Parte 1: Saudação e Introdução ao Tema (Romanos 1:1-17)
Parte 2: A Necessidade da Justificação pela Fé (Romanos 1:18 – 3:20)
Passagem 1: O Erro dos Gentios: Rejeição a Deus pela Idolatria (Romanos 1:18-32)
Passagem 2: O Erro dos Israelitas: Conhecimento sem Obediência (Romanos 2:1-29)
Passagem 3: A Justiça da Condenação Universal (Romanos 3:1-20)
Parte 3: Os Meios e o Significado da Justificação (Romanos 3:21 – 5:21)
Passagem 1: Justificação na Maneira de Deus (Romanos 3:21-31)
Passagem 2: O Exemplo de Abraão (Romanos 4)
Passagem 3: A Propiciação de Cristo (Romanos 5)
Parte 4: A Santificação dos Justificados (Romanos 6-8)
Passagem 1: Vitória sobre o Pecado (Romanos 6)
Passagem 2: A Condição do Pecador Condenado (Romanos 7)
Passagem 3: Vida no Espírito (Romanos 8)
Parte 5: A Soberania de Deus no Plano da Salvação (Romanos 9-11)
Passagem 1: O Direito de Deus para Determinar os Meios de Salvação (Romanos 9)
Passagem 2: A Resposta de Fé como Condição de Aceitação (Romanos 10)
Passagem 3: Rejeição dos Incrédulos; Aceitação dos Crentes (Romanos 11)
Parte 6: Instruções práticas (Romanos 12:1 – 15:7)
Passagem 1: Ministério Humilde e Santo no Corpo (Romanos 12:1-8)
Passagem 2: Comportamento em Relação aos Outros (Romanos 12:9-21)
Passagem 3: Submissão às Autoridades Civis (Romanos 13:1-7)
Passagem 4: A Plenitude do Amor (Romanos 13:8-10)
Passagem 5: Vivendo na Luz (Romanos 13:11-14)
Passagem 6: Aceitando a Diversidade nas Práticas Religiosas (Romanos 14:1 – 15:7)
Parte 7: Conclusão: A Visão para Missões (Romanos 15:8-33)
Parte 8: Saudações (Romanos 16)
Um Livro de Assuntos Debatidos
Muitas questões teológicas foram debatidas na igreja ao longo dos séculos. O livro de Romanos lida com questões controversas da teologia, talvez mais do que qualquer outro livro da Bíblia. Aqui estão alguns exemplos de questões respondidas nessa carta.
Questões Teológicas Respondidas em Romanos
Nota para o líder de classe: Leia cada questão e deixe que vários alunos respondam. O grupo não deve passar muito tempo em cada questão e não deve tentar chegar a conclusões. O propósito da lista é mostrar que existem muitas opiniões sobre estas questões.
1. No que uma pessoa deve crer para ser salva pela fé?
2. O que significa dizer que o cristão não é salvo por obras?
3. Deus decidiu salvar algumas pessoas e não salvar outras?
4. Como Deus escolhe quem é salvo e quem não é?
5. O que irá acontecer com as pessoas que nunca ouviram o evangelho?
6. Como Deus pode ser justo se Ele perdoa alguns pecadores e pune outros?
7. Um crente ainda é um pecador?
8. Qual tipo de vitória espiritual é possível na vida real?
9. É possível que o crente perca a sua salvação?
10. Deus ainda tem um plano para Israel?
O Propósito da Carta para Roma
► Um aluno deve ler Romanos 1:11-15 e 15:24 para o grupo. Quais as razões para Paulo querer ir a Roma?
O propósito dessa carta foi apresentar Paulo e sua teologia da salvação aos crentes romanos, para que então:
1. Ele pudesse visitar e encorajar os crentes (1:11-12) e pregar o evangelho em Roma (1:15).
2. Ele pudesse começar um novo trabalho missionário com o suporte deles (15:24).
Paulo havia passado os anos de 47-57 d.C. evangelizando territórios ao redor do Mar Egeu. Ele escreveu a carta aos Romanos por volta de 57 d.C.[1] Ele planejou fazer uma viagem a Jerusalém, e então a Roma. Paulo queria usar a igreja em Roma como uma base para o lançamento de um esforço missionário na Espanha (15:24), que era a mais antiga colônia romana no oeste e centro da civilização romana naquela parte do mundo.
