questões (Êxodo 20:4-5, 13-16). Muitas das leis morais são repetidas no Novo Testamento. Elas são fundamentais para as leis civis das nações de hoje — embora as leis das nações não sigam as leis de Deus de forma completa ou consistente. As leis de Deus para o Seu povo vão muito além do que a sociedade exige.
A nossa classificação das leis em categorias não é perfeita. As passagens do Antigo Testamento às vezes incluem todas as três categorias de leis e outras que não são fáceis de categorizar. Mesmo não sendo perfeito, esse sistema de classificação nos ajuda a entender como as leis do Antigo Testamento se aplicam aos crentes do Novo Testamento.
Quando estiver estudando a lei do Antigo Testamento, considere o contexto mais amplo da lei em estudo. Observe a narrativa ao redor. Como a lei se encaixa em seu contexto imediato?
Em seguida, pergunte:
(1) O que esse texto significava para o público original?
Para entender como Israel interpretava uma lei, faça perguntas como:
Existe uma conexão entre a lei e os versículos que a cercam?
A lei é uma resposta a uma situação específica relacionada à história de Israel?
A lei está relacionada ao sistema de sacrifícios do Antigo Testamento?
(2) Quais são as diferenças entre o público bíblico e o nosso mundo?
Há mais diferenças entre o nosso mundo e o Antigo Testamento do que entre o nosso mundo e o Novo Testamento. Por exemplo:
Não visitamos mais o Templo único e central; o Espírito Santo habita em cada crente.
Não nos aproximamos de Deus por meio de sacrifícios; Cristo morreu uma vez por todos (Hebreus 10:10).
A Palavra de Deus não é a lei de nossa nação. Vivemos sob governos seculares.
(3) Quais princípios são ensinados nesse texto?
A ação específica exigida por uma lei do Antigo Testamento pode não ser exigida hoje. Portanto, devemos procurar o princípio permanente ensinado pela lei. Essa é a ponte que move a Escritura de seu cenário antigo para o mundo moderno. Esse princípio será relevante tanto para o público do Antigo Testamento quanto para o público contemporâneo.
Estabeleça o princípio em uma ou duas frases. Para confirmar que o princípio é de fato bíblico, faça as seguintes perguntas:
Esse princípio é claramente demonstrado pela lei?
Esse princípio é aplicável às pessoas em todos os tempos e lugares?
Esse princípio é consistente com o restante das Escrituras?
(4) O Novo Testamento adapta esse princípio de alguma forma?
Cada uma das três perguntas principais anteriores é útil para a interpretação de qualquer passagem bíblica. Essa última pergunta deve ser acrescentada ao processo de interpretação quando estudamos textos do Antigo Testamento. Se você encontrou um princípio universal na passagem do Antigo Testamento, esse princípio continua em vigor hoje. Entretanto, o Novo Testamento pode mostrar que a aplicação é diferente da época do Antigo Testamento.
Por exemplo, Êxodo 20:14 ordena: “Não adulterarás”. No Sermão do Monte, Jesus expande isso para se aplicar aos pensamentos, não apenas às ações (Mateus 5:28). O ensinamento de Jesus não cancela o princípio de Êxodo 20:14; ele aprofunda a sua aplicação.
[1]Esta seção foi adaptada de Grasping God’s Word de J. Scott Duvall e J. Daniel Hays, (Grand Rapids: Zondervan, 2012).
Forma Literária: Poesia
A Bíblia tem muita poesia. Jó, Salmos, Provérbios e Cântico dos Cânticos estão quase inteiramente em forma poética, e Eclesiastes inclui alguma poesia. Há também muita poesia nos profetas. A poesia é um estilo de escrita usado para expressar emoções fortes. Ela não foi criada para comunicar os detalhes de relatos históricos ou para criar argumentos lógicos. Na poesia, ouvimos o coração do poeta; ficamos particularmente sensíveis às emoções expressas no texto.
A poesia geralmente usa figuras de linguagem e suas descrições não devem necessariamente ser tomadas literalmente.
Aqui está um exemplo de uma declaração poética do Salmos: “...quando apontares para eles o teu arco” (Salmos 21:12). Percebemos que Deus não tem um arco literal que dispara flechas literais. O escritor está dizendo que Deus é capaz de derrotar qualquer um que escolha ser Seu inimigo. O escritor está dizendo aos crentes para confiarem na vitória de Deus.
A poesia geralmente serve o propósito de comunicar de forma imaginativa a verdade que está mais claramente declarada em outra parte da Bíblia. Não desenvolva uma doutrina ou prática a partir de uma passagem poética se ela também não for ensinada em uma passagem mais clara.
A poesia hebraica às vezes usa padrões de som, mas não rima da mesma forma que a poesia tradicional inglesa ou em outros idiomas. Compreender as características da poesia hebraica pode ajudá-lo a apreciar melhor sua beleza.
Características da Poesia Hebraica
Paralelismo
A poesia hebraica geralmente se baseia no paralelismo. Duas declarações paralelas são usadas juntas; a segunda declaração acrescenta algum significado à primeira declaração, mas nem sempre faz uma observação adicional.
Há três tipos de paralelismo:
Um verso diz a mesma coisa de duas maneiras (Salmos 25:4, Salmos 103:10, Provérbios 12:28).
Um versículo mostra como duas coisas são diferentes uma da outra (Salmos 37:21, Provérbios 10:1, 7).
