A Vida e o Ministério de Jesus
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Lesson 2: Orando Como Jesus

31 min read

by Randall McElwain


Objetivos da Lição

Ao final desta lição, o aluno deverá:

(1) Reconhecer a importância da oração na vida e no ministério de Jesus.

(2) Aprender princípios para a oração a partir do ensino de Jesus.

(3) Compreender a importância da oração em nosso ministério hoje.

(4) Desenvolver passos práticos para se tornar uma pessoa de oração.

Princípio para o Ministério

Se queremos ministrar como Jesus, devemos orar como Jesus.

Introdução

Em uma mensagem sobre oração, o Professor Howard Hendricks fez essa declaração convincente:

Satanás não se importa se você lê a Bíblia, se você não ora, porque assim, as Escrituras nunca transformarão a sua vida. Pode até o levar a uma situação grave de orgulho espiritual por você conhecê-las tão bem.

Satanás não se importa se você compartilha sua fé, se você não ora, porque ele sabe que é muito mais importante falar a Deus sobre os homens do que falar aos homens sobre Deus.

Satanás não se importa se você se envolve no ministério de uma igreja local, se você não ora, porque, então, você será bem ativo, mas isso não significa que você esteja realmente realizando muita coisa.[1]

A oração era central no ministério terreno de Jesus. Nada possuía maior prioridade que a oração. O ministério de Jesus era alicerçado em Seu relacionamento com Seu Pai celestial. Esse relacionamento foi mantido através da oração e de uma comunhão íntima com Deus.

[2]► Antes de estudar esta lição, avalie o papel da oração em sua vida e ministério. Pergunte:

  • A minha vida de oração é consistente?

  • Quando foi a última vez que vi uma resposta específica de uma oração?

  • Quais são os maiores desafios para minha vida de oração?

  • Eu estou crescendo em minha vida de oração?


[1]Adaptado de Howard G. Hendricks, “Prayer – the Christian’s Secret Weapon.” Reimpresso em Veritas, Janeiro de 2004.
[2]

"Oração é o ginásio da alma."

- Samuel Zwemer, “Apóstolo do Islã”

O Exemplo de Oração de Jesus

Ao longo do ministério de Jesus, podemos vê-Lo engajado em oração nos momentos cruciais. Os evangelhos registram 15 situações específicas em que Jesus orou. A oração nunca foi secundária; ela foi central em Sua vida.

Mais que qualquer outro escritor, Lucas dá destaque à oração no ministério de Jesus. Somente Lucas nos conta que Jesus orou a noite toda antes de escolher os doze discípulos (Lucas 6:12). Somente Lucas nos conta que a transfiguração aconteceu quando Jesus levou Pedro, Tiago e João até o monte para orar (Lucas 9:28). Essa ênfase continua em Atos, quando Lucas escreve 35 vezes sobre o papel da oração na igreja primitiva.

A Oração no Ministério Diário de Jesus

► Leia Marcos 1:32-39.

Esta história do início do ministério de Jesus mostra como a oração e o serviço estão relacionados. Observe a progressão desta narrativa. Na noite anterior, as pessoas se juntaram ao lado de fora da casa onde Jesus estava e Ele curou muitas delas.

Cedo pela manhã, Jesus foi para um lugar deserto orar. Simão Pedro foi procurá-lo, dizendo: “Todos estão te procurando”. Jesus respondeu: “Vamos para outro lugar, para os povoados vizinhos, para que também lá eu pregue. Foi para isso que eu vim”. O padrão para o ministério de Jesus era o de oração acompanhada por serviço.

Esse deve ser o padrão para o ministério. Sem oração, nosso serviço se torna espiritualmente exaustivo. Sem serviço, nossa vida de oração se torna centrada em nós mesmos; não fazemos esforços para atender às necessidades daqueles que estão ao nosso redor. Jesus mostra que a oração e o serviço devem estar ligados.

Oração em Tempos de Decisão

► Leia Lucas 6:12-16.

Uma das mais importantes decisões do ministério de Jesus foi a escolha dos doze apóstolos. Dentre os milhares que o ouviam pregar, muitos eram próximos o suficiente para serem chamados de discípulos (João 6:60, 66). 72 dos Seus seguidores eram próximos o suficiente para representarem a Jesus em uma viagem missionária (Lucas 10:1). Mas Jesus escolheu somente doze homens como apóstolos.

