Doutrina e Prática da Igreja
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Lesson 6: Compartilhando a Vida Juntos

16 min read

by Stephen Gibson


A Igreja Depois de Pentecostes

► Um aluno deve ler Atos 2:42-47 para a classe. Quais detalhes você vê sobre a comunhão da igreja depois de Pentecostes?

[1]Logo após o Pentecostes, Atos descreve a vida da igreja. “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum.” Muitas pessoas venderam propriedades para sustentar a vida comunitária da igreja. Eles se reuniam frequentemente para adoração no pátio do templo e também para comunhão em suas casas.

Numa época em que a obra do Espírito Santo entre eles estava no auge, a vida comunitária da igreja estava no seu ponto mais profundo. Para aqueles primeiros crentes, fazer parte da igreja significava muito mais do que assistir aos cultos no domingo: eles compartilhavam a vida diariamente.


[1]

“Tanto nas Escrituras quanto nos credos a comunhão cristã é representada como um meio de graça.”
- Wiley & Culbertson,
Introdução à Teologia Cristã

A Vida em Família

No Novo Testamento, a igreja é chamada de família;[1] os crentes são chamados filhos de Deus[2] e chamam uns aos outros de irmão e irmã.[3]

[4]Vamos imaginar a família da forma em que era entendida na maior parte do mundo até os tempos modernos. A rede de parentes formava um clã, que fazia parte de uma tribo. A família estendida proporcionava proteção, acesso à justiça, posse de terra, empregabilidade, possibilidade de casamento, educação, apoio à velhice, apoio aos órfãos e apoio às viúvas. Essas coisas dificilmente estavam disponíveis fora das conexões familiares.

Nesse tipo de cultura, todos na família seguiam a mesma religião. A religião não era considerada uma escolha individual, haja vista que as crianças eram treinadas nas tradições religiosas da família.

Muitos convertidos ao cristianismo foram rejeitados por suas famílias, perdendo tudo o que normalmente era fornecido pela família. Com isso, a igreja se tornou a sua nova família — é por isso que eles se chamavam de irmão e irmã. As pessoas da igreja ajudavam umas às outras e dependiam umas das outras.

Se os membros de uma igreja se veem apenas no domingo, começam a pensar que somente a reunião dominical é igreja. As igrejas do Novo Testamento se reuniam no domingo, mas elas estavam vivas e ativas todos os dias.

► Como as coisas seriam diferentes em uma igreja que compartilha a vida todos os dias?

Os pastores devem saber que servir a congregação durante a semana é tão importante quanto liderar o culto. Todos os tipos de dons e habilidades espirituais são necessários, não apenas aqueles usados nos cultos da igreja. Há uma maneira para cada pessoa servir, e as pessoas da comunidade verão o que realmente significa fazer parte da família espiritual.

Como uma família de fé, a igreja investe recursos humanos e encontra recursos divinos para atender a necessidades de todos os tipos para aqueles em comunhão, demonstrando ao mundo a sabedoria de Deus em todos os aspectos da vida e convidando os ímpios a se converterem e a entrarem na família.


[1]Gálatas 6:10, Efésios 3:15
[2]Gálatas 3:26, 1 João 3:2
[3]Tiago 2:15, 1 Coríntios 5:11
[4] “Pois a igreja é a família de Deus, à qual também pertencemos por nascimento e sangue – uma comunidade de herança e amor na qual entramos pelo novo nascimento, salvos pelo sangue de Jesus.”

- Larry Smith, I Believe: Fundamentals of
the Christian Faith

[Eu Acredito: Fundamentos da Fé Cristã]

Aspectos da Vida Compartilhada

Se as pessoas estão compartilhando a vida, o seu tempo juntas incluirá os seguintes aspectos:

1. O ministério é planejado e realizado em conjunto. Em muitas igrejas, uma pequena equipe é responsável por todo o planejamento e trabalho da igreja. Porém, todos na igreja devem ser capazes de participar do trabalho da igreja, mesmo os novos convertidos.

2. As necessidades são atendidas em conjunto. Se uma pessoa tem um problema, ela deve poder contar com a ajuda de amigos na igreja. Isso não significa que ela possa ser irresponsável; mas se está fazendo o que pode, a família da igreja deve estar pronta para ajudar.

3. O trabalho é realizado em conjunto. Um relacionamento forte é desenvolvido quando os crentes trabalham juntos ajudando alguém na comunhão. Eles também podem trabalhar juntos para sustentar suas próprias famílias.

