A Igreja XYZ é bem conhecida pelo seu tempo de adoração. Os cultos deles seguem este padrão:
Ordem do Culto da Igreja XYZ
Prelúdio e anúncios
Momento de adoração (louvores)
30 minutos
Ofertas/Música especial/Oração
15 minutos
Sermão
30 minutos
Momento de adoração (louvores)
15 minutos
As pessoas gostam da música da Igreja XYZ. Os visitants elogiam o culto cheio de energia. Porém, o Pastor Bill começou a se preocupar com os resultados de longo prazo de seu ministério. Os novos convertidos logo vão para outras congregações; ainda pior, uma pesquisa feita com membros de longa data mostrou que a igreja “não está gerando discípulos sólidos de Jesus Cristo. Números, sim; discípulos, não.”[1]
Bill acredita que parte do problema é o entendimento da igreja sobre adoração. Na Igreja XYZ, adoração é igual a música. O Pastor Bill está começando a perguntar: “A verdadeira adoração inclui algo além da música? Nós estamos separando a Palavra de Deus e a oração da adoração? Isso reduz o impacto da pregação?”
► Por favor, responda às preocupações do Pastor Bill. Há uma diferença entre adoração e pregação? Como a Igreja XYZ pode conectar todas as partes do culto na mente dos adoradores?
[1]Isso é uma citação de uma pesquisa feita por uma das maiores igrejas americanas. Eles descobriram que a maioria de seus membros nunca haviam alcançado um verdadeiro discipulado.
A Importância das Escrituras na Adoração
Como evangélicos, nós ensinamos que as nossas doutrinas e a nossa adoração são guiadas pelas Escrituras. Nós cremos que a Bíblia deve ter um lugar central na nossa adoração. Deus fala com Seu povo na leitura da Palavra. Desde o tempo do Antigo Testamento, as Escrituras estão no centro da adoração.
Infelizmente, embora digamos que a Bíblia é a raiz da nossa adoração, muitas igrejas incluem pouca leitura bíblica no culto. É possível ir a um culto em algumas igrejas e ouvir apenas alguns poucos versículos. Isso está longe do modelo bíblico de adoração.
Ler a Palavra Era Importante na Adoração Bíblica
► Leia Êxodo 24:1-12.
Em Êxodo 24:7, Moisés levou o Livro da Aliança e leu ao povo. As pessoas prometeram seguir as ordenanças de Deus: “Faremos fielmente tudo o que o Senhor ordenou.” Depois disso, Deus escreveu um resumo da aliança (os Dez Mandamentos) nas tábuas de pedra. Israel era o povo do Livro. A aliança escrita era central na adoração de Israel.
A Palavra de Deus era central no tabernáculo e no templo. As festas anuais eram os eventos mais importantes no ano judaico. Na Páscoa, na Festa dos Primeiros Frutos e na Festa dos Tabernáculos, porções da Palavra de Deus eram lidas em público. A cada sete anos, a nação se reunía para ouvir a lei ser lida e a aliança ser renovada.[1]
No Novo Testamento, Paulo ordenou que os cristãos lessem as Escrituras publicamente. Isso incluía o Antigo Testamento, as cartas de Paulo e outros escritos classificados como Escritura.[2] Ele instruiu um jovem ministro a se dedicar à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino (1 Timóteo 4:13). A Palavra de Deus era central na adoração do Novo Testamento.
Pregar a Palavra Era Importante na Adoração Bíblica
► Leia Neemias 8:1-18.
Depois do retorno do exílio, Esdras leu a lei ao povo. O povo se reuniu para ouvir a leitura da lei por Esdras na presença de homens e mulheres e daqueles que poderiam compreender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei (Neemias 8:3). Como resposta, o povo disse “amém” e caíram sobre seus rostos em adoração. Enquanto Esdras e os outros liam, eles explicavam as Escrituras para que os ouvintes entendessem a leitura. Esse é um exemplo bíblico de pregação, explicação e aplicação da Palavra de Deus às necessidades das pessoas. A verdadeira pregação bíblica inspira a adoração como resposta à Palavra.
Jesus foi à sinagoga no sábado, assim como era Seu costume, e leu o livro de Isaías. Quando terminou, Jesus pregou um sermão no qual mostrou que Ele havia vindo para cumprir a promessa de Isaías (Lucas 4:16-29).
[3]Em seu sermão no Pentecoste, Pedro mostrou que as promessas do Antigo Testamento foram cumpridas no ministério de Jesus e na vinda do Espírito Santo. Ele concluiu sua explicação das Escrituras com um convite ao arrependimento e ao batismo (Atos 2:14-41). A pregação bíblica pede uma resposta dos ouvintes. A pregação fala com a mente, mas também deve falar com o coração. A pregação deve pedir uma resposta da vontade. Quando Jesus citou as Escrituras na estrada de Emaús, o coração dos ouvintes queimou dentro deles (Lucas 24:32).
A pregação foi importante no crescimento da igreja primitiva. Em Atos, a Palavra de Deus é mencionada mais de 20 vezes. Os apóstolos pregavam a Palavra do Senhor; eles falavam a Palavra de Deus com ousadia; eles ensinavam a Palavra de Deus. Como resposta, muitos receberam a Palavra de Deus; ela cresceu e multiplicou; ela prevaleceu; e gentios glorificaram a Palavra do Senhor. A Palavra de Deus era o fundamento da mensagem dos apóstolos.
Embora a pregação não seja a única forma pela qual as Escrituras falam, ela é a forma principal pela qual a Palavra de Deus é levada ao povo. Para realizar esse propósito, o pastor nunca deve esquecer que a Palavra de Deus deve estar no centro. A pregação bíblica deve começar com a Palavra, explicá-la e pedir uma resposta pessoal em relação a ela.
Pregar a Palavra Foi Importante na História da Igreja
A pregação era central na adoração dos primeiros séculos da igreja. No segundo século, Flávio Justino escreveu que os cristãos se reuniam aos domingos para ler as epístolas e os profetas e ouvir as explicações sobre eles. No terceiro século, porções das seções principais da Bíblia eram lidas na adoração.
Na Idade Média, a igreja católica minimizou o papel da pregação, mas os reformadores colocaram a pregação de volta no lugar central da adoração. O objetivo da pregação reformada não era entreter, atender a agenda pessoal do pregador, ou as demandas culturais da sociedade. O objetivo da pregação era fazer uma exposição cuidadosa da Palavra de Deus; explicá-la de uma forma que impactasse os ouvintes e os chamasse a uma resposta que mudasse sua vida.
[1]Timothy J. Ralston, “Scripture in Worship” em Authentic Worship. Editado por Herbert Bateman. (Grand Rapids: Kregel, 2002), 201
“A bênção da verdadeira exposição bíblica é um coração incendiado, não uma cabeça inflada.”
