A Bíblia diz que Deus escolheu salvar o mundo pela “loucura da pregação”.[1] A pregação é o meio escolhido por Deus para comunicar Sua verdade tanto aos incrédulos quanto aos crentes. Outras religiões se expandiram através da migração, coerção e altas taxas de natalidade. O cristianismo foi difundido principalmente através da pregação.
A pregação tem sido parte integrante do cristianismo desde o início. João Batista “surgiu pregando no deserto da Judeia”.[2] Depois da tentação de Jesus, lemos: “Daí em diante Jesus começou a pregar”.[3] No dia de Pentecoste, Pedro se levantou e pregou.[4] Em nove vezes o livro de Atos se refere à pregação de Paulo. A pregação continua a ser uma das mais importantes responsabilidades dos líderes cristãos.
A pregação é a comunicação oral sobre as verdades do cristianismo em um fórum público com o objetivo de alcançar mudança nos ouvintes.
O Dicionário Bíblico Anchor diz que pregar é “proclamar, anunciar, declarar uma palavra de Deus, apresentar publicamente as boas novas, proferir um discurso religioso relacionado direta ou indiretamente a um texto das Escrituras”. Isso se concentra na apresentação da mensagem.
Em uma definição mais ampla, Thabiti Anyabwile define a pregação como “Deus falando no poder do seu Espírito sobre seu Filho a partir de sua Palavra por meio de um homem para homens”.[1] Por favor, memorize essa definição. A definição enfatiza cada aspecto do ato de pregar:
Cada membro da Trindade está envolvido na pregação.
A Palavra de Deus, não nossas opiniões, deve ser o texto para pregação.
O pregador deve permitir que Deus fale através dele.
A mensagem deve comunicar a um público.
Palavras-chave Associadas à Pregação
Há duas palavras cujas raízes primárias no grego se referem à pregação. A primeira é a família de palavras da raiz kerug. Estão incluídas:
Kerusso
Essa é a forma verbal. Significa “oficializar como um arauto ou proclamar à maneira de um arauto”.[2] Sugere uma proclamação oficial da verdade. Essa palavra é usada para descrever o ministério de João Batista,[3] de Jesus,[4] dos discípulos,[5]de Filipe[6] e de Paulo.[7]
Pedro usou essa palavra quando descreveu seu sermão a Cornélio. Jesus “nos mandou pregar ao povo e testemunhar que foi a ele que Deus constituiu juiz de vivos e de mortos”.[8]
Kerygma
Essa é a forma substantiva da palavra e refere-se à mensagem que é pregada. No grego clássico, o kerigma era a mensagem anunciada “por um arauto ou pregoeiro público, uma proclamação de um arauto”.[9] Essa palavra é usada oito vezes no Novo Testamento grego.
C. H. Dodd popularizou o uso da palavra kerygma para descrever os ensinamentos centrais do cristianismo primitivo. Os elementos básicos do kerygma são:
1. Jesus cumpriu as Escrituras do Antigo Testamento que prometiam a vinda do Messias.
2. Jesus fez boas obras e realizou milagres.
3. Jesus foi crucificado numa cruz, morreu, ressuscitou e ascendeu ao céu.
4. Jesus retornará à terra algum dia.
5. Arrependa-se, creia e seja batizado, e você receberá o perdão dos seus pecados e a plenitude do Espírito Santo.
Essas doutrinas estavam no centro da mensagem dos apóstolos. Esta era a “pregação” da igreja primitiva.
Kerux
Esta é outra forma substantiva da palavra e refere-se àquele que entrega a mensagem. Essa palavra foi usada para descrever um pregoeiro ou um mensageiro público. Ele era quem dava mensagens oficiais de funcionários reais ou governamentais. Ele era como um porta-voz presidencial hoje.
Essa palavra é encontrada apenas três vezes no Novo Testamento. Em 1 Timóteo 2:7 e 2 Timóteo 1:11, Paulo disse que foi “designado” como pregador. Em 2 Pedro 2:5, Noé é chamado de “pregador da justiça”. O kerux é um pregador.