4. O tempo de lazer é passado juntos. As pessoas da igreja devem se reunir para momentos de diversão quando comem, visitam e fazem outras atividades.

5. Momentos especiais da vida são celebrados juntos. Nem todas as culturas celebram os mesmos eventos especiais da vida. Alguns dos momentos que as pessoas celebram são nascimento, atingir uma certa idade, começar a escola, terminar a escola, ser batizado, fazer aniversário, casar, ter filhos, funerais, e outros momentos especiais. Pessoas de outras religiões costumam ter cerimônias específicas para celebrar esses fatos. A igreja também deve ter um modo de compartilhar os momentos especiais da vida juntos.

Dízimo no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, o dízimo não servia apenas para sustentar o templo e aqueles que conduziam a adoração. O dízimo também servia para aliviar as necessidades financeiras de viúvas, órfãos e imigrantes estrangeiros.[1] Também era usado para celebrações especiais.[2] Os usos do dízimo nos mostram que todos os aspectos da vida compartilhada são relevantes para a igreja.


[1]Deuteronômio 26:12
[2]Deuteronômio 12:17-18

Comunhão e Economia

► Um aluno deve ler Tiago 2:15-16 para o grupo. O que esses versículos indicam sobre a comunhão cristã?

Às vezes, as pessoas vivem como se as necessidades financeiras não estivessem relacionadas à comunhão dos crentes. Mas as Escrituras nos dizem que fazer parte da família da fé significa que devemos responder às necessidades.

Comunhão significa compartilhar a vida, o que inclui mais do que a experiência espiritual. A palavra grega koinonia, usada no Novo Testamento, é frequentemente traduzida como “comunhão” e a palavra é usada para qualquer tipo de compartilhamento. Às vezes, é usada para se referir à ajuda com recursos financeiros (2 Coríntios 9:13, 2 Coríntios 8:4; Romanos 15:26). Na comunidade cristã do primeiro século em Jerusalém, ninguém ficava sem o que precisava (Atos 4:34-35), porque as pessoas compartilhavam o que tinham.

Quando houve discriminação na assistência financeira da igreja, o ministério foi prejudicado. Quando o problema foi corrigido, o evangelho continuou a multiplicar os convertidos (Atos 6:1, 7).

Em 125 d.C., um cristão chamado Aristides escreveu:

Eles andam com toda humildade e bondade, e falsidade não é encontrada entre eles, e amam uns aos outros. Eles não desprezam a viúva e não afligem o órfão. Quem tem, distribui deliberadamente para quem não tem. Se eles veem um estranho, levam-no para debaixo do seu teto e se regozijam nele como se fosse seu próprio irmão: porque eles se chamam irmãos, não segundo a carne, mas segundo o espírito e Deus; mas quando um de seus pobres parte desse mundo, e algum deles o sabe, então ele providencia o sepultamento de acordo com sua capacidade; e se eles ouvirem que algum deles está preso ou oprimido pelo nome de seu Messias, todos eles atendem às suas necessidades; e se for possível que ele seja liberto, eles o libertam. E, se houver entre eles um homem pobre e necessitado, e não tiverem em abundância o necessário, jejuam dois ou três dias para poderem suprir os necessitados com o alimento preciso.

Juliano, o Apóstata, um imperador romano (361-363 d.C.) que perseguiu a igreja, fez esta declaração sobre os cristãos: “Os galileus ímpios alimentam não apenas os seus pobres, mas também os nossos”.[1]

A igreja está cumprindo apenas metade de sua responsabilidade se prega o arrependimento, mas não convida a pessoa arrependida a uma família de fé onde aprenderá como sustentar sua nova vida. Por exemplo, se a igreja diz a uma mulher que ela não pode ser sustentada por um relacionamento imoral, a igreja também deve dizer como ela encontrará apoio na família da fé.

Em algumas partes do mundo, vemos congregações que demonstram esse tipo de comunidade cristã. Essa comunhão total resulta não apenas no cuidado dos membros em questões financeiras, mas também em uma grande capacitação para o ministério.

