A carta aos Romanos explica como uma pessoa se relaciona com Deus para receber salvação e bênçãos. O relacionamento com Deus é baseado na graça recebida pela fé. Essa mensagem levantou questionamentos sobre o povo de Israel. O que aconteceu com o relacionamento especial entre Deus e Israel? Como um judeu pode ser salvo? Deus ainda tem um plano para Israel? Esses capítulos respondem a essas questões enquanto Paulo continua explicando a mensagem do evangelho.
[1]“Mas quem é você, ó homem, para questionar a Deus?” (Romanos 9:20). Algumas pessoas usaram esse versículo para repreender qualquer pessoa que tentasse examinar a justiça de Deus. Eles dizem que a justiça de Deus é tão maior do que a nossa que não podemos compreende-la.
Existe algum alto nível de justiça em que o preto torna-se branco ou o mal torna-se bem? Se um juiz humano condenasse crianças, julgasse erros e crimes dolosos da mesma forma e punisse as pessoas por fazerem o que não puderam evitar, não diríamos que ele está julgando de acordo com um alto nível de justiça, mas que é injusto.
A justiça de Deus é maior, mas não oposta à nossa. O nosso senso de justiça vem dEle e é baseado no Seu padrão. Ele nos ordena a sermos santos no mesmo sentido que Ele é santo. Se, algumas vezes, as Suas ações parecem injustas para nós, é porque não vemos todos os fatos, porque os nossos valores são muito temporais e porque a nossa percepção é distorcida pelos nossos próprios desejos.
Deus não professa simplesmente ser justo e não se recusa a explicar os Seus caminhos às Suas criaturas. No lugar disso, o livro de Romanos enfatiza que a justiça de Deus é visível. Aqueles que rejeitaram a Deus são indesculpáveis (1:20) por causa do que eles sabem sobre Deus. Os pecadores sabem que eles merecem julgamento (1:32). Romanos 2 fala inteiramente da imparcialidade e consistência dos julgamentos de Deus. A obra da expiação serve para que Deus possa ser justo mesmo quando justifica os pecadores (3:26).
É óbvio que Deus quer que vejamos que Ele é justo. Por essa razão, Deus explicou as Suas regras de salvação, mostrando o porquê de serem justas. Não seria possível para nós verdadeiramente adorarmos a Deus, a menos que vejamos que Ele é justo. Se nós não acreditarmos que Deus é justo, a nossa obediência a Ele seria como obediência a um tirano ou a um ladrão.
Portanto, Deus permite ser questionado, ou até mesmo coloca-se nessa posição (3:4). Ele tem confiança de que as Suas ações são consistentes com a verdadeira justiça. Um julgamento honesto das ações de Deus irá mostrar que Ele é justo e o pecador é culpado.
► Por que é importante que nós entendamos a justiça das ações de Deus? Como nós sabemos que Deus quer que entendamos a sua justiça?
Uma visão bíblica da soberania de Deus:
Deus escolheu permitir que as pessoas fizessem escolhas reais que teriam consequências.
Deus responde às escolhas que as pessoas fazem (Romanos 1:24, 26, 28).
Deus é poderoso e sábio o suficiente para cumprir o Seu plano final, apesar do que qualquer pessoa faça.
Todas as pessoas decidem se aceitam ou não o evangelho e são salvos ou rejeitados com base nisso. Deus oferece salvação, dá às pessoas a compreensão da sua culpa, dá o desejo pela graça e dá a habilidade de crer. Ele envia mensageiros para persuadir os incrédulos ao arrependimento. Porém, a pessoa toma as suas próprias decisões sobre a salvação.[2]
[1]“Para ser o Deus da eternidade, ele deve ser capaz de estar acima de acusações diante de todos os demônios, todos os anjos e todos os homens. Ninguém deve ser capaz de [com razão] acusá-lo de injustiça.”
- R.G. Flexon, Rudiments of Romans
Deus escolheu o caminho da salvação, e ninguém pode ser salvo de nenhuma outra forma.
Resumo do Capítulo 9
Este capítulo é frequentemente interpretado para dizer que Deus escolhe quem será salvo e quem será condenado com um embasamento que nós não podemos conhecer. Na verdade, o ponto é que Deus escolheu o caminho de salvação, e ninguém pode ser salvo de nenhuma outra forma. A Sua soberania não é demonstrada por escolher algumas pessoas e rejeitar outras sem nenhum critério. A Sua soberania é demonstrada ao estabelecer os critérios – o projeto do caminho de salvação.