Como Paulo nunca havia estado em Roma, a carta serviu como uma apresentação pessoal e preparação para a sua visita. Essa é provavelmente a razão para a extensiva saudação em Romanos 16.
A visita de Paulo a Roma não aconteceu da maneira que ele planejou. Ele foi preso em Jerusalém. Quando parecia que não receberia justiça, ele apelou para Cesar. Depois de uma jornada perigosa, que incluiu um naufrágio, ele chegou a Roma como um prisioneiro por volta de 60 d.C. Apesar de estar confinado, ele estava livre para receber visitantes e ministrar a eles e através deles (Atos 28:30-31). Paulo disse que os eventos estavam servindo para o progresso do evangelho (Filipenses 1:12). Havia convertidos até mesmo na casa de César.
[2]Alguns historiadores acreditam que Paulo foi liberto depois de dois anos. Se ele fez ou não sua viagem para Espanha é desconhecido. Nós sabemos que ele foi executado em Roma, mas isso poderia ter sido em sua segunda visita à cidade.
Ao explicar a teologia da salvação para mostrar a base do seu trabalho missionário, Paulo mostrou que ela serve em todos os lugares e tempos.
Muitas questões seriam naturalmente levantadas em resposta ao pedido de Paulo para que eles ajudassem a lançar sua viagem missionária. Alguém poderia perguntar: “Por que você é quem deve ir?” Então, Paulo começou a carta mencionando sua dedicação no trabalho do evangelismo (1:1). Mais tarde ele explicou seu chamado especial e sucesso como apóstolo para os gentios (15:15-20).
Alguém pode perguntar: “Por que todos precisam ouvir o evangelho? Talvez essa mensagem não seja necessária em todos os lugares”. Mas Paulo explicou o potencial do evangelho para a humanidade em todo o mundo (1:14, 16, 10:12) e a urgência do trabalho missionário (10:14-15). Ele mostrou que a mensagem se aplica em todas as pessoas no mundo, e que cada uma delas precisa desesperadamente ouvir.
[1]Estas datas são opiniões de estudiosos, e nós não sabemos se elas são perfeitamente precisas.
[2]“A ideia de Paulo era abranger brevemente nessa epístola todos os aprendizados do evangelho de Cristo e preparar uma introdução de todo o Antigo Testamento.”
-William Tyndale,
“Prólogo para a Epístola
de Romanos”
Estudo da Passagem – Romanos Parte 1
Agora vamos ver a primeira passagem: a saudação e introdução de Paulo.
► Um aluno deve ler Romanos 1:1-17 para o grupo.
Nota sobre a Passagem:
O capítulo 1:1-17 descreve o chamado de Paulo e a motivação para espalhar o evangelho. Depois disso, os capítulos 1:18-3:20 explicam por que o evangelho é necessário, uma vez que os pecadores que não se arrependeram estão debaixo da ira de Deus. Porém, o capítulo 1:15-19 forma a transição entre essas seções. Ele faz um ponto em si mesmo, expressando o evangelho de forma concisa: os pecadores são culpados porque conhecem a verdade e, portanto, estão debaixo da ira; porém os crentes são salvos.
Ponto Principal do Capítulo 1:1-17
Paulo foi chamado e motivado a espalhar o evangelho, porque é a mensagem de salvação para aquele que crê.
Resumo do Capítulo 1:1-17
Tudo no capítulo 1:1-14 leva até a declaração do versículo 15. O capítulo 1:16-18 explica resumidamente o que é o evangelho e o porquê de todos precisarem dele. O evangelho é a mensagem pela qual Deus providenciou perdão, e as pessoas o recebem pela fé. A razão para todos precisarem dessa mensagem é que estão debaixo da ira de Deus.