[2]Essas igrejas dos pobres [na Bolívia] têm o que poderíamos chamar de mordomia para a sobrevivência. As igrejas populares plantadas entre os pobres não podem depender de uma tradição, da ajuda do Estado, da doação de ricos benfeitores, ou de um corpo de ministros profissionais. Eles têm que ter a comunhão onde os membros unem forças para fazer a comunidade viver, crescer, propagar a fé e sobreviver. A mordomia da totalidade da vida é experimentada como mobilização missionária total. O que parece ser mais difícil de obter no caso de igrejas desenvolvidas e estabelecidas é a mobilização do leigo – participação total no bem-estar holístico da comunidade cristã. Entre as igrejas dos pobres, essa mobilização é o estilo de vida normal da comunidade. Nenhuma outra forma de vida e ministério é possível.[3]

Podemos supor que uma igreja deve ter muito dinheiro para assumir a responsabilidade por seus membros. Mas esse tipo de comunidade está sendo demonstrado nas igrejas dos pobres na Bolívia.

Pessoas de todas as sociedades compartilham a vida financeiramente por meio da economia pública. Compramos as coisas que precisamos e trabalhamos para ganhar dinheiro.

Outro tipo de economia funciona em uma família. O trabalho que cada membro faz pela família não é medido em dinheiro. Espera-se que cada pessoa ajude da maneira que puder, sem que seja mantida uma contabilidade rigorosa. A ajuda é dada no contexto da relação familiar. Não se espera que cada membro seja capaz de fazer as mesmas coisas ou realizar trabalhos de igual valor, mas deve fazer o que puder. Se um membro da família não está disposto a fazer o que pode, ele será confrontado sobre isso e poderá não obter a ajuda que deseja dos outros.

A economia de uma congregação deve ser mais parecida com a economia familiar do que com a economia pública. Para que funcione, os relacionamentos na congregação devem ir além da amizade superficial. Perguntas serão feitas quando uma pessoa pedir ajuda depois de ter sido irresponsável com seus próprios recursos ou depois de não querer ajudar os outros.

A congregação aprende a desenvolver esse relacionamento entre os seus membros. Eles devem ser capazes de explicar o que é a igreja para pessoas que nunca ajudam ninguém, mas pedem ajuda. Eles devem ensinar as pessoas que não podem cooperar com os outros e confrontar aqueles que se sentem livres para seguir suas próprias inclinações em questões éticas e não respondem à correção pastoral.

► Quais são alguns exemplos de como os membros da igreja podem ajudar uns aos outros (jardinagem, creches, emprego, situações de crise)?


[1]Os cristãos eram chamados de “ímpios” ou “ateus” porque eles acreditavam em um único Deus, que é invisível, em vez de acreditarem em uma multidão de ídolos visíveis.
[2]

“[Mostre desejo de ser um cristão] ... fazendo o bem especialmente aos que são da família da fé... empregando-os em vez de outros, comprando uns dos outros, ajudando uns aos outros nos negócios; e tanto mais porque o mundo amará os seus, e somente a eles.”

- John Wesley
“Regras para a Sociedade do Povo Chamado Metodista”

[3]Samuel Escobar, em The Urban Face of Mission: Ministering the Gospel in a Diverse and Changing World. Editado por Manuel Ortiz e Susan S. Baker. (Phillipsburg: P & R Publishing, 2002), 105.

Instruções Práticas

► Um aluno deve ler 1 Timóteo 5:3-16 para o grupo.

Essa passagem fornece instruções práticas sobre como a igreja deve apoiar os membros que têm necessidades. O versículo 16 diz que as pessoas devem cuidar de seus familiares para que a igreja possa cuidar daqueles que não têm ninguém para ajudá-los. O apóstolo entende que o cuidado financeiro dos membros é responsabilidade da igreja.

Obviamente, se todos os membros se tornassem financeiramente dependentes da igreja, a igreja não poderia ajudar ninguém. Essa passagem dá orientações práticas para que a igreja possa ajudar quem realmente precisa.

Essa passagem fala especificamente sobre viúvas, mas os princípios podem ser aplicados a outras pessoas também. Sabemos que a igreja tem responsabilidade com outros: Tiago 2:15-16 sugere que devemos responder à necessidade de um irmão ou irmã; Tiago 1:27 menciona viúvas e órfãos.

Três princípios sobre o apoio financeiro da igreja aos membros:

1. A família tem a primeira responsabilidade. Os familiares são responsáveis por ajudar os parentes necessitados, para que a igreja não precise sustentá-los (1 Timóteo 5:4, 16). Uma pessoa que não ajuda a sua família não é crente (5:8). Se o pastor vê que alguém na igreja tem uma necessidade, ele deve descobrir o que os parentes podem fazer para ajudar.

