Tiago valoriza a adoração tradicional. No encontro mensal, Enoque, que lidera o culto contemporâneo, perguntou: “Por que você não tenta algo novo nos seus cultos?”
“Nós somos bíblicos”, Tiago respondeu. “Se a Bíblia não ordena uma prática de adoração específica, nós não somos livres para simplesmente adicionar algo nas práticas da igreja primitiva. Quem somos nós para mudar a adoração bíblica? Na nossa igreja, nós apenas cantamos salmos. Essas músicas eram cantadas na igreja primitiva; elas são boas o suficiente para nós!”[1]
Enoque respondeu: “Parece que você pensa que a história parou no fim do livro de Apocalipse. Como podemos nos limitar a um estilo de adoração de 2.000 anos? Contanto que a Bíblia não proíba uma prática - e contanto que a prática não divida a igreja – nós devemos adaptar a adoração às necessidades da nossa geração. Na minha igreja, nós cantamos muitas músicas novas. Se Deus quisesse proibir novas músicas, a Bíblia expressamente as proibiria.”[2]
A resposta de Jason era prática. “Nós estudamos o que a Bíblia diz sobre adoração. Nós conhecemos os princípios de adoração das Escrituras. Nós precisamos ver como outros cristãos aplicaram esses princípios em cada geração. Como a adoração tem sido ao longo da história da igreja?”
Jason entende um princípio importante ao se discutir sobre adoração. Embora os princípios bíblicos de adoração sejam imutáveis, cada experiência de adoração na Bíblia é diferente. Os detalhes são diferentes; os elementos essenciais da adoração permanecem os mesmos. Nós vimos os princípios essenciais da adoração nas duas últimas lições, mas os detalhes mudam. Considere:
Abraão estava adorando na porta da sua tenda. Alguém pode ler isso e dizer: “A verdadeira adoração acontece quando você está em casa.” Mas…
Isaías estava em um templo quando viu o Senhor exaltado. Alguém pode ler isso e dizer: “A verdadeira adoração acontece quando você está na igreja.” Mas…
Jó estava coberto de feridas da cabeça aos pés quando disse: “Meus ouvidos já tinham ouvido a teu respeito, mas agora os meus olhos te viram” (Jó 42:5). Alguém pode ler isso e dizer: “Ah! A verdadeira adoração acontece quando você está infeliz.”
Você vê o ponto aqui? A adoração acontece em muitas circunstâncias diferentes, em várias formas diferentes e segue muitos padrões diferentes. Muitas vezes nós confundimos o que são circunstâncias mutáveis de adoração e o que são princípios imutáveis.
Nesta lição, nós veremos como a igreja aplicou os princípios da adoração ao longo da história. Isso dará a você uma percepção da variedade de maneiras pelas quais as pessoas adoram a Deus. Espera-se que isso o ajude a ver que não há apenas um padrão de adoração que deve ser seguido por todas as pessoas em todas as situações. Na verdade, nós devemos buscar o direcionamento do Espírito de Deus para determinar como aplicar os princípios bíblicos de adoração na nossa situação.
Nesta lição, nós também veremos que a maneira que adoramos reflete as nossas crenças. As nossas práticas de adoração são influenciadas pelas nossas crenças sobre Deus e como chegamos a Ele.
Esse entendimento é crucial quando você toma decisões sobre adoração. Você conduz o culto de uma forma que comunica as suas crenças, ou você está simplesmente copiando o padrão de outra igreja? Se você está copiando outra igreja, deve garantir que concorda com as crenças daquela igreja sobre Deus e sobre como se aproximar dEle. A nossa adoração mostra o que cremos.
► Antes de continuar esta lição, discuta sobre seus cultos atuais. Se uma pessoa não soubesse nada sobre a sua doutrina, o que o seu estilo de adoração mostraria? O que aprenderia sobre a sua visão de Deus, sua visão sobre o relacionamento com Deus e sua visão sobre o evangelismo ser um resultado do seu culto?