O livro inteiro de Romanos é uma explicação das declarações nos versículos 16-18.
Notas Versículo por Versículo
(Os números em parênteses são os capítulos e versículos discutidos.)
(1:1) Paulo fez três declarações sobre si mesmo:
Ele era um servo de Jesus Cristo.
Ele era um apóstolo porque o chamado de Deus o tornou um.
Ele foi separado para o trabalho a que foi chamado.
Paulo foi um fariseu, mas agora era devotado ao ministério do evangelho. Ele tinha cidadania romana, mas não mencionou esse fato como parte da sua identificação. Isso não o ajudaria a se associar com a maioria dos crentes romanos. A maioria das pessoas que viviam em Roma não tinham cidadania, pois eram estrangeiros ou escravos. Se Paulo tivesse mencionado sua cidadania, isso o teria associado com a classe alta de Roma; era mais importante mencionar seu papel espiritual.
(1:2) O evangelho não era inteiramente novo e estava contido na mensagem dos profetas do Antigo Testamento. Romanos 4 especialmente mostra que o evangelho foi compreendido por Abraão e Davi.
(1:3-4) Em sua vida natural, o Filho de Deus era descendente de Davi, nascido de uma linhagem real, o que era predito sobre o Messias.
Cristo é a palavra grega que se refere à palavra hebraica Messias.
O termo Senhor refere-se à divindade. O significado do termo Senhor nas epístolas do Novo Testamento pode ser visto ao se comparar Filipenses 2:10-11 com Isaías 45:23. Ele se refere àquele que é supremo acima de todas as outras autoridades (Veja também Atos 2:36).
O termo Senhor não significa necessariamente a mesma coisa nos evangelhos do Novo Testamento, onde as pessoas podem ter chamado Jesus de “Senhor” como um termo de respeito, sem realmente entender que Ele era Deus.
Nas epístolas do Novo Testamento, o nome “Jesus Cristo nosso Senhor” faz três declarações sobre identidade. O nome diz que Ele é o homem histórico chamado Jesus, que Ele é o Messias judeu e que Ele é Deus.
A ressurreição comprovou a divindade de Jesus. Em João 10:18, Ele alegou que poderia retomar a Sua vida. Ele usou a ressurreição como um sinal para aquela geração, e as testemunhas da ressurreição a estabeleceram como um sinal para todas as gerações. Uma pessoa que não é Deus não poderia ressuscitar a si mesmo dos mortos, nem Deus ressuscitaria uma pessoa que falsamente alegou ser Deus, especialmente se alegou que a ressurreição provaria a sua identidade.
► Outras pessoas foram ressuscitadas dos mortos, mas elas não eram Deus. Como você explicaria que a ressurreição comprovou a identidade de Jesus?
(1:5) O chamado e os dons espirituais do apostolado foram dados para o propósito de trazer pessoas de todas as nações a obedecerem a Cristo. O único motivo adequado para o trabalho ministerial é dar glória ao nome de Cristo. Motivos como ganho pessoal ou crédito pessoal são indignos de um servo de Deus.
A Singularidade do Chamado Apostólico
► Existem apóstolos hoje?
O termo apóstolo é algumas vezes usado na Bíblia com o seu significado geral de “aquele que é enviado”. Em Atos 14:14, Paulo e Barnabé são chamados apóstolos, apesar de Barnabé não ser um dos doze originais. Em Gálatas 1:19, Paulo disse que em uma visita específica ele não viu nenhum dos apóstolos, exceto Cefas (Pedro) e Tiago, o irmão do Senhor. Nesse caso, ele se referiu a Tiago como um apóstolo, apesar de ele não ser um dos doze originais.
Porém, os doze apóstolos eram normalmente considerados um grupo especial, no qual ninguém seria incluído. Mateus 10:2 diz: “Estes são os nomes dos doze apóstolos...” (Veja também Lucas 6:13.) Jesus disse aos apóstolos que eles se assentariam em tronos e julgariam as 12 tribos de Israel (Lucas 22:30). Essa promessa parece dar uma recompensa, a qual é limitada a 12 homens. Os nomes dos 12 apóstolos estão nos doze fundamentos da cidade de Deus, o que implica um grupo único de 12 homens (Apocalipse 21:14).
