Lesson 7: O Pecador Convicto

Muitas das ordenanças do Antigo Testamento parecem não poder ser aplicadas às pessoas nos dias de hoje. Aqui estão alguns exemplos:

• Não deixem viver a feiticeira (Êxodo 22:18).

• No final de cada sete anos as dívidas deverão ser canceladas (Deuteronômio 15:1-2).

• Celebrem a Páscoa por sete dias em Jerusalém (Deuteronômio 16:1-6).

Alguns estudiosos dividem as leis do Antigo Testamento em três categorias: leis cerimoniais, leis civis e leis morais.

As leis cerimoniais falavam sobre os sacrifícios, o modelo do lugar para adoração e as práticas de adoração. Os cristãos de hoje não seguem as leis cerimoniais, porque aquele sistema tornou-se obsoleto pela obra de Cristo (Colossenses 2:17, Hebreus 10:1).

As leis civis eram para Israel como nação. Elas forneceram regulamentações para negócios, protegia os direitos humanos, regulamentava a aplicação da lei e protegia a identidade religiosa de Israel. Não é possível para os cristãos de hoje seguirem as leis civis, porque elas não são leis para as suas nações. Por exemplo, no tempo do Antigo Testamento, quando alguém deveria ser morto por adorar a um ídolo, isso não era feito pela decisão individual de alguém. Um juiz iria ouvir o caso, e então o julgamento seria confirmado pelo povo (Deuteronômio 17:6-12).

► Por que não é possível para o cristão manter as leis civis da antiga Israel na forma original?

As leis morais identificavam as ações como certas ou erradas para todos os tempos. Por exemplo, os Dez Mandamentos proibiam a idolatria, a blasfêmia, o adultério e o roubo (Êxodo 20:5, 7, 14, 15).

Os cristãos não fazem as ações específicas ordenadas originalmente pelas leis cerimoniais e leis civis. Porém, essas leis ainda são importantes, porque elas revelam a natureza de Deus, que não muda. Apesar de nós não matarmos idólatras e adúlteros, essas leis nos mostram que esses pecados são abominações para Deus. Embora nós não deixemos grãos no campo para os necessitados, sabemos que devemos cuidar deles de forma prática. Embora nós não levemos animais ao lugar de adoração antes de matá-los, sabemos que tudo pertence a Deus e devemos dar ofertas daquilo que temos. Portanto, embora nós não façamos as ações originais, devemos encontrar novas ações que cumpram esses princípios.

Outro motivo pelo qual as leis civis e cerimoniais são importantes, é que elas fornecem princípios de moralidade para serem aplicados de formas específicas. Rejeitar esses princípios seria o mesmo que rejeitar as leis morais. Por exemplo, nós não precisamos de grades ao redor do telhado da nossa casa, se ela não foi projetada para ter pessoas no telhado (Deuteronômio 22:8). No entanto, essas leis antigas nos dizem que nós devemos fazer com que as nossas casas e terrenos sejam seguros para as pessoas.

► Qual seria um exemplo de uma prática moderna que nós deveríamos ter para cumprir os princípios em Deuteronômio 22:8?

Então, qual é a lei de Deus que Paulo fala no livro de Romanos? É a vontade de Deus para o homem, expressa em suas ordenanças (Antigo Testamento e Novo Testamento). Embora algumas ordenanças não sejam cumpridas da maneira original, a vontade de Deus para o homem é essencialmente a mesma. A violação das leis de Deus é pecado (1 João 3:4).

Nesta lição nós continuamos com a parte quatro do livro de Romanos. Na última lição nós estudamos Romanos 6, que fala sobre vitória sobre o pecado.

Nesta lição vamos estudar Romanos 7, que fala do pecador convicto. Romanos 6 e 8 descrevem a vida vitoriosa do crente. Romanos 7 faz um grande contraste, mostrando a vida do pecador que sabe que é culpado, mas não pode mudar a si mesmo.

Ponto Principal do Capítulo 7

Uma pessoa que conhece as leis de Deus, mas não foi transformada pela graça, está impotente para escapar do poder do pecado e da condenação da lei.

Resumo do Capítulo 7

Esse capítulo descreve a condição da pessoa que está debaixo da lei. Estar debaixo da lei significa estar diante de Deus esperando para ser julgado com base na obediência à lei. Uma vez que todos pecaram, estar debaixo da lei significa estar debaixo da condenação. A pessoa que está debaixo da lei ainda não recebeu a justificação.

