Warren Wiersbe escreveu sobre a sua experiência em uma igreja que falhou em entender a adoração:
“Volte para o nosso culto da noite”, disse o líder do culto com a voz e o sorriso de um apresentador de programa de entretenimento da televisão. “Vamos ter um momento divertido.”
Durante a tarde de domingo, fiquei pensando no significado daquela afirmação. “Nós vamos ter um momento divertido” faz sentido no convite de uma festa de aniversário, mas qual seria a relação com um grupo de cristãos reunidos para adorar o Senhor da glória? Moisés e o povo de Israel não tiveram um momento divertido quando se uniram no Monte Sinai….
João teve experiências fortes na Ilha de Patmos, mas é duvidável que ele estivesse se divertindo.[1]
Nessas lições, nós vimos que a adoração é mais que um momento divertido, mais que um ritual específico e mais que uma atividade no domingo de manhã. Adorar é dar a Deus a glória que lhe é devida. No papel, isso é fácil; na vida real, pode ser um desafio. Nessa lição, olharemos questões relacionadas à adoração. Enquanto estiver estudando essas questões, lembre que a pergunta mais importante não é “O que eu gosto?” A pergunta mais importante do culto é: “O que Deus gosta? O que dá honra e glória a Ele?”
[1]Warren Wiersbe, Real Worship (Grand Rapids: Baker Books, 2000), 169-170
Adoração e Cultura
► Discuta sobre o estilo de adoração da sua igreja. Quais aspectos são ordenados biblicamente e quais são determinados pela cultura?
“A questão mais difícil da adoração no meu país é a relevância cultural. A maioria das igrejas está importando um estilo do exterior – seja contemporânea seja tradicional. Nosso povo adapta um estilo ocidental simplesmente porque quer estar atualizado, mas nem a adoração ‘tradicional’ nem a ‘contemporânea’ se conectam com o povo, pois são estrangeiras. Como adoramos de uma maneira que honra a Deus e que fala com o mundo onde ministramos?”
Cultura ou Bíblia?
A noiva e o noivo são de duas culturas bem diferentes. Na festa do casamento, alimentos da cultura da noiva foram servidos. Quando um prato passou, o noivo perguntou: “O que é isso?” A noiva contou o que era e então disse: “No meu país, isso é uma iguaria.” Ele respondeu com preocupação: “No meu país, isso é nojento!.” Diferenças culturais podem ser desafiadoras.
Todos nós somos influenciados pela nossa cultura. A razão pela qual cristãos comem com garfos no lugar de hashis[1] não é porque garfos são mais bíblicos ou mais eficientes. Eles comem com garfos porque cresceram em uma cultura que os usa. Os seus amigos cristãos de outras partes do mundo pensam que hashis são muito mais úteis do que garfos.
O nosso culto é influenciado pela nossa cultura. Muitos aspectos do culto são culturais. Alguém que cresceu em uma igreja americana tradicional pode amar o som do órgão. O órgão não é mais bíblico do que o violão; isso é um aspecto cultural.
Em Lesoto, a igreja canta um chamado e uma resposta entre o líder e a congregação. Nesse estilo, o líder canta um verso e a congregação canta o verso seguinte. Essa linda forma de cantar provavelmente nunca foi ouvida na igreja americana. Se o líder de louvor em uma igreja americana tentasse isso, a congregação iria ficar confusa. Uníssonoversuschamado/resposta é uma questão de cultura, não de princípio bíblico.
Há três perguntas que nós devemos fazer quando estamos analisando o estilo de culto:
1. Nós estamos confundindo cultura e Bíblia?
2. A nossa cultura contradiz a Bíblia?
3. Como o nosso culto pode falar de forma mais eficaz com o povo da cultura onde Deus nos colocou?
Nós estamos confundindo cultura e Bíblia?
Essa pergunta é importante quando avaliamos uma prática do culto que é diferente da nossa. Nessa situação, devemos garantir que não estamos confundindo o que é cultural e o que é bíblico. É fácil para nós colocarmos nossos valores culturais na Bíblia e então insistirmos que todos leiam a Bíblia da mesma forma. Nós somos propensos a presumir que a nossa maneira é a maneira bíblica.
Alguém pode dizer: “O órgão é o instrumento certo para o louvor da igreja. Não há lugar para violões no culto.” No entanto, em muitas partes do mundo, um órgão é impraticável, enquanto um violão portátil é muito útil na música. Ninguém pode discutir se as igrejas do segundo século usavam órgãos de tubo! Alguém pode gostar desse instrumento, mas não se pode confundir as preferências culturais com os princípios bíblicos.
Paul Bradshaw, um historiador sobre cultos, mostrou que mesmo nos dois primeiros séculos da igreja, havia uma variedade de formatos de culto. Com o crescimento da igreja, é improvável que o culto permanecesse igual em todos os ambientes.[2]
Qual é o impacto prático dessa pergunta? Quando avaliamos os estilos de culto dos outros ou respondemos às novas ideias da nossa igreja, não devemos confundir cultura e Bíblia. Não devemos rejeitar uma ideia simplesmente porque ela ofende as nossas preferências culturais. Se uma prática não contradiz os princípios bíblicos, devemos permitir que os outros adorem da maneira que preferirem.
Isso não significa que todos os estilos são apropriados para todas as igrejas. Um líder sábio irá escolher o estilo adequado para aqueles a quem ministra.
Check-up
Existem práticas de adoração que você rejeitou por causa de suas preferências culturais, e não por causa de princípios bíblicos? Se sim, você está disposto a permitir que outros crentes tenham a liberdade de adorar da sua forma, contanto que não viole as Escrituras?
A nossa cultura contradiz a Bíblia?
Essa pergunta é importante quando somos tentados a defender uma prática simplesmente por ela ser normal na nossa cultura. Se percebermos que o que é normal na nossa cultura contradiz a Bíblia, nós devemos obedecer às Escrituras em vez de obedecer às expectativas da nossa cultura.