Um versículo faz uma declaração e depois acrescenta mais detalhes na declaração seguinte (Salmos 14:2, Salmos 23:1, Provérbios 4:23).
Ao interpretar o paralelismo, pergunte o que a segunda linha acrescenta à primeira. Ela reforça a primeira linha, oferece um contraste com a primeira linha ou acrescenta novas informações?
Figuras de linguagem
Embora todos os livros bíblicos contenham figuras de linguagem, elas são particularmente importantes na poesia. As figuras de linguagem encontradas na poesia hebraica incluem:
1. Comparação de duas coisas que são semelhantes de alguma forma: “O Senhor é o meu pastor” (Salmos 23:1).
2. Uso de exagero para enfatizar um ponto. Davi descreve sua dor dessa forma: “De tanto chorar inundo de noite a minha cama” (Salmos 6:6).
3. Falar sobre algo como se fosse humano: “A sabedoria clama em alta voz nas ruas, ergue a voz nas praças públicas” (Provérbios 1:20).
4. Descrever Deus usando características humanas: “Seus olhos observam; seus olhos examinam os filhos dos homens” (Salmos 11:4).
Ao interpretar figuras de linguagem poéticas, pergunte o que a imagem mostra que não entenderíamos em uma declaração simples. Por exemplo: “O Senhor é o meu pastor” é muito mais do que “Deus cuida de mim”. Fala do Seu cuidado, mas também fala do Seu amor, Sua liderança, Sua proteção contra nossos inimigos e Sua disciplina quando nos afastamos do Seu cuidado.
O Livro de Salmos
Tipos de Salmos
Há vários tipos de salmos. Salmos de louvor honram a Deus por Suas características, bênçãos e intervenções (Salmo 23, 29). Salmos sobre a lei de Deus louvam a Sua sabedoria e justiça (Salmo 119). Salmos de tristeza expressam sentimentos a Deus, pedem Sua ajuda e se submetem à Sua vontade (Salmo 3, 13, 22). Os salmos sobre o rei descrevem as bênçãos que chegam a uma nação por meio de um rei que honra a Deus, e esses salmos também apontam para o futuro reino messiânico (Salmo 21, 72). Os salmos de ira pedem que Deus julgue as pessoas perversas e defenda os Seus servos (Salmo 69:21-28, Salmo 59). Outros tipos de salmos poderiam ser listados.
Aplicação de Salmos
O Novo Testamento nos diz algumas maneiras de usar o livro de Salmos. Os Salmos expressam nossa adoração a Deus (Efésios 5:19) e eles também são úteis para doutrina e encorajamento (Colossenses 3:16).
Nem toda atitude expressa nos Salmos é um exemplo de atitude que devemos ter. Entretanto, aprendemos que toda atitude deve ser submetida a Deus. Na oração, você pode expressar a Deus tudo o que estiver sentindo. Os Salmos nos mostram que Deus pode renovar a fé de um crente que está lutando contra o desânimo, o medo ou a raiva.
Forma Literária: Literatura de Sabedoria
Jó, Provérbios, Eclesiastes e partes de Salmos e Tiago representam o gênero conhecido como literatura de sabedoria. Nos livros de Provérbios e Eclesiastes, a instrução é dirigida a jovens leitores que estão aprendendo os princípios da vida.
O Livro de Jó
Longas passagens em Jó apresentam as palavras de vários oradores humanos, incluindo o próprio Jó. Os oradores expressam várias opiniões. Um intérprete da Bíblia não deve pegar declarações de um dos discursos e ensiná-las como princípios bíblicos. O livro de Jó analisa criticamente essas declarações com as palavras e a perspectiva de Deus. Em Jó 38-42, Deus responde aos discursos, e Jó 1-2 também mostra a perspectiva de Deus.
Forma Literária: Provérbios
Os provérbios são observações da vida apresentadas de forma breve e clara. Eles afirmam o que geralmente acontece, mas não querem dizer que não haja exceções.
À primeira vista, um provérbio é fácil de interpretar. Entretanto, essa forma literária oferece um desafio especial. Um provérbio declara um princípio geral sobre a vida, mas não se aplica a todas as situações. Por exemplo, Provérbios 21:17 diz:
Quem se entrega aos prazeres passará necessidade; quem se apega ao vinho e ao azeite jamais será rico.
Como regra geral, aqueles que amam o prazer em vez do trabalho tendem à pobreza. Essa regra geral é verdadeira, mas há muitas exceções. Algumas pessoas ricas herdaram sua riqueza sem trabalhar. Elas passam seus dias bebendo e jogando, mas são ricas. Outras pessoas trabalham duro e continuam pobres. O provérbio ensina um princípio geral, não uma regra universal.
Há muitos provérbios na Bíblia, não apenas no livro de Provérbios. Aqui está um exemplo de um provérbio dito por Jesus: “…todos os que empunham a espada, pela espada morrerão” (Mateus 26:52). Houve homens violentos que não morreram violentamente. Novamente, o provérbio é verdadeiro como observação geral, mas há exceções.
Devemos fazer essas perguntas ao interpretar um provérbio:
(1) Qual princípio geral é ensinado nessa passagem?
O princípio encontrado em Provérbios 21:17 é o valor do trabalho árduo e da disciplina. A maioria dos provérbios resume um princípio que pode ser desenvolvido em um parágrafo.
(2) Quais exceções a esse princípio existem?