Os doze apóstolos passavam muito tempo com Jesus. Eles estavam com Ele no fim de Seu ministério terreno. Depois de Sua ascensão, onze dos apóstolos se tornaram líderes na igreja primitiva. A escolha dos doze foi uma decisão crucial. Jesus não escreveu nenhum livro nem fundou nenhuma escola. A Sua visão para a igreja seria cumprida por esses homens.

O que Jesus fez antes de selecionar os doze apóstolos? Ele orou. Diante de uma decisão crucial, Jesus passou a noite em oração. Se o filho de Deus orou tão fervorosamente antes de uma importante decisão, quão mais a oração deveria desempenhar um papel central em nossa tomada de decisões!

Oração Diante do Sofrimento

► Leia Mateus 26:36-46.

Poucas horas antes de Sua prisão, Jesus foi ao Getsêmani para orar. Ele se preparou para o sofrimento através da oração. Jesus nunca usou Sua divindade para escapar das feridas de Sua humanidade. Em vez disso, Ele confiou na oração para se fortalecer diante do sofrimento.

A oração de Jesus no jardim é um modelo para nós hoje. Sua oração não foi artificial; Jesus encarou a realidade do sofrimento. Perceber que Ele respondeu à dor de uma maneira muito humana lhe encoraja? Diante do sofrimento, Jesus orou por alívio:

Ele não orou assim no jardim: “Oh, Senhor, eu sou tão grato por você ter me escolhido para sofrer em Seu nome”. Não, Ele experimentou tristeza, medo, abandono e algo aproximado ao desespero. Ainda assim, Ele resistiu porque sabia que no centro do universo vivia Seu Pai, um Deus de amor no qual podia confiar independente das aparências da situação.[1]

Diante do sofrimento, não devemos fingir ser mais fortes do que somos. Como Jó, podemos chorar diante da dor. Em Sua humanidade, Jesus fez o mesmo! Entretanto, assim como Jesus, podemos permanecer fiéis porque sabemos que nosso amoroso Pai celestial tem todo o controle.

É na oração que conseguimos aceitar a vontade de nosso Pai. A chave para a oração de Jesus em face ao sofrimento, e a chave para a nossa oração no sofrimento é a rendição à vontade do Pai: “Contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres”.


[1]Philip Yancey, O Jesus que Eu Nunca Conheci. Editora Vida, 1995.

O Ensino de Jesus sobre a Oração

Jesus não apenas mostrou a importância da oração através de Seu exemplo, mas dedicou muito do Seu ensino ao tema da oração. Jesus sabia que a vida espiritual de Seus seguidores necessitava de uma indispensável vida de oração. Em razão disso, Ele treinou Seus discípulos na oração.

O Ensino de Jesus no Sermão do Monte

► Leia Mateus 6:1-18.

No Sermão do Monte, Jesus ensinou a respeito de três áreas de atividade espiritual: ajudar o pobre, oração e jejum. Por Seus ensinamentos fica evidente que Ele esperava que essas fossem atividades normais aos Seus seguidores. Jesus não disse: “Se vocês derem esmolas ao pobre...” ou “Se vocês orarem...” ou “Se vocês jejuarem...” Ele esperava que Seus seguidores fossem generosos, constantes na oração e discípulos autodisciplinados.

Jesus mostrou que essas boas atividades podem perder o sentido se vierem de motivos corruptos. No mundo antigo, um hipócrita era um ator que vestia diferentes máscaras para atuar em diferentes papéis em uma peça. É possível “interpretar um papel religioso” na frente dos outros.

  • É possível dar ao pobre para impressionar as pessoas com nossa generosidade. Jesus disse: “Eles já receberam sua plena recompensa”.

  • É possível orar para impressionar espectadores com palavras extravagantes. Jesus disse: “Eles já receberam sua plena recompensa”.

  • É possível jejuar para impressionar com nossa piedade e autodisciplina. Jesus disse: “Eles já receberam sua plena recompensa”.