Os reformadores enfrentaram essa situação quando fizeram fortes mudanças nos cultos. A cultura medieval dizia: “Pessoas comuns não devem ler a Bíblia; elas não conseguem entendê-la.” Wycliffe, Huss, Lutero e outros reformadores vieram a entender que a Bíblia é para todos. A cultura medieval deles contradizia o ensino bíblico. Os reformadores arriscaram a vida para confrontar sua cultura com a verdade das Escrituras.
Se a cultura contradiz as Escrituras, nós devemos rejeitar a cultura! A Palavra de Deus é a nossa autoridade final; nós não podemos comprometer a nossa fidelidade à Bíblia para nos encaixarmos no mundo ao nosso redor. Uma paráfrase de Romanos 12:2 seria: “Não se ajustem demais à sua cultura, a ponto de não poderem pensar mais.”[3] Nós não podemos deixar que o mundo nos pressione no seu molde.
Check-up
Existem áreas onde o seu culto contradiz os princípios bíblicos?
Como o nosso culto pode falar de forma mais eficaz com o povo da cultura onde Deus nos colocou?
Essa pergunta é importante para alcançarmos o nosso mundo com o evangelho. Se nós queremos tocar o mundo ao nosso redor com o evangelho, o nosso culto deve falar em uma linguagem que seja compreensível.
John Wesley enfrentou essa questão quando começou a pregar no campo. Assim como seus companheiros anglicanos, Wesley inicialmente acreditava que a igreja era o único lugar apropriado para a pregação. Sob a influência de George Whitefield, Wesley começou a entender que a Grande Comissão exigia que ele pregasse fora do templo.[4] Wesley foi forçado a considerar: “Como eu posso proclamar o evangelho de forma mais eficaz aos mineradores de carvão que nunca entrarão em uma igreja, exceto em casamentos e funerais?” A resposta era pregar nos campos.
Em 2 de abril de 1739, Wesley saiu da cidade e pregou para 3.000 pessoas que se reuniram em um campo. Isso começou um ministério que mudaria o mundo de língua inglesa no século 18.
Wesley havia sido tão fortemente contra a pregação no campo que uma vez ele disse: “Eu [teria] pensado que a salvação de almas seria quase um pecado se não acontecesse na igreja.” Quando ele percebeu que os seus preconceitos culturais eram um impedimento para o evangelho, Wesley esteve disposto a mudar as suas práticas. Muitos dos seus companheiros anglicanos rejeitaram a sua mudança. Depois de um mês do início das pregações ao ar livre, um bispo disse a Wesley que ele não poderia mais pregar nas igrejas anglicanas. Estar disposto a falar com a sua cultura pode ter um custo; isso custou a Wesley o respeito de muitos de seus companheiros anglicanos. O chamado de Jesus a sermos luz e sal é uma prioridade maior que a conveniência pessoal.
Michael Cosper sugere três perguntas para se entender a relação entre o nosso culto e a cultura ao redor.[5]
(1) Quem está aqui?
Essa pergunta olha para a congregação: “Quem comparece nos nossos cultos?” Às vezes, nós nos tornamos tão preocupados em alcançar o mundo que falhamos na ministração para a nossa igreja. O nosso culto perde a autenticidade quando tentamos ser algo que não somos. Uma vez que a adoração deve falar com a congregação, devemos perguntar: “Quem está aqui? Quem Deus colocou na nossa congregação?”
(2) Quem estava aqui?
Essa pergunta olha para a nossa herança. Como crentes, nós temos uma herança que vem da igreja primitiva e se estende por todo o mundo.
Isso significa que nós iremos fazer o esforço de apresentar os grandes hinos do passado para a nossa geração. Isso significa que iremos conectar as pessoas de hoje com a história da igreja. Os cristãos jovens precisam saber que eles fazem parte de uma herança, a qual começou muito antes de eles nascerem e irá continuar muito tempo depois de morrerem. Nós somos parte de uma igreja universal construída por crentes de todas as gerações.
A nossa herança de adoração vem do Pentecoste, da revelação de Deus a Moisés no Monte Sinai, e então, da revelação de Deus a Adão e Eva no Jardim do Éden. O nosso culto deve celebrar essa história. Quando cantamos “Castelo Forte é o nosso Deus”, estamos nos unindo na adoração da Reforma. Quando recitamos o Credo dos Apóstolos, estamos nos unindo na adoração do segundo século. No culto, perguntamos: “Quem estava aqui antes de nós?”
(3) Quem deveria estar aqui?
Essa pergunta olha para a nossa comunidade. Ao nos perguntarmos quem são as pessoas que deveriam fazer parte da nossa igreja, fazemos perguntas como:
Quem nós estamos tentando alcançar com o evangelho?
Se a nossa comunidade viesse à nossa igreja, como seria o nosso culto?[6]
Como podemos ser fiéis a nossa mensagem enquanto adoramos de uma forma que fale com o povo que queremos alcançar?
Essas perguntas são mais difícieis na vida real do que no papel! Olhe estes quatro cenários. Todas as igrejas enfrentaram o desafio de falar com a comunidade.
Igreja A: Uma igreja que falhou ao não se perguntar: “Quem está aqui?”
A Igreja A está localizada em uma comunidade de aposentados. A média de idade na comunidade é 70, e a média de idade na igreja é 70. Dois anos atrás, o pastor determinou que as famílias jovens seriam alcançadas. Em um período de dois meses, ele substituiu o órgão, o coral e o hinário por violões, equipe de louvor e um telão de projeção.
Infelizmente, o pastor esqueceu de perguntar: “Quem está aqui?” Como resultado, a igreja de 100 idosos decaiu para 35, cantando músicas que não gostam, olhando um telão que não gostam e murmurando sobre o som alto do violão.