[1]Isso é chamado de “princípio regulador” da adoração. Ensinado por João Calvino, é proibida qualquer prática de adoração não insituída nas Escrituras. Originalmente, isso proibia qualquer instrumento musical (instrumentos não são mencionados na adoração do Novo Testamento) ou o uso de qualquer música, além dos salmos. Algumas igrejas que seguem esse princípio hoje permitem instrumentos e hinos; mas continuam a evitar novas abordagens na adoração.
[2]Isso é chamado de “princípio normativo” da adoração. Essa abordagem ensina que qualquer prática de adoração não proibida nas Escrituras é permitida, contanto que não rompa a paz e a unidade da Igreja.
Uma Imagem da Adoração no Segundo Século
Nossa primeira imagem da adoração depois do Novo Testamento é de uma carta do ano 113 d.C. Plínio, o governador da Bitínia, descreveu a adoração cristã em uma carta ao Imperador Trajano.[1] Ele escreveu que os cristãos: “se reunem em um dia estabelecido antes do amanhecer e cantam hinos a Cristo como a um deus e fazem um juramento… de não roubar, não cometer fraude, não adulterar… é costume deles se despedirem e voltarem mais tarde para uma refeição juntos.”
De acordo com Plínio, os cristãos se encontravam antes do nascer do sol aos domingos para cantar hinos e se comprometerem a terem condutas éticas, provavelmente em resposta à leitura das Escrituras. Mais tarde no dia, eles tinham uma refeição, a qual provavelmente incluía a ceia do Senhor.
Quarenta anos depois, Flávio Justino deu uma descrição mais detalhada sobre a adoração.[2] Justino escreveu para defender a adoração cristã diante do imperador romano, que suspeitava que os cristãos fossem imorais e desleais ao império. Justino assegurou ao imperador que a adoração cristã não era uma ameaça a Roma. De acordo com Justino, a adoração cristã incluía os seguintes elementos:
1. Leitura das Escrituras.
2. Um sermão do líder da assembleia.
3. Oração. Oravam individualmente em silêncio, e então o líder fazia uma oração formal, para qual eles respondiam, “Amém.” No fim da oração, os adoradores se cumprimentavam com um beijo santo, que significava a presença do Espírito Santo.
4. O culto era concluído com a ceia. Depois do culto, dois diáconos levavam a sobra de pães e vinho aos cristãos doentes ou que estavam presos esperando o martírio.
5. No fim do culto, aqueles que tinham dinheiro ou comida levavam os presentes ao líder. As ofertas eram levadas aos órfãos e às viúvas, àqueles que sofriam doenças ou outras coisas e aos cativos e estrangeiros no meio deles.
Um dos pontos fortes da adoração do segundo século era a participação da congregação. Tanto Plínio quanto Justino descreveram um culto simples, nada parecido com os rituais elaborados nas religiões pagãs de Roma. A adoração era íntima, como pequenos grupos se reunindo em casas.
Outro ponto forte era a clara conexão entre a adoração e a vida. A carta de Plínio menciona o comprometimento dos cristãos em relação ao comportamento ético (Justino menciona presentes para ajudar os necessitados). A adoração envolvia toda a vida.
► Quais aspectos da adoração do segundo século podem beneficiar a sua adoração? Você vê algum perigo na adoração do segundo século?
Para uma segunda imagem da adoração, vá para o século XII. Nos anos intermediários, o cristianismo se tornou a religião oficial do Sacro Império Romano. Depois do Édito de Milão de Constatino no ano 313 d.C., as congregações começaram a construir grandes templos. Muitas das grandes catedrais europeias foram construídas nesses 1.000 anos.
Na Idade Média, a adoração foi evoluíndo e se tornou grandiosa. De forma positiva, a adoração nas catedrais mostrava a majestade de Deus. Vitrais retratavam eventos bíblicos àquelas que não podiam ler; corais cantavam lindos hinos; a adoração era bela e surpreendente.
Fraquezas da Adoração na Idade Média
A beleza era mais importante do que a espiritualidade.
O uso de elementos belos para a adoração eram o foco: incenso, músicas elaboradas cantadas por profissionais, sinos e roupas especiais para os sacerdotes. A arte se tornou mais importante do que o espiritual.
As pessoas não conseguiam compreender o culto.