Em cada caso, a pessoa que ajudou o pobre, orou e jejuou, fez isso para impressionar outras pessoas. Elas ficaram impressionadas; essa foi a recompensa. Portanto, ele não receberá recompensa de Deus.

A motivação para essas atividades espirituais deve ser agradar o nosso Pai celestial. Seja dando esmolas ao pobre, orando ou jejuando, nossa recompensa é o próprio Deus. Não devemos fazer essas atividades espirituais em busca do reconhecimento humano. Em vez disso, devemos fazer essas coisas a partir de um desejo cada vez mais profundo por Deus.

Jesus ensinou Seus discípulos a orar de uma maneira simples e direta:

Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal (Mateus 6:9-13).

Essa não é uma oração para ser recitada sem pensar, como as frases vazias que Jesus condenou em Mateus 6:7-8. No lugar disso, essa oração modela as atitudes que devem guiar nossas orações:

Relacionamento

“Pai nosso, que estás nos céus” mostra nosso relacionamento estreito com Deus. Em vez de uma divindade distante, reconhecemos Deus como um Pai que ama dar coisas boas aos Seus filhos (Mateus 7:11). Essa frase sugere ao mesmo tempo intimidade (“Pai Nosso”) e autoridade (“nos céus”). Deus é majestoso e pessoal.

Respeito

“Santificado seja o teu nome” mostra a diferença entre nós e nosso Pai nos céus. Embora Deus seja um Pai amoroso, Ele é santo.[1] Assim como o sábio em Eclesiastes aprendeu, devemos entrar na presença de Deus com reverência e temor (Eclesiastes 5:2).

Submissão

“Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” representa nossa submissão voluntária à Sua autoridade. Como a vontade de Deus é perfeitamente cumprida nos céus, devemos orar para que seja cumprida na terra.

Provisão

Uma grande porcentagem de pessoas no mundo deve trabalhar para obter comida diariamente. “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia” sugere nossa confiança diária no Pai. Como Seus filhos, confiamos nEle para suprir nossas necessidades.

Confissão

“Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.” Em Lucas 11:2-4, essa mesma oração é assim escrita: “Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem”. Já que nosso pecado é uma dívida que temos com Deus (Colossenses 2:14), o significado é o mesmo em Mateus e em Lucas.

Ao relacionar nosso perdão para com os outros ao perdão de Deus a nós, Jesus não ensinou que recebemos o perdão por fazer por merecer. Na verdade, nós que fomos perdoados voluntariamente perdoamos àqueles que tem errado conosco. A parábola de Jesus sobre o servo impiedoso mostra a relação entre nosso perdão e nossa disposição de perdoar outros (Mateus 18:21-35).

Vitória

“E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” é uma oração por vitória sobre tentações e provações. Deus nunca tenta Seus filhos, (Tiago 1:13) mas cada um de nós passará por tempos de provação e tentação (1 Pedro 1:6-7). Nesses tempos, Deus não nos deixará ser tentados além daquilo que possamos suportar (1 Coríntios 10:13 ).

O Ensino de Jesus sobre a Oração com Ousadia

► Leia Lucas 11:1-13.

Lucas dá sequência à oração do Pai Nosso com uma parábola, a qual nos ensina a orar com ousadia ao Pai que ama dar boas dádivas a Seus filhos. No Oriente Médio, é comum tomar algo emprestado de vizinhos para cuidar de um hóspede. Se um homem pedisse com ousadia, seu vizinho lhe daria o que fosse necessário. Naquela cultura, é considerado rude dizer “não” a um pedido. Mesmo se o vizinho não quisesse perturbar sua família, ele não rejeitaria um pedido de ajuda.

De uma forma ainda maior, Deus deseja dar essas boas dádivas aos Seus filhos que pedem ousadamente. Assim como o homem na parábola pede ousadamente, nós podemos nos aproximar de nosso Pai celestial com confiança. Por quê? Não porque Deus se envergonharia de não atender ao nosso pedido, mas porque nos foi dada a permissão de pedir, buscar e bater (Lucas 11:9).


[1]A palavra “Santificado” significa “santo” ou “separado”.

Um Olhar Mais Atento: Estilos de Ensino Hebreu

Em Lucas 11:1-13, Jesus conta a história de um homem que não queria se levantar da cama para ajudar seu vizinho, o qual precisava pegar comida emprestada para um hóspede.