- Warren Wiersbe
Colocando as Escrituras no Centro da Adoração
Se a Palavra de Deus deve estar no centro da nossa adoração, como colocamos esse princípio na prática? Passos práticos para ter as Escrituras no centro da nossa adoração incluem:
As Escrituras Devem Estar Inclusas em Todas as Partes da Adoração
Nós não devemos esperar o sermão para ouvir a Palavra na adoração. Não há maneira melhor de começar a adoração do que com a Palavra de Deus.
Considere duas formas de começar o culto. Qual seria o convite mais eficaz para entrar na presença de Deus?
1. “Obrigado por virem à igreja hoje. A chuva dificultou o trajeto para alguns de vocês, mas estou feliz que vocês vieram. Vamos colocar nossa atenção em Deus e na adoração. Vocês podem ficar em pé para cantarmos ‘Santo, Santo, Santo?’”
2. “‘Alegrei-me com os que me disseram, vamos à casa do Senhor!’. Bem-vindos à casa de Deus! No templo, Isaías viu o Senhor num trono alto e exaltado. Ele ouviu anjos cantando ‘Santo, santo, santo é o Senhor dos exércios; a terra inteira está cheia da sua glória.’ Juntem-se em louvor enquanto cantamos ‘Santo, santo, santo.’”
O primeiro líder nos lembra das dificuldades do trajeto; o segundo líder nos lembra da alegria da adoração. O primeiro líder usou palavras comuns; o segundo líder usou a Palavra de Deus. O primeiro líder anunciou um hino comum; o segundo líder nos lembrou que os anjos cantam esse hino em seu louvor a Deus. Qual igreja irá cantar com mais entusiasmo?
Depois dos ataques terroristas do 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, as congregações se reuníram em suas igrejas no domingo para adorar como de costume. Compare a abertura dos cultos destas duas igrejas:
1. “Obrigado por se juntarem a nós neste dia. Esta semana foi trágica na nossa nação. Muitos de nós estamos de luto. Obrigado por virem adorar mesmo neste tempo difícil. Vamos começar cantando ‘A Mensagem da Cruz.’”
2. “‘Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade’. Nesses tempos difíceis, nós nunca devemos esquecer que Ele é a nossa esperança; Ele é o nosso refúgio. Junte-se a nós e vamos lembrar que ‘Castelo forte é o nosso Deus, defesa e boa espada.’”
O primeiro líder lembrou a congregação de seu luto; o segundo líder a lembrou que Deus é a sua esperança. Uma passagem bíblica e um hino baseado nela proveram uma base sólida em uma semana em que a confiança das pessoas foi testada.
As Escrituras podem ser usadas em muitas partes do culto:
Nas palavras iniciais do culto;
No convite para ofertar;
Nas palavras da música;
Na oração.
A nossa adoração deve estar saturada com a Palavra de Deus. A adoração é uma resposta à revelação de Deus sobre Ele mesmo na Sua Palavra. As Escrituras devem ditar todas as partes do culto.
A Leitura Bíblica Deve Estar No Centro da Adoração
Você já ouviu algum pastor dizer: “Estamos com pouco tempo hoje, e eu tenho um sermão longo, então vou pular a leitura do texto bíblico”? O que é mais importante, a Palavra de Deus ou as nossas palavras? Devemos dar tempo para as Escrituras na adoração.
Visto que a leitura bíblica é adoração, nós devemos prestar atenção na forma que lemos. A leitura deve ser clara e distinta. O leitor (seja o pastor seja um membro) deve praticar antes do culto. Nos três primeiros séculos da igreja, a posição de leitor das Escrituras era uma confiança sagrada. Os leitores ficavam com os livros devidos em casa para praticarem a leitura. Quando liam na adoração, eles estavam preparados para ler clara e expressivamente.[1]
Lembre-se, essa é a Palavra de Deus sendo lida na casa de Deus para o povo de Deus como um ato de adoração. Se a música precisa de prática, a Palavra de Deus também precisa. Não é uma questão de orgulho nas nossas habilidades; é uma questão de garantirmos que a Palavra está sendo comunicada aos ouvintes. Isso é a Palavra de Deus; ela é importante!
Nós devemos tornar significativo o momento da leitura bíblica. Usar métodos diferentes de leitura irão manter a palavra fresca nos ouvidos dos ouvintes.
(1) Algumas vezes, a passagem bíblica pode ser lida pelo líder enquanto a congregação ouve Deus falar. Esse método de leitura é apropriado para a maior parte do Pentateuco e a maioria dos livros proféticos.
(2) Algumas vezes, o líder e a congregação podem alternar a leitura. Muitos dos salmos são adequados para esse método de leitura responsiva.
► Leia Salmos 136. O líder de classe irá ler o início de cada verso e a classe irá responder com a segunda parte: “O seu amor dura para sempre.”
As bem-aventuranças são adequadas para a leitura responsiva (Mateus 5:1-10):
Líder: Bem-aventurados os pobres em espírito, Congregação: pois deles é o Reino dos céus. Líder: Bem-aventurados os que choram, Congregação: pois serão consolados.
(3) Alguns versículos podem ser lidos pela congregação em uníssono. Assim como a música congregacional, ler a Bíblia como um corpo demonstra a unidade da igreja. Toda a igreja se une para falar a Palavra de Deus. Orações como Salmos 124 são apropriados para uma leitura uníssona.
O registro de Neemias sobre a leitura da lei por Esdras mostra o impacto da centralidade das Escrituras na nossa adoração.
► Leia Neemias 8 novamente se você precisar rever o registro.
Observe os detalhes da leitura.
Esdras abriu o livro na frente de todos. Havia uma conexão visual com o livro.
Ele estava em pé acima de todos. O leitor poderia ser claramente visto e ouvido.
Quando ele começou a ler, todos ficaram em pé. Houve uma resposta física à Palavra.
Enquanto ele lia, todas as pessoas respondiam “amém, amém”, erguendo as mãos e curvando a cabeça, adoravam ao Senhor com o rosto no chão. Elas expressavam sua submissão à Palavra de Deus.
Os levitam leram a lei de Deus claramente e deram o seu significado para que o povo entendesse a leitura. As pessoas prestaram atenção para entenderem a Palavra de Deus. Esse é o objetivo da pregação hoje.
As pessoas choraram quando ouviram as palavras da lei. Neemias disse para que se alegrassem, “porque a alegria do Senhor os fortalecerá.” A Palavra de Deus inspirou arrependimento e alegria.
Embora nem todos os detalhes dessa ocasião especial serão repetidos nos nossos cultos, esse registro mostra o poder das Escrituras. Nós devemos mantê-las no centro da nossa adoração.