No caso de Provérbios 21:17, vemos exceções na vida cotidiana. Isso não contradiz o princípio; simplesmente mostra que uma pessoa sábia deve perceber que há exceções aos princípios gerais.
(3) Quais pessoas na Bíblia modelam esse princípio?
Ao interpretar um provérbio, pode ser útil encontrar um personagem bíblico que modele o princípio do provérbio. Por exemplo, Provérbios diz: “Quando vem o orgulho, chega a desgraça, mas a sabedoria está com os humildes” (Provérbios 11:2). O orgulho de Saul e a humilde confissão de pecado de Davi mostram como esse provérbio se apresenta na vida real.
O Livro de Provérbios
Grande parte do livro de Provérbios foi escrita por Salomão. O objetivo declarado do livro é ajudar a pessoa imatura a obter sabedoria e ajudar a pessoa sábia a se tornar ainda mais sábia (Provérbios 1:4-5).
O livro de Provérbios fala sobre três tipos de pessoas. A pessoa simples cresceu e se tornou adulta, mas ainda não tem experiência e compreensão da vida. A pessoa simples precisa adquirir sabedoria e evitar cometer erros que a destruirão.
A pessoa sábia é aquela que entende como viver de acordo com os princípios de Deus. As pessoas devem temer a Deus se quiserem se tornar sábias (Provérbios 9:10). As pessoas sábias continuam a aprender.
O tolo rejeitou a sabedoria (os princípios de Deus) e se recusa a ouvir. Ele demonstra mau-caráter e sofre com decisões erradas. O tolo não é desprovido de inteligência, mas não entende a vida porque rejeitou a orientação de Deus.
Alguns temas frequentes no livro de Provérbios são (1) o perigo da preguiça e o valor do trabalho, (2) os desastres resultantes do pecado sexual e (3) a ética em vários tipos de relacionamentos.
O Livro de Eclesiastes
O livro de Eclesiastes foi escrito por Salomão (Eclesiastes 1:1).
A mensagem de Eclesiastes: se apenas esta vida existe, não há justiça ou propósito na vida ou em qualquer grande realização.
Eclesiastes explica por que a vida terrena não pode dar às pessoas a satisfação ou o propósito supremo. Nesta vida:
A justiça é ignorada.
Todos morrerão e serão esquecidos.
Os perversos prosperam.
A sabedoria é a mais forte, mas é desprezada.
A sabedoria e o conhecimento aumentam o sofrimento.
Eclesiastes nos mostra que a pessoa que vive a vida com uma perspectiva eterna:
Terá alegria, e levará a sério as questões da vida.
Lembrará que a morte está próxima.
Irá desfrutar de coisas boas e ter prazer nelas, mas estará consciente de sua prestação de contas a Deus.
Não permitirá que nenhum objetivo terreno se torne o mais importante.
Salomão chegou a essa conclusão: já que há julgamento, sirva a Deus e guarde os Seus mandamentos desde a juventude.
Forma Literária: Profecia do Antigo Testamento
Os livros dos profetas do Antigo Testamento são coleções escritas de mensagens pregadas. 16 profetas têm mensagens registradas nas Escrituras. Somente Jeremias tem dois livros, e alguns profetas escreveram livros que não estão na Bíblia (1 Crônicas 29:29). Houve centenas de profetas que não escreveram nada, pelo que sabemos.
Os 16 profetas que escreveram ministraram entre os anos de 760-460 a.C. (Israel caiu em 722, e Judá caiu em 587). Durante esse período da história, a ascensão e a queda de vários impérios mundiais afetaram Israel política, econômica e religiosamente. Em alguns momentos, a maioria do povo das nações de Israel e Judá havia quebrado a sua aliança com Deus e serviu a ídolos.
Os profetas eram defensores da aliança de Deus e eles lembravam o povo das Suas exigências. Anos antes, Deus havia prometido que Israel receberia bênçãos ou maldições, dependendo de sua obediência ou desobediência a Ele (Levítico 26, Deuteronômio 28-32). Os profetas previram o cumprimento dessas promessas. As bênçãos prometidas pela obediência incluíam vida, saúde, prosperidade, abundância agrícola, liberdade e segurança. As maldições pela desobediência incluíam morte, doença, seca, fome, destruição de casas e cidades, derrota em batalha, exílio da terra natal, perda da liberdade, pobreza e humilhação.
A profecia era a comunicação de uma mensagem de Deus. A profecia era uma pregação que abordava uma preocupação atual e exigia uma resposta imediata. As mensagens dos profetas geralmente continham previsões. Entretanto, o profeta era um pregador. A sua mensagem era profética independentemente de conter ou não previsões.
Em muitos casos, não sabemos como ou quando uma predição dentro de uma profecia foi cumprida. Esse conhecimento não é necessário para aprendermos com essas passagens. Muitas vezes, o cumprimento não ocorreu durante a vida do profeta e dos seus ouvintes imediatos, mas a sua mensagem foi pregada para aplicação e resposta imediatas. Os profetas apontaram para o futuro reino de Deus como uma razão pela qual as pessoas deveriam se arrepender e obedecer a Deus no presente (Habacuque 2:14).
Os métodos de comunicação e ilustração dos profetas eram muitas vezes incomuns e dramáticos. Suas mensagens usavam imagens figurativas e, às vezes, demonstrações físicas. Contudo, eles não pregaram que as pessoas deveriam fazer algo novo e incomum, mas que deveriam obedecer à lei revelada de Deus.