O capítulo 7:1-6 explica como o crente está morto para a lei. O resto do capítulo mostra por que isso é necessário (veja o “pois quando” em 7:5 e “mas agora” em 7:6). O capítulo 7:7-13 mostra como a lei é boa, mas torna o pecado pior. O capítulo 7:14-25 mostra o desamparo do pecador condenado e não regenerado.

► Um aluno deve ler Romanos 7 para o grupo.

Notas Versículo por Versículo

(7:1-3) Esses três versículos são uma ilustração que preparam o ponto a ser feito nos próximos três versículos. O casamento ilustra a escravidão original com a lei. Não era permitido a uma mulher deixar o seu marido e casar-se com outro, mas se o seu marido morresse, ela estava livre da sua autoridade. Essa obrigação com a lei não se aplica apenas aos judeus sob a lei de Moisés, mas para todas as pessoas, porque todos nós seríamos julgados pela lei de Deus, se não fossemos salvos pela graça.[1]

O ponto principal da ilustração de Paulo sobre o casamento é que a morte muda o relacionamento. Nós morremos para a nossa antiga vida quando fomos unidos com Cristo. A lei não é anulada ou abolida. Porém, as reivindicações da lei em nós como violadores dela estão agora completamente pagas pela expiação substitutiva de Jesus. Nós agora estamos “casados” com Cristo. Isso não nos deixa sem lei. Nós não temos o direito de quebrarmos a lei agora que estamos em Cristo. Na verdade, nós somos empoderados, através do Espírito Santo, para viver no espírito da lei.[2]

(7:4) A violação da lei tem como pena a morte. Cristo morreu em nosso lugar. Nós nos identificamos com Ele, então, pode ser dito que morremos para a lei através do corpo de Cristo. Uma vez que os requisitos da lei foram cumpridos, nós estamos livres da sua escravidão. Nós não temos que cumprir a lei por causa do medo da pena. Estar morto para a lei significa que não precisamos cumpri-la como um meio de justificação, porque somos justificados pela graça.

(7:5) O pecado é causado pela lei no sentido de que a lei escreve o registro do pecado e no sentido de que, uma vez que uma pessoa conhece a lei e se rebela contra ela, torna-se um pecador ainda pior.

► Veja as muitas referências nesta seção para que você possa entender os conceitos.

As Escrituras referem-se a várias pessoas como estando “na carne”. Estar na carne pode ter pelo menos dois significados diferentes, dependendo do contexto.

Um significado básico é simplesmente estar em forma humana e mortal. Neste sentido Jesus estava na carne (1 Timóteo 3:16, 1 Pedro 3:18).[1] Até mesmo uma pessoa vivendo uma vida santa pode ser identificada como estando na carne, nesse sentido (2 Coríntios 10:3, Gálatas 2:20, Filipenses 1:22, 24). A carne é considerada moralmente neutra quando o termo é usado nessa forma, como quando Paulo disse aos Gálatas que eles não poderiam pela carne (esforços humanos) aperfeiçoar o que a graça começou.

Um segundo sentido no qual uma pessoa pode estar na carne é ser controlado por uma natureza caída e pecaminosa. Essa condição é típica de uma pessoa que não foi regenerada (Efésios 2:3). A obra natural da natureza caída está listada em Gálatas 5:19-21. Em Romanos 8:1-13, estar na carne é contrastado com estar salvo. Carnalidade é morte (8:6) e inimizade contra Deus (8:7). A pessoa na carne não pode agradar a Deus (8:8) e deve morrer (8:13). A descrição da carne aqui é a mesma condição descrita em Romanos 7 (veja o capítulo 7:5, 14, 18, 25). A pessoa na carne, nesse sentido, está fazendo as obras do pecado pelas quais irá receber a pena de morte espiritual e eterna (Romanos 7:5). Ela ainda não está salva.

A pessoa pode ainda ser influenciada pela natureza caída mesmo depois da conversão, embora não seja controlada por ela. Os coríntios foram chamados carnais depois da sua regeneração (1 Coríntios 3:1). Paulo deixou implícito no capítulo 3:1 que a carnalidade é comum para crianças em Cristo, mas não é uma condição onde o crente deve permanecer. Ele criticou os coríntios por permanecerem como crianças.

Continuação das Notas Versículo por Versículo

(7:6) Porque nós morremos para a lei em Cristo, a lei está morta para nós. Liberdade não significa que nós não servimos mais, mas agora, servimos com o nosso espírito, em vez de tentar cumprir os requisitos sem cumprir as suas motivações.