A Igreja A deveria estar tentando alcançar outros? Claro que sim! Mas as pessoas que podem ser mais efetivamente alcançadas são os idosos da comunidade. Ao ignorar aqueles que já estão na igreja, erram ao não preparar o culto de uma forma que fale com a própria igreja ou com a comunidade. A Igreja A não se perguntou: “Quem está aqui?”
Igreja B: Uma igreja que falhou ao não se perguntar: “Quem estava aqui?”
A Igreja B está localizada em uma cidade que cresce muito rápido e tem muitas famílias jovens. A igreja usa a linguagem da sua comunidade; o culto tem animação e entusiasmo.
A Igreja B tem uma paixão pelo evangelismo. Infelizmente, a igreja não se perguntou: “Quem estava aqui?” A Igreja B se esqueceu de sua herança como uma igreja que prega a mensagem de um coração puro e uma vida cristã vitoriosa. O pastor evita pregar a doutrina, porque ele pensa: “As pessoas não querem ouvir a doutrina, mas querem sermões práticos.” O líder de louvor evita canções com profundidade bíblica, porque pensa: “As pessoas não gostam de canções com palavras difíceis e querem canções simples.” Como resultado, a igreja criou uma geração de “pagãos batizados.”[7]
A Igreja B cresce em número, mas poucos de seus membros crescem em piedade. Muitos comparecem porque a igreja é divertida e requer pouco comprometimento. Tendo em vista que a Igreja B não considera a sua herança, muitos convertidos logo vão para outras igrejas, as quais oferecem ainda mais diversão. A Igreja B errou ao não se perguntar: “Quem estava aqui?”
Igreja C: A igreja que falhou ao não se perguntar: “Quem deveria estar aqui?”
A Igreja C foi fundada há aproximadamente 100 anos em uma pequena comunidade rural. O culto, a pregação e a música se comunicavam com as pessoas daquela região. Nos anos seguintes, a comunidade mudou totalmente. A Igreja C agora está cercada pelo centro da cidade, mas o culto ainda é feito para atrair a classe média rural.
Infelizmente, muitas pessoas que vivem perto da Igreja C passam por ela a cada semana sem saber que a igreja tem a resposta para a sua fome profunda. A Igreja C tem a mensagem que a sua comunidade precisa, mas ela não se comunica de forma clara. Se a Igreja C pudesse cultuar de uma forma que comunicasse a Deus e ao mundo necessitado, ela poderia transformar a sua comunidade. Em vez disso, a Igreja C está morrendo, porque falhou ao não se perguntar: “Quem deveria estar aqui?”
Igreja D: A igreja que fala com a comunidade
A Igreja D compartilha muitos dos atributos das três igrejas anteriores. A comunidade mudou drasticamente desde a fundação da igreja 40 anos atrás. Diferentemente das outras igrejas nessa pesquisa, a Igreja D aprendeu a se comunicar bem com a sua comunidade.
Quando os obreiros perceberam que muitos jovens convertidos não entendiam a doutrina pregada no domingo, eles desenvolveram grupos de discipulado para levar os novos crentes ao amadurecimento. Quando o líder de louvor percebeu que a música não falava com muitos da comunidade, ele começou a incluir músicas que trazem doutrinas verdadeiras e são atrativas musicalmente.
Enquanto a igreja crescia, eles plantavam congregações menores nas cidades vizinhas e permitiam que se adaptassem às necessidades da comunidade. Essas congregações são pastoreadas por homens jovens que faziam parte da Igreja D. Cada congregação é diferente da outra, mas todas são fiéis ao evangelho. A Igreja D está prosperando, porque aprendeu a perguntar:“Quem está aqui? Quem estava aqui? Quem deveria estar aqui?” Ela aprendeu a falar a verdade bíblica para a comunidade onde Deus a colocou.
Check-up
O seu culto fala com as pessoas que vão à igreja? O seu culto reflete a herança da igreja cristã? O seu culto fala com aqueles que Deus quer alcançar através da sua igreja?
E a Música?
Os músicos cristãos de muitas partes do mundo enfrentam o desafio de encontrar músicas bíblicas e sensíveis à cultura. Nós procuramos músicas que falam a língua do coração da comunidade que queremos alcançar. Músicas estrangeiras podem não ser culturalmente relevantes, e algumas músicas locais podem não ser bíblicas. Como escolhemos músicas que são fiéis às Escrituras e sensíveis à cultura onde pastoreamos? Aqui estão respostas de pastores que enfrentam essa situação:
Na escolha de músicas para a igreja, não é necessário escolher entre ser fiel biblicamente e ser sensível culturalmente. “Fiel biblicamente” são músicas verdadeiras e claras. “Sensível culturalmente” são músicas fáceis de cantar e que engajam a congregação.
Ser fiel à Bíblia é prioridade, mas não precisamos escolher entre os dois. Se parte do objetivo da música é a comunicação, nós não deveríamos focar em escolher uma linguagem musical que se encaixa no [ambiente] cultural da nossa igreja? Nós somos [tolos] se pensarmos que a sensibilidade cultural é irrelevante, e nós seremos irrelevantes se as nossas músicas não forem claras nem verdadeiras.
(Murray Campbell, pastor em Melbourne, Austrália)
No treinamento de pastores na África, nós os exortamos a encontrarem as músicas mais cheias das Escrituras, centradas em Deus, orientadas pelo evangelho, edificantes e fáceis de cantar que pudessem encontrar, tanto antigas quanto novas, e usá-las! Em qualquer cultura, o povo de Deus precisa de músicas que o ensine a viver e morrer por Cristo.