O culto era em latim, uma língua que poucos entendiam. Muitos dos sacerdotes loucais tinham pouco treinamento para pregar. As orações eram uma mistura de passagens de muitas fontes e, muitas vezes, elas não faziam sentido juntas.
As pessoas eram espectadoras, não adoradoras.
Havia pouco envolvimento do povo. A congregação era um grupo de espectadores assistindo ao espetáculo, à missa. Os sacerdotes realizavam as práticas da adoração enquanto uma audiência assistia. O foco do culto era a eucaristia, em vez das Escrituras.
A Igreja Católica Romana ensinava que o pão e o vinho eram transformados literamente no corpo e no sangue de Cristo (isso é chamado de doutrina da transubstanciação). A maioria dos leigos recebiam a eucaristia apenas na Páscoa. O sacerdote bebia o vinho e compartilhava apenas o pão com a congregação.
O evangelho foi substituído pelo ritual.
A nossa adoração molda as nossas crenças. Nós vemos esse princípio em funcionamento na Idade Média; a adoração dos católicos romanos moldava a sua teologia. Deus era visto como distante das preocupações humanas. Os leigos não sentiam que podiam se aproximar de Deus. Em vez disso, eles apenas poderiam falar com Deus através do sacerdote. Ele se tornava o mediador entre Deus e homem.
O ponto forte da adoração na Idade Média era o seu senso de majestade e reverência diante de Deus. Através da arquitetura, música, drama e bela arte, a adoração retratava a glória de Deus.
No entanto, a fraqueza da adoração na Idade Média superava os seus pontos fortes. O cristão comum era um mero espectador no culto. De diversas formas, a adoração na Idade Média era uma dissociação trágica da adoração do Novo Testamento.
Perigos na Adoração: Adoração Sem Significado
Nós devemos passar tempo ensinando a nossa congregação o porquê de adorarmos da forma que adoramos, caso contrário, tradições significantes poderão parecer sem significado aos adoradores.
Um novo crente perguntou ao seu pastor: “Por que nós dizemos ‘amém’ no fim das orações? ‘Amém’ é uma palavra mágica que faz Deus realizar o que pedimos?” O pastor percebeu que ele deveria explicar os detalhes da adoração. Algo tão simples quanto “amém” pode perder o sentido se não ensinarmos a nossa congregação sobre adoração.
Não é necessário remover o simbolismo e o mistério da adoração. A solução é ensinar a congregação o significado das nossas práticas de adoração. Os membros devem saber o porquê de usarmos a linguagem que usamos; eles devem saber a razão pela qual os hinos congregacionais são importantes para a igreja; eles devem saber o significado das Escrituras.
► Quais aspectos da adoração na Idade Média podem beneficiar a sua adoração? Você vê algum perigo na adoração da Idade Média?
Uma Imagem da Adoração na Reforma
Os reformadores sabiam bem que a adoração molda a nossa teologia. Por causa disso, eles sabiam que as verdades teológicas da Reforma se perderiam, a menos que a adoração refletisse a teologia deles.
Uma preocupação teológica central dos reformadores era o sacerdócio do crente, ou seja, os crentes adoram a Deus diretamente: nós não somos mediados por um sacerdote. Os reformadores também acreditavam fortemente que a Palavra de Deus deve estar disponível a todos.
A adoração na Reforma buscava envolver todos os adoradores. A adoração estava na língua do povo, não em latim. As Escrituras eram lidas e pregadas para que todos os adoradores pudessem entendê-la na sua própria língua. A música congregacional permitia que cada adorador participasse no culto. Martinho Lutero compunha hinos, e seus hinos ajudavam a espalhar a Reforma.
Além dessas áreas comuns, houve muita discordância entre os reformadores em relação à adoração. Os luteranos e anglicanos mantiveram muito da cerimônia da Igreja Católica Romana. Lutero acreditava que, a menos que fossem proibidas pelas Escrituras ou causassem conflito na igreja, novas práticas de adoração deveriam ser permitidas.