Judas, irmão de Jesus, não chamou a si mesmo de apóstolo, mas se referiu à autoridade dos apóstolos (compare Judas 17 com 2 Pedro 3:2). Os apóstolos tinham uma autoridade única e aquilo que eles escrevessem para as igrejas era considerado revelação (2 Pedro 3:15-16).
A igreja escolheu Matias para substituir Judas, entendendo que deveriam haver doze (Atos 1:26), mas nós não encontramos na história a igreja primitiva substituindo os apóstolos quando eles morriam.
Paulo foi chamado por Deus para ser um apóstolo (Romanos 1:1). Paulo sugeriu que uma das qualificações do seu apostolado era o fato de ele ter visto Jesus (1 Coríntios 9:1). Isso limitaria o apostolado a primeira geração da igreja.
Estudo da Passagem – Romanos Parte 1
Continuação das Notas Versículo por Versículo
(1:6) “Chamado” refere-se ao chamado para ser salvo, para ser uma pessoa santa, como visto no versículo seguinte (veja também o capítulo 8:30). Paulo disse que os apóstolos têm um ministério para todas as nações. Ele agora aponta que os cristãos romanos creem na mensagem dos apóstolos. Portanto, Paulo mostra que eles estão obrigados a considerar a sua autoridade apostólica com seriedade. Essa carta não era apenas de um missionário que eles ouviram falar. Eles deviam atenção e respeito a Paulo, apesar de ele não ser o fundador da igreja deles.[1]
(1:7) Ser chamado para a salvação é ser chamado para ser santo. A declaração é comparável com a declaração no versículo 1, onde Paulo disse que ele era um apóstolo porque foi chamado para ser apóstolo. Isso não significa que ele estava tentando ou esperando ser um apóstolo, mas que ele foi feito apóstolo pelo chamado. Os crentes romanos foram feitos santos pelo chamado a serem santos. Assim como o chamado para ser um apóstolo veio com os dons e habilidades para aquele ministério, o chamado para ser santo vem com o poder e a purificação que nos torna santos. O chamado de Deus é sempre acompanhado pela graça para cumpri-lo.
A santidade que começa na conversão não é completa em todas as formas. O crente deve progressivamente mudar a sua vida para corresponder à verdade de Deus, conforme ele a aprende. A santidade não é completa na conversão, mas a santidade começa na conversão quando o pecador se arrepende, se compromete em obedecer a Deus e é feito nova criatura (2 Coríntios 5:17).
(1:8) O termo mundo foi comumente usado para se referir ao mundo civilizado e conhecido, e não a toda a terra. O evangelho não havia chegado ainda em todos os lugares da terra.
(1:9) “A palavra latreuo [eu sirvo] é sempre usada no Novo Testamento como serviço religioso.… Este serviço pode consistir tanto em adoração ou em desempenho de deveres externos de natureza religiosa.”[2] Paulo serviu a Deus não apenas com formas de atividades religiosas, mas com o seu espírito.
(1:10-12) Aqui Paulo disse a eles que havia planejado uma visita a Roma. Ele queria fortalecê-los espiritualmente e sabia que eles seriam mutuamente encorajados pela fé uns dos outros.
A declaração de Paulo nos diz que os crentes se beneficiam espiritualmente da comunhão uns com os outros. O Espírito Santo realiza muito do seu trabalho nos crentes através de outros crentes. Uma pessoa que negligencia o seu relacionamento com outros crentes irá perder o benefício do estabelecimento da graça, o qual vem através da comunhão. (Paulo falou extensivamente que cada membro necessita do outro membro em 1 Coríntios 12.)