Euangelizo
A segunda família de palavras gregas usadas para se referir à pregação vem de euangelizo. Ela vem de duas palavras gregas. Eu significa bom e angelizo significa anunciar ou dar uma mensagem. Angelizo é a palavra da qual obtemos nossa palavra “anjo”. Um anjo é um mensageiro de Deus. Nas Escrituras, a palavra “anjo” geralmente se refere a um espírito, mas às vezes se refere a um mensageiro humano.
Euangelizo significa trazer boas notícias ou anunciar coisas boas. Kerusso pode significar a proclamação de qualquer tipo de mensagem, boa ou ruim, de julgamento ou de esperança. Euangelizo se concentra em falar uma mensagem positiva. Significa declarar as boas novas.
A primeira vez que essa palavra é usada no Novo Testamento é um bom exemplo: “Os cegos veem, os mancos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e as boas novas são pregadas aos pobres”.[10] Os cegos, coxos, doentes, surdos e pobres são os que especialmente reconhecem que precisam de boas notícias.
Euangelion
Esta é a forma substantiva da palavra. É a boa mensagem que é apresentada. Não é qualquer mensagem que é pregada, mas a mensagem positiva de Jesus Cristo que oferece o perdão dos pecados e uma vida completa. O Evangelho de Marcos começa assim: “Princípio do evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus”.[11] Marcos queria que seus leitores soubessem que a vinda de Jesus era algo muito bom.
Euangelistes
Este é aquele que declara as boas novas. É traduzido como “evangelista”. Filipe é descrito como “um evangelista” e Timóteo foi orientado a “fazer a obra de um evangelista”.[12] É interessante que essas duas palavras gregas sejam usadas juntas várias vezes. Por exemplo, Mateus 4:23 diz que “Jesus foi por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas deles, pregando (kerusso) as boas novas (euangelion) do Reino e curando todas as enfermidades e doenças entre o povo”.
Didasko
Há uma outra família de palavras que precisa de explicação, as quais são associadas ao ensino. A palavra mais comum para ensinar é a palavra didasko. A palavra significa “conversar com outros para instruí-los”.[13] Essa palavra é usada dezenas de vezes no Novo Testamento. Jesus é descrito como o “mestre”.[14] Um dos ofícios na igreja primitiva era o cargo de mestre.[15]
A capacidade de ensinar era uma das qualificações da liderança da igreja.[16] O professor era responsável por transferir sabedoria e conhecimento de si mesmo para outra pessoa. Como a igreja primitiva era um movimento novo, precisava de bons professores que pudessem transmitir os novos ensinamentos. Uma das coisas mais importantes que Jesus fez durante seus três anos de ministério na terra foi preparar seus discípulos para ensinar as boas novas.
Muitos de meus alunos me perguntaram a diferença entre pregar e ensinar. Embora seja um pouco simplificado, a melhor distinção que ouvi entre os dois é que o ensino apela principalmente à mente, enquanto a pregação apela principalmente à volição.
O objetivo do ensino é comunicar informações. O objetivo da pregação é encorajar o ouvinte a tomar algum tipo de decisão. A pregação evangelística tenta levar a pessoa a tomar a decisão de aceitar a Cristo. A pregação pastoral tenta levar uma pessoa a tomar uma decisão sobre o assunto contido no sermão. Por exemplo, recentemente preguei um sermão intitulado “A quem muito é dado, muito é exigido”. Pedi às pessoas que percebessem que Deus lhes havia dado grandes bens e que deveriam usá-los para a glória de Deus. Isso é pregação pastoral.
As pessoas em uma congregação podem pensar que o pregador é como um professor se ele tem um estilo menos dinâmico do que eles esperam de um pregador. No entanto, o estilo de falar não é uma boa maneira de distinguir a pregação do ensino.
Todo bom sermão deve conter instrução, e a maior parte do ensino tem algum tipo de aplicação prática que exige uma resposta. A distinção entre pregação e ensino não é significativa.