Calvino e seus seguidores mantiveram alguns rituais, mas rejeitaram qualquer prática que não fosse discutida especificamente na Bíblia. Calvino encorajou que cantassem hinos congregacionais, mas apenas se fossem salmos. Ele acreditava que “apenas a Palavra de Deus é digna de ser cantada em louvor a Deus.”[1] Havia a participação da congregação na ceia, sugerindo-se que ocorresse uma vez ao mes, no mínimo, e preferencialmente no dia do Senhor.
Os anabatistas e puritanos rejeitaram a maior parte dos aspectos cerimoniais e voltaram às formas simples de adoração. Às vezes, esses grupos adoram apenas em casas privadas e se veem como os únicos que verdadeiramente seguem o padrão de adoração do primeiro século.
O ponto forte da adoração na Reforma foi o seu retorno ao envolvimento congregacional. Embora existam diferenças entre as igrejas da Reforma, todos os reformadores buscaram moldar o sacerdócio do crente na adoração.
► Quais aspectos da adoração na Reforma podem beneficiar a sua adoração? Você vê algum perigo na adoração da Reforma?
[1]Citado em Donald P. Hustad, Jubilate II (Carol Stream: Hope Publishing Company, 1993), 194.
Uma Imagem da Adoração das Igrejas Livres
Posterior a Reforma, algumas igrejas rejeitaram o controle de autoridades. Essas igrejas, chamadas “igrejas livres”, incluem os anabatistas, puritanos, não-conformistas, separatistas e dissidentes. Muitos deles também rejeitaram liturgias e rituais fixos.
Características da adoração das igrejas livres:
(1) A pregação era central.
(2) A participação congregacional era importante.
O modo de participação da congregação variava de igreja para igreja.
Em algumas igrejas, a congregação cantava hinos. Em outras, não havia música no culto público.
Em algumas igrejas, os membros oravam em voz alta. Em outras, o pastor orava em nome do povo.
Havia poucas distinções entre os leigos e o clérigo. A maioria das igrejas livres não tinham roupas especiais para o clérigo.
(3) Todo o culto acontecia na língua do povo.
O cronograma do culto em 1608 incluia o seguinte (o culto durava quatro horas):
Oração;
Leitura bíblica (1-2 capítulos com explicações);
Oração;
Sermão (de uma hora ou mais).
Falas dos membros;
Oração;
Ofertas.
A adoração não era mais dominada pela eucaristia e pelo sacerdote. Os cultos das igrejas livres se pareciam mais com os cultos da igreja no Novo Testamento.
Existem perigos nessa abordagem. Embora as igrejas livres ensinassem sobre o sacerdócio do crente, na prática, algumas vezes o pregador substituía o sacerdote como foco da adoração. Em algumas igrejas, havia pouco envolvimento da congregação.
Talvez, um dos maiores perigos da adoração livre era o individualismo extremo. Se a doutrina do sacerdócio do crente não for acompanhada pela doutrina da unidade da igreja, a igreja se tornará uma coleção de indivíduos, em vez de ser o corpo de Cristo unido na adoração. Isso é visto quando a adoração é apenas sobre “Jesus e eu”, sem nenhum senso de igreja como corpo.
► Quais aspectos da adoração das igrejas livres podem beneficiar a sua adoração? Você vê algum perigo na adoração das igrejas livres?
Uma Imagem da Adoração no Avivamento Wesleyano
John Wesley foi influenciado tanto pela tradição da adoração coletiva que recebeu da igreja anglicana quanto pela ênfase na experiência espiritual pessoal, a qual ele recebeu pelo seu contato com a tradição anabatista. Em um tempo onde a adoração anglicana seguia os rituais vazios do catolicismo medieval, a família Wesley e seus seguidores (chamados de metodistas) reavivaram a realidade da adoração que levava os adoradores à presença de Deus.
Ênfases da adoração dos primeiros metodistas:
[1]1. Pregação. Os sermões de John Wesley eram publicados e se tornaram uma doutrina fundamental para os metodistas.
2. Ceia frequente. John Wesley realizava a ceia em uma média de cinco vezes por semana. Ele encorajava seus seguidores a receberem a ceia pelo menos uma vez por semana.
