Liderança ministerial frequentemente cruza culturas, porque a tarefa da igreja é evangelizar o mundo e a unidade espiritual da igreja faz com que esse cruzamento de culturas ministerial seja possível.
Uma pessoa que serve em uma outra cultura é frequentemente considerada um líder por causa do seu treinamento e status na organização que o envia. Portando, uma pessoa em um ministério que cruza culturas deve estudar liderança.
► Quais exemplos que você conhece de uma igreja que envolve mais de uma cultura?
Liderar a travessia de culturas é inspirar pessoas que vem de duas ou mais tradições culturais para participar com você em construir uma comunidade de confiança, e então segui-lo e ser empoderado por você para alcançar uma visão convincente de fé.[1]
Primeiro, construa uma comunidade que compartilha a vida juntos, e então, encontre a visão do que esta comunidade pode realizar. Em um esforço para plantar igrejas, a comunidade pode ser uma pequena equipe antes de haver uma congregação estabelecida. À medida que uma congregação se desenvolve, ela deve ter todos os aspectos da vida de uma igreja. Para que isso aconteça, a equipe deverá ser intencional sobre isto, especialmente se a equipe é composta em sua maioria, por estrangeiros. Eles devem rejeitar o “nós e eles” mentalmente.
Como a confiança é desenvolvida? Isto deve ser intencional. Exige risco, alguns erros inevitáveis, honestidade e amor suficiente para fazer correções e construir um relacionamento. Se esses não existirem em um relacionamento, ele será raso, e pouca confiança será construída.
► O que significaria confiar em uma pessoa dessa forma?
O que “inspirar” significa? É mais do que criar sentimentos positivos. Inclui moldar atitudes e motivar ações. Isto exige o conteúdo das crenças e o moral dos membros do grupo.
Uma Visão Convincente da Fé
Para a liderança ministerial, a visão convincente irá incluir o evangelho, vida em santidade, a igreja e a evangelização. Não seja rápido em presumir como estes irão ser vistos em uma nova cultura.
Por que a palavra convincente é usada aqui? A visão descrita aqui vem com um mandamento bíblico que chama para o comprometimento. Esta visão deve inspirar os membros do grupo para um comprometimento profundo.
Abrindo o Caminho
O líder deve ser o modelo de vida, começando com um grupo íntimo de pessoas comprometidas, e então, expandi-lo. Ele deve ajudar a criar um grupo que demonstre o que a visão parece na vida real.
Chamando Outros para Seguir
Ele convida outros para seguirem a visão. Faz isto em relacionamentos pessoais, por mentorias individuais, por ensinamentos e ao convidar pessoas para assumirem responsabilidades.
Empoderando Aqueles que o Seguem
Um verdadeiro líder dá responsabilidade aos outros. Ele aceita os riscos, permite a criatividade e cria oportunidades para os outros no grupo.
► O que você vê sobre esta abordagem para liderança? Quais são os pontos fortes? Quais são as dificuldades?
[1]Sherwood Lingenfelter, Leading Cross-Culturally (Ada: Baker Academic, 2008), 117
[2]“Praticar cinco coisas em todas as circunstâncias constituem virtude perfeita; estas cinco são seriedade, generosidade da alma, sinceridade, sobriedade e gentiliza.” - Confúcio
Visões Culturais sobre Promoção
Em algumas culturas, uma pessoa é promovida para um cargo de liderança apenas depois de muitos anos de participação fiel. Líderes em uma cultura dizem que precisam observar potenciais líderes por dez anos. Nestas culturas, é difícil para um recém-chegado mover-se para cargos mais altos. Algumas vezes, os missionários ficam frustrados quando estão tentando preencher um cargo que exige uma habilidade especial, porque os líderes locais querem usar alguém que já provou a si mesmo e tem sido fiel por um longo tempo, ao invés de usar uma pessoa que se destaca nesta habilidade especial.
Arnaldo trabalhou como missionário por anos em uma cultura onde um tradutor era apenas uma pessoa fazendo seu trabalho. Arnaldo sempre tentou ter uma pessoa que pudesse fazer um trabalho melhor, mesmo que ele não conhecesse esta pessoa por muito tempo.
Agora, Arnaldo está trabalhando em uma cultura onde o cargo de tradutor é um alto cargo na organização. Os líderes apenas permitiam um tradutor que já conheciam por ser um membro fiel da igreja. Algumas vezes, Arnaldo tinha que pregar com um tradutor que não conseguia fazer um bom trabalho, enquanto um tradutor melhor estava sentado na congregação.