Para entender essa parábola, você deve entender um estilo hebreu de ensino – o argumento do menor para o maior. Esse modo de ensino diz: “Se A (o menor) é verdade, muito mais B (o maior) deverá ser verdade”. Hoje, podemos dizer: “Se uma pessoa vai alimentar um desconhecido faminto (A), quão mais um pai amoroso alimentará seus filhos (B)”.

Quando você ler a parábola, não pense: “Deus é como o vizinho relutante. Eu devo persuadi-Lo a atender minhas orações”. Ao contrário disso, Jesus contrasta o amigo relutante com um Pai celestial atencioso. Se um vizinho terreno responderia a um pedido ousado, quão mais o nosso Pai celestial responderá aos Seus filhos!

O Ensino de Jesus sobre a Oração (Continuação)

O Ensino de Jesus sobre a Oração Ousada (Continuação)

[1]Oração é relacionamento

Se Deus quer atender às orações de Seus filhos, por que Sua resposta é, às vezes, demorada? Peça, busque e bata são ordens conjugadas no tempo presente. Isso implica que devemos permanecer pedindo, buscando e batendo. Por quê?

Uma razão é a de que a oração é mais que dar uma lista de pedidos. Oração é um relacionamento contínuo com nosso Pai celestial. Assim como Paulo nos mandou “orar continuamente”, (1 Tessalonicenses 5:17) Jesus nos manda continuar pedindo, buscando e batendo. Através dessa contínua conversa com Deus, nosso relacionamento cresce profundamente. Oração é mais que uma lista de pedidos; oração é relacionamento.

Uma Parábola sobre Persistência na Oração

Em Lucas 17, os fariseus perguntaram a Jesus quando o Reino de Deus viria. Ele respondeu que não deveriam esperar sinais espetaculares. Em vez disso, falou: “Porque o Reino de Deus está entre vocês” (Lucas 17:20-21). O reino de Deus já estava presente naqueles que seguiam a Jesus.

Jesus, então, se voltou aos Seus discípulos e os ensinou sobre o Reino de Deus. Eles esperavam que Jesus estabelecesse um reino político imediato, mas Ele os preparou para que esperassem mesmo após a Sua morte. Enquanto esperavam, eles deveriam persistir em oração e não desanimar. Jesus, desse modo, contou uma história sobre a oração fiel.

► Leia Lucas 18:1-8.

Em muitas cidades antigas, juízes eram desonestos. Ninguém poderia obter uma audiência até que tivesse pagado um suborno. Essa viúva não tinha dinheiro para subornar o juiz, consequentemente, ele se recusou a ouvir seu caso. Entretanto, essa senhora persistente se recusou a desistir. Finalmente, esse juiz injusto disse: “Esta viúva está me aborrecendo; vou fazer-lhe justiça para que ela não venha me importunar”.

Essa parábola usa o mesmo estilo de ensino do menor para o maior da parábola sobre o vizinho ousado. Quando você ler essa parábola, entenda:

  • [2]Deus não é um juiz injusto. Nosso Pai quer dar justiça aos seus escolhidos.

  • Nós não somos a viúva. Ela era uma desconhecida; nós somos filhos de Deus.

  • Ela não podia ter acesso ao juiz; por meio de Jesus, temos acesso a Deus.

Essa é uma parábola de contrastes. Se um juiz injusto irá atender a uma viúva persistente, quão mais irá nosso Pai nos céus atender às orações de Seus filhos.

Uma Parábola sobre Oração Humilde

► Leia Lucas 18:9-14.

A próxima parábola de Jesus sobre oração foi dada “a alguns que confiavam em sua própria justiça e desprezavam os outros”. Essa parábola ensina a atitude correta na oração.

O tema da parábola está no final: “Quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado". Os fariseus achavam que as orações eram atendidas por causa da sua própria justiça. Jesus mostra que a oração é atendida devido à graça de Deus àqueles que não têm justiça em si mesmos. Ninguém merece ter suas orações atendidas; Deus responde a oração em virtude da Sua graça àqueles que não merecem nada.