O sermão evangelístico é projetado para inspirar o ouvinte a tomar a decisão de aceitar Jesus Cristo como seu Salvador. A pregação evangelística é normalmente dirigida aos incrédulos. Infelizmente, muitos pastores pregam apenas sermões evangelísticos aos membros de suas igrejas. Embora seja apropriado pregar um sermão evangelístico ocasionalmente para a igreja, pastores que apenas pregam esses sermões raramente verão seu povo crescer além da infância espiritual. O escritor de Hebreus afirma: “Portanto, deixemos os ensinos elementares a respeito de Cristo e avancemos para a maturidade, sem lançar novamente o fundamento do arrependimento…”[1]
A maioria dos sermões do Livro de Atos são de natureza evangelística. Incluem sermões para judeus e gentios incrédulos. O primeiro deles foi o sermão que Pedro deu imediatamente após o Pentecostes.[2] Um exemplo de sermão típico para uma audiência judaica foi dado na sinagoga em Antioquia da Pisídia.[3] Um exemplo de sermão dado a uma audiência gentia é o sermão que Paulo pregou aos filósofos em Atenas.[4]
► Cada membro da classe deve escolher um dos sermões de Atos para estudar. Leia o sermão e faça uma lista dos assuntos pregados nele. Quantos dos itens identificados como o kerigma estão contidos no sermão? Discuta e compare os sermões em sua classe.
Exemplo de um Sermão Evangelístico
Título: Vinde a Mim
Texto: Mateus 11:28-30
I. POR QUE DEVEMOS IR A JESUS?
A. Por Causa de Quem Jesus É
É justo perguntar: “Quem é Jesus?” A resposta pode ser dividida em duas partes.
1. Jesus é homem.
2. Jesus é Deus.
B. Por Causa de Como Jesus É
1. Jesus é “manso e humilde”. Ele era uma pessoa humilde. Isso sugere que:
a. Ele não era uma pessoa dura, mas uma pessoa gentil.
b. Ele não era uma pessoa rica, mas uma pessoa comum.
2. Jesus é poderoso.
C. Por Causa do Que Jesus Prometeu
1. Jesus prometeu trazer descanso a sua alma.
2. Jesus prometeu tornar seu jugo suave e seu fardo leve.
II. COMO VAMOS A JESUS?
A. Vamos com Arrependimento
1. O arrependimento envolve uma tristeza piedosa em razão do pecado.
Este é o tipo de tristeza que Davi teve quando pecou com Bate-Seba.
2. Arrependimento envolve confissão de pecado.
3. Arrependimento envolve deixar o pecado.
B. Vamos com Fé
1. Fé é acreditar em Deus.
Devemos crer que Ele existe e que é o galardoador daqueles que o buscam diligentemente (Hebreus 11:6).
2. Fé é compromisso com Deus.
C. Vamos com Confissão
1. Confissão é admitir nossa condição pecaminosa.
2. A confissão é completamente aberta diante de Deus.
Pregação Pastoral
O propósito da pregação pastoral é edificar e fortalecer os crentes. Esta é a principal responsabilidade de um pastor. A pregação pastoral é o tipo mais comum de pregação nas congregações cristãs.
Depois que a perseguição começou em Jerusalém, a igreja se espalhou para o norte, para Antioquia, na Síria. Muitos gentios se tornaram crentes. A igreja em Jerusalém ouviu sobre isso. A seguir está o relato da resposta deles.
E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé até Antioquia, o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou e exortou a todos a que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor. Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.[5]
O ministério de Barnabé na Síria era um ministério para os crentes: “Se alegrou e exortou a todos”. “Todos” refere-se aos crentes. Esse versículo mostra o poder da pregação pastoral. Embora Barnabé pregasse aos crentes, “muita gente se uniu ao Senhor”. A boa pregação pastoral fortalece os crentes e os capacita a fazer a obra de Deus, incluindo o evangelismo.