(Tim Cantrell, professor em Johannesburg, África do Sul)
O repertório de músicas teologicamente sólidas e relevantes contextualmente no idioma hindi é muito pequeno. A maioria das músicas que têm uma boa teologia foram traduzidas de hinos ocidentais antigos ou de músicas de adoração contemporâneas. Embora as palavras possam ser fiéis, a música não é nativa, e as pessoas locais acham que elas são difíceis de cantar. Além disso, músicas assim apenas confirmam a alegação das pessoas de que o cristianismo é uma religião ocidental.
Por outro lado, as músicas em hindi que fazem parte do contexto do povo são fracas teologicamente, repetitivas e sem embasamento bíblico. Às vezes, as músicas têm melodias que são usadas nos templos [hindus]. Nós evitamos esses tipos de música.
A primeira coisa que eu procuro quando estou escolhendo canções é a sua solidez doutrinária. Se elas não forem teologicamente sólidas, não as cantaremos, mesmo que sejam sólidas no seu contexto cultural. Se a letra é boa, mas a melodia não é indiana, não a cantaremos. Nós escolhemos canções indianas que tenham letras fiéis. Não existem muitas músicas que se encaixam nessa categoria, mas estamos lentamente criando o nosso repertório.
(Harshit Singh, pastor em Lucknow, Índia)
Assim como há uma linguagem verbal do coração na qual a pessoa fala de forma mais natural e sente de forma mais profunda, há uma linguagem musical do coração que fala de forma mais profunda com cada um.
Imagine um missionário que não aprende o idioma do povo a quem ministra. Ele pode dizer (em seu idioma): “Eu estou aqui para trazer o evangelho a vocês. Vocês não podem entender o que eu digo, mas continuem me escutando. Em algum momento, irão entender o que estou falando, e então conhecerão as boas novas.” Claro que não! Da mesma forma, quando não usamos a linguagem musical da cultura, tornamos as boas novas ainda mais difíceis de compreender.[8]
Infelizmente, assim como o Pastor Singh escreveu, em algumas culturas, há poucas músicas sólidas biblicamente sem uma linguagem musical ocidental. Isso frequentemente deixa as igrejas com duas opções: músicas bíblicas com melodias estrangeiras ou músicas fracas na teologia, mas que fazem parte do contexto musical local. Se queremos usar a música para construir a igreja ao redor do mundo, devemos procurar aquelas que são fiéis à Bíblia e que falam na linguagem musical do coração do povo. Eu creio que Deus quer chamar compositors piedosos em todas as culturas.
Se você serve em uma cultura onde há poucas músicas de qualidade disponíveis, você pode promover novas músicas. Isso pode exigir a cooperação entre duas pessoas: alguém para escrever ou traduzir letras excelentes e alguém para compor. Poucos dos grandes escritores de hinos escreveram também a melodia. Encontre um músico cristão devotado e peça que escreva a melodia para hinos que falam a verdade bíblica. Ao fazer isso, você poderá cantar uma mensagem bíblica em uma linguagem musical que se comunica com o mundo.
Nós sempre devemos considerar a pergunta 2 acima: “A nossa cultura contradiz a Bíblia?” Se a cultura musical contradiz a Bíblia, não devemos usá-la. Porém, quando não há princípios bíblicos envolvidos, nós devemos buscar conduzir o culto na linguagem musical dos adoradores.
Enquanto adorava na igreja de seu pai, um jovem que se preparava para o ministério percebeu que poucas pessoas entendiam as músicas que eram cantadas. Em vez de adorar, eles mostravam pouco entendimento sobre as verdades cantadas. Quando o jovem reclamou sobre isso, seu pai respondeu: “Veja se você consegue fazer melhor.” O jovem Isaac Watts aceitou o desafio de seu pai.
As pessoas de fala inglesa cantam os hinos de Isaac Watts hoje porque um jovem pastor se determinou a escrever hinos que comunicariam a mensagem bíblica em uma linguagem que o povo entendesse.[9] Na nossa geração, nós precisamos de compositores que falem a verdade bíblica nas linguagens que tocam o coração do mundo que não fala inglês.
[1]Hashis são os palitos usados pelos orientais nas refeições.
[2]Paul Bradshaw, “The Search for the Origins of Christian Worship” in Robert Webber, Twenty Centuries of Christian Worship (Nashville: Star Song Publishing, 1994), 4
[3]E. H. Peterson, A Mensagem (Editora Vida, 2011).
[4]Isso tem relação com a Pergunta 2 – “A nossa cultura contradiz a Bíblia?”
[5]Michael Cosper, Ritmos da graça: Como a adoração da igreja conta a história do evangelho (Editora Concílio, 2020).
[6]John Wesley enfrentou isso. Os anglicanos perceberam que um culto com mineradores de carvão, prostitutas convertidas e comerciantes iletrados seria muito diferente do culto formal dos anglicanos de classe alta. Muitos clérigos decidiram que não estavam dispostos a permitir que o culto fosse interrompido pelas classes mais baixas Isso levou à formação das sociedades metodistas.
[7]Termo de Mark Dever para descrever cristãos professos que não têm fundamento bíblico.
[8]Esse exemplo é uma adaptação de Ronald Allen e Gordon Borror, Worship: Rediscovering the Missing Jewel (Colorado Springs: Multnomah Publishers, 1982), 168.
[9]“Povos Cantai”, “When I Survey the Wondrous Cross” [Quando Examino a Maravilhosa Cruz] e “O God, Our Help in Ages Past”[Ó Deus, Nossa Ajuda no Passado] são três dos 750 hinos escritos por Isaac Watts.
Alguns Pensamentos Sobre Estilos de Música
Tendo em vista que música é uma parte tão importante da vida, muitos de nós têm crenças fortes sobre ela. Qualquer discussão sobre estilos de música no culto tende a causar conflitos.
Aqueles que acreditam que certos estilos são maus dizem: “Apenas alguns estilos de música podem ser tocados no culto.” Porém, a Bíblia não dá orientações específicas sobre isso.