Algumas culturas respeitam a idade e experiência muito mais do que educação e talento. Missionários frequentemente treinam jovens, porque eles são ambiciosos, prontos para mudar e mais fáceis de treinar do que pessoas mais velhas. Porém, na maioria das culturas, as igrejas irão resistir a lideranças jovens porque isto parece desrespeitar os líderes mais velhos. Jovens líderes devem ser pacientes, ajudadores e sensíveis as preocupações dos líderes mais velhos. Líderes mais velhos devem tentar liberar responsabilidades para os mais jovens e permitir a expansão da equipe de liderança.
► Como um treinamento pode ser feito de forma que respeite a idade e a experiência?
Visões Culturais dos Cargos de Autoridade
Como um líder é selecionado? Como um líder mantém o seu cargo? Existem duas perspectivas de culturas opostas sobre o status de um líder.
Em uma visão, o líder recebe seu cargo por causa das suas habilidades e caráter. Ele pode ser eleito pelas pessoas que ele lidera. Ele continua servindo como líder porque ele lidera bem. Ele não tem autoridade absoluta, mas é responsável por algum grupo. Se ele se torna fisicamente incapaz de fazer o trabalho, é esperado que ele se demita. Se ele não lidera bem, pode ser substituído em uma eleição. Se ele comete um ato imoral ou desonesto, ele não é mais considerado qualificado para continuar como um líder, especialmente em uma organização cristã.
Em um outro tipo de cultura, o líder recebe seu cargo porque esteve envolvido na organização por um longo tempo e é conhecido por ser leal. É nomeado por alguns que possuem autoridade. Se existe uma eleição, não será real; as pessoas votam naqueles que sabem que são aprovados pelas autoridades. Eventualmente, teve autoridade total. Ele pode ouvir conselhos, mas suas decisões nunca são anuladas. Depois de ser líder por muitos anos, sua continuidade no cargo não depende em quão bem ele lidera. Ele está acima das responsabilidades e não espera responder questionamentos sobre as suas ações. Até mesmo ações imorais e desonestas podem não causar sua remoção. Mesmo em idade avançada ou saúde ruim que o torna incapaz de fazer o seu trabalho, ele pode continuar em seu cargo ainda que raramente cumpra as suas responsabilidades. Os seus liderados não irão removê-lo, exceto em casos extremos quando ele estiver em total descrédito.
Nesta cultura, a transferência de poder não é feita pacificamente, exceto quando o líder voluntariamente passa o cargo ao seu herdeiro escolhido. Se o grupo decidir remover o líder contra a sua vontade, isto pode resultar em acusações, em uma recusa em cooperar, em ações judiciais, em conflitos públicos e no risco de dividir a organização. Infelizmente, organizações ministeriais tem frequentemente seguido este exemplo de cultura e tem danificado muito o seu testemunho cristão.
Francisco pastoreou uma igreja por muitos anos. Em sua idade avançada a sua saúde ficou ruim. Ele se mudou para outra cidade e a igreja foi servida por três pastores auxiliares. Francisco continuou mantendo seu cargo de pastor, mesmo que raramente fosse a igreja.
Anás era o sumo sacerdote em Jerusalém. Depois que ele se demitiu, o novo sumo sacerdote era o seu genro, Caifás. Anás continuou sendo a maior autoridade, apesar de não manter nenhum cargo oficial. Quando Jesus foi preso, os soldados primeiro o levaram para Anás, e não a Caifás (João 18:12-13, 24).
Missionários de outras culturas algumas vezes tem dificuldade em entender o conceito de autoridade em uma organização. Eles não entendem por que uma pessoa continua em um cargo de autoridade quando não consegue fazer o trabalho. Eles não entendem por que as diretorias e comitês apenas seguem as ordens dos principais líderes.
Um líder servindo em outra cultura deve investir tempo em aprender como as decisões são tomadas naquela cultura. Nunca é o suficiente ter apenas a maioria dos votos para alguma coisa. Votar implica que a opinião de cada pessoa tem o mesmo valor, o que ninguém realmente acredita. Certas pessoas têm grande influência por toda a organização, e suas preocupações devem ser satisfeitas antes da organização tomar uma decisão.