Check-up
A sua congregação reconhece a importância da leitura bíblica na adoração? Descreva alguns comportamentos e respostas que você vê quando olha ao redor da igreja no momento da leitura bíblica.
Em um domingo comum, quantas passagens bíblicas diferentes são ouvidas pela sua congregação? Os adoradores sabem o porquê da inclusão de cada versículo?
A Pregação da Palavra Deve Estar no Centro da Nossa Adoração
Assim como os estilos musicais mudam em todas as gerações, os estilos de pregação mudam para atender as necessidades de cada geração. A Bíblia não define um estilo musical como sendo o estilo bíblico para a música de adoração; e a Bíblia não define um método de pregação como sendo o estilo bíblico para a pregação.
O estilo pode mudar de uma geração para a outra e de cultura para cultura; mas o conteúdo não deve mudar. A Bíblia não define um estilo musical, mas define o conteúdo. Da mesma forma, os estilos de pregação podem mudar de uma geração para a outra, mas o conteúdo não deve mudar.
Os sermões nas Escrituras mostram que a proclamação da Palavra de Deus é a responsabilidade principal do pregador que está diante de uma congregação. O foco na Palavra de Deus deve permanecer central na pregação contemporânea. Tecnologias novas e métodos de aprendizado podem afetar o estilo da pregação; mas o conteúdo deve permanecer enraizado na Bíblia.
Se pregação é adoração, nós somos responsáveis em prepará-la cuidadosamente. Nós devemos levar os nossos melhores dons ao altar de Deus. Davi não daria aquilo que não o custou nada; nós não devemos entregar sermões despreparados como presente a Deus. Nós devemos preparar nosso sermão cuidadosamente antes do culto (2 Samuel 24:24).
Pregação requer uma resposta da congregação.
Se pregação é adoração, ela requer uma resposta da congregação. Na adoração nós vemos Deus, vemos a nós mesmos e vemos as necessidades do nosso mundo (Isaías 6:1-8; veja a lição 1). Os nossos sermões devem revelar Deus ao ouvinte, nossos sermões devem mostrar ao ouvinte sua necessidade e devem inspirar a igreja a alcançar um mundo perdido. Pregação como adoração irá levar convicção aos pecadores e irá inspirar os crentes ao evangelismo.
Pregação requer uma resposta do pregador.
Se pregação é adoração, nós iremos reconhecer que a pregação requer uma resposta nossa. Se nos preparamos para pregar como um ato de adoração sacrificial, veremos Deus; receberemos convicção das áreas de necessidade na nossa própria vida e veremos as necessidades do mundo ao nosso redor. Como resposta, iremos dizer com Isaías: “Eis-me aqui. Envia-me.” A verdadeira pregação irá transformar o pregador. Nós não devemos levar uma mensagem de Deus para as congregações até que Deus tenha falado conosco pessoalmente e nós tenhamos respondido.
Jesus não repreendeu os escribas (pregadores) do seu tempo por causa de sermões ruins, mas os repreendeu por não viverem o que pregavam. Eles conheciam as Escrituras e sabiam como explicá-las, mas não eram transformados por elas. Jesus disse: “…pois não praticam o que pregam” (Mateus 23:3). Se pregação é adoração, nós, como pastores, seremos transformados pelas verdades que pregamos. Por sua vez, Deus irá falar através de nós para transformar o coração e a vida daqueles para quem pregamos.
O pregador deve ser empoderado pelo Espírito Santo.
Se pregação é adoração, o pregador deve ser empoderado pelo Espírito Santo. Assim como todas as outras formas de adoração dependem do Espírito Santo para terem o verdadeiro poder, o pregador deve ser ungido pelo Espírito de Deus se quiser ser eficaz.
► Leia 2 Coríntios 3:3-18.
Nós trazemos a nossa melhor preparação como sacrifício; porém, depois de finalizarmos a nossa preparação, o poder da pregação virá do Espírito Santo. Sem o poder do Espírito Santo, poderemos falar com a mente, impressionar a congregação e ter um bom conteúdo, mas não iremos transformar vidas.
Check-up
A sua pregação é um ato de adoração bíblica? Se uma pessoa o ouve pregar regularmente, irá ouvir uma verdade bíblica equilibrada?
[1]Keith Drury, The Wonder of Worship, (Fishers, IN: Wesleyan Publishing House, 2002), 35
[2]“Se a pregação não for um ato de adoração, a igreja poderá acabar adorando o pregador no lugar de adorar a Deus.”
- Warren Wiersbe
[3]“Pregação que não é adoração é profana…. O verdadeiro sermão é um ato de Deus, não uma mera performance do homem.”
- Adaptado de J.I. Packer
Perigos na Adoração: A Perda da Palavra
A Bíblia perdeu o seu lugar na vida diária de muitos crentes. Infelizmente, ela também perdeu o seu lugar no culto semanal de muitas igrejas. Onde a igreja primitiva cantava salmos, hoje algumas igrejas cantam músicas com pouco conteúdo bíblico ou sem nenhum conteúdo. Onde a igreja primitiva lia longas passagens bíblicas, hoje algumas igrejas leem apenas alguns versículos antes do sermão. Em muitos cultos, a Bíblia foi substituída por músicas e um sermão que dá pouca atenção à Palavra de Deus.
Alguns líderes do movimento de igrejas contemporâneas insistem que a leitura bíblica pública não fala mais com as necessidades modernas. Um pastor muito conhecido recentemente pediu aos voluntários de sua igreja para que avaliassem a sua pregação. Eles disseram que ele estava usando muito a Bíblia! “É bom que você fundamente o seu sermão na Bíblia, mas é melhor que você fale algo relevante bem rápido, senão paramos de ouvir.” Os voluntários da igreja não pensavam que a Bíblia era relevante para as pessoas hoje!
Como líderes, nós devemos manter a centralidade das Escrituras na adoração. Na adoração, falamos com Deus através da oração e dos louvores. Na adoração, ouvimos Deus falar conosco através da leitura e da proclamação da Palavra. Independentemente do nosso estilo, nunca devemos perder a centralidade da Palavra de Deus na adoração.
► Reveja Neemias 8. Faça uma lista de cada frase que mostra o valor dado pelas pessoas à leitura da lei. Compare isso com a leitura bíblica atual no seu culto. Discuta um passo prático que poderia reforçar o impacto das Escrituras na sua adoração.
A Importância da Oração na Adoração
Kathy[1] é uma cristã empenhada. Mesmo quando estava na escola, ela passava um tempo a sós com Deus a cada manhã. Antes do café da manhã, ela tinha um tempo de oração e leitura da Bíblia.