Aqueles que acreditam que os estilos musicais são neutros moralmente dizem: “Encontre as músicas que o povo gosta e cante. O estilo não importa; cante o que você quiser.”
Ainda, as Escrituras deixam claro que devemos evitar tudo o que leva a um comportamento sensual. Considerando o significado cultural e emocional, algumas músicas serão inadequadas para o culto.
Ao escrever sobre escolhas de músicas, Scott Aniol dividiu suas ideias em duas partes:[1]
1. Letras: a questão do certo e errado. Independentemente do estilo musical, se a letra não fala a verdade claramente, ela é inadequada para o culto. Isso é uma questão de certo e errado. Existem muitas músicas com estilos tradicionais, cujas letras não ensinam a verdade bíblica; elas são inadequadas para o culto. Existem muitas músicas no estilo contemporâneo cujas letras não ensinam a verdade bíblica; elas são inadequadas para o culto.
2. Estilo de música: a questão pouco clara. Tendo em vista que as Escrituras não falam claramente sobre estilos de música, nós devemos seguir os princípios de Romanos 14. Nós devemos evitar músicas que são questionáveis por causa de suas associações culturais. No entanto, não devemos julgar aqueles cuja consciência os leva a uma direção musical diferente.
Check-up
Existem questões culturais no seu culto que limitam a sua capacidade de alcançar o mundo com o evangelho? Você está disposto a entregar as suas preferências pelo bem da evangelização?
E As Palmas?
E as palmas no culto? É certo ou errado? As palmas acontecem em dois contextos, com dois significados diferentes.
Palmas como parte da adoração
Muitas igrejas batem palma enquanto cantam; isso faz parte da adoração congregacional. As palmas fazem parte do aspecto físico da adoração expressada na Bíblia. “Batam palmas, vocês, todos os povos; aclamem a Deus com cantos de alegria!” (Salmos 47:1). Os adoradores judeus eram empolgados. A adoração judaica incluía uma variedade de instrumentos musicais, mãos levantadas e palmas.
Se bater palmas faz parte do seu culto, o líder de louvor deve escolher músicas apropriadas para isso. Bater palmas durante uma música de oração não seria adequado à mensagem. Bater palmas durante um louvor alegre seria apropriado. A pergunta para o líder nem sempre será: “Bater palmas é certo ou errado?” Uma pergunta melhor seria: “Bater palmas é apropriado para esta música, neste momento do culto?”
Aplausos como resposta à adoração
Uma questão mais difícil é o aplauso como resposta a uma canção especial. Não há indicações nas Escrituras de que os judeus ou cristãos aplaudiam dessa forma.
Algumas culturas hoje são rápidas em aplaudir como uma expressão de gratidão. Nessas culturas, é natural expressar louvor a Deus através das palmas. Outras culturas associam os aplausos principalmente ao reconhecimento de uma boa performance. Nessas culturas, bater palmas em resposta ao coral ou ao músico pode criar a atmosfera de um concerto, em vez de adoração.
Uma vez que a Bíblia não faz referência direta a esse assunto, nós devemos evitar fazer afirmações absolutas. Se o aplauso é uma resposta alegre e natural que expressa louvor a Deus, será um ato de adoração. Se o aplauso comunica: “Essa pessoa cantou bem, e eu gostei muito”, poderá se desviar da adoração.
A congregação e o músico devem entender a motivação dos aplausos. Os membros devem se perguntar: “Por que eu estou aplaudindo? O meu aplauso é motivado pelo louvor a Deus, ou pelo louvor a uma pessoa?”
O músico deve se perguntar: “Por que eles estão aplaudindo? A minha música inspirou um ato alegre de louvor a Deus, ou apenas atraiu atenção para as minhas habilidades? Eu conduzi a adoração?” Como líderes de adoração, devemos ser cuidadosos para que nosso ministério aponte para Deus, não para as nossas habilidades.
Check-up
Se a sua igreja bate palmas durante o culto, isso é uma verdadeira expressão de louvor a Deus ou é uma expressão de louvor ao cantor?
Romanos 14 e Estilos de Adoração
► Leia Romanos 14:1-23.
Romanos 14 oferece orientações importantes para assuntos controversos sobre os quais a Bíblia não fala claramente. Paulo fala com aqueles que discordam sobre comer carne ou sobre observar dias especiais. Ele oferece os seguintes princípios:
(1) Não julgue os outros em assuntos questionáveis (Romanos 14:1-13).
Nas áreas que as Escrituras não falam de forma clara, devemos permitir a liberdade de consciência para aqueles que discordam de nós. Não podemos ser mais definitivos do que a própria Bíblia!
(2) Não faça com que o fraco caia (Romanos 14:13-15).
Paulo reconheceu que o crente imaturo pode ser prejudicado pelas liberdades exercidas pelo crente mais maduro. Nesse caso, a lei do amor exige que limitemos a nossa liberdade pelo bem do fraco. Não destrua aquele por quem Cristo morreu por causa das suas liberdades.
A declaração de Paulo é um modelo poderoso para todas as áreas do comportamento cristão. “Portanto, se aquilo que eu como leva o meu irmão a pecar, nunca mais comerei carne, para não fazer meu irmão tropeçar” (1 Coríntios 8:13).
(3) Aja pela fé, não pela dúvida (Romanos 14:23).
Esse é um princípio vital para jovens cristãos: “…tudo o que não provém da fé é pecado.” Nós nunca devemos violar a nossa consciência com o intuito de agradar alguém. “Mas aquele que tem dúvida é condenado se comer, porque não come com fé...”
Quando aplicados nos estilos de música, esses princípios nos alertam:
1. Não julgue aqueles que usam um estilo com o qual você fica desconfortável. Se a Bíblia não fala claramente, você deve ser devagar em julgar.