(7:7) Paulo anteriormente disse que a lei multiplica o pecado (5:20). Nessa passagem ele falou que o pecado trabalhou pela lei para trazer a morte (7:5). Portanto, é natural que a pergunta surja: “A lei é pecado?”. Ele mostra que a lei não é pecado ao mostrar que ela é o que condena o pecado.

(7:8) A lei de Deus mostra ao pecador que as suas ações estão condenadas. Em certo sentido, a lei torna o pecado pior. Quando o pecador sabe que ele é culpado, o seu pecado contínuo (desobediência à lei de Deus) se torna uma rebelião consciente.

(7:9) Antes de ver o que a lei exigia, ele não sabia que estava condenado à morte. Mas o pecado nos leva à morte, mesmo àqueles que pecam sem conhecer os detalhes da lei de Deus (veja os capítulos 2:12 e 5:14).

Em Romanos 7:7-25 Paulo relata sua experiência como um fariseu não salvo e explica como ele finalmente viu a sua necessidade por Cristo. Em Romanos 7, ele nos fala que, antes do Espírito Santo abrir os seus olhos para a cobiça que estava em seu coração, ele pensava que mantinha a lei perfeitamente. Veja o seu testemunho em Filipenses 3:6 quando ele diz: “Quanto à justiça que há na lei, irrepreensível”. Assim como ele disse em Filipenses 3:9, como um fariseu, pensava ter uma justiça que derivava da lei. Depois que o Espírito Santo abriu os seus olhos para a cobiça do seu coração, ele disse que se sentiu como morto espiritualmente (Romanos 7:9). Isso obviamente é uma declaração comparativa: ele uma vez pensou que estava espiritualmente vivo por manter a lei, mas quando viu que era culpado de cobiça e não estava mantendo a lei, compreendeu que estava, na verdade, morto. Paulo continua contando a sua própria história em Romanos 7:14-25. Ele tentou parar de ser cobiçoso, mas não conseguia. Todo o testemunho fala de uma derrota total e da escravidão ao pecado. Ele nos diz em Romanos 7:25 que a libertação veio apenas através de Jesus Cristo.[1]

(7:10) A lei tinha a intenção de mostrar o modo de se viver. A lei nunca foi um meio de salvação, mas servia para mostrar a direção da vida para aqueles que conheciam a Deus. Porém, uma vez que o homem natural e caído não pode segui-la, torna-se um meio de morte instantânea, e não uma direção de vida.

(7:11) O pecado engana por parecer benéfico, prazeroso e inofensivo. Quando uma pessoa cede à tentação do pecado é condenada, mesmo se tiver sucesso em limitar os resultados do pecado; pois o julgamento de Deus é de acordo com a lei, não de acordo com os resultados do pecado.[2]

(7:12) A lei revela a natureza de Deus; a lei é santa, justa e boa, assim como Ele é.

(7:13) A lei não é má, mas os resultados maus vieram quando o pecado reagiu contra a lei. O pecado usou a lei para submeter cada pessoa à pena de morte. Na lei o pecado é revelado como sendo o verdadeiro mal.

Muitas pessoas pensam que Romanos 7:14-25 descreve um crente normal, mas considere a descrição.

Ele é vendido ao pecado como um escravo, o que significa que ele não é redimido (7:14). Ele sabe o que é certo, mas não consegue fazê-lo (7:18). Ele é um prisioneiro que não foi liberto (7:23). Ele é um miserável que clama por libertação (7:24).

No capítulo 7:5-24, começando com a frase “quando éramos controlados pela carne” (7:5) e terminando com a pergunta: “Quem me libertará do corpo sujeito a esta morte?” (7:24), não há nenhuma referência a Cristo, ao Espírito Santo, à graça, à vida ou à vitória; mas há 52 referências à primeira pessoa (eu, meu, mim), 16 referências à lei e 15 ao pecado.

Esta não pode ser uma pessoa que tem a libertação descrita em Romanos 6. Aquele capítulo diz repetidamente que o crente não é mais um servo do pecado. A pessoa que Paulo descreve em Romanos 7 está debaixo da lei, como foi introduzido no começo do capítulo (7:1, 5-6). O capítulo 7:14 é a conexão que mostra que o restante do capítulo está descrevendo a mesma condição descrita no capítulo 7:1, 5-6.