(1:13) Paulo foi impedido em seu plano de visitá-los anteriormente – não por problemas, mas pela sua prioridade em pregar o evangelho onde ainda não havia sido pregado (veja o capítulo 15:20-22). Uma vez que o evangelho já havia sido pregado em Roma, Paulo foi para outros lugares primeiro. Porém, agora, ir não era contrário à sua prioridade, haja vista que sua visita seria um passo em direção a alcançar outra área não alcançada (15:23-24).
(1:14) Gregos eram aqueles que foram educados e civilizados pela influência grega. A palavra bárbaro significava “estrangeiro”, referindo-se a uma pessoa de uma cultura mais primitiva, a qual foi menos afetada pela cultura grega. Os gregos consideravam os bárbaros como ignorantes e não civilizados.
O termo sábio referia-se àqueles que foram educados, especialmente pela filosofia grega. O insensato não tinha muita educação. Paulo mostrou que o seu ministério não era limitado a um certo tipo de pessoa. Isso preparou o seu ministério para eles, bem como mostrou o seu papel como missionário.
Paulo disse que estava em dívida com todos que necessitavam ouvir o evangelho. Paulo não tinha uma dívida porque os pecadores mereciam ouvir, mas porque ele recebeu a graça e a obrigação de evangelizar.
Ilustração: Se alguém dá dinheiro ao João para compartilhar com o Tomas, o João agora deve ao Tomas, apesar do Tomas não ter feito nada para merecer o dinheiro. Da mesma forma, nós temos um débito para com aqueles que não ouviram o evangelho, porque Deus nos deu a responsabilidade de compartilhar com eles.
► Todo cristão está em débito para compartilhar o evangelho? Por quê?
(1:15) Paulo havia pregado aos gregos e aos bárbaros e agora ele também estava disposto a pregar o evangelho para as pessoas em Roma.
Ele começa o seu tema principal dizendo: “Estou disposto a pregar o evangelho também a vocês”. Então, explicou resumidamente o que é o evangelho e o porquê do mundo precisar dele. Essa explicação resumida é expandida por toda a epístola.
O capítulo 1:14-15 novamente mostra o motivo pelo qual Paulo era qualificado para ir até eles. Ele tinha uma mensagem que era para todas as pessoas no mundo.[3]
(1:16) O evangelho é para o judeu e para o grego, e essa declaração introduz o tópico sobre judeus e gentios e suas posições diante de Deus. Esse tema continua em Romanos 3. Paulo não se envergonharia do evangelho mesmo no centro do poder do império, pois o evangelho é o poder de Deus.
O poder de Deus está trabalhando na mensagem do evangelho, fazendo-o efetivo para salvar. Os mandamentos de Deus estão sempre acompanhados pelo poder necessário para cumpri-los. O poder de Deus está trabalhando quando as suas palavras são ditas.[4] Os mensageiros do evangelho dependem do poder do evangelho, porque ao comunicarem a mensagem, o Espírito Santo a torna convincente aos seus ouvintes e cheia de poder.
Para Paulo, defender o evangelho não significava apenas defendê-lo como uma verdade objetiva, mas também para pregá-lo como uma verdade transformadora. Ele a proclamou com a confiança de que o evangelho iria transformar os seus ouvintes.
► Por que nós devemos ter confiança quando pregamos o evangelho?
(1:17) O justo viverá pela fé.[5] Essa é a verdade central e mais importante no livro de Romanos.
A epístola inteira de Romanos lida com o tema de como o homem pode ser justificado, isto é, feito justo (ter a justiça de Deus). A urgência dessa questão é apresentada no próximo versículo, pois a ira de Deus está pronta para aqueles que permanecem injustos.
A justiça de Deus mencionada aqui não é “seu atributo de justiça... mas justiça fluindo dele e sendo aceitável a ele”;[6] a justiça de Deus trabalhou na humanidade através da fé. O mesmo pensamento está em Filipenses 3:9: “A justiça que procede de Deus e se baseia na fé”. As pessoas não são apenas consideradas justas porque são perdoadas, mas elas começam a verdadeiramente ser justas porque Deus as transforma.