2. Não use músicas que podem ofender um novo convertido. Se o novo convertido vem de um estilo de vida em que certos estilos de música são associados a comportamentos imorais, pode ser que esse estilo nunca seja útil para ele. O amor pelo irmão cristão deve o inspirar a evitar qualquer coisa que possa impedir o seu crescimento espiritual.
3. Não exercite uma liberdade quando a sua consciência tem dúvidas. Você não deve testar os limites. O amor a Deus deve o inspirar a evitar qualquer coisa que levante dúvidas na sua consciência.
[1]Scott Aniol, Worship in Song (Winona Lake, IN: BMH Books, 2009), 135-140
Envolver as Crianças e os Jovens no Culto
“Como podemos envolver as crianças e os jovens no culto? Devemos colocá-los em um culto separado até que tenham idade suficiente para entender o culto dos adultos? Como encorajamos as crianças e os jovens a adorarem verdadeiramente?”
Muitas igrejas separam crianças, jovens e adultos no culto. Existem duas razões para isso: preocupação que as crianças distraiam os adultos no culto e que as crianças e jovens não compreendam o que acontece no culto.
Não há nada nas Escrituras que proíba os cultos separados para jovens e crianças. No entanto, há pelo menos três coisas que devem ser consideradas:
1. Na Bíblia, o culto é intergeracional. A Bíblia não sugere que crianças e jovens sejam tratados de forma diferente no culto. Na adoração no templo, a família permanecia junta para o ritual do sacrifício. Não há nada no Novo Testamento que sugere que a igreja primitiva separava crianças ou jovens durante o culto.
2. O culto intergeracional unifica o corpo de Cristo. Assim como oferecer cultos contemporâneos e tradicionais separadamente pode prejudicar a unidade do corpo, oferecer cultos separados para crianças e jovens pode diminuir a consciência deles sobre serem parte da família da igreja. Por outro lado, quando eles são envolvidos no culto da família da igreja, todos entendem que eles são uma parte valiosa do corpo de Cristo (1 Timóteo 4:12).
3. Através do culto intergeracional, a fé é passada para a próxima geração. Nós aprendemos a adorar adorando. Exceto quando é cuidadosamente planejado, o culto infantil pode se tornar um momento de entretenimento para que as crianças não interfiram no culto dos adultos. Se fazemos isso, quando as crianças aprendem a adorar?
Jovens e Crianças como Parte de um Culto Unificado
Os jovens e as crianças podem participar de um culto unificado que fala para todas as idades. Isso pode incluir um sermão menor para crianças sobre o mesmo tópico do sermão principal.
Quando presumimos que as crianças não podem entender verdades profundas, erramos em não dá-las crédito suficiente pelo discernimento espiritual. É o Espírito Santo que ilumina cada ouvinte, adulto ou criança (1 Coríntios 2:10). Mesmo no culto dos adultos, o Espírito Santo pode transmitir a verdade ao seu jovem coração. Incluir as crianças no culto dos adultos requer que os ensinemos sobre o culto; podemos explicá-lo para as crianças. Nós podemos definir as palavras difíceis da leitura bíblica e dos hinos. Algumas vezes, até mesmo os adultos precisam das definições das palavras! Ao darmos espaço para as crianças no culto, permitimos que cresçam como adoradores juntos ao resto do corpo.
Muitas igrejas oferecem cultos separados para jovens e crianças. Esses cultos devem ter adoração, não entretenimento. Se eles não aprendem a adorar, não irão amadurecer espiritualmente. Assim como a criança não desenvolve a saúde física com uma dieta de doces, ela não irá desenvolver a saúde espiritual com uma dieta de comida espiritual instantânea e rápida.
Se a igreja oferece cultos separados para adultos/crianças/jovens, deve-se garantir que o culto realmente tenha adoração. O culto deles deve ter leitura bíblica. Para as crianças, desenhos coloridos podem reforçar a verdade da Bíblia.
O culto deve ter um sermão ou uma lição bíblica que aplica a Palavra de Deus nas necessidades dos jovens e das crianças. A própria Bíblia deve ser segurada pelo professor com amor. Os mais jovens aprendem a respeitar e a usar a Palavra de Deus ao observar os adultos a respeitando.
O culto deve ter músicas que falam verdades bíblicas, momento de oração de agradecimento e de fazer pedidos. Deve incluir o momento de ofertas, o que permite que as crianças levem seu presente a Deus. Todos os elementos do culto devem estar presentes no culto infantil e no culto jovem.
Ensinando Crianças a Orar: “A Oração da Mão”
O dedão nos lembra de orarmos por aqueles próximos a nós (família).
O dedo indicador nos lembra de orarmos por aqueles que apontam as pessoas para Jesus (pastores, professores e missionários).
O dedo médio é o maior. Isso nos lembra de orarmos pelos líderes do país, da escola, da igreja e de casa.
O dedo anelar é o mais fraco. Demonstre isso ao tentar levanter apenas o anelar. Isso nos lembra de orarmos pelos fracos que precisam de Jesus.
O dedo mínimo é o menor. Isso nos lembra de orarmos por nós mesmos.
Levantar a mão toda nos lembra de louvarmos a Deus.
Essa oração pode se tornar um padrão que eleva o nível de oração dos jovens adoradores.
Resumo
Se nós queremos ver as nossas crianças crescerem como crentes maduros, nós devemos prover nutrição espiritual. Sendo em cultos unificados ou separados, devemos conduzí-las na adoração.
Check-up
Quer você tenha cultos separados para as crianças e jovens quer sejam unificados com toda a igreja, você está os ensinando a adorar?
[1]Esta seção usa o material de Christina Black, professora de educação na Hobe Sound Bible College.
Emoção na Adoração
“O povo no meu país se emociona muito, e a nossa adoração frequentemente reflete o nosso estilo de vida emocional. A nossa música normalmente é rápida, alta e rítmica. Isso nos permite participar e expresser emoções. Porém, eu temo que a música seja apenas emoção. Eu não sei se a nossa música tem sido de adoração verdadeira.”