Romanos 8:1 diz que a pessoa que não é condenada é aquela que está em Cristo Jesus. O capítulo 8:4-5 diz que essa pessoa não segue a carne. Quem segue a carne (como no capítulo 7:25 e 7:5) está condenado. A pessoa condenada não é um verdadeiro cristão. A pessoa descrita em Romanos 7 está impotente e é controlada pela carne.

O capítulo 8:3 diz que a condição de fraqueza debaixo da lei é terminada; portanto, essa condição impotente descrita em Romanos 7 não deve ser o estado do crente.

O capítulo 8:6-7 diz que ter uma mente carnal é morte, e que a mente carnal é inimiga de Deus. O capítulo 7:14 começa descrevendo a pessoa carnal. Esta, como entendido nesse contexto, não é uma genuína seguidora de Jesus.[1]

Então, por que Paulo colocou a si mesmo nessa descrição? Do capítulo 7:7 em diante, ele descreve o pecador conhecedor da lei. O restante do capítulo descreve suas experiências passadas, a sua luta genuína para agradar a Deus ao seguir a lei. Isso não lhe deu a vida eterna e não lhe deu nenhum tipo de satisfação. Em Romanos 8 ele começa descrevendo a vida de vitória. É impossível que a pessoa descrita no capítulo 8:1-4 ainda possa estar na condição de Romanos 7.

Portanto, é evidente que Romanos 7 descreve o homem não regenerado, o qual sabe que está condenado pela lei de Deus, mas é incapaz de viver em obediência a ela.

► Em suas próprias palavras, resuma o que foi explicado nesta seção. Não é necessário debater completamente a questão neste momento, pois mais evidências serão dadas nesta lição.

Continuação das Notas Versículo por Versículo

(7:15) A maioria das pessoas deseja ser melhor. Esse desejo não significa que eles são cristãos. O desejo sem a realidade mostra que ainda não estão libertos do poder do pecado.

(7:16) O desejo deles de serem melhores mostra que eles sabem que a lei é boa, embora eles não a obedeçam.

(7:17-23) O pecado é tido como se fosse algo que prevalece à vontade do homem. O homem caído não tem naturalmente o livre arbítrio que Deus originalmente criou nele. A vontade do homem está tão enfraquecida que o pecador não consegue escolher Deus, a menos que Deus, pela Sua graça, restaure a sua vontade.

A graça preveniente é a ação de Deus a qual alcança aqueles que ainda não responderam a Ele. A graça que é estendida a todas as pessoas inclui a restauração do livre arbítrio e do desejo por Deus, para que então todas as pessoas possam verdadeiramente escolher se querem ou não ser salvas.

Deus começa a obra da salvação para todas as pessoas (João 6:44; Efésios 2:4-5, 12-13, 17; Tito 2:11, Tito 3:3-5), mas a pessoa não é salva, a menos que ela responda a Deus.

(7:24) Esse é um clamor de desespero e frustração que vem após uma pessoa ver a sua total incapacidade de salvar a si mesmo. Esse não é um clamor de um salvo.

(7:25) Uma declaração de louvor é colocada aqui como luz na escuridão da vida de um pecador desesperado.

Então, vem uma sentença que resume essa passagem. O incrédulo concorda mentalmente que a lei está certa e pretende ser melhor do que ele é; mas o seu desejo pecaminoso o mantém em pecado. A pessoa é condenada por servir ao pecado com a sua mente e corpo. (7:5, 8:3).

Nessa passagem Paulo fala sobre o poder da depravação herdada (a lei do pecado) na vida do incrédulo. Paulo, quando despertou para o seu pecado, teve conflitos com ele mesmo.[1]

A lei do pecado nos membros de Paulo produz os seguintes resultados:

• Ele faz o que odeia (7:15).
• Ele faz o que não quer fazer (7:16).
• Existe um desejo de fazer o certo, mas sem poder para fazê-lo (7:18).
• A lei do pecado está resistindo à lei da sua mente (7:23).
• Ele é cativo da lei do pecado (7:23).
• Ele é uma pessoa dividida: sua mente conhece a Deus, mas a sua carne serve às leis do pecado (7:25).

Uma pessoa não pode servir a dois mestres. Um homem não pode ser livre do pecado e escravo do pecado. O homem não pode ser escravo de Deus e escravo do pecado. A linguagem de Romanos 7:14-25 é diretamente oposta às declarações de Romanos 6 sobre a libertação do crente da escravidão do pecado. Portanto, o capítulo 7:14-25 é uma continuação da descrição da relação do incrédulo com o pecado e com a lei que começou no capítulo 7:1-13.