[7]Mais à frente na carta (Romanos 3:21-22), Paulo disse que a justiça de Deus, a qual se dá pela fé em Jesus, é para todos os que creem. Em Romanos 5:17-19 nós lemos sobre o dom da justiça que torna muitos justos.
[8]A frase “de fé em fé” enfatiza que a fé é o único meio. Isso é consistente com a ênfase protestante, tendo somente a fé como requisito para salvação.
No livro de Romanos, o termo morte se refere ao julgamento de Deus. Apenas aqueles que são feitos justos pela fé irão viver - isto é, serão poupados do julgamento (veja 1:18). A ira de Deus irá ser derramada sobre todos, exceto aqueles que escaparam pela fé.
► O que significa que uma pessoa se tornou justa pela fé?
► Nessa passagem, o que significa viver? O que é morte? O que significa viver por meio da fé?
[1]Veja a nota posterior sobre o capítulo 1:14-15.
[7]“A fé é uma confiança viva e ousada na graça de Deus, tão segura e certa que um homem poderia apostar a sua vida nela milhares de vezes”.
– Martinho Lutero
[8]“A intenção geral desta epístola é publicar o eterno e imutável propósito ou decreto de Deus, que é, ‘Quem crer será salvo; quem não crer será condenado.’”
John Wesley,
“A Predestinação Calmamente Considerada”
Três Teólogos que Foram Transformados Pelo Livro de Romanos
A epístola ainda serve o seu propósito original de fornecer uma base para o trabalho missionário. Porém, faz mais que isso. Enquanto Paulo estava explicando a razão de todos precisarem ouvir a mensagem, ele explicou cuidadosamente o que é a mensagem e o motivo pelo qual as pessoas podem ser salvar apenas por esse meio. Ele respondeu à algumas objeções comuns. Essa explicação e defesa da mensagem que ele pregou ocupa a maior parte do livro e controla a sua estrutura.
[1]Romanos é uma explicação da teologia da salvação. A teologia da salvação de Paulo forneceu uma defesa imediata contra os judaizantes,[2] e serve também para corrigir erros modernos sobre a doutrina da salvação.[3]
Ao longo da história, Deus usou a epístola aos Romanos para restaurar as mais importantes verdades quando elas foram esquecidas.
Quando jovem, Agostinho buscou satisfação em relacionamentos imorais e estudos filosóficos e intelectuais. Ele procurou a verdade e a encontrou no cristianismo. Ainda assim, o seu amor pelo pecado o manteve cativo. Ele se viu descrito em Romanos 7; ele sabia a verdade, mas era completamente incapaz de viver uma vida justa.
Em 386 d.C., depois de ler Romanos 13:13-14, Agostinho, no começo dos seus trinta anos, comprometeu-se a deixar a sua vida de pecado. Deus o libertou da escravidão do pecado e o capacitou para viver uma vida piedosa em Cristo Jesus.
Nos anos restantes de sua vida, Agostinho[4] foi usado poderosamente por Deus. Os seus escritos defenderam doutrinas corretas contra falsas filosofias. Uma ideia popular naquele tempo era a crença de que as pessoas têm uma habilidade natural para fazer o que é certo e podem, portanto, escolher não ser pecadoras. A partir de Romanos 5, Agostinho ensinou que as pessoas nascem com uma natureza pecaminosa que as fazem querer desobedecer a Deus. Essa natureza torna impossível agradar perfeitamente a Deus separado da graça. Agostinho ensinou e testificou sobre a graça de Deus, a qual torna as pessoas justas com Deus.
[5]No ano 1515, Martinho Lutero compreendeu o significado de Romanos 1:17 depois de procurar por anos pela garantia da salvação.[6]Lutero tentou encontrar paz espiritual seguindo as práticas do monaquismo com muito zelo. Ele jejuou, praticou todos os rituais do catolicismo e até se autoflagelou. Foi enquanto ele se arrastava em joelhos ensanguentados nos degraus da Catedral de São Pedro em Roma que ele repentinamente recebeu de Deus um entendimento da graça pela fé.