3. Cantar hinos. Os hinos de Charles Wesley espalharam a doutrina metodista pelas Ilhas Britânicas e pelo Novo Mundo.
4. Pequenos grupos. Esses encontros eram fundamentais no discipulado metodista.
5. Adoração coletiva. Os metodistas se reuniam frequentemente, e mesmo depois de muitos sacerdotes anglicanos rejeitarem os metodistas, Wesley encorajava seus seguidores a irem ao culto anglicano.
6. Evangelismo. Milhares de novos convertidos eram levados a Cristo através da propagação do avivamento metodista pela Inglaterra e em outros lugares.
A adoração metodista incluía hinos que glorificam a Deus, discipulado que gera crentes maduros e pregação que proclamava a verdade à igreja e a um mundo necessitado.
► Quais aspectos da adoração no avivamento metodista podem beneficiar a sua adoração? Você vê algum perigo na adoração do avivamento wesleyano?
O metodismo surgiu como reação às falhas na adoração do século 18.
“Quando os sacramentos estavam na margem da vida cristã, os primeiros metodistas os colocaram no centro;
Quando o zelo religioso estava em descrédito, o metodismo tornou essencial o entusiasmo; onde a religião estava confinada nas igrejas, o metodismo a levou aos campos e às ruas.”
- James White em Robert Webber Twenty Centuries of
Christian Worship
Uma Imagem da Adoração no Início dos Estados Unidos da América
Os ingleses primeiramente se estabeleceram na costa leste da terra, hoje chamada de Estados Unidos da América. Durante o fim dos anos 1700 e seguintes, as pessoas continuaram a ir para o oeste, território não ocupado, para encontrar terra e construir casas. As pessoas enfrentaram muitos desafios em relação às igrejas, escolas, e a imposição da lei foi se desenvolvendo. Na história, esse território que foi gradualmente sendo ocupado chama-se Velho Oeste.
O propósito de estudar a adoração do início da história dos Estados Unidos não é propor o modelo americano como padrão para toda a adoração, mas compará-la com a adoração que se desenvolve em igrejas novas em outras localidades. Os mesmos desafios são enfrentados por igrejas recém estabelecidas em muitos países.
Características da adoração no início dos Estados Unidos:
1. Independência das denominações e da adoração formal. As igrejas do Velho Oeste tendiam a ser independentes do controle denominacional. Elas davam atenção mínima aos ritos e ordens fixas do culto (embora John Wesley tenha adaptado o seu padrão de culto para as colônias). Os templos e os cultos eram simples e modestos.
2. Oportunidades raras para a ceia. Na Inglaterra, a família Wesley enfatizava a importância da regularidade da ceia. No Velho Oeste, a falta de um clérigo significava que os crentes tinham poucas oportunidades de realizar a Ceia do Senhor.
3. Pregação da Palavra. A pregação continuava a ter a ênfase principal nos cultos. Mesmo os pregadores sem treinamento liam os sermões dos irmãos Wesley e de outros. O ponto de foco da igreja era o púlpito, não a mesa de ceia. A ênfase primária era a pregação da Palavra.
4. Canto animado. Cantava-se com ânimo. As igrejas americanas cantavam os hinos de Charles Wesley, além de canções simples de testemunhos em um estilo fácil para os membros sem instrução aprenderem.
5. Oração, evangelismo e avivamento. A oração era informal e frequentemente feita pelos leigos. O evangelismo era importante, e momentos de avivamento nos Estados Unidos tiveram a conversão de milhares. O sermão normalmente era seguido por um convite aos incrédulos para que fossem à frente e fizessem uma oração de arrependimento. Com uma ênfase na santidade cristã espalhada pelo país, o convite chamava os incrédulos a se converterem e os crentes a uma completa consagração.
Assim como as outras tradições, existiam pontos fortes e perigos nessa adoração. Os pontos fortes eram o envolvimento pessoal e a paixão. O perigo era a ênfase na experiência pessoal com pouca ênfase na doutrina. A propagação de falsos ensinamentos se tornava fácil pelas regiões do oeste, pois havia pouca prestação de contas.