A pregação dos profetas, que era para levar as pessoas de volta aos termos da aliança (o relacionamento deles com Deus), pode ser pregada hoje para levar as pessoas de volta aos termos de nosso relacionamento com Deus.
A previsão (até mesmo de eventos que aconteceriam em um futuro distante) tinha a intenção de ter um efeito imediato. As pessoas eram chamadas a se arrepender e obedecer a Deus. Esse propósito é semelhante ao propósito da pregação hoje.
Algumas previsões eram condicionais. Os ouvintes podiam evitar o julgamento previsto ao se arrependerem (Jeremias 18:7-11, Jeremias 26:13-19). Os ouvintes de Jonas em Nínive escaparam da destruição, embora a mensagem de Jonas não oferecesse misericórdia (Jonas 3:4-5, 9-10).
O cumprimento dos propósitos finais de Deus não é condicional. Por exemplo, em Isaías 43:5-6, Deus promete que trará os exilados de volta a Israel por Seu próprio poder, mas a passagem não apresenta um requisito que Israel deva cumprir. Ainda assim, a posição de cada um nesses eventos é condicionada por suas próprias escolhas.
Os livros de profecia contêm passagens de narrativa histórica, mas os discursos estão geralmente em forma poética. Não é difícil distinguir a narrativa histórica que deve ser interpretada literalmente das passagens poéticas que contêm símbolos.
Termos e Conceitos Significativos nos Profetas
Idolatria: A principal violação da aliança.
Adultério: Um pecado que frequentemente acompanha a idolatria e é usado figurativamente para se referir à idolatria.
Nações: Refere-se ao mundo que não estava em um relacionamento de aliança com Deus. Dois subtemas:
1. As nações geralmente são hostis a Israel.
2. Deus pretende que Israel o glorifique entre as nações.
Templo: O centro da presença de Deus. Dois subtemas:
1. A adoração hipócrita desonra a Deus.
2. A invasão do templo pelos inimigos mostrava a derrota total de Israel e a perda da presença de Deus.
Terra/Herança: O lugar especial em que Deus colocou os israelitas para serem abençoados.
Cativeiro: Remoção do lugar que Deus havia dado e escravização a outras nações. O cativeiro significava que Israel havia perdido a bênção de Deus.
Chuva (e termos relacionados): Um sinal da bênção contínua de Deus na terra que Ele deu aos israelitas. A falta de chuva indicava a desaprovação de Deus.
Colheita (e termos relacionados): Bênçãos de Deus relacionadas ao conceito de chuva e terra.
Dia do Senhor: Um julgamento futuro e repentino de Deus que destruirá os perversos. Israel pensava que o julgamento era para outras nações e ficou horrorizado ao ouvir que também seria julgado.
Cavalos: Representavam a força militar.
Libertação do Egito: O evento histórico que transformou Israel em uma nação e fez de Deus o seu rei. A idolatria desonrou a aliança formada após a libertação.
Interpretação da Literatura Profética
A literatura profética é um dos tipos de literatura mais difíceis de interpretar. Para interpretar com eficácia a literatura profética, faça as seguintes perguntas:
(1) O que o profeta disse ao seu mundo?
Ao contrário da opinião popular, a literatura profética não trata apenas de previsões do futuro. O profeta falava primeiro ao seu próprio mundo.
Por exemplo, Amós escreveu para a nação de Israel, que estava desobedecendo a Deus. O povo era próspero e presumia que poderia ignorar a lei de Deus sem consequências. Amós proclamou uma mensagem de julgamento: Israel seria julgado porque havia abandonado a justiça e a retidão (Amós 5:7).
(2) Qual foi a resposta do povo à sua mensagem?
A reação de Israel à mensagem de Amós é vista na resposta de Amazias, o sacerdote de Betel. Ele ordenou que Amós retornasse a Judá e não pregasse mais no Reino do Norte (Amós 7:10-13).
(3) Qual princípio da mensagem do profeta se aplica ao nosso mundo atual?
Assim como a justiça e a retidão eram os padrões de Deus para o Seu povo no antigo Israel, Deus exige justiça e retidão de Seu povo hoje. Não podemos adorar na casa de Deus e, ao mesmo tempo, ignorar Seu chamado para uma vida justa (Amós 5:22-24).
Essas perguntas trazem a verdade da profecia do mundo do profeta para o nosso mundo. Ao analisarmos o mundo do profeta, garantimos que nossa interpretação para os dias de hoje esteja enraizada na mensagem original.
Forma Literária: Literatura Apocalíptica
As escrituras apocalípticas incluem Daniel, Zacarias, Joel, Apocalipse e passagens de outros livros da Bíblia.
O escritor de um livro apocalíptico recebe a mensagem numa visão ou sonho. Esses livros possuem muitos símbolos, frequentemente usando animais ou criaturas estranhas e monstruosas.
Em vez de descrever eventos em ordem cronológica, a escrita pode falar repetidamente sobre os mesmos eventos/cenários, com diferentes detalhes revelados em cada narrativa.
O método usual de interpretar a Bíblia é entender os detalhes literalmente, a menos que seja óbvio que o escritor pretendia que a descrição fosse figurativa. No caso da literatura apocalíptica, o intérprete deve perceber que o autor pretendia que muitos dos detalhes fossem figurativos. Exemplos de descrições obviamente figurativas seriam as dos animais e monstros nas visões de Daniel.