[1]

"Oração não é sobre pedir por coisas e receber o que queremos. Oração é sobre pedir por Deus e receber o que precisamos."

- Philip Yancey

[2]

"A oração não é vencer a relutância de Deus. A oração é se apegar à vontade de Deus."

- Martinho Lutero

Aplicação: Oração na Vida do Cristão

Pessoas semelhantes a Cristo são pessoas de oração. J.C. Ryle, o Bispo de Liverpool do século XIX, estudou a vida de grandes cristãos ao longo da história. Ele disse que alguns eram ricos, outros pobres. Alguns tiveram educação, outros não. Alguns eram calvinistas; outros eram arminianos. Alguns usavam liturgia; outros não. “Mas uma coisa todos eles tinham em comum: todos eles eram homens de oração.”[1]

Ao longo da história da igreja, pessoas semelhantes a Cristo têm sido pessoas de oração. E.M. Bounds, um grande líder cristão, orava das 4h às 7h todas as manhãs. Ele escreveu: “O Espírito Santo não flui através de métodos, mas através de homens. Ele não vem às máquinas, mas aos homens. Ele não unge planos, mas homens – homens de oração”[2].

George Müller dirigiu orfanatos para milhares de crianças. Ele determinou que nunca pediria ajuda a outro ser humano, mas iria confiar apenas na oração. Ele recebeu mais de sete milhões de dólares apenas através da oração. Ele não apenas contribuiu com seus orfanatos, mas deu milhares de dólares para outros ministérios. George Müller conhecia o poder da oração.

Por que nós oramos?

[3]Nós oramos porque somos dependentes de Deus.

Em Sua humanidade, Jesus se apoiou na oração para se comunicar com Seu Pai. Oração é um ato de dependência de Deus. Isso mostra que não confiamos em nós mesmos, mas em nosso Pai.

► Leia Mateus 26:31-46.

A queda de Simão Pedro mostra a importância da oração. Jesus alertou Seus discípulos: “Ainda esta noite todos vocês me abandonarão”. Mais diretamente, Jesus alertou a Pedro: “Simão, Simão, Satanás pediu vocês” (Lucas 22:31). Pedro caiu por causa de duas fraquezas:

1. Pedro era superconfiante. Ele insistiu: “Ainda que todos te abandonem, eu nunca te abandonarei… Mesmo que seja preciso que eu morra contigo, nunca te negarei!” (Mateus 26:33, 35). O orgulho deu a Pedro muita confiança em sua própria força.

2. Pedro falhou na oração. Como Pedro confiava em sua própria força, ele não se apoiava em Deus. Em vez de se juntar a Jesus em oração, Pedro dormiu. Nós oramos mais fervorosamente quando compreendemos nossa completa dependência de Deus. Dick Eastman escreveu: “Somente na oração nós rendemos nossos problemas completamente a Deus”.[4] Nós oramos para conhecer a Deus mais plenamente.

Uma das maiores fraquezas da igreja moderna é o conhecimento superficial sobre Deus. Com frequência, nossos pedidos de oração consistem somente em necessidades materiais e realização pessoal. Muitos de nós passam mais tempo orando: “Deus, por favor, ajude meus filhos a encontrar um bom emprego”, do que “Deus, por favor, molde meus filhos de acordo com a Tua imagem”. Nós oramos mais fervorosamente pela cura física do que pela cura espiritual. Isso mostra quão pouco nós entendemos sobre o real significado da oração.

[5]Um dos propósitos primários da oração é o de conhecer a Deus mais plenamente. Na oração, estamos em sintonia com o coração do Pai. Oração não é sobre fazer com que Deus faça aquilo que queremos que Ele faça. A oração nos dá um conhecimento sobre o coração de Deus até que venhamos a querer o que Ele quer.

Ao chegar nesse ponto, lembre-se que Jesus disse: “Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim lhes sucederá” (Marcos 11:24). Tendo nossos corações sintonizados com o coração de Deus, não pediremos por motivos errados ou em oposição à vontade dEle (Tiago 4:3 e 1 João 5:14). Esse conhecimento do coração de Deus vem através da oração consistente.