Romanos 6 explica o relacionamento do crente com o pecado resultando na sua crucificação e ressurreição com Cristo. Romanos 7 serve como uma descrição dos seguintes pontos:

• Relacionamento do pecador com a lei.
• Interação da coabitação do pecado e da lei.
• Luta do pecador desperto para as demandas da lei de Deus, mas incapaz de fazer por si próprio o que a lei demanda por causa da sua escravidão ao pecado interior.

As Interpretações de Romanos 7:14-25 variam:

Visão 1: Alguns estudiosos escreveram que Paulo está descrevendo a vida cristã comum. Eles apontam que as tensões são presentes, não passadas, e insistem que, na visão de Paulo, a vida cristã tem questões não resolvidas.

Visão 2: Muitos outros estudiosos acreditam que Paulo está descrevendo a condição do homem antes da conversão, porque frases como “vendido sob o pecado” e “ó miserável homem que eu sou” não estão em harmonia com a descrição do crente em Romanos 6 e Romanos 8. De acordo com Romanos 6, o crente está morto para o pecado, liberto do pecado e reivindica, pela fé e por uma entrega total a Deus, a liberdade disponível na vitória de Cristo sobre o pecado. De acordo com Romanos 8, a pessoa que está andando na carne não pode agradar a Deus e não tem o Espírito de Cristo habitando nele.

É a opinião dos escritores deste currículo que a segunda visão se encaixa no fluxo de argumento de Paulo em Romanos e é mais consistente com os seus ensinamentos em geral.

Questões que São Frequentemente Perguntadas sobre a Pessoa em Romanos 7:14-25

Aqui estão algumas perguntas que frequentemente surgem de pessoas, as quais pensam que Paulo está descrevendo a sua própria vida cristã em Romanos 7:14-25.

Pergunta 1: E as declarações de Paulo falando que ele se deleitava na lei de Deus em seu ser interior (Romanos 7:22)? Poderia um fariseu incrédulo se deleitar na lei de Deus?

Resposta: Qualquer fariseu teria dito que se deleitava na lei de Deus em seu coração. Eles dedicaram as suas vidas ao estudo da lei de Deus e diariamente passavam horas estudando. Paulo se dedicou à lei e sinceramente desejou obedecê-la. Porém, quando o Espírito Santo lhe mostrou a natureza cobiçosa do seu coração, despertando-o para a sua verdadeira condição espiritual, Paulo descobriu que ele continuava a fazer o que era errado, apesar do desejo da graça habilitada em sua mente para fazer o certo. A lei mostrou a Paulo como viver, mas a lei não deu a ele a habilidade para isso.

Pergunta 2: E o uso do tempo presente em Romanos 7:14-25? Paulo escreve: “Sabemos que a lei é espiritual; eu, contudo, não o sou, pois fui vendido como escravo ao pecado” (Romanos 7:14).

Resposta: A mudança do tempo verbal do passado em Romanos 7:7-13 para o tempo presente em Romanos 7:14-25 de nenhuma forma afeta o caráter autobiográfico do testemunho de Paulo. Da mesma forma, o tempo presente no capítulo 7:14-24 não deve necessariamente indicar que esta é a experiência atual de Paulo no tempo em que está escrevendo o livro de Romanos como missionário e apóstolo cristão maduro. Utilizar o tempo presente “histórico” ou “dramático” é bem conhecido no grego quando o escritor desejava deixar claro um evento passado ou uma experiência para os seus leitores. Portanto, o uso do tempo presente para deixar claro qual era a verdade no passado de Paulo antes de se converter não leva à interpretação de que Paulo ainda estava lutando contra a escravidão do pecado no presente. Paulo claramente indicou em Romanos 6 e Romanos 8 que o cristão não é vendido como escravo ao pecado (Romanos 7:14).

Pergunta 3: E o paralelo entre esta passagem e a luta que muitos cristãos encontram em suas vidas?

Resposta: A luta do crente é bem diferente da luta do homem miserável. O homem miserável de Romanos 7:14-25 não consegue parar de pecar. Ele é escravo do pecado. Não é esse o caso de um verdadeiro crente. O cristão pode ter lutas e falhas periódicas, mas a sua vida não é uma escravidão da lei do pecado e da morte. O cristão está unido com Cristo e é liberto do poder do pecado (Romanos 6:1-10).