Exemplos de símbolos de animais: Daniel 7:3-7, Apocalipse 12:3, Apocalipse 16:13 e Zacarias 6:1-3.
A escrita apocalíptica geralmente trata do desafio de manter a fé apesar do mal e da injustiça no mundo atual. Ela descreve uma batalha universal com guerra intensa.
Os escritos apocalípticos da Bíblia mostram o triunfo final de Deus, que pune o mal e recompensa o bem. O foco é o Deus soberano que vem em auxílio do Seu povo.
A mensagem principal da escrita apocalíptica pode ser compreendida, mesmo que todos os símbolos não sejam compreendidos e mesmo que o intérprete não seja capaz de traçar uma linha do tempo dos eventos previstos.
Exemplos de passagens que descrevem uma grande batalha final: Joel 2:9-11, Apocalipse 19:11-21 e Apocalipse 20:7-9.
Exemplos de passagens que ensinam a vitória final e o reino eterno de Deus: Daniel 7:14, 27 e Zacarias 14:9.
Além dos livros apocalípticos, outras partes das Escrituras podem ser consideradas como escritos apocalípticos, porque falam da intervenção repentina de Deus quando Ele julga os poderes do mal e liberta os justos. Nem todas essas passagens têm outras características da escrita apocalíptica, como visões ou símbolos de animais. (Exemplos são Ezequiel 37-39, Isaías 24-27, Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21, 2 Tessalonicenses 2 e 2 Pedro 3.)
Aplicação Geral das Escrituras Apocalípticas
A solução definitiva para o problema mundial não é o desenvolvimento cultural ou social. Não é reforma política ou revolução. A solução é a intervenção de Deus. Atualmente Ele dá fé, força e misericórdia ao Seu povo. No futuro, Ele mudará repentina e completamente o mundo.
Os crentes devem suportar pacientemente pela fé. Não é necessária uma compreensão completa e atual do plano de Deus ou dos acontecimentos no mundo. Ter fé não significa que as pessoas podem prever certos resultados imediatos. Em vez disso, as pessoas que têm verdadeira fé obedecem a Deus em todas as circunstâncias, porque sabem que no final a obediência valerá a pena.
Forma Literária: Parábola
Uma parábola é uma ferramenta de ensino que compara a verdade espiritual com coisas da natureza ou situações da vida. A semelhança entre a verdade espiritual e a natural é mostrada para que possamos compreender melhor a verdade espiritual.
Contar parábolas era uma das maneiras favoritas de Jesus ensinar (Mateus 13:34). Ele contou 30 parábolas e usou muitas outras comparações figurativas.
Através das parábolas, Jesus ensinou sobre a oração (o fariseu e o publicano no templo, Lucas 18:9-14), o amor ao próximo (o bom samaritano, Lucas 10:29-37), a natureza do reino de Deus (as parábolas de Mateus 13) e a misericórdia de Deus para com os pecadores (o filho pródigo, Lucas 15:11-32).
As parábolas permitiram que Jesus repreendesse Seus ouvintes sem confronto direto. Como as parábolas que Ele contava eram interessantes, elas abriram os ouvidos do público de Jesus para as Suas palavras até que, de repente, ficavam surpresos ao perceber: “Ele está falando de mim!”. O profeta Natã fez o mesmo quando contou a Davi uma parábola sobre as ovelhas de um homem pobre (2 Samuel 12:1-10). Não foi até que Natã disse: “Você é esse homem!” que Davi percebeu que a parábola era sobre ele mesmo.
Interpretando Parábolas
O intérprete deve observar:
Como a parábola foi apresentada?
Qual foi a conclusão da parábola?
Qual resposta ou mudança de atitude a parábola exige?
Qual reação o público original teria tido?
(1) Como a parábola foi apresentada?
Jesus frequentemente contava uma parábola em resposta a uma pergunta ou atitude. Conhecer a situação em que a parábola foi contada ajuda o intérprete a compreender a sua mensagem.
Se a nossa interpretação da parábola não se relacionar diretamente com a conversa ou situação que levou Jesus a contá-la, provavelmente não entendemos o assunto.
Parábolas em resposta a uma pergunta. Durante uma conversa, um doutor da lei perguntou a Jesus: “Quem é o meu próximo?”. Jesus poderia ter respondido: “Uma pessoa necessitada no seu caminho é seu próximo – e sua responsabilidade”. Em vez disso, Jesus deu a mesma resposta indiretamente, contando a parábola do bom samaritano.
Agostinho interpretou mal a parábola porque ignorou a pergunta que ela respondia. Esta é a interpretação que Agostinho deu: Jesus (o samaritano) resgatou Adão (o homem) de Satanás (os ladrões) e o levou para a igreja (a estalagem) por segurança. Jesus pagou a Paulo (o dono da estalagem) dois denários (a promessa desta vida e da vida futura) para curar o pecado (as feridas). A interpretação de Agostinho não estava correta porque não estava relacionada com a conversa entre Jesus e o doutor da lei.
Parábolas em resposta a uma atitude. “Todos os publicanos e ‘pecadores’ estavam se reunindo para ouvi-lo. Mas os fariseus e os mestres da lei o criticavam: ‘Este homem recebe pecadores e come com eles’. Então Jesus lhes contou esta parábola:” (Lucas 15:1-3)
Um pastor tinha uma ovelha perdida. Veja a alegria dele quando a ovelha foi encontrada!
Uma mulher perdeu uma moeda. Veja como ela se alegrou quando a moeda foi encontrada!