Porém, agora que ela é mãe de quatro filhos, ficou mais difícil orar e ler a Bíblia. Um dos filhos é um bebê que acorda Kathy durante a noite. Ela tem tido dificuldade em sair da cama antes de as crianças acordarem. Quando já é noite, ela está muito cansada para focar na oração e na Bíblia.
Kathy fica feliz quando chega o domingo. Todo domingo ela recebe um impulso espiritual na adoração, mas fica desencorajada durante a semana. Ela sente que sua vida de devocional se tornou um fracasso total.
► Por favor, dê para Kathy um conselho prático para a sua vida de devocional.
Nós começamos esta lição com um estudo sobre as Escrituras na adoração. Vamos prosseguir com o estudo sobre a oração na adoração. Na Bíblia, Deus fala conosco; na oração, nós respondemos a Deus. A Bíblia e a oração devem saturar a nossa adoração.
Oração Pública e Oração Privada na Adoração Bíblica
Nós vimos que o livro de Salmos era o hinário da adoração judaica e também era o “livro de oração” judaico. Os salmos incluem orações para o culto público e para o âmbito privado. Ambos são importantes para a adoração judaica.
Em casa, os judeus fiéis oravam três vezes ao dia (Daniel 6:10).[2] Muitos salmos são orações privadas. Isso pode ser reconhecido pelo uso do pronome eu no lugar de nós na oração. Exemplos de salmos de orações privadas incluem:
Salmo 116 – um cântico de gratidão pelo cuidado de Deus.
No templo, os adoradores judeus se uniam na oração pública. Na dedicação do templo, Salomão fez uma oração nacional pedindo o favor de Deus ao povo (2 Crônicas 6). Isaías levou uma mensagem de Deus a Judá: “…pois a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Isaías 56:7). Depois do exílio, a adoração na sinagoga tinha como foco a leitura da lei e a oração. Os cultos começavam com uma série de orações.
O padrão hebreu de oração continuou na igreja primitiva. Os cristãos do primeiro século oravam três vezes ao dia em casa. Quando eles se encontravam para adorar, oravam como um corpo. A Oração do Pai Nosso fazia parte dos cultos, e outras orações eram feitas ao longo do culto.
Oração na Adoração Atualmente
Se a oração era importante na adoração bíblica, também deve ser importante na nossa adoração hoje. Tanto a oração pública quanto a privada são importantes.
[4]A oração privada nos conecta com a Videira e provê nutrição para a nossa vida espiritual. A falta de oração privada pode explicar a falta de poder espiritual em muitas igrejas. Se Jesus precisou de momentos privados de oração durante Seu ministério terreno, quanto mais nós iremos depender da oração para termos nutrição espiritual e poder no ministério.
A oração pública é um elemento importante da adoração. Algumas igrejas dão pouca atenção a ela. Um pastor defendeu a falta de oração pública em sua igreja dizendo: “Você não consegue manter o povo interessado com os olhos fechados.”[5] Ele acreditava que agradar a audiência era mais importante do que agradar a Deus.
A oração em conjunto corrige a falsa ideia de que o cristianismo é apenas sobre mim e o meu relacionamento com Deus; nós somos parte de um corpo. Quando ouvimos os pedidos e nos unimos em oração, ficamos cientes das doenças dos companheiros, problemas emocionais e circunstâncias da vida. A oração em conjunto nos lembra que os membros da igreja são um corpo; ela nos lembra que Deus cuida da congregação como um corpo.
Assim como a Bíblia deve ser usada ao longo do culto, orações devem ser feitas ao longo do culto. Desde uma oração de abertura do culto que convida a presença de Deus até o momento de oração pelas necessidades das pessoas, até a bênção apostólica enquanto os membros saem para ministrarem no mundo, a oração deve deve dar foco na nossa adoração.
[1]A história de Kathy foi retirada de The Wonder of Worship, Keith Drury (Fishers, IN: Wesleyan Publishing House, 2002), 17.
[2]A prática de Daniel era comum entre os judeus fiéis.
[3]Esse salmo provavelmente foi escrito imediatamente depois do arrependimento de Davi no salmo 51.
[4]“Muito mais crentes acreditam na devoção pessoal do que realmente a têm.”
- Keith Drury
[5]Citado em The Wonder of Worship, Keith Drury (Fishers, IN: Wesleyan Publishing House, 2002), 28.
Colocando a Oração no Centro da Adoração
Quais são algumas formas práticas de dar à oração um lugar mais significativo no culto? Aqui estão seis sugestões práticas.
Ninguém está preparado para liderar outros na adoração até que tenha sido o primeiro a adorar. Ninguém está preparado para fazer a oração pública até que tenha orado privadamente primeiro. É apenas quando desenvolvemos uma vida de oração no privado que somos equipados para liderar outros na oração pública. Como líder de adoração, comprometa-se com a disciplina de oração privada diária.
Aprenda a Orar
Os discípulos de Jesus pediram: “Ensina-nos a orar” (Lucas 11:1). Como resposta, Jesus ensinou um modelo de oração conhecido como a Oração do Pai Nosso. A oração pode ser aprendida.
Até certo ponto, a oração é natural para todos os filhos de Deus; no entanto, ela pode ser aprendida. A criança aprende a falar sem ter aulas de fala. Porém, enquanto cresce, ela aprende mais sobre linguagem, vocabulário e a dicção correta. Da mesma forma, o jovem cristão naturalmente deseja falar com Deus, mas enquanto amadurecemos na fé, nosso entendimento e apreciação pela oração se aprofunda.
Livros sobre oração podem aprofundar o seu entendimento sobre o assunto. Alguns clássicos que podem beneficiar todos os cristãos são:
Poder Pela Oração, de E.M. Bounds;
Com Cristo na Escola de Oração, de Andrew Murray;
A Oração Poderosa Que Prevalece, de Wesley Duewel.
Ore as Palavras das Escrituras
Não há lugar melhor para aprender a orar do que a Bíblia; ela é a primeira escola de oração. Os salmos e outras orações bíblicas nos ensinam a orar eficazmente. Ao longo da história da igreja, grandes cristãos preencheram suas orações com a Bíblia. Algumas grandes orações na Bíblia são:
Orações de adoração. Êxodo 15:1-18, 1 Samuel 2:1-10, 1 Crônicas 29:11-20, Lucas 1:46-55, Lucas 1:68-79, 1 Timóteo 6:15-16 e Apocalipse 4:8-5:14.
Orações de confissão. Esdras 9:5-15, Salmos 51 e Daniel 9:4-19.
Orações de intercessão. Gênesis 18:23-33, Êxodo 32:11-14, Efésios 1:15-23 e Filipenses 1:9-11.
Foque na Comunhão com Deus
Diversas vezes, nossa oração apenas faz pedidos a Deus. Algumas pessoas dão a Deus uma lista de pedidos, agradecem pela resposta dos pedidos de ontem e então dizem “amém.” A verdadeira oração deve ser mais que uma lista de pedidos; oração é comunhão com Deus.