► Quais aspectos da adoração no Velho Oeste podem beneficiar a sua adoração? Você vê algum perigo na adoração da igreja do Velho Oeste?
Perigos na Adoração: Confundir Práticas Mutáveis com Princípios Imutáveis
Frequentemente somos tentados a confundir práticas mutáveis com princípios imutáveis da adoração bíblica. Considere:
Em algumas igrejas, os adoradores se ajoelham na oração para mostrar humildade. Em outras igrejas, os adoradores levantam mãos santas quando oram.
Em algumas igrejas, o órgão é tocado suavemente no momento da oração. Em outras, há silêncio enquanto o pastor ora. Ainda em outras, todos oram em voz alta.
Em algumas igrejas, as músicas são projetadas em uma tela suspensa. Em outras, as pessoas usam o hinário.
Em algumas igrejas, o pastor lê versículos no começo do seu sermão. Em outras igrejas, um membro lê versículos antes da pregação do pastor. Já em outras igrejas, há dois ou três momentos de leitura bíblica.
Nenhuma delas está errada, essas são questões de prática, não de princípio. Nós não devemos pensar que o nosso modo é o único modo bíblico. A verdadeira adoração não é uma questão de estilo: é sobre a presença de Deus.
Existem certos princípios, os quais são imutáveis. Nós vimos esses princípios nas lições sobre adoração na Bíblia. Esses princípios não são opcionais. Como cristãos, esses princípios nos guiam ao nos aproximarmos de Deus.
Nas próximas lições, nós veremos as práticas de adoração. Princípios não mudam; práticas variam em diferentes locais e tempos. Portanto, nós devemos ser tolerantes com aqueles que adoram de uma forma diferente de nós. Isso não significa que as práticas não são importantes; mas significa que haverá mais flexibilidade nas práticas do que nos princípios.
Oswald Chambers escreveu sobre dar espaço a Deus em nossa vida. Isto se aplica na adoração:
Como servos de Deus, nós devemos aprender a dar espaço a Ele … Nós planejamos, mas esquecemos de dar espaço para que Deus venha como Ele quiser. Nós ficaríamos surpresos se Deus viesse aos nossos encontros ou na nossa pregação de uma forma que nunca esperaríamos que Ele viesse? Não espere que Deus venha em uma forma específica, mas espere por Ele. A forma de dar espaço a Ele é esperando que Ele venha, mas não em uma forma específica…
Mantenha a sua vida em contato tão constante com Deus, que Seu poder surpreendente poderá surgir a qualquer momento. Viva em um estado constante de expectativa e dê espaço para Deus vir como Ele quiser.[1]
Como é a adoração no século XXI? Essa é uma pergunta que não pode ser respondida facilmente. A adoração no século XXI tem muitos formatos diferentes. Algumas igrejas valorizam o ritual e a tradição; outras igrejas rejeitam o ritual em favor da liberdade pessoal na adoração.
No lugar de colocar aqui uma descrição da adoração atual, separe tempo para fazer a sua própria descrição. Como é a adoração na sua igreja? Se você estiver estudando em um grupo, discuta as diferenças e similaridades entre a adoração nas igrejas representadas no seu grupo.
Neste ponto do curso, o propósito dessa descrição não é avaliativo. A pergunta não é: “Nós estamos certos ou errados?” A pergunta é simplesmente: “O que fazemos no nosso culto?”
A razão para essa descrição é colocar uma base para as lições a seguir. Assim que tiver uma descrição do que você faz na adoração, poderá começar a perguntar: “Por que fazemos o que fazemos?” e “Como podermos melhorar?”
Decisões sobre adoração refletem crenças teológicas. Os elementos da nossa adoração mostram o que cremos sobre Deus e como nos relacionamos com Ele; os elementos da nossa adoração mostram o que pensamos sobre a igreja e como nos relacionamos uns com os outros; os elementos da nossa adoração mostram o que pensamos sobre os perdidos e como a adoração pode alcançá-los.
Vamos pegar um exemplo: cânticos congregacionais.