Um pai tinha um filho perdido. Veja a alegria dele quando o filho foi encontrado!
Através dessas três parábolas, Jesus indica algo: “Vocês não deveriam ficar surpresos por eu comer com pecadores. Veja a alegria no céu quando um pecador se arrepende!”.
É muito importante lembrar que a lição principal de uma parábola estará diretamente relacionada à pergunta ou situação que a inspirou.
(2) Qual foi a conclusão da parábola? Qual resposta ou mudança de atitude a parábola exige?
A parábola geralmente aborda um ponto principal, embora diferentes aplicações sejam possíveis. Cada personagem principal da parábola também pode ilustrar uma lição.
Já vimos a lição principal da parábola do filho pródigo: há grande alegria no céu por um pecador que se arrepende. Esse ponto principal responde à situação que inspirou a parábola de Jesus: a falta de vontade dos fariseus em perdoar os pecadores. Cada um dos três personagens também ensina uma lição diretamente relacionada ao ponto principal da parábola.
Personagem
Lição
O filho pródigo
Os pecadores que se voltam para Deus em arrependimento encontrarão perdão imediato.
O pai amoroso
Em vez de não estar disposto a perdoar, nosso Pai celestial se alegra com o perdão.
O irmão mais velho
Uma pessoa que não perdoa não tem amor como o Pai.
Jesus comparou a falta de perdão do irmão mais velho com o perdão do pai. O propósito de Jesus era repreender a falta de perdão dos fariseus. Ele queria que eles se arrependessem de sua atitude errada.
Ao pregar sobre essa parábola, alguém poderia enfatizar o amor e o perdão do pai com o propósito de encorajar um pecador a se arrepender. Poderia também pregar que os crentes deveriam ter a atitude de perdão de Deus para com os incrédulos.
(3) Qual reação o público original teria tido?
Para compreender como uma parábola teria afetado a primeira audiência, devemos compreender a sua cultura. As parábolas de Jesus muitas vezes iam contra as normas esperadas da Sua cultura. Isso fez com que fossem surpreendentes.
Por exemplo, considere novamente a parábola do filho pródigo. A audiência de Jesus teria considerado terrivelmente desrespeitoso um filho pedir antecipadamente a sua herança. O filho então desperdiçou a herança. Os ouvintes pensaram que quando o filho voltasse, o pai iria rejeitá-lo, recusar-se a vê-lo e talvez até mesmo espancá-lo e expulsá-lo. Imagine a surpresa dos ouvintes quando o pai correu para receber o filho!
Na parábola do bom samaritano, os ouvintes não ficaram surpresos que um sacerdote e um levita passaram pelo homem ferido sem ajudá-lo, pois consideravam os líderes do templo corruptos e hipócritas. Eles respeitavam os fariseus e pensavam que a terceira pessoa que ajudaria o homem seria um fariseu. Imagine a surpresa deles quando a terceira pessoa era um samaritano — uma pessoa que eles desprezavam por sua etnia e falta de status religioso!
Quanto melhor entendemos o contexto cultural da parábola, mais claramente vemos a mensagem.
Detalhes e Simbolismo nas Parábolas
Alguns pregadores presumem erroneamente que cada detalhe de cada parábola é simbólico. Por exemplo, na parábola do bom samaritano, alguns dizem que quando o viajante desceu de Jerusalém para Jericó, ele estava fazendo uma escolha errada porque estava indo para uma cidade que Deus havia amaldiçoado. Essa não é uma boa interpretação da parábola, porque o propósito da parábola era explicar como uma pessoa demonstra amor ao próximo. Os detalhes não são símbolos de nada.
Na parábola de Marcos 4:30-32, pregadores imaginaram o que os pássaros na árvore simbolizavam, mas os pássaros são mencionados apenas para mostrar que uma pequena semente cresceu e se tornou algo tão grande que eles poderiam vir e pousar nos galhos.
Na parábola do filho pródigo, não há razão para tentar encontrar um significado simbólico para os detalhes. Por exemplo, os porcos não são símbolos. Os porcos são mencionados para mostrar a má condição do filho: um menino judeu normalmente não estaria perto de porcos.
É raro que os detalhes das parábolas sejam simbólicos. Um exemplo de detalhes simbólicos em uma parábola está na parábola do trigo e do joio (Mateus 13:38-39). Sabemos que os detalhes dessa parábola eram simbólicos porque Jesus disse especificamente que eram.
Pregando com Parábolas
Um pregador pode adaptar uma parábola a uma situação familiar na sua própria cultura. Contudo, ele deve dedicar algum tempo para entender o que a parábola significava para os primeiros ouvintes. Caso contrário, ele não comunicará a mesma mensagem aos seus ouvintes.
Um intérprete não deve usar uma parábola como base para uma doutrina ou aplicação que não seja apoiada por outras passagens bíblicas claras.
Muitos dos livros do Novo Testamento são cartas de Paulo, Tiago, Pedro, João e Judas. Embora existam diferenças entre as cartas, certas características são comuns a elas. As cartas do Novo Testamento são:
1. Cheias de Autoridade. As cartas do Novo Testamento eram um substituto da presença do autor. A carta representava a autoridade do escritor, e essa autoridade foi frequentemente declarada nos versículos iniciais.[2]
2. Situacionais. As cartas do Novo Testamento frequentemente abordavam situações ou problemas específicos. Por exemplo, Gálatas foi escrito para uma igreja que pensava que a salvação dependia do cumprimento dos requisitos judaicos. Por isso, Paulo enfatizou nossa liberdade em Cristo. Em contraste, a igreja de Corinto estava levando a liberdade ao extremo — tolerando a imoralidade sexual. Em 1 Coríntios, Paulo enfatiza nossa responsabilidade de sermos obedientes.