A Oração do Pai Nosso provê um modelo de oração (Mateus 6:9-13). Essa oração inclui:
Adoração: “Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.”
Submissão: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”
Petição: “Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.”
Confissão: “Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.”
Oração por ajuda: “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”
Louvor: “Porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém.”
Muitos cristãos seguem o padrão de quatro partes, o qual inclui cada um dos elementos do modelo de oração de Jesus: adoração, confissão, agradecimento e súplica.
Adoração
A oração nunca deve omitir a adoração e o louvor. Ao começarmos com louvor, fazemos com que a nossa oração seja mais do que uma lista de pedidos de ajuda. Os salmos proveem modelos de orações fundamentadas no louvor. Mesmo os salmos de lamento incluem louvores. Se oração é adoração verdadeira, irá incluir louvores a Deus.
Confissão
Isaías 6 mostra que quando vemos Deus (contemplação), também vemos a nós mesmos. Quando nós vemos a luz da pureza perfeita de Deus, entendemos a nossa necessidade de confissão. Nenhum cristão — não importa quão maduro ou quão profunda é sua caminhada com Deus — deve chegar ao lugar de dizer: “Eu não preciso me confessar. Minha perfeição é absoluta.” Jesus disse aos Seus discípulos: “Quando vocês orarem, digam… Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem” (Lucas 11:4). A verdadeira adoração inclui confissão.
Agradecimento
Na adoração louvamos a Deus por quem Ele é; no agradecimento louvamos a Deus pelo que Ele está fazendo no nosso mundo. Agradecer é reconhecer que toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto (Tiago 1:17). Dar ações de graças é agradecer a Deus pelo que Ele fez na nossa vida. A história dos 10 leprosos mostra a importância de agradecer (Lucas 17:12-19).
Súplica
Na Oração do Pai Nosso, Jesus mostrou que Deus valoriza os pedidos de Seus filhos. Deus não é como os governantes terrenos, que são muito ocupados para serem incomodados com as necessidades dos cidadãos comuns. Na verdade, Deus é o Pai perfeito que tem prazer em dar boas dádivas aos Seus filhos. Na Oração do Pai Nosso, nós somos encorajados a orar por necessidades comuns (“dá-nos hoje o nosso pão de cada dia”) e por ajuda espiritual (“não nos deixes cair em tentação”).
Na Oração do Pai Nosso, nós aprendemos a submeter a nossa vontade a Deus quando fazemos pedidos. Como filhos que confiam, nós aprendemos que Sua vontade é perfeita; o Seu “não” é para o nosso bem. A oração não é uma ferramenta mágica para forçar Deus a fazer a nossa vontade; a oração é uma disciplina espiritual que nos leva a uma submissão alegre à vontade de Deus.
Alinhe as Suas Prioridades Com as Prioridades de Deus
Frequentemente a oração mostra o que é mais importante para nós. O que inspira a nossa oração mais sincera: necessidades físicas ou necessidades espirituais?
Em sua oração pelos cristãos de Tessalônica, Paulo disse: “Conscientes disso, oramos constantemente por vocês, para que o nosso Deus os faça dignos da vocação e, com poder, cumpra todo bom propósito e toda obra que procede da fé. Assim o nome de nosso Senhor Jesus será glorificado em vocês, e vocês nele…” (2 Tessalonicenses 1:11-12). A maior preocupação de Paulo era que Deus cumprisse o Seu propósito na vida deles. Esses cristãos estavam sendo perseguidos, mas a oração de Paulo não era para que Deus os resgatasse do sofrimento. Em vez disso, ele orou para que o nome do Senhor Jesus fosse glorificado neles.
Assim como os nossos pedidos mostram as nossas prioridades, nossos agradecimentos mostram as nossas prioridades. Se a maioria dos nossos agradecimentos são por bênçãos materiais, elas podem ser o que mais valorizamos. Se a maioria dos nossos agradecimentos são pela ajuda de Deus na nossa vida espiritual, o crescimento espiritual é o que mais valorizamos.
Em sua oração pelos tessalonicenses, Paulo agradeceu a Deus, porque a fé deles crescia abundantemente e o amor uns pelos outros crescia também (2 Tessaloncenses 1:3). Seu maior agradecimento não era por bênçãos temporárias; seu maior agradecimento era pelo crescimento espiritual deles. O que lhe dá o maior motivo de agradecimento: uma bênção financeira ou uma evidência de crescimento espiritual na sua vida?
Fale Com Deus, Não Com a Igreja
Pelas Escrituras Deus fala com a igreja; pela oração, a igreja fala com Deus. O momento de oração pública não é uma oportunidade para o líder dizer ao povo (através da oração) o que ele quer lhe dizer! A oração fala com Deus.
Jesus disse aos Seus discípulos como orar com um espírito de verdadeira adoração:
E quando vocês orarem, não sejam como os hipócritas. Eles gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros. Eu lhes asseguro que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você orar, vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está em secreto. Então seu Pai, que vê em secreto, o recompensará. E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos. Eles pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não sejam iguais a eles, porque o seu Pai sabe do que vocês precisam, antes mesmo de o pedirem (Mateus 6:5-8).
A verdadeira oração não tenta impressionar Deus ou a congregação; ela fala de forma simples e clara com o nosso Pai celestial.
► O que você irá fazer para crescer na sua vida pessoal de oração? Como você irá fazer com que a oração tenha um lugar mais significativo no culto da sua igreja?
[1]“O elemento-chave na vida cristã é a experiência diária de adoração e exaltação a Deus como centro da nossa existência pessoal.”
- Dennis Kinlaw
A Oferta Como Uma Resposta à Palavra de Deus
Oração é a resposta natural à Palavra de Deus. Por causa disso, nós devemos orar após a leitura bíblica e a pregação. Na oração, respondemos à verdade que recebemos das Escrituras; fazemos o compromisso de obedecer.
A oferta também é uma resposta à Palavra de Deus. No Antigo Testamento, o sacrifício (oferta) era a resposta do adorador à lei (Palavra de Deus). No Novo Testamento, a oferta simboliza a entrega de todo o nosso ser a Deus.
A oferta faz parte da adoração. O salmista chamou os adoradores a entrarem nos átrios com ofertas (Salmos 96:8). O autor de Hebreus conectou a adoração com a oferta: “Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada” (Hebreus 13:16). Paulo disse aos filipenses que a oferta deles tinha aroma suave e era um sacrifício aceitável e agradável a Deus (Filipenses 4:18).