Distância do Poder
Em algumas culturas, líderes tentam construir relacionamentos com pessoas em todos os níveis da sua organização. O proprietário de uma fábrica pode andar por ela conversando com os trabalhadores e tentando lembrar os seus nomes. Um líder pode ajudar a descarregar um caminhão ou limpar o prédio.
Em outras culturas, o líder é considerado distante da maioria das pessoas na organização. Eles não esperam falar com ele diretamente. Podem pensar que não é apropriado para o líder fazer nenhuma das tarefas manuais. Se ele conversar com os empregados, eles podem ficar contentes com a atenção ou podem se sentir desconfortáveis.
Duane Elmer estava servindo como presidente de uma escola bíblica em um país estrangeiro. Em um sábado à tarde, notou que a grama não havia sido cortada, então ele mesmo a cortou. Ele pensou que a sua ação iria mostrar humildade e impressionar quem observasse sua disposição para trabalhar. Porém, quando os alunos e funcionários descobriram, eles ficaram chateados. Eles disseram que a sua ação fez com que as pessoas pensassem que a estrutura de autoridade da escola fosse tão fraca que o presidente não podia mandar alguém cortar a grama. Isto também implicava que a organização fosse pequena e insignificante, porque o presidente tinha que fazer este tipo de trabalho manual. Ele tentou fazer as coisas parecerem melhor pelos próximos meses, ficando do lado de fora com olhar de autoridade, enquanto as pessoas trabalhavam.[1]
Missionários americanos visitantes estavam comendo em uma casa onde duas mulheres foram contratadas para cozinhar. Os missionários insistiram que as cozinheiras sentassem a mesa e comessem com eles. Eles argumentaram até que as mulheres finalmente se sentaram à mesa, mas elas ficaram desconfortáveis e praticamente não comeram nada.
Líderes cristãos trabalhando em uma outra cultura devem aplicar com muito cuidado os princípios cristãos. Nós sabemos que os sistemas de status mundanos não devem ser seguidos na igreja (Gálatas 3:28). Nós não devemos tratar algumas pessoas melhores do que as outras por causa das suas riquezas ou cargos (Tiago 2:1-4). Jesus disse que um líder deve estar disposto a servir, mesmo nas tarefas mais simples (João 13:14-16). Jesus frequentemente surpreendia as pessoas quando Ele não seguia os costumes que envolvem cargos (João 4:9, Lucas 18:15-16).
Missionários devem definir um exemplo de amor e respeito para todas as pessoas e disposição para servir. Porém, eles devem se simpatizar com as legítimas preocupações das pessoas em uma cultura. Devem mostrar que respeitam os costumes estabelecidos e não irão causar nenhuma desordem.
Moisés teve a oportunidade de se tornar o governador da mais poderosa nação do mundo em seu tempo (Egito). Ao invés disso, ele escolheu se identificar com uma nação de escravos (Hebreus 11:25). No momento da sua decisão, ele não sabia que Deus o faria um dos maiores líderes de todos os tempos. Ele iria liderar uma nação de escravos para a liberdade, conduzindo a nação por um território hostil por 40 anos, dando um sistema de leis que depois iriam influenciar todas as nações, civilizações e projetar a forma de como adorar, que durou por séculos e preparou para o cristianismo.
A primeira grande decisão de Moisés foi a de se identificar com o povo de Deus, rejeitando as falsas religiões e prazeres pecaminosos do Egito. Se tivesse tomado a decisão errada, ele poderia nunca ter sido significante no plano de Deus.
Moisés aprendeu muitas lições. Ele aprendeu a ouvir a Deus antes de esperar que as pessoas o ouvissem. Apesar de ter sido grande, foi humilde por causa da sua dependência em Deus. Seu desejo de conhecer Deus (Êxodo 33:18) o qualificou para falar por Ele. Ele insistiu que Israel não poderia fazer nada sem a presença de Deus (Êxodo 33:15). Sabia que o propósito de sua liderança não era o de glorificar a si mesmo.
Moisés amou as pessoas que liderou. Em um momento, Deus ameaçou destruir as pessoas por seus pecados, oferecendo fazer de Moisés um grande líder de uma grande nação. Moisés disse que preferia ser julgado no lugar de Israel a ser um grande líder sem eles (Êxodo 32:32). Se um líder pode facilmente deixar seus liderados por um cargo em outro lugar, ele não tem o coração de um líder como Moisés.