3. Dirigidas aos crentes. As cartas são escritas para igrejas regionais (Romanos) ou crentes específicos (Filemom) ou para crentes em geral (Judas). Nem todos os destinatários viviam um relacionamento de salvação com Deus. Paulo convocou os crentes de Corinto a se arrependerem de algumas de suas ações; ele chamou os gálatas a retornarem ao evangelho; e Tiago diz aos ricos injustos que esperem o julgamento. No entanto, as cartas são escritas no contexto da família cristã de fé.
Estrutura das Cartas do NT
Introdução
Nome e ministério do autor
Destinatários
Saudações
Oração introdutória
Corpo (mensagem principal da carta)
Conclusão (inclui conteúdo como)
Planos de viagem (Tito 3:12)
Elogios e saudações (Romanos 16)
Instruções finais (Colossenses 4:16-17)
Bênção (Efésios 6:23-24)
Doxologia (Judas 24-25)
Interpretando Cartas
Ao receber uma carta de um amigo, você se senta e lê a carta inteira. Leia as cartas do Novo Testamento da mesma maneira. Leia a carta inteira para obter uma visão geral da mensagem do autor. Ao ler, faça uma lista de observações. Quanto mais detalhes você observar, mais bem equipado você estará para interpretar a carta.
Há diversas perguntas a serem feitas quando lemos uma carta bíblica:
(1) Quem é o destinatário da carta?
Quanto mais soubermos sobre a igreja ou pessoa que recebeu a carta, melhor compreenderemos a carta. Quando estudamos uma carta paulina, é útil começar nosso estudo lendo referências em Atos à igreja receptora. Isso muitas vezes dará uma melhor compreensão da carta. Por exemplo:
A igreja de Filipos nasceu durante a perseguição (Atos 16:12-40). Isso destaca a instrução de Paulo de que eles deveriam se alegrar mesmo em circunstâncias difíceis.
Efésios (como outras cartas paulinas) é escrita aos crentes. Quando Paulo ora para que os crentes de Éfeso sejam cheios de toda a plenitude de Deus (Efésios 3:19), ele está orando para que os filhos de Deus recebam ainda mais da plenitude de Deus. Ele está orando para que os cristãos se tornem “santos e irrepreensíveis em sua presença” (Efésios 1:4).
(2) Quem é o autor? Como ele se relaciona com o destinatário?
Ao receber uma carta pelo correio, você quer saber: “Quem escreveu isso?”. Quanto melhor você conhecer o autor, mais interessante será a carta. Da mesma forma, quanto mais soubermos sobre o autor de uma carta bíblica, melhor compreenderemos a sua mensagem.
Nas suas cartas, o Apóstolo João enfatizou o amor. João já havia sido conhecido como um dos “filhos do trovão” (Marcos 3:17). Naquela época, ele e seu irmão pediram permissão a Jesus para invocar fogo do céu (Lucas 9:54). As cartas de João, escritas mais tarde, mostram-nos que ele foi transformado pelo enchimento do Espírito Santo no Pentecostes.
Pedro escreveu suas cartas para encorajar os cristãos sofredores. Ele assegurou-lhes que poderiam ser ousados diante dos ataques de Satanás (1 Pedro 5:8-9). No início da vida de Pedro, ele negou conhecer Jesus por causa do seu medo (Marcos 14:66-72). As cartas de Pedro nos mostram a transformação que ocorreu em sua vida.
Conhecer a relação entre o autor e o destinatário costuma ser útil na leitura de uma carta. O relacionamento caloroso de Paulo com a igreja de Filipos é visto em toda a sua alegre carta. Por outro lado, o conflito entre Paulo e os membros rebeldes em Corinto levou às fortes repreensões de 1 e 2 Coríntios.
(3) Quais circunstâncias inspiraram a carta?
Conhecemos as circunstâncias que inspiraram várias cartas de Paulo. 1 e 2 Coríntios foram escritas em resposta a problemas e dúvidas em Corinto. Filemom foi escrita como um apelo em favor de um escravo fugitivo, Onésimo.
A carta aos Gálatas mostra o valor de compreender as circunstâncias de uma carta. Depois de alguns versículos em Gálatas, você provavelmente perguntará: “O que há de errado na Galácia?”. Paulo começa: “Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho” (Gálatas 1:6). Logo fica claro que esses novos convertidos estão abandonando o evangelho da justificação pela graça através da fé. Em vez disso, eles estão acreditando em uma mensagem de justificação pelas obras. As palavras apaixonadas de Paulo são motivadas pelo seu amor por esses convertidos. Ele dedicou a sua vida a proclamar a mensagem da justificação somente pela fé. Ele fica surpreso com o fato de os gálatas estarem abandonando a verdade e aceitando um falso evangelho.
Forma Literária: Exposição
A exposição é um ensino ordenado que se move de maneira lógica do ponto 1 ao ponto 2. Essa forma literária é comum nas epístolas do Novo Testamento, particularmente nas cartas de Paulo. Nessas cartas, Paulo apresenta a verdade na maneira clara de um bom professor.