Os puritanos diziam que devemos “orar até que oremos”. Em outras palavras, devemos orar tempo suficiente e pacientemente para passarmos de palavras vazias e entrarmos na presença de Deus. Nós devemos orar até nos deleitarmos em Deus.

► Conte sobre um momento em que a oração lhe deu um maior conhecimento sobre Deus e Sua vontade.

Como Nós Oramos?

Ao estudarmos o exemplo de oração de Jesus, aprendemos importantes lições sobre oração efetiva.

Nós oramos pacientemente.

Jesus era o filho de Deus. Alguém pode pensar que a vida de oração de Jesus fosse simplesmente dizer: “Pai, o que queres que eu faça?” e receber uma resposta imediata! Pelo contrário, nós vemos Jesus passando toda a noite em oração antes de escolher os doze apóstolos. Nós o vemos batalhando em oração no jardim do Getsêmani. Oração, mesmo para Jesus, exigia tempo e paciência. Oração é esperar em Deus.

[6]Escrevendo sobre a importância de esperar na oração, Glenn Patterson disse: “O que Deus está fazendo em nós enquanto esperamos é tão importante quanto aquilo que estamos esperando. Esperar é parte do processo de Deus em nos tornar aquilo que Ele quer que sejamos”. Enquanto esperamos em Deus, aprendemos a conhecê-Lo melhor.

Salmos 37:1-9 ensina importantes lições a respeito da oração. Veja esses comandos:

  • Não se aborreça.

  • Confie no Senhor.

  • Deleite-se no Senhor.

  • Entregue o seu caminho ao Senhor.

  • Confie nEle.

  • Descanse no Senhor.

  • Aguarde por Ele com paciência.

  • Não se aborreça (de novo!)

  • Evite a ira.

Esses comandos apontam para uma confiança paciente em um Deus que se importa com você e que atenderá aos desejos do seu coração (Salmos 37:4). Através da oração paciente, tornamo-nos pessoas que confiam em Deus, assim como Ele quer.

Um modelo de oração persistente

Logo no início de sua vida cristã, George Müller começou orando pela conversão de cinco de seus amigos. Depois de muitos meses, um deles veio ao Senhor. Dez anos depois, dois outros se converteram. Levou 25 anos para que o quarto homem fosse salvo.

George perseverou em oração até a morte por seu quinto amigo. Por 52 anos, ele nunca desistiu de orar para que seu amigo aceitasse a Cristo! Poucos dias após o funeral de George, o quinto amigo foi salvo. Ele acreditava na oração persistente.

Nós oramos humildemente

Jesus orou: “Não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). Ele sabia que poderia confiar na vontade perfeita do Seu Pai.

Oração é um ato de humildade. Nós oramos pelos outros porque não podemos ajudá-los em nossa sabedoria; devemos depender de Deus. Oramos por nós mesmos porque não podemos administrar a vida em nosso poder; devemos depender de Deus.

A oração reconhece nossa necessidade de ajuda divina. Quando nos sentimos confiantes com a nossa habilidade de dominar os problemas da vida, é improvável que oremos fervorosamente. Quando reconhecemos que não podemos administrar a vida em nosso poder, oramos com humildade.

Nossa oração deveria ser feita com confiante humildade. Enquanto esperamos em Deus por uma resposta, podemos ter certeza e paz porque estamos orando a um Pai celestial que nos ama e deseja o melhor para Seus filhos. Nas pressões da vida e do ministério, a oração humilde nos dá uma confiança tranquila em Deus.

Nós oramos pessoalmente.

Jesus ensinou Seus discípulos a começarem suas orações se dirigindo a Deus pessoalmente: “Pai nosso”. A oração verdadeira é pessoal. Paul Miller escreveu: “Muitas pessoas lutam para aprender a orar porque estão focando na oração, não em Deus”.[7] Muitas vezes, “recitamos orações” em vez de falar com Deus. Isso está no centro do alerta de Jesus contra o uso de “vãs repetições” (Mateus 6:7 ARC).

Imagine uma pessoa que vai a uma mesa de jantar com uma lista de falas memorizadas. Ela diz: “Eu quero ter uma conversa com nossa família, por isso preparei algumas palavras memorizadas”. Isso não é uma conversa genuína! Nós esperamos que ela foque em quem está à mesa, não nas palavras que usará.