► Um aluno deve ler Romanos 9:1-5 para o grupo.
Notas Versículo por Versículo
(9:1-3) Paulo expressou dor agonizante por Israel, porque estava espiritualmente perdido. Ele mencionou que era o seu irmão. Paulo tinha se destacado na religião dos judeus e respeitava os seus estudiosos. Ele ficou triste ao perceber que a maioria dos professores e líderes e a maioria das pessoas que ele serviu haviam rejeitado a Cristo.
(9:4-5) Israel foi uma nação com grandes privilégios espirituais:
Eles foram os primeiros a ter Deus como Pai.
Eles foram os primeiros a ver a glória de Deus revelada.
Eles tiveram
As alianças como termos de Suas bênçãos.
A lei.
As formas de adoração.
As promessas de salvação.
Os patriarcas eram judeus.
Jesus nasceu como judeu.
Paulo anteriormente disse no capítulo 3:1-2 que os judeus tiveram grandes vantagens.
Judaísmo, a Raiz do Cristianismo
O judaísmo pode ser considerado como a raiz do cristianismo. Mesmo agora o judaísmo tem mais em comum com o cristianismo do que qualquer outra religião. O judaísmo não se tornou uma religião vazia, até rejeitar a Cristo.
Aqui estão listadas algumas conexões entre o cristianismo e o judaísmo.
1. Os cristãos e os seguidores do judaísmo adoram ao mesmo Deus e receberam uma revelação clara de Deus.
2. O judaísmo forneceu os fundamentos teológicos e filosóficos do cristianismo. Israel era monoteísta e creu em um Deus que era eterno, não criado e santo. Deus criou tudo o que é bom, mas o mal e o sofrimento surgiram por causa do pecado. O homem é uma criação especial à imagem de Deus, com um destino glorioso depois que ele é redimido. Nós assumimos essas verdades, mas elas contrastam com todas as religiões ao redor do antigo Israel. Essas verdades foram primeiro reveladas a Israel.
3. Os cristãos e os seguidores do judaísmo aceitaram o Antigo Testamento como Escritura, mas os seguidores do judaísmo não aceitaram o Novo Testamento.
4. Jesus, o fundador do cristianismo, era judeu e cumpriu a religião do Seu povo. Ele declarou as suas verdadeiras prioridades e condenou as distorções dos fariseus. Ele não alegou estar começando uma nova religião, mas estava cumprindo a antiga.
5. O coração do judaísmo era a esperança messiânica. Os primeiros cristãos eram judeus os quais creram que Jesus era o Messias judeu.
Estudo da Passagem – Romanos Parte 5, Passagem 1
► Um aluno deve ler Romanos 9:6-16 para o grupo.
Continuação das Notas Versículo por Versículo
(9:6-9) Alguns deles foram salvos; a palavra de Deus teve efeito. O povo de Deus não é simplesmente aquele que é biologicamente descendente de Abraão, mas é salvo por crer na promessa de Deus.
Desde o momento que Deus escolheu Abraão, a salvação foi planejada dessa forma. O plano de salvação de Deus, que continuaria através de Isaque, foi uma obra de Deus em resposta a fé. O padrão de Deus para a salvação é promessa, depois fé, e então, milagres. O nascimento de Isaque foi um milagre.
Ismael nasceu por meios naturais, não por milagre, e Deus não o usou no plano da salvação. Pelo mesmo princípio, Deus não aceita obras para fins de salvação.
Os judeus que queriam ser salvos pelas obras foram rejeitados por Deus, assim como Ismael foi rejeitado como filho prometido.
► E o caso de Jacó e Esaú? Algumas pessoas pensam que esses versículos dizem que antes de eles terem nascido, Deus escolheu qual deles seria salvo. O que esses versículos realmente dizem?
(9:10-13) Quando Deus escolheu Jacó no lugar de Esaú, Ele não estava escolhendo qual deles seria salvo. Ele escolheu aquele que Ele iria usar para cumprir o plano da salvação. Este é o tema do capítulo: o direito de Deus para determinar os meios de salvação. O registro da vida de Esaú no Antigo Testamento mostra que, na verdade, ele teve uma mudança em seu coração e pode ter sido salvo. Ele não foi rejeitado pela salvação, mas rejeitado de ser o pai da nação escolhida e do Messias.