A ausência dos cânticos congregacionais na Igreja Católica Romana refletia a crença de que os leigos não poderiam entender as Escrituras (incluíndo as Escrituras cantadas). Assim como não permitiam que leigos lessem as Escrituras por conta própria, também não era permitido que eles cantassem músicas de adoração. A adoração era feita pelo sacerdote.
A ênfase nos cânticos congregacionais na Reforma refletia a crença de Lutero de que todo cristão poderia adorar como parte do corpo de Cristo.
A recusa de Calvino em relação aos hinos, exceto os salmos, refletia a sua crença de que apenas a Palavra de Deus era aceitável na adoração.
A ênfase metodista nos cânticos congregacionais e no ensino da doutrina através de hinos refletia a convicção dos irmãos Wesley: todo crente deve cantar e o que cantamos afeta o que cremos.
A simplicidade da música do Velho Oeste mostrava a convicção metodista: a salvação era para todos. Por causa dessa convicção, eles envolviam todos em canções animadas.
Ao continuarmos este curso, iremos ver muitos elementos da adoração. A sua primeira pergunta sobre adoração provavelmente será: “Eu gosto disso?” Essa não é uma pergunta importante. Mais importante é: “O que a minha adoração diz sobre o que eu creio? Ela mostra um entendimento correto sobre Deus e Seu relacionamento com o homem?”
A nossa adoração molda o que cremos, mas o oposto também é verdade: nossas crenças moldam a forma que adoramos.
A beleza era mais importante do que a espiritualidade.
O povo não conseguia entender os cultos.
As pessoas eram espectadoras, não adoradores ativos.
O evangelho foi substituído por ritos.
(3) Na Reforma:
A adoração demonstrava o sacerdócio do crente.
A adoração acontecia na língua do povo.
Lutero, Calvino e os Puritanos discordavam no papel dos rituais na adoração.
(4) Nas Igrejas Livres posteriores a Reforma:
A pregação era central.
O envolvimento da congregação era importante.
A doutrina do sacerdócio do crente era importante.
Toda a adoração era na língua do povo.
O individualismo extremo era um perigo.
(5) O início da adoração metodista foi marcada por:
Uma ênfase na pregação.
Uma ênfase na ceia frequente.
Uma ênfase nos hinos.
Uma ênfase nos pequenos grupos.
Uma ênfase na adoração coletiva.
Uma ênfase no evangelismo.
(6) A adoração no início dos Estados Unidos da América:
Promovia o envolvimento pessoal e a paixão pelo evangelismo.
Às vezes, enfatizavam a experiência pessoal prejudicando a integridade doutrinária.
(7) A nossa adoração hoje reflete as nossas crenças sobre Deus e como nos relacionamos com Ele.
Tarefas da Lição 5
(1) Flávio Justino descreveu a adoração da igreja do segundo século em alguns parágrafos. Ele estava escrevendo a alguém que nunca havia visto um culto cristão. Escreva 2 ou 3 parágrafos sobre o seu culto de adoração, descrevendo-o a alguém que nunca foi a uma igreja. Considere cuidadosamente o que é mais importante sobre sua adoração. Como você pode explicar o culto de uma forma que irá comunicar o que é central na adoração cristã?
Se você estiver estudando em grupo, discuta as respostas de cada aluno na próxima aula.
(2) No começo da próxima lição, você fará um teste baseado nesta lição. Estude as perguntas do teste como preparação.
Teste da Lição 5
(1) Liste três elementos da adoração do segundo século descritos por Flávio Justino.
(2) Liste três fraquezas da adoração na Idade Média.
(3) Quais eram as duas preocupações principais da Reforma em relação ao sacerdócio dos crentes?
(4) Identifique o(s) grupo(s) da Reforma que melhor se encaixam em cada descrição.
Permitiam qualquer prática de adoração que não fosse proibida na Bíblia: _______________
Não permitiam práticas de adoração que não fossem discutidas na Bíblia: _______________
Rejeitavam a maioria dos cerimoniais. Algumas vezes adoravam em casas: _______________
(5) Liste três características da adoração das igrejas livres.
(6) Liste três ênfases da adoração dos primeiros metodistas.
(7) Liste três características da adoração no início dos Estados Unidos da América.
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