Orações escritas por nós mesmos ou por outros podem nos ajudar a lembrarmos de temas que devem ser inclusos na oração, mas a oração foca em Deus, não em uma lista de palavras memorizadas. A oração não é um sistema; ela é um relacionamento. A oração deve ser pessoal.

Como Nós nos Tornamos Pessoas de Oração?

No século V, Anicia Faltonia Proba, uma nobre romana, pediu conselhos a Agostinho a respeito de oração. Proba queria saber como se tornar uma pessoa de oração. Agostinho escreveu uma longa carta com conselhos sábios sobre o assunto.[8] Nesta seção, examinaremos os princípios de Agostinho para oração.

Que tipo de pessoa pode se tornar uma pessoa de oração?

Primeiro, Agostinho diz que uma pessoa que ora deve ser uma pessoa sem outros recursos. Uma pessoa que confia apenas na oração.

Proba foi a viúva de um dos mais poderosos e ricos homens de Roma. Três dos seus filhos serviram como cônsules romanos. Agostinho começou dizendo a Proba que ela deveria “se considerar desolada neste mundo”. Não importa quão ricos, poderosos ou bem-sucedidos sejamos, devemos reconhecer nossa impotência diante de Deus. Caso contrário, nossas orações serão como as orações dos fariseus, não como as orações do publicano.

Pelo que devemos orar?

Agostinho dá conselhos interessantes à Proba. Ele diz: “Ore por uma vida feliz”. Isso pode parecer egoísta, mas Agostinho explica que a verdadeira alegria vem somente de Deus. Uma pessoa “é verdadeiramente feliz quando tem tudo aquilo que deseja ter, e não deseja ter nada do que não deva desejar”.

O cristão é feliz porque tem Deus, e não deseja ter nada que Deus não quer que ele tenha. Como o salmista, estamos satisfeitos com a presença de Deus.

Uma coisa pedi ao Senhor; é o que procuro: que eu possa viver na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a bondade do Senhor e buscar sua orientação no seu templo (Salmos 27:4).

Se verdadeiramente desejamos a presença de Deus acima de tudo, podemos pedir por felicidade, sabendo que Deus satisfará nossos desejos mais profundos ao se entregar a nós!

Como devemos orar em tempos de dificuldades?

Agostinho lembra à Proba que Paulo reconheceu que haveria tempos em que “não sabemos orar como convém” (Romanos 8:26[9]). Como oramos quando chegamos a um ponto de desamparo?

Agostinho olha para três versículos nas Escrituras. Primeiro, ele aponta para o exemplo de Paulo quando ele orou pela libertação do “espinho na carne”. Em vez de libertação, Deus prometeu: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Paulo testificou: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim... Pois, quando sou fraco é que sou forte” (2 Coríntios 12:8-10).

Em segundo lugar, Agostinho aponta para o exemplo de Jesus no Getsêmani. Jesus submeteu Seus desejos a Deus. Jesus orou por livramento: “Meu Pai, se for possível, afasta de mim este cálice”. Mas concluiu: “Contudo, não seja como eu quero, mas sim como tu queres” (Mateus 26:39).

Finalmente, Agostinho aponta para Romanos 8:26. Quando não sabemos como orar, o Espírito Santo guia nossos corações. O Espírito ajuda em nossa fraqueza e intercede por nós com gemidos inexprimíveis. Quando estamos sem palavras, o Espírito Santo leva nossas orações ao Pai, que as recebe e age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Romanos 8:26-28).


[1]Citado em Matt Friedeman, The Accountability Connection. (Wheaton, Illinois: Victor Books, 1992)
[2]Edward M. Bounds, O Poder Através da Oração. (Editora Oxigênio, 2017)
[3]

“Se você pode fazer alguma coisa sem orar, realmente vale a pena fazer?"

- Dr. Howard Hendricks

[4]Dick Eastman, The Hour That Changes the World. (Grand Rapids: Baker Book House, 1995).
[5]

"Nós vemos a oração como um meio para conseguir algo para nós mesmos; a ideia da Bíblia sobre oração é que possamos conhecer o próprio Deus."