Deus não escolheu Jacó por causa das suas qualidades e não rejeitou Esaú por causa das suas falhas. A passagem enfatiza que eles não haviam feito nenhum bem ou mal quando Deus fez a Sua escolha. É claro, Deus conhecia o futuro deles. O ponto é que Deus escolheu de acordo com o Seu próprio plano.
► Algumas pessoas dizem que o capítulo 9:14-16 prova que Deus escolhe quem Ele irá salvar com razões que nós não sabemos. Eles dizem que as nossas ações e escolhas não determinam se iremos ser salvos ou não. O que esses versículos estão realmente dizendo?
(9:14-16) Deus escolhe a quem Ele irá mostrar misericórdia. Isto não significa que Ele faz isso sem nenhuma base ou com uma base que nós não conhecemos. Deus mostrou o fundamento da Sua misericórdia: “Que o ímpio abandone seu caminho, e o homem mau, os seus pensamentos. Volte-se ele para o Senhor, que terá misericórdia dele; volte-se para o nosso Deus, pois ele perdoará de bom grado”. (Isaías 55:7)
Ele claramente nos diz que somos escolhidos para salvação se crermos e não o rejeitarmos. Portanto, não é de acordo com a vontade da pessoa decidir como poderá ser salva. A salvação deve ser pela misericórdia de Deus, recebida na forma que Ele decretou.
► Um aluno deve ler Romanos 9:17-23 para o grupo. Deus criou o Faraó para ser um homem mau e o controlou para que fizesse maldades?
(9:17-18) Faraó não nasceu para ser condenado, mas Deus o colocou em sua posição de autoridade, porque sabia o que ele iria fazer. O termo levantei não se refere a sua criação, mas a sua posição como governador. Deus tem misericórdia daqueles que creem e endurece aqueles que não creem. Endurecer não significa que Deus mudou uma boa pessoa em má. Deus deu a Faraó a permissão de fazer o que ele já queria fazer.
Aqueles cujo coração está endurecido são considerados culpados da sua condição. Portanto, de acordo com a justiça, as suas escolhas são reais. Anteriormente, no capítulo 2:4-5, os gentios são condenados por endurecerem o seu coração, o que está conectado a sua rejeição intencional à verdade. (Veja também Jeremias 19:15, Neemias 9:25-29, Marcos 16:14 e Hebreus 3:7-13.) Faraó não teria um coração duro se primeiramente não tivesse rejeitado a Deus.
(9:19) Aqui alguém levanta uma objeção: “Se Deus pode controlar as pessoas, como Ele fez com Faraó, como alguém pode ser julgado? Ninguém resistiu com sucesso a Sua vontade”. O opositor fala como se uma pessoa devesse ser desculpada por resistir a Deus uma vez que, em última análise, é forçada a fazer o que Deus quer. No entanto, Deus é capaz de distinguir entre aqueles que respondem a Ele de boa vontade e aqueles que não responderão.[1]
(9:20-23) Deus é capaz de selecionar alguns para julgamento e alguns para misericórdia, apesar de que irá, em última instância, ser glorificado por todos (porque Ele é glorificado tanto no Seu julgamento quanto na Sua misericórdia). Ele tem um embasamento para a seleção e tem o direito de selecionar. Deus define os Seus critérios de aceitação e eles são imutáveis.
O oleiro pode decidir o que irá fazer com o barro. Ele pode transformar parte dele em um vaso de flores e outra parte em uma lixeira. Da mesma forma, Deus decide que algumas pessoas estão adequadas apenas para o julgamento e outras para misericórdia. O verbo no grego não especifica quem fez a ação. Poderia significar que as pessoas se prepararam para o julgamento. Isto seria consistente com a declaração de que Deus suporta a rebelião deles até o tempo do julgamento. Deus não os criou para o julgamento ou os tornou pecadores. O Seu julgamento será feito pelas próprias escolhas deles. O fato de que Deus é soberano em Suas escolhas não significa que Ele escolhe indiscriminadamente, mas que escolhe pelo Seu próprio padrão. Ele escolhe o mau para o julgamento e o crente para salvação.