A verdadeira adoração é em espírito e em verdade. A verdadeira adoração tem emoção, mas ela é mais do que isso. Existem dois erros relacionados à emoção na adoração que podem nos desviar.
Alguns adoradores negam as emoções no culto, pois pensam que esse é um encontro intelectual com Deus; eles não reconhecem o aspecto emocional do encontro com Deus. A verdadeira adoração fala com as nossas emoções. O nosso culto deve dar aos adoradores a oportunidade de expressar emocionalmente a sua resposta à revelação de Deus sobre si mesmo.
(2) O erro de enfatizar muito as emoções no culto.
O perigo oposto é o erro de falar apenas com as emoções no culto. O culto que fala com as emoções e ignora a mente viola 1 Coríntios 14:15: “…cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.” Qualquer aspecto do culto pode cair nessa tentação: um sermão dramático que não é fiel ao texto bíblico; músicas emotivas que não falam a verdade bíblica; práticas que manipulam as emoções dos adoradores. A adoração que apenas fala com as emoções não é verdadeira.
Adoração Verdadeira: Adorar em Espírito e em Verdade
O modelo bíblico do culto respeita a importância das emoções enquanto cuidadosamente avalia a verdade daquilo que pregamos e cantamos. Uma vez que a música pode ser emotiva, nós devemos ser especialmente cuidadosos na avaliação da verdade que cantamos. No entanto, usada apropriadamente, a música pode ser especialmente eficaz em comunicar a verdade que fala com a mente e com as emoções.
John Wesley valorizava as emoções no culto. Ele descreveu uma congregação como “mortos como pedras – totalmente quietos e totalmente despreocupados.” Ele acreditava que um encontro com a verdade iria inspirar uma resposta emocional. Ao mesmo tempo, ele era rápido em criticar expressões emocionais que se desviavam da verdadeira adoração.
Wesley alertou contra os extremos: negar as emoções ou permitir que elas nos controlem. “Há alguma necessidade de corrermos para um extremo ou outro? Nós não podemos chegar a um meio-termo e mantermos uma distância suficiente do espírito do erro e do entusiasmo sem negarmos o presente de Deus, não dando esse grande privilégio aos filhos de Deus?”[2] Esse é um bom modelo para nós hoje: respeitar a importância das emoções no culto, enquanto evitamos os extremos que distraem o nosso foco de Deus e de Sua verdade.
“Por natureza, eu sou uma pessoa sensível emocionalmente. A música pode ter uma influência profunda nas minhas emoções. Eu aprendi uma lição há alguns anos sobre colocar muita fé nas respostas emocionais.
“Enquanto escutava uma música com uma bela melodia, eu fiquei muito comovido. Enquanto ela mudava de tom, eu chorava. Ao final da música, eu senti que havia tido uma experiência espiritual profunda.
“Porém, quando eu a escutei uma segunda vez, descobri algo chocante: a música não adorava o Deus da Bíblia, mas louvava a um deus de uma seita falsa. As palavras no momento da mudança de tom eram heresias.
“Naquele dia eu aprendi que as minhas emoções podem ser facilmente manipuladas, especialmente pela música. Isso não significa que todas as respostas emocionais à música sejam inválidas, mas significa que eu devo avaliar o conteúdo das canções. Eu devo ‘testar os motivos’ para saber se eles são de Deus.”
Check-up
O seu culto fala com a mente e com as emoções? Você é cuidadoso em avaliar o que canta e ensina para ter certeza de que é fiel às Escrituras?
[1]“Cantar é um meio pelo qual o povo de Deus toma posse da sua palavra e alinha as suas emoções e afeições com as de Deus.”
- Adaptado de
Jonathan Leeman
[2]John Wesley, Sermões de John Wesley, “O Testemunho do Espírito”
[3]Carta do Dr. Andrew Graham. 29 de maio de 2014.
Perigos na Adoração: Banalizando a Adoração
Esta lição começou com o alerta de Warren Wiersbe contra tratar o culto como um momento de diversão.[1] Ele disse que banalizamos o culto quando procuramos diversão no lugar de Deus. “As igrejas ainda usam a palavra culto, mas o seu significado mudou. Muitas vezes, culto é apenas uma palavra que as pessoas usam para dar uma respeitabilidade religiosa àquilo que planejaram para a congregação, quer Deus seja o foco da reunião quer não.” Como isso acontece?
Nós Saímos do Templo e Fomos Para o Teatro
A adoração pode acontecer em qualquer lugar. Os cristãos já adoraram em cavernas para se esconderem dos perseguidores, ou ao redor da fogueira em um retiro. Os cristãos já adoraram em casas e em belos templos. Os cristãos já adoraram deitados em um leito de hospital, voando em um avião e no trabalho. A adoração pode acontecer em qualquer lugar, mas a maioria dos momentos de adoração coletivos acontecem em um prédio de alguma forma. “As congregações devem se encontrar em algum lugar, e esse ‘algum lugar’ se tornará um templo ou um teatro.”
Qual é a diferença? O templo “é um lugar onde as pessoas se juntam para adorar e glorificar ao Senhor.” O teatro é um lugar onde as pessoas se juntam para assistir a uma performance. A sua igreja é um teatro ou um templo?
Em Vez de Sermos Congregação, Somos Audiência
“Uma congregação cristã se junta para adorar a Jesus Cristo e glorificá-Lo. Uma audiência se junta para ver e ouvir uma performance.” A congregação foca em Deus; a audiência foca no artista. A congregação tem participantes; a audiência tem espectadores. Você lidera uma congregação ou uma audiência?