- Oswald Chambers

[6]

"Os homens podem desdenhar de nossos apelos, rejeitar nossa mensagem, opor-se aos nossos argumentos, desprezar quem somos, mas eles não têm saída em relação as nossas orações."

- J. Sidlow Baxter

[7]Paul E. Miller, O Poder de Uma Vida de Oração: como viver em comunhão com Deus em um mundo caótico. (Editora Vida Nova, 2010).
[8]Philip Schaff, ed. The Confessions and Letters of St. Augustine: Nicene and Post-Nicene Fathers, First Series, Volume 1. (Buffalo, New York: Christian Literature Publishing Company, 1886).
[9]Almeida Revista e Atualizada

Conclusão: Quando Você Não Sabe Como Orar

Às vezes, o silêncio é o melhor que você pode fazer.[1] Você quer orar, mas não sabe como; as orações não vêm. O que fazer? Um segredo é compreender que Cristo é o nosso Grande Sumo Sacerdote.

Como cristãos evangélicos, cremos no sacerdócio de todos os crentes. Essa grande doutrina da Reforma nos ensina que cada um de nós tem acesso ao Pai. Entretanto, se mal compreendida, essa doutrina pode levar à luta espiritual. Posso ficar cheio de dúvidas: “Será que oro o suficiente? Eu realmente faço a minha parte?”

Em uma conferência em 2013, o Professor Alan Torrance deu este testemunho sobre suas lutas com relação a essas questões.

Em janeiro de 2008, minha esposa Jane morreu de câncer. Ela era a mais maravilhosa cristã, esposa e mãe. Vê-la morrer com dor enquanto o câncer se espalhava pelo seu corpo era difícil, e ver nossos filhos testemunhar seu sofrimento era extremamente duro. Houve momentos em que, em meu pesar, eu lutei para saber como orar e pelo que orar. Eu não sabia como orar.

Naquela época, o sacerdócio de Cristo se tornou mais relevante do que posso começar a dizer. Enquanto segurava Jane em meus braços, o sacerdote ascendido (Jesus Cristo) estava intercedendo em nosso favor. Nós podíamos descansar em Sua presença.

A oração onde me segurei durante aquele tempo foi o Pai nosso. Eu não fui deixado para orar sozinho. “Meu Pai, que estás no céu – bem longe de onde estou.” No lugar disso, através do Santo Espírito, eu orei: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha o teu reino; seja feita a tua vontade”.

Descobrir o significado do sacerdócio contínuo de Cristo é descobrir o evangelho de um modo que transforma cada parte de nossas vidas e de nossa adoração.

Entendemos mal o sacerdócio de todos os crentes quando pensamos que significa que devemos alcançar o Pai na nossa própria força espiritual. Isso é um erro. O sacerdócio de todos os cristãos enfatiza que não precisamos de um mediador além de Cristo. Ele é aquele que intercede por nós, aceitando nossas tentativas frustradas de oração, e as apresenta ao Pai como sacrifícios aceitáveis. Nossa oração é empoderada pelo Espírito e mediada por nosso Sumo Sacerdote, Jesus Cristo.

Quando você não souber como orar, não se desespere. Temos alguém que ora por nós, ajoelhando-se ao nosso lado, intercedendo ao Pai, dizendo aquilo que não podemos dizer.


[1]Esta seção foi adaptada de Marc Cortez, Everyday Theology.

Tarefas da Lição 2

(1) Usando uma concordância bíblica ou um programa de pesquisa, localize três exemplos de oração na Bíblia. Compare cada oração com o Pai Nosso. Quais elementos da oração do Pai Nosso são encontrados em outras orações bíblicas? Use a tabela na próxima página para registrar o que você achou.

(2) Mantenha um diário de oração por um mês. Registre suas frustrações em oração, suas vitórias em oração e as respostas de Deus em oração. Use esse registro para encorajar o crescimento em sua vida de oração.

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Oração Bíblica Referência Elementos na Oração
Oração de Neemias Neemias 1:5-11
  • Relacionamento: “Fiel à aliança”

  • Respeito: “Deus grande e temível”

  • Submissão: “Oração do teu servo”

  • Provisão: “Faz hoje bem-sucedido o teu servo”

  • Confissão: “Confessando os pecados do povo de Israel”

     
     
     
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