Uma Teologia de Oferta de Adoração
Muitas pessoas que vão à igreja veem a oferta principalmente como uma maneira de pagar as contas da igreja. Isso faz da oferta uma transação financeira em vez de um ato espiritual de adoração. A mordomia cristã deve ser entendida como parte da adoração. Cada um dos princípios abaixo deve ser parte da nossa teologia de oferta.
A oferta de adoração é motivada pela graça, não pelo medo.
Ofertar como um ato de adoração é motivado pelo agradecimento a graça de Deus. Paulo pediu aos coríntios que ajudassem os cristãos necessitados em Jerusalém. Ele não os ameaçou: “Vocês devem dar, porque pode ser que um dia vocês precisem de ajuda.” Em vez disso, ele concluiu seu apelo com louvor: “Graças a Deus por seu dom indescritível!” (2 Coríntios 9:15). A oferta deles seria motivada pela gratidão ao dom da graça de Deus. A oferta da verdadeira adoração vem de um coração disposto.
A oferta de adoração é motivada pelo amor, não pela recompensa.
A verdadeira adoração é motivada pelo amor a Deus, não pelo desejo de uma recompensa. As ofertas monetárias são um símbolo da nossa entrega pessoal a Deus. Paulo elogiou os cristãos da Macedônia, porque “entregaram-se primeiramente a si mesmos ao Senhor e, depois, a nós, pela vontade de Deus” (2 Coríntios 8:5). As suas dádivas eram um simbolo do seu amor a Deus e aos apóstolos que levaram o evangelho para a região deles.
Assim como a música ou outras práticas de adoração podem ser feitas pelas razões erradas, a oferta pode ser motivada pelo desejo de receber uma recompensa, não por amor a Deus. Alguns evangelistas prometem que Deus irá retribuir financeiramente aqueles que ofertam suas finanças. Ao distorcer passagens do seu contexto bíblico, eles prometem uma recompensa de cem vezes mais do que foi dado ao Senhor. Essa oferta não seria um ato amoroso de adoração, mas seria como comprar um bilhete de loteria cósmico em que o ofertante espera acertar o número! Em nenhum lugar a Bíblia recomenda esse tipo de oferta.
Na verdade, a Bíblia recomenda a oferta de Maria. Quando ela ungiu Jesus, não havia recompensa à vista. Ela derramou suas economias sem pensar no retorno. Até mesmo os discípulos ficaram bravos por causa do desperdício dela. Apenas Jesus viu e a elogiou pelo seu presente: um presente motivado somente pelo amor (Mateus 26:6-13).
A oferta de adoração é motivada não apenas pelo amor a Deus, mas pelo amor aos outros. João lembrou os seus leitores que o verdadeiro amor é mais que palavras: é ação. O amor dos filipenses por Paulo era visto na doação deles. O amor do crente pelos outros é visto na sua doação.
Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade (1 João 3:17-18).
A oferta de adoração é generosa, não é avarenta.
Paulo desafiou a igreja de Corinto a ofertar generosamente quando disse: “Vocês serão enriquecidos de todas as formas, para que possam ser generosos em qualquer ocasião e, por nosso intermédio, a sua generosidade resulte em ação de graças a Deus.” A generosidade deles era uma expressão de agradecimento a Deus. “O serviço ministerial que vocês estão realizando não está apenas suprindo as necessidades do povo de Deus, mas também transbordando em muitas expressões de gratidão a Deus” (2 Coríntios 9:11-12). Para que a oferta seja um verdadeiro ato de adoração, ela deve ser generosa.
A oferta de adoração é motivada pela humildade, não pelo orgulho.
► Leia Mateus 6:1-4.
No Sermão da Montanha, Jesus alertou sobre ofertar com motivações erradas. Alguns ofertam para receber louvor dos outros: sua recompensa é louvor. “Eles já receberam sua plena recompensa.” Alguns ofertam discretamente, enquanto louvam a si mesmos por sua humildade: sua recompense é autossatisfação. Jesus disse: “Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita.” Não elogie a si mesmo por sua generosidade. Em vez disso, permita que seu Pai celestial veja e recompense da forma que Ele quiser.
Uma História de Oferta Alegre
John Wesley recém havia terminado de comprar quadros para o seu quarto quando uma empregada veio a sua porta. Era um dia frio, e ele percebe que ela estava vestindo apenas um vestido fino. Ele colocou a mão no bolso para dar a ela dinheiro para comprar um casaco e percebeu que havia sobrado pouco. Ele gritou: “Eu decorei minhas paredes com o dinheiro que poderia proteger essa pobre criatura do frio!.”
Wesley começou a limitar os seus gastos para que tivesse dinheiro para dar aos pobres. Em seu diário, ele registrou que em um ano sua renda era de £30 e suas despesas eram de £28, então ele tinha £2 para dar. No ano seguinte, sua renda dobrou, mas ele ainda gastava £28 e doava £32. No terceiro ano, sua renda pulou para £90; ainda gastava apenas £28, doando £62. No quarto ano, ele fez £120, apenas gastava £28 e dava £92 aos pobres.
Wesley pregou que os cristãos não deveriam apenas dar o dízimo, mas dar algo extra. Ele acreditava que se a renda aumenta, a oferta deve aumentar. Ele praticou isso ao longo de sua vida. Mesmo quando sua renda aumentou para milhares de libras, ele vivia de forma simples e dava o dinheiro excedente. Em um ano, sua renda era superior a £1.400,00; ele deu tudo, exceto £30.[1] Ele disse que não ficava com mais de £100. Ele deu a maior parte das £30.000,00 que ganhou em sua vida.[2]
O ponto dessa história não é uma ordem legalista para sermos pobres! O ponto é a obediência alegre e disposta a Deus. Deus não dá a todos a mesma renda de John Wesley; Deus não chama a todos para darem a mesma porcentagem que John Wesley. O teste não é: “Eu estou dando tanto quanto a outra pessoa?” O teste é: “Eu estou dando em obediência alegre a Deus?” Deus nos chama a adorar com ofertas de sacrifício.
A Prática da Oferta
Visto que ofertar é um ato de adoração, as ofertas devem ser coletadas de formas que colaboram com um espírito de adoração. Considere as ideias práticas a seguir:
A ênfase da oferta deve ser a adoração, não as necessidades.
Talvez, a razão pela qual muitos cristãos veem a oferta principalmente como uma maneira de pagar as contas da igreja é porque a ênfase está no pagamento de contas! Isso fica pior quando uma crise financeira nos leva a dizer: “A igreja vai fechar” ou “Nós não podemos enviar o missionário se não derem uma oferta generosa.” Às vezes, o pastor pede desculpas por pedir ofertas: “Eu queria não precisar pedir dinheiro a vocês.” Na verdade, a oferta deve ser uma expressão de alegre gratidão.