Os americanos tendem a presumir que recompensas individuais e honras são os melhores incentivos para que uma pessoa possa merecê-los com os seus próprios esforços. Porém, muitas culturas acreditam que as recompensas pelas conquistas pertencem ao grupo. Eles podem se ressentir e impedir uma pessoa que tente alcançar objetivos sozinha. Elas não querem que conquistas individuais sejam honradas.
Os japoneses têm um ditado: “O prego que se destaca será martelado para baixo.” Isto significa que uma pessoa não deve tentar chamar atenção para si mesmo ao invés de trabalhar com o grupo.
Um líder trabalhando em outra cultura precisa entender qual é a visão cultural sobre objetivos e recompensas. Talvez as recompensas devam ser oferecidas ao grupo que conseguir conquistar os objetivos como uma equipe.
Evitando a Conquista Cultural
Em diversos momentos, o evangelho não foi levado para uma nova cultura de uma forma que mostrasse respeito a ela. O evangelho foi comunicado como uma mensagem de uma cultura superior, com detalhes culturais anexados. Para muitas pessoas que foram evangelizadas, responder ao evangelho significou que elas também se entregaram a uma cultura estrangeira.
O termo conquista cultural é útil. Conquista cultural não significa meramente que uma cultura teve elementos emprestados de outra. Conquista cultural ocorre quando muitas pessoas veem uma cultura estrangeira como superior à sua e tentam segui-la. Os jovens, especialmente, tentam imitar culturas estrangeiras em roupas, discursos e valores. Pessoas jovens aspiram por trabalhos que não existiam antes, tal como o trabalho de tradutor, para então poder trabalhar com os novos líderes.
Em um ambiente onde uma cultura está sendo tomada por outra, antigos cargos de poder e influência são enfraquecidos. Em ambientes que mudam rapidamente, os jovens têm uma vantagem e respeito pelo tempo que passou. Costumes antigos são rejeitados pelas novas gerações. Eles têm pouco interesse na história e símbolos culturais do seu povo, porque perderam o respeito pela sua própria cultura.
Os missionários não têm a opção de evitar a conquista cultural a menos que eles sejam os primeiros estrangeiros a impactar a cultura original. Na maioria dos lugares, interesses comerciais estrangeiros já começaram a conquista cultural.
Infelizmente, muitos missionários têm participado em conquistas culturais, carregando isto para dentro da igreja. A tarefa das missões é plantar expressões bíblicas nativas na igreja. Uma igreja nativa se autoajuda, se autogoverna e se auto divulga.
Desenvolvimento nativo é impedido por:
Políticas estabelecidas de longe;
Introdução e continuidade de tradições estrangeiras;
Os missionários estrangeiros frequentemente levam recursos e equipamento que os líderes nacionais não possuem. Um missionário envolvido em plantação de igrejas não deve ser o pastor de uma nova igreja. Se um missionário é o primeiro pastor, seus gastos e doações criam um papel que um pastor nacional não será capaz de satisfazer.
O missionário deve sempre ser visto como um estrangeiro que está preenchendo um único, e temporário papel. Ele deve dar treinamento extra para as pessoas locais que mostrarem crescimento espiritual, comprometimento e um deles deve ser o pastor da nova igreja.
Pastores locais devem ser ajudados pelas pessoas locais, e por seus próprios trabalhos, se necessário. Se eles são ajudados por estrangeiros, a congregação local nunca irá assumir a sua responsabilidade financeira. Eles irão pensar que a igreja pertence a organização estrangeira e não a eles.
Permita que alguns alunos compartilhem como eles esperam mudar seus objetivos ou ações por causa dessa lição.
[1]The Willowbank Report: Consultation on Gospel and Culture "Lausanne Occasional Paper 2" (1978). Recuperado de https://www.lausanne.org/content/lop/lop-2 em 14 de março de 2020.
Tarefas da Lição 14
1. Escreva um parágrafo resumindo um conceito transformador dessa lição. Explique por que é importante. Quais são os benefícios? Quais são os perigos que poderiam resultar em não saber sobre isso?
2. Explique como você irá aplicar os princípios dessa lição em sua própria vida. Como essa lição pode mudar os seus objetivos? Como você planeja mudar suas ações?
3. Memorize a definição de liderança cruzando culturas do começo desta lição. Esteja preparado para escrevê-la de memória e explica-la no começo da próxima aula.
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