Conclusão: O homem miserável de Romanos 7:14-25 parece ser um fariseu sincero lutando para agradar a Deus. Uma pessoa não pode ser livre do pecado enquanto ainda é escravo dele. Uma pessoa não pode ser escrava de Deus e escrava do pecado, pois Jesus disse: “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mateus 6:24, Lucas 16:13). Romanos 7:14-25 é a continuação da descrição da relação de uma pessoa não regenerada com o pecado e com a lei de Moisés que foi iniciada em Romanos 7:7-13.

► Discuta a questão da identidade da pessoa em Romanos 7 cuidadosamente considerando os detalhes e explicações fornecidas.

O apóstolo nos diz em Romanos 7:7 que a lei expõe o pecado. A lei é útil no evangelismo, porque a pessoa verá a sua necessidade de salvação quando perceber que está condenada pela lei de Deus. Ao longo da história da igreja, os evangelistas mais eficazes usaram a lei de Deus para causar o desejo de salvação nos incrédulos.

As citações a seguir mostram o que os evangelistas disseram sobre o uso da lei.

► Reveze a leitura das citações, explicando-as com a ajuda de outros membros do grupo.

De Charles Spurgeon[1]

Ao remover a Lei você aboliu o pecado, pois este é a transgressão da Lei. E onde não há Lei, não há transgressão! Na medida em que você excluiu o pecado, pode igualmente ter excluído o Salvador e a salvação - pois são absolutamente necessários! Na medida em que se minimizou o pecado, qual a necessidade daquela grande e gloriosa salvação que Jesus Cristo veio trazer ao mundo?

Os homens nunca aceitarão a Graça até que tremam ante uma Lei santa e justa! Portanto, a lei atende a um propósito útil e abençoado.

De Charles Finney[2]

Ninguém pode inteligentemente ou de coração aceitar um perdão até que veja e sinta a realidade e a justiça da sua condenação.

A espiritualidade da lei deve ser impiedosamente aplicada à consciência até que a justiça própria do pecador seja aniquilada e ele fique sem palavras e condene a si mesmo diante de um Deus santo.

Cada vez mais a lei deve preparar o caminho para o evangelho. Negligenciar isso ao ensinar as almas é praticamente certo que resultará em falsa esperança, na introdução de um padrão falso de experiência cristã e encherá a igreja com falsos convertidos.

De Martinho Lutero[3]

Mas Satanás... levantou uma seita de tal maneira que ensina que os Dez Mandamentos devem ser tirados da igreja, e que o homem não deve ter medo da lei, mas gentilmente exortado pela pregação da graça de Deus.

De John Bunyan[4]

Enquanto as pessoas forem ignorantes sobre a natureza da lei e sobre estarem debaixo dela – ou seja, debaixo da maldição e condenação dela, por causa dos seus pecados contra ela – serão descuidadas e negligentes em relação à inquirição depois do verdadeiro conhecimento do Evangelho.

O homem que não conhece a lei não sabe de fato e de verdade que é um pecador, não sabe realmente que existe um Salvador.

De Jonathan Edwards[5]

A única forma que nós podemos saber se estamos pecando é ao conhecer a sua lei moral.

De John Wesley[7]

Matar o pecador é, então, o primeiro uso da lei; isto é, destruir a vida e a força nas quais ele confia e convencê-lo de que não está apenas debaixo da sentença de morte, mas na verdade morto para Deus, não tendo uma vida espiritual, morto em transgressões e pecados (Efésios 2:1). O segundo uso dela é para trazê-lo a vida, para Cristo, para que então possa viver.

Nunca pense ou fale sobre [a lei] de forma a minimizar esse abençoado instrumento da graça de Deus. Em vez disso, ame-a e valorize-a por causa daquele de quem ela veio e daquele a quem ela conduz.[8]

► Qual problema iria resultar se os pregadores falassem apenas sobre o amor e perdão de Deus para as pessoas que não consideram seus pecados como sérios?

(1) Nomeie duas razões pelas quais as leis civis e cerimoniais do Antigo Testamento ainda são importantes.

(2) O que significa estar morto para a lei?

(3) Quais são os dois usos do termo na carne?

(4) Como a lei torna o pecado pior?

(5) Por que a lei é útil para o evangelismo?

Escreva uma página dando exemplos das leis do Antigo Testamento além dos mencionados nesta lição. Explique se elas são cerimoniais, civis ou morais. Explique como o cristão deve aplicá-las hoje.