Ao se coletar as ofertas, a ênfase deve ser a adoração. Esse momento pode ser introduzido com versículos que lembram os adoradores sobre o propósito da oferta. Passagens como 2 Coríntios 8:9 e 2 Coríntios 9:7, Êxodo 25:2, Atos 20:35 e até mesmo João 3:16 apontam para o verdadeiro motivo da oferta.
A oferta deve fazer parte do culto.
Em algumas culturas, é comum encorajar as pessoas a ofertarem em outro momento. Embora isso possa ser motivado pelo desejo de evitar mostrar a oferta ou economizar tempo do culto, isso tende a separar a oferta da adoração. Coletar as ofertas, como parte do culto, ajuda os adoradores a entenderem que ofertar é um ato de adoração.
Uma vez que a oferta é a nossa resposta a Deus, você pode considerar fazer a coleta depois do sermão, em vez de antes. Isso diz: “Nós estamos dando a Deus em resposta a Sua Palavra.”
Os pais devem introduzir seus filhos no ato de ofertar no culto.
Assim como ensinamos nossos filhos a cantar, orar e ouvir a leitura bíblica e a pregação, devemos ensiná-los a dar com alegria. Enquanto eles aprendem que dar é um ato alegre de louvor, também se tornam adoradores.
A música tocada durante a oferta deve ser de adoração.
Se ofertar é adorar, a música tocada durante esse momento deve ser de adoração. Ela pode ser instrumental ou vocal; pode ser um solo ou congregacional; pode ser calma e reflexiva ou alegre e animada; independentemente do estilo, ela deve fazer parte da adoração. Aqueles que fazem o louvor durante a oferta devem orar por direção espiritual, assim como o líder do louvor ora por direção espiritual. Nenhuma parte do culto deve ser conduzida de forma despreocupada.
A oferta deve ser seguida de uma oração de dedicação.
Visto que a oferta é um presente a Deus, ela deve ser seguida por uma oração de consagração. Isso lembra os adoradores sobre o propósito disso e provê uma evidência visível da oferta como um ato de adoração.
Os líderes da igreja devem ser bons mordomos das ofertas do povo.
Ao ofertarem, os adoradores estão confiando suas doações à administração dos líderes da igreja. Eles devem cuidar bem daquilo que recebem. Um registro contábil do uso do dinheiro mostra para a congregação que as ofertas são usadas na obra do Senhor. Isso encoraja o ato de ofertar e reduz a tentação de desonestidade na liderança da igreja. Em um mundo que vê os líderes cristãos com desconfiança, nós devemos fazer tudo que é possível para sermos achados inocentes.
A oferta é muito mais do que uma forma de pagar contas; é um ato de adoração. Através de Sua Palavra, Deus se revela aos adoradores. Nós respondemos com ofertas de sacrifício dadas com corações alegres. Isso é a verdadeira adoração.
Check-up
Os membros de sua igreja sentem que estão adorando quando ofertam, ou eles estão simplesmente pagando contas? Quais passos práticos você pode tomar para fazer da oferta um ato de adoração?
[1]Para compararmos com os dias de hoje, isso é o equivalente de uma renda de $200.000,00, dar tudo, menos $5.000,00. Durante sua vida, Wesley ganhou e doou o equivalente aproximado de $3.000.000,00 no dinheiro de hoje.
► Discuta sobre a forma que a sua igreja observa a ceia. Qual é a frequência da celebração da Ceia do Senhor? Quando você realiza a ceia, ela é uma parte integral do culto?
Assim como Deus é revelado na palavra escrita (leitura bíblica) e na palavra falada (pregação de Sua Palavra), Ele é revelado na palavra demonstrada da Ceia do Senhor.[1] A Ceia do Senhor é um lembrete da morte expiatória de Jesus e da celebração da Sua ressurreição. A Ceia do Senhor era relacionada com a Páscoa, mas também inaugurou a nova aliança.
► Leia Mateus 26:17-30 e 1 Coríntios 11:17-34.
[2]As referências do Novo Testamento sobre a Ceia do Senhor incluem registros nos evangelhos e nas instruções de Paulo para a igreja de Corínto.
Três perguntas são frequentemente feitas sobre a observância da Ceia do Senhor.
Qual é o significado da Ceia do Senhor?
Quantas vezes nós devemos realizar a Ceia do Senhor?
Como a Ceia do Senhor deve ser observada?
Qual É o Significado da Ceia do Senhor?
A celebração da ceia é uma parte significativa da adoração.[3] Escrevendo para a igreja de Corínto, Paulo mostrou que na Ceia do Senhor:
1. Nós olhamos de volta para a morte de Jesus (“anunciam a morte do Senhor”).
2. Nós olhamos para a volta de Cristo à frente (“até que ele venha”).
Quando celebramos a ceia, lembramos de Seu sacrifício e esperamos pela Sua prometida volta. Os elementos representam o corpo e o sangue de Cristo e nos lembram de nossa participação na morte do Senhor. “Não é verdade que o cálice da bênção que abençoamos é uma participação no sangue de Cristo, e que o pão que partimos é uma participação no corpo de Cristo?” (1 Coríntios 10:16). A Ceia do Senhor é um símbolo poderoso da presença contínua do Senhor crucificado e ressurreto.
Quantas Vezes Nós Devemos Celebrar a Ceia do Senhor?
Nem a Bíblia nem a história da igreja dão uma resposta definitiva para essa questão. Parece que a igreja primitiva realizava a ceia todos os domingos. Hoje, algumas igrejas celebram a ceia semanalmente, enquanto outras celebram apenas uma ou duas vezes no ano.
Contanto que a Ceia do Senhor seja um aspecto reverente da adoração, a sua frequência não diminui o seu significado, assim como a leitura bíblica semanal não diminui o significado das Escrituras na adoração.
Como a Ceia do Senhor Deve Ser Observada?
Paulo alertou os coríntios sobre comer e beber “indignamente” (1 Coríntios 11:27).[4] Alguns passos práticos podem nos ajudar na realização da Ceia do Senhor de uma maneira digna de seu significado aos cristãos.
A ceia deve ser uma parte central do culto, não um adendo.
O momento natural de realização da ceia é após o sermão. Nesse caso, o sermão deve nos levar a um entendimento mais profundo sobre a ceia. Isso pode ser feito através de um sermão diretamente sobre a ceia, ou sobre um tópico relacionado (redenção, expiação, graça, discipulado). Para as igrejas que celebram a ceia frequentemente, não é apropriado focar no tema da ceia em todos os cultos. Porém, deve haver uma ligação clara entre a ceia e o culto corrente.
A ceia é uma ocasião solene e alegre.