A exposição usa palavras de ligação como “portanto”, “e”, ou “mas”. Muitas vezes inclui perguntas e respostas. Uma exposição dá uma apresentação lógica da verdade.
Em Colossenses, Paulo apresenta uma exposição sobre a natureza de Cristo. Paulo ensina que Cristo é superior a todas as filosofias e tradições humanas. Paulo segue este padrão lógico:
1. Paulo dá evidências da superioridade de Cristo (Colossenses 1:15-23).
Ele é o primogênito de toda a criação.
Por Ele todas as coisas foram criadas.
Ele é o cabeça da igreja.
A reconciliação vem através dEle.
2. Paulo lembra aos seus leitores o seu propósito ao escrever. A mensagem do Cristo exaltado foi confiada a Paulo para ser levada aos gentios (Colossenses 1:24–2:5)
3. Paulo adverte contra ensinamentos que negam a superioridade de Cristo (Colossenses 2:6-23).
O ensino de que as pessoas são salvas por guardarem a lei de Deus.
A prática de interação perigosa com espíritos.
Uma ênfase errada na disciplina física para resultados espirituais.
4. Portanto, por causa da superioridade de Cristo, é assim que você deve viver (Colossenses 3-4):
A submissão a Cristo afetará o nosso comportamento moral.
Não nos comportaremos mais imoralmente (Colossenses 3:1-11).
Viveremos em paz e com ação de graças (Colossenses 3:12-17).
A submissão a Cristo afetará as nossas relações com os outros (Colossenses 3:18-4:6).
5. As saudações finais lembram aos leitores a preocupação pessoal de Paulo pelos crentes colossenses (Colossenses 4:7-18).
A carta de Paulo é uma exposição da doutrina do senhorio de Cristo. Ela ensina sobre a natureza de Cristo e o impacto dessa verdade em nossas vidas como crentes.
[1]Os conceitos nesta seção foram adaptados de Grasping God’s Word, de J. Scott Duvall e J. Daniel Hays (Grand Rapids: Zondervan, 2012).
[2]Por exemplo, Efésios 1:1 declara a autoridade apostólica de Paulo: “Paulo, apóstolo de Jesus Cristo pela vontade de Deus”.
(1) A interpretação adequada exige que compreendamos a forma literária da passagem das Escrituras que estamos estudando.
(2) Algumas das formas literárias importantes encontradas na Bíblia incluem:
História: relatos históricos precisos de pessoas e eventos reais.
Ao interpretar a história, pergunte:
Qual é a história?
Quem são as pessoas da história?
O relato histórico dá um exemplo a ser seguido?
Quais princípios são ensinados nesse relato histórico?
A Lei do Antigo Testamento
A lei do Antigo Testamento é importante para os crentes do Novo Testamento porque:
É uma expressão da natureza de Deus.
Torna-nos sábios para a salvação.
Ajuda-nos a conhecer a vontade de Deus.
Pode ser útil pensar em três categorias da Lei do Antigo Testamento:
Leis cerimoniais
Leis civis
Leis morais
Ao interpretar a lei do Antigo Testamento, pergunte:
O que esse texto significava para o público original?
Quais são as diferenças entre o público bíblico e o nosso mundo?
Quais princípios são ensinados nesse texto?
O Novo Testamento adapta esse princípio de alguma forma?
Poesia
Características da poesia hebraica:
Paralelismo
Figuras de linguagem
Literatura de Sabedoria: ensina como a vida funciona.
Provérbio: observações gerais da vida declaradas de forma breve e clara.
Ao interpretar provérbios, pergunte:
Qual princípio geral é ensinado nessa passagem?
Quais exceções a esse princípio existem?
Quais pessoas na Bíblia modelam esse princípio?
Profecia do Antigo Testamento: comunicação de mensagens de Deus.
Ao interpretar a profecia do Antigo Testamento, pergunte:
O que o profeta disse ao seu mundo?
Qual foi a resposta do povo à sua mensagem?
Qual princípio da mensagem do profeta se aplica ao nosso mundo atual?
Literatura Apocalíptica
Ao interpretar a literatura apocalíptica, lembre-se:
Usa diversos simbolismos.
Não descreve necessariamente os eventos em ordem cronológica.
Pode descrever repetidamente os mesmos eventos, fornecendo detalhes diferentes.
Os temas mais importantes da literatura apocalíptica são:
O desafio de manter a fé no atual mundo maligno.
O Deus soberano que ajuda o Seu povo.
Parábola: ensino que compara a verdade espiritual com coisas da natureza ou situações da vida. Na maioria das vezes, as parábolas eram contadas em resposta a uma pergunta ou atitude.
Ao interpretar parábolas, pergunte:
Como a parábola foi presentada?
Qual foi a conclusão da parábola?
Qual resposta ou mudança de atitude a parábola exige?
Qual reação o público original teria tido?
Carta
Cartas do Novo testamento são:
Cheias de autoridade
Situacionais
Dirigidas aos crentes
Ao interpretar cartas, pergunte:
Quem é o destinatário da carta?
Quem é o autor? Como ele se relaciona com o destinatário?
Quais circunstâncias inspiraram a carta?
Exposição: ensino ordenado.
Tarefa da Lição 6
Na Lição 1, você escolheu uma passagem bíblica para estudar ao longo do curso. Qual é a forma literária da sua passagem? Use as informações desta lição para ajudá-lo a entender mais sobre a passagem. Responda às questões interpretativas relacionadas à forma literária específica.
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