A pergunta “Por que me fizeste assim?” não significa “Por que você me criou para condenação?”, mas, “Por que você decidiu que eu estava apto para julgamento?”. Mas Deus tem o direito de determinar e revelar a Sua justiça.
A ilustração do oleiro está em Jeremias 18:1-18. Os versículos-chave são 7-10. O capítulo 18:8 diz: “E se essa nação que eu adverti converter-se da sua perversidade, então eu me arrependerei e não trarei sobre ela a destruição que eu tinha planejado”.
Como você explicaria a ilustração do oleiro e do barro? Deus fez algumas pessoas com o propósito de mostrar a Sua ira? O que significa dizer que Ele fez coisas diferentes com o barro?
[1]Veja as notas em uma passagem similar do capítulo 3:5-8.
A Própria Conclusão do Apóstolo
Algumas pessoas concluíram a partir deste capítulo que Deus cria algumas pessoas para o propósito do julgamento e outras para misericórdia. Porém, o próprio Paulo declara o seu ponto principal na conclusão do capítulo (9:30-33). É importante deixarmos o autor fazer a sua própria conclusão a partir da sua própria ilustração. Nós não devemos fazer uma aplicação da história do autor que é contrária ao que ele mesmo declarou. Este é o ponto principal de Paulo: Deus irá julgar o indivíduo com base na sua crença. Como oleiro, Ele tem o direito de decidir as bases da aceitação.
Nós podemos nos alegrar na soberania de Deus, porque Ele é sempre sábio, bom, amoroso e justo em tudo o que faz. Embora Ele tenha autoridade absoluta, não faz nada injusto. As Suas ações são sempre consistentes com a Sua própria natureza.
O ponto principal do capítulo não é que Deus escolhe qualquer indivíduo que Ele quer sem nenhum critério. O ponto principal de Romanos 9 é que Deus define os critérios que determinam quem Ele irá escolher para salvação. O critério é a fé salvadora.
Estudo da Passagem – Romanos Parte 5, Passagem 1
► Um aluno deve ler Romanos 9:24-33 para o grupo.
Continuação das Notas Versículo por Versículo
(9:24-26) Muitos gentios se tornaram parte do povo de Deus, embora não fossem chamados de povo de Deus com base na nacionalidade. Isso se conecta ao grande tema missionário desta epístola: o evangelho pode ser oferecido a todas as pessoas no mundo.
(9:27-29) Muitos judeus serão rejeitados, e apenas um remanescente será salvo. Os judeus não serão automaticamente salvos apenas porque são judeus. Se Deus houvesse agido de acordo com a justiça sem misericórdia, eles teriam sido completamente destruídos como Sodoma.
(9:30-33) Aqui está a conclusão do capítulo. Deve ser permitido ao autor escrever a sua própria conclusão. O tema do capítulo é que Deus definiu meios de salvação. Aqueles que tentaram estabelecer a sua própria justiça com base na lei falharam. Aqueles que buscaram justiça pela fé tiveram sucesso. Aquele que tenta estabelecer a sua própria justiça tropeça na pedra fundamental que Deus colocou, mas aquele que crê não será envergonhado.
Questões de Revisão da Lição 9
(1) Como nós sabemos que Deus quer que compreendamos a sua justiça?
(2) Por que é importante para nós vermos que Deus é justo?
(3) Qual é a visão bíblica da soberania de Deus?
(4) Qual é o ponto principal de Romanos 9?
(5) Quais foram os privilégios espirituais de Israel?
(6) Quais são as cinco conexões entre o cristianismo e o judaísmo?
(7) O que Romanos 9 fala sobre Deus ter escolhido Jacó?
(8) Por que nós podemos nos alegrar na soberania de Deus?
Tarefas da Lição 9
(1) Escreva uma página explicando como Deus é soberano e ainda responde às escolhas do homem. Use Romanos 9, mas também use outras passagens bíblicas.
(2) Você deve preparar pelo menos duas conversas com crentes de outras igrejas. Peça para eles explicarem o que pensam sobre a soberania de Deus. Você deve explicar as passagens de Romanos que são relevantes para o tópico. Escreva um relatório da conversa e entregue ao líder de classe.
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