2. O membro fiel merece ajuda. Uma viúva merece ajuda se ela viveu como uma cristã fiel e ajudou os outros (5:10). O mesmo princípio se aplicaria a outras pessoas além das viúvas, se elas estivessem necessitadas e incapazes de sustentar a si mesmas.

3. O membro deve fazer o que puder por si mesmo e pelos outros. O cristão deve fazer o que puder para ser uma bênção para os outros (5:10). Se ele não tem emprego, pode encontrar outras maneiras de ajudar as pessoas. A pessoa que não está disposta a trabalhar não deve ser sustentada pela igreja (2 Tessalonicenses 3:10).

► Um aluno deve ler 2 Tessalonicenses 3:6-12 para o grupo.

Essa passagem nos diz muito sobre a vida da igreja primitiva. Aqui Paulo trata um problema: pessoas que dependiam do sustento da igreja para não terem que trabalhar. Elas passavam o tempo fazendo visitas e espalhando fofocas.

O que isso nos diz sobre a igreja daquela época? Ela estava cuidando de seus membros. A igreja tinha a responsabilidade de garantir que ninguém passasse fome: eram como uma família.

Por serem como uma família, era possível que alguém fosse preguiçoso e dependesse dos outros. Paulo lhes disse que eles deveriam exigir que todos fizessem o que pudessem. Se uma pessoa não estivesse disposta a fazer o que podia, ela não deveria ter permissão para comer a comida fornecida pelos outros.

É maravilhoso quando a igreja atua como uma família que atende a todos os tipos de necessidades. Para que isso aconteça, a igreja deve ter princípios a seguir. Ela deve ter requisitos para aqueles que dependem dela para o sustento. Sem requisitos, a igreja logo ficará sobrecarregada com pessoas preguiçosas e não poderá continuar atendendo às necessidades.

Pastores e diáconos devem guiar a igreja para agirem como uma família. Eles devem responder às necessidades com amor. No entanto, o amor significa que eles estão dispostos a falar a verdade. Se uma pessoa não está assumindo a responsabilidade, alguém deve estar disposto a conversar com ela sobre isso. Se uma pessoa não ajuda outras pessoas e não faz o que pode para se sustentar, a igreja não deve continuar a apoiá-la.

É correto fazer perguntas quando alguém pede ajuda. Ele está disposto a ajudar os outros? Ele trabalha quando pode? Ele usa seu dinheiro com sabedoria? Ele assume a responsabilidade por sua família?

Muitas pessoas vêm à igreja para pedir ajuda. A igreja deve ter uma maneira de mostrar cuidado com as pessoas na primeira vez que elas pedirem, mesmo antes de demonstrarem responsabilidade. Posteriormente, deve haver uma maneira para o relacionamento se desenvolver. A pessoa deve saber o que deve fazer para se tornar parte da comunhão da igreja.

Sete Declarações Resumidas

1. A obra do Espírito Santo na igreja leva os membros a um relacionamento íntimo de compartilhar a vida juntos.

2. A igreja é uma família que compartilha a vida todos os dias e trabalha em conjunto para satisfazer todas as necessidades.

3. A igreja convida o pecador arrependido para a família da fé, onde ele aprende a sustentar a sua nova vida.

4. Quando a igreja acontece todos os dias, há um lugar de ministério para cada crente.

5. O tempo que passamos juntos na igreja inclui ministério, necessidades, trabalho, lazer e momentos de celebração.

6. A comunhão cristã inclui a partilha de recursos materiais.

7. A igreja não precisa ajudar as pessoas que não fazem o que podem para ajudar a si mesmas e aos outros.

Tarefas da Lição 6

1. Memorize as Sete Declarações Resumidas da Lição 6. Escreva um parágrafo explicando o significado e a importância de cada uma das Sete Declarações Resumidas (sete parágrafos) para alguém que não esteja nesta classe. Entregue o trabalho ao líder da turma antes da próxima aula. Esteja pronto para compartilhar um parágrafo com o grupo, se o líder da classe pedir, durante o tempo de discussão. Escreva as declarações de memória no início da próxima aula.

2. Lembre-se de agendar suas próprias oportunidades de ensino fora da sala de aula e informar ao líder da classe quando tiver realizado.

3. Tarefa de Redação: Quais são as várias maneiras pelas quais as pessoas de sua igreja compartilham a vida além dos cultos?

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