A ceia é um momento solene de examinar a si mesmo e de alegre celebração pela graça de Deus. A solenidade da observância é refletida no lembrete de que a ceia é realizada em memória da morte do Senhor. A alegria da observância é refletida na promessa da volta do Senhor.
Algumas vezes, a celebração da ressurreição e a espera pela volta de Cristo serão a ênfase principal da ceia. Em outras vezes, a solenidade da morte de Deus e a importância de examinar a si mesmo podem ser a ênfase principal. Todos os aspecos são parte dessa observância.
Nós nos alegramos na ceia, porque ela é possível pela graça de Deus. Na Ceia do Senhor, somos lembrados que apenas a graça provê a nossa salvação. Nós reconhecemos a seriedade da ceia, porque lembramos que a nossa participação nela representa o comprometimento de fugir do pecado. Na mesa do Senhor, cada adorador deve se examinar.
A ceia deve refletir a unidade da igreja.
É triste que a ceia — uma ordenança com o intuito de refletir a unidade da igreja — algumas vezes tenha causado divisão. Diferenças sobre como a ceia deve ser servida (cálice individual, cálice único, molhar o pão no cálice) e sobre quem pode participar (todos os crentes professos, apenas aqueles que foram batizados, apenas os membros da igreja local) criaram divisão entre as igrejas.
Paulo lembrou a igreja de Corinto que, quando eles compartilham o pão, eles devem ser um corpo. “Por haver um único pão, nós, que somos muitos, somos um só corpo, pois todos participamos de um único pão” (1 Coríntios 10:17).
Nós devemos lembrar que na ceia a adoração é principal, enquanto os procedimentos são secundários. A igreja deve manter procedimentos que são fiéis aos evangelhos e a 1 Coríntios. No entanto, independentemente da maneira pela qual a Ceia do Senhor é servida, ela não deve ser um divisor. Na Ceia do Senhor, nós celebramos a unidade da família de Deus.
[1]Franklin M. Segler and Randall Bradley, Christian Worship: Its Theology and Practice (Nashville: B&H Publishing, 2006), 178
[2]“A ceia é o encontro marcado do Senhor com o seu povo. Aqueles que mantêm o encontro com Cristo podem esperar confiantemente que Ele irá certamente ir encontrá-los.”
- Franklin Segler and
Randall Bradley
[3]Imagem: "The Lord's Supper" tirada por Allison Estabrook em 14 de outubro de 2022, retirada de https://www.flickr.com/photos/sgc-library/52476662295/, licença por CC BY 4.0.
[4]A frase “beber indignamente” foi algumas vezes interpretada como fazendo referência à pessoa indigna da Ceia do Senhor. Porém, “de forma indigna” parece ser uma melhor tradução. Ninguém é digno do sacrifício de Jesus. O problema a ser corrigido em Corinto não era a indignidade do adorador, mas a forma desrespeitosa e indigna em que eles observavam esse alimento sagrado.
Conclusão: A Poderosa Influência da Adoração
A adoração é importante? Aqui está um testemunho de 1945, o qual mostra o que pode acontecer quando uma pessoa comum adora através da oração.
Durante a Segunda Guerra Mundial, um nipo-americano, que havia abandonado o budismo, aluno da Universidade Baylor se tornou um instrumento para o avivamento. Reiji Hoshizaki trabalhava como zelador para pagar por sua educação. Enquanto limpava as salas de aula, ele orava ao lado de cada mesa.
Um dia, depois de semanas de oração, Reiji estava na aula quando se sentiu sobrecarregado com o fardo de seus colegas, e então se ajoelhou chorando e orou. Os alunos perguntaram: “O que há de errado com Reiji?” Não havia nada de errado com Reiji; sua cadeira havia se tornado seu altar.
Através da intercessão de Reiji, o avivamento se espalhou pela Universidade Baylor e depois pelo estado do Texas. Dezenas de alunos evangelistas saíram do campus para levar o avivamento por todo o sudoeste dos Estados Unidos. A oração é uma parte essencial da adoração. Enquanto adoramos, o nosso mundo é transformado pelo poder de Deus.
(1) Nós podemos colocar as Escrituras no centro da adoração ao incluí-las em todas as partes do nosso culto.
(2) Uma vez que as Escrituras estão no centro da adoração, nós devemos garantir que elas sejam lidas de forma clara, expressiva e com uma variedade de métodos que irão manter a leitura renovada.
(3) Visto que a pregação faz parte da adoração:
A pregação requer uma preparação cuidadosa.
A pregação requer uma resposta da congregação.
A pregação requer uma resposta do pregador.
O pregador deve ser empoderado pelo Espírito Santo.
(4) Formas práticas de dar à oração uma parte significativa do culto:
Cultivar a sua vida pessoal de oração.
Aprender a orar.
Orar as palavras bíblicas.
Focar na comunhão com Deus.
Alinhar suas prioridades com as prioridades de Deus.
Falar com Deus, não com a congregação.
(5) Visto que a oferta faz parte da adoração:
A oferta deve ser motivada pela graça, não pelo medo.
A oferta deve ser motivada pelo amor, não pela recompensa.
A oferta deve ser generosa, não avarenta.
A oferta deve ser motivada pela humildade, não pelo orgulho.
As ofertas devem ser coletadas de formas que colaboram com um espírito de adoração.
(6) A Ceia do Senhor:
Olha de volta para a morte de Cristo.
Espera pela volta de Cristo à frente.
Deve ser observada de forma digna.
Deve ser observada de forma solene e alegre.
Deve ser observada de uma forma que reflita a unidade da igreja.
Tarefas da Lição 7
(1) Na lição 6, você selecionou músicas que tinham como tema cinco tópicos diferentes. Para cada um desses cinco tópicos, encontre 3 ou 4 referências bíblicas que falam sobre o tópico. Suas listas serão usadas em uma lição posterior em que você planejará um culto.
3-4 versículos sobre a natureza de Deus;
3-4 versículos sobre Jesus, Sua morte e ressurreição;
3-4 versículos sobre o Espírito Santo e a igreja;
3-4 versículos que chamam o povo de Deus a uma vida santa e rendida;
3-4 versículos sobre evangelismo e missões.
(2) No começo da próxima lição, você fará um teste baseado nesta lição. Estude as perguntas do teste como preparação.
Teste da Lição 7
(1) Liste três exemplos que mostram a importância das Escrituras na adoração.
(2) Liste três momentos do culto em que a Bíblia possa ser usada.
(3) Liste quatro implicações práticas do princípio “pregação é adoração.”
(4) Liste três sugestões práticas para dar à oração uma parte significativa do culto.
(5) Liste quatro princípios teológicos da oferta de adoração.
(6) Liste quatro ideias práticas para tornar a oferta em um ato de adoração.
(7) Liste dois aspectos da Ceia do Senhor reconhecidas em 1 Coríntios.
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