Em Vez de Ministrarmos, Fazemos Apresentações
“Nós ministramos principalmente para expressar a verdade de Deus; nós fazemos apresentações para impressionar com as nossas habilidades. O ministro sabe que Deus está observando e que a Sua aprovação é tudo o que importa; o artista busca os aplausos da audiência.” A ministração pode se tornar uma apresentação de diversas formas: o músico que toca para o entretenimento dos ouvintes, a equipe de louvor que busca uma resposta emocional específica, ou o pregador que mede a sua pregação pela reação das pessoas. Você está ministrando ou fazendo uma apresentação?
[1]As citações nesta seção são adaptadas de Warren Wiersbe, Real Worship (Grand Rapids: Baker Books, 2000), 169-174.
Conclusão: Testemunho de um Missionário - Romanos 14 na Prática
“Eu aprendi uma valiosa lição sobre julgar os outros por causa do seu estilo de culto quando participei de um seminário de liderança com um amigo missionário e oito pastores filipinos.[1]
“Nós entramos em um grande centro de convenções e encontramos nossos assentos na parte alta das arquibancadas. Grandes telões e alto-falantes estavam presos no teto. A líder de adoração era uma senhora filipina acompanhada de uma equipe de louvor. Eles batiam palmas e conduziam uma multidão animada que dizia: ‘Sim, Senhor, Sim!’. Tudo era muito animado para o meu gosto.
“A música repetitiva e alta e a movimentação física me causaram grande preocupação. Nós desafiamos os nossos pastores filipinos a serem líderes santos, e agora estávamos os levando a esse tipo de culto! Um dos pastores filipinos, um líder muito espiritual, estava com a sua cabeça curvada. Ele orava em silêncio e não participava do culto.
“Eu estava em luta: ‘O que fazemos?’. Depois, eu vi esse mesmo pastor batendo palma e cantando com todo o seu coração. Seu rosto brilhava e ele parecia envolvido na adoração.
“Naquela noite, nós compartilhamos o que aprendemos sobre liderança na conferência. Durante a conversa, eu perguntei ao líder filipino o que aconteceu para que mudasse o seu comportamento. ‘Como você mudou de não participar para, de repente, adorar e aproveitar a música?’
“Sua resposta foi poderosa. ‘Eu estava incomodado com a música. Mas enquanto eu orava, Deus me mostrou que a líder da adoração e as pessoas naquela reunião estavam adorando a Deus com todo o coração. Eles estavam dando a Deus o melhor deles de acordo com o que conhecem. O Senhor disse: “Você pode deixá-los comigo? Você pode me oferecer a sua adoração sem julgar os outros?”’
“Esse pastor começou a adorar a Deus com todo o seu coração na maneira que ele é acostumado em vez de ficar julgando os outros ao seu redor. Isso mudou a forma pela qual esse pastor adora? Não. Quando ele voltou para a sua igreja, não imitou o estilo que viu naquele fim de semana.
“Como líder de nossas igrejas, muitas vezes, esse homem encorajou seus companheiros pastores a darem liberdade no culto sem manipular a congregação. Ele os encorajou a equilibrarem dois princípios:
1. Cuidadosamente seguir os princípios bíblicos de adoração na sua igreja.
2. Evitar criticar os estilos de adoração das outras igrejas.”
[1]Testemunho do Rev. David Black, que foi missionário nas Filipinas.
Quando avaliamos os estilos de adoração, não devemos confundir cultura e Bíblia.
Quando a nossa cultura contradiz a Bíblia, devemos nos submeter aos mandamentos bíblicos em vez de às expectativas da cultura.
Para que alcançemos o mundo com o evangelho, nós devemos perguntar como a nossa adoração pode falar de forma mais eficaz com a nossa cultura.
(2) Três perguntas nos ajudam a entender a relação entre o culto da igreja local e a cultura ao redor:
Quem está aqui? Olha para os membros da igreja.
Quem estava aqui? Olha para a herança da igreja.
Quem deveria estar aqui? Olha para a comunidade que somos chamados a alcançar.
(3) Tendo em vista que a música é tão central na nossa identidade cultural, as igrejas devem escolher músicas que são fiéis à Bíblia e sensíveis culturalmente.
(4) Se bater palmas faz parte do culto, nós devemos perguntar: “Bater palmas é apropriado nessa música e nesse momento do culto?”
(5) Se os aplausos são uma resposta a uma música especial, devemos perguntar: “Os meus aplausos são motivados pelo louvor a Deus ou pelo louvor ao artista?”
(6) Se nós deixarmos as crianças e os jovens no culto dos adultos, devemos planejar um culto que fale com todas as idades.
(7) Se nós temos cultos separados para crianças e jovens, devemos garantir que esses cultos sejam de adoração, não de entretenimento.
(8) Nós não devemos nem enfatizar nem negar as emoções no culto.
Tarefas da Lição 9
(1) Esta lição incluiu várias perguntas “check-up.” Escreva em uma página a resposta para uma das perguntas. A resposta deve incluir duas partes:
Uma avaliação do que você faz atualmente no culto.
Uma recomendação de mudanças que farão o seu culto ser mais relevante culturalmente sem se desviar dos princípios bíblicos.
(2) No começo da próxima lição, você fará um teste baseado nesta lição. Estude as perguntas do teste como preparação.
Teste da Lição 9
(1) Como devemos reagir às práticas de adoração que ofendem as nossas preferências culturais, mas não contradizem os princípios bíblicos?
(2) Como devemos reagir às praticas de adoração que são aceitáveis na nossa cultura, mas que contradizem a Bíblia?
(3) Quais são as três perguntas que devemos fazer para entender a relação entre o culto da igreja e a cultura ao redor?
(4) A partir de Romanos 14, liste três princípios relacionados à adoração.
(5) Liste três considerações para o culto intergeracional.
(6) Nomeie dois erros relacionados à emoção no culto.
(7) Escreva o texto de 1 Coríntios 14:15-17 de memória.
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