Ele viu que aquele que será poupado do julgamento de Deus é aquele que crê na promessa do perdão de Deus. Essa garantia se tornou a base da sua mensagem: a fé é o único meio pelo qual nós podemos ser salvos.
Em 1738, John Wesley encontrou a garantia da salvação pessoal que ele buscou por anos.[7]Wesley foi um zeloso estudante da Bíblia e viveu uma vida cuidadosa e religiosa. Ele até mesmo foi aos índios nativos da América como missionário por dois anos, mas ainda não entendia claramente o evangelho. No barco durante uma tempestade, ele viu famílias da Morávia que estavam pacificamente confiando em Deus e não temiam a morte e Wesley percebeu que não tinha aquela fé.
Wesley viu nas Escrituras que a conversão acontece repentinamente. Ele também se encontrou com os irmãos da Morávia que testificaram que eles tinham uma garantia pessoal da salvação. Ele começou a compreender que ele precisava experimentar uma conversão definitiva. A sua conversão aconteceu enquanto ele estava em uma reunião de estudo e oração em uma casa. Enquanto estavam lendo o prefácio de Lutero do livro de Romanos, Wesley sentiu seu coração “estranhamente aquecido”. Ele disse: “Eu senti que eu confiava em Cristo, e somente em Cristo para a minha salvação: e uma garantia me foi dada, que ele tinha tirado os meus pecados, mesmo os meus, e me salvou da lei do pecado e da morte”.[8]
Para esses três homens, entender a mensagem foi uma motivação para um evangelismo zeloso. O livro ainda cumpre o seu propósito de fornecer uma base para missões explicando a teologia da salvação.
► Quais efeitos você pode imaginar que o livro de Romanos poderá ter em sua vida e ministério?
[1]“Quando alguém entende esta epístola, ele tem uma passagem aberta para o entendimento de toda a escritura.”
- João Calvino
[2]Judaizantes são descritos mais à frente neste estudo.
[3]Romanos e Gálatas são frequentemente estudados juntos, porque Gálatas é uma explicação menos abrangente de alguns dos mesmos temas dos evangelhos.
[8]John Wesley, Ensinamentos de John Wesley, Vol. I (Editora Reflexão, 2021).
Questões de Revisão da Lição 1
(1) Por que Paulo escreveu a carta aos crentes romanos?
(2) Por que Paulo planejou ir a Roma?
(3) O que o termo Jesus Cristo nosso Senhor significa nas epístolas do Novo Testamento?
(4) Como a ressurreição provou a divindade de Jesus?
(5) Explique o termo bárbaro (Romanos 1:14).
(6) Por que o evangelista tem uma dívida para compartilhar o evangelho?
(7) Qual é a verdade central e mais importante no livro de Romanos?
(8) O que a morte significa no livro de Romanos?
(9) De acordo com Romanos, quem é poupado do julgamento de Deus?
Tarefas da Lição 1
(1) Usando a passagem desta lição, escreva uma página sobre a função do evangelho. Explique o chamado para o ministério, a dívida que o evangelista tem com aqueles que precisam ouvi-lo e o poder que Deus dá para a mensagem.
(2) Durante as semanas deste curso, você deverá preparar três sermões ou lições baseadas em passagens de Romanos e apresentá-los a grupos que não estão na sua turma. Após cada apresentação, você deverá perguntar a alguns dos ouvintes para dizerem como a apresentação pode ser melhorada. Você deverá dar ao líder de classe uma cópia das suas notas para a apresentação, uma descrição do grupo e do evento em que você falou e seus planos para melhorar.
SGC exists to equip rising Christian leaders around the world by providing free, high-quality theological resources. We gladly grant permission for you to print and distribute our courses under these simple guidelines:
No Changes – Course content must not be altered in any way.
No Profit Sales – Printed copies may not be sold for profit.
Free Use for Ministry – Churches, schools, and other training ministries may freely print and distribute copies—even if they charge tuition.
No Unauthorized Translations – Please contact us before translating any course into another language.
All materials remain the copyrighted property of Shepherds Global Classroom. We simply ask that you honor the integrity of the content and mission.