Há muitos exemplos em Atos de pregações aos incrédulos. No entanto, há apenas um exemplo em Atos de um sermão pregado aos crentes.[6] Isso foi pregado quando Paulo convidou os anciãos de Éfeso à beira-mar para se despedirem. Estes eram todos cristãos, e Paulo falou com eles como cristãos. Assim como esse sermão para esses anciãos de Éfeso era diferente do sermão evangelístico usual de Paulo, nossa pregação aos crentes normalmente será diferente da pregação aos incrédulos.
Há tantos tipos diferentes de sermões quanto há diferentes personalidades de pregadores. No entanto, os sermões tendem a estar em várias categorias gerais. Qualquer um dos métodos discutidos abaixo pode ser usado para pregação evangelística ou pastoral.
Sermão em Tópicos
Definição de Sermão em Tópicos
O sermão em tópicos é construído em torno de um tópico ou tema. O objetivo do sermão é fazer uma colocação central. O esboço do sermão é desenvolvido de maneira lógica, em vez de desenvolvê-lo a partir de um texto específico. O pregador apoia os pontos do sermão usando textos de várias partes da Bíblia que se relacionam com o tema.
Vantagens do Sermão em Tópicos
Ao buscar suporte bíblico para esse tipo de sermão, pode-se usar os melhores versículos sobre esse tópico específico em vez de construir a mensagem a partir de uma única passagem das Escrituras. Em um sermão em tópicos, pode-se desenvolver o tema de tal maneira que, quando uma pessoa sai do culto, ela sabe muito claramente sobre o que foi falado. De muitas maneiras, o sermão em tópicos é o tipo de sermão mais fácil de entender. Eles são mais fáceis e rápidos de preparar do que a maioria dos outros tipos.
Limitações do Sermão em Tópicos
O maior perigo de um sermão em tópicos é o que tem sido chamado de “texto de prova”. Esta é a prática de criar o sermão e depois procurar os versículos apropriados para sustentar os pontos. Às vezes, uma pessoa usa um versículo que não faz parte do contexto em que está sendo aplicado no sermão.
Uma segunda limitação é que, muitas vezes, os pregadores que pregam principalmente sermões em tópicos deixam a pregação sem equilíbrio. Ao pregar sermões em tópicos, os pregadores tendem a falar sobre o que mais desejam. Por outro lado, quando uma pessoa faz pregação expositiva, o próprio texto ajuda a determinar os tópicos e temas.
I. Você não pode tirar vantagem de todas as portas abertas.
II. As portas nem sempre se abrem aos mais inteligentes, aos mais fortes ou aos mais qualificados.
III. Onde quer que haja portas abertas, sempre haverá oposição.
IV. Sempre que Deus abre uma porta, ninguém pode fechá-la.
V. As verdadeiras portas de oportunidade são aquelas abertas por Deus e não pelo homem.
Exemplo de um Sermão em Tópico
Título: Uma Filosofia Cristã da Educação
Texto: Provérbios 25:2
I. DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO
A. A Educação é Intelectual: Transferência de Informações
B. A Educação é Prática: Preparação para a Vida
C. A Educação é Moral: Conformidade com o Padrão de Deus
II. FONTE DE EDUCAÇÃO
A. Os Pais Têm a Responsabilidade Primária pela Educação dos Filhos
B. A Comunidade Auxilia os Pais na Educação dos Filhos
C. A Igreja Ajuda os Pais na Educação dos Filhos
III. DESCRIÇÃO DA EDUCAÇÃO
A. A Educação Deve Ser Contínua
1. A educação continua ao longo da vida.
2. A educação geralmente é gradual.
3. A educação é valiosa para todas as pessoas.
B. A Educação Deve Ser Equilibrada
1. Deve haver equilíbrio entre teoria e prática.
2. Deve haver equilíbrio entre positivo e negativo.
3. Deve haver equilíbrio entre educação formal e informal.
Sermão Textual
Características do Sermão Textual
O sermão textual é baseado em um único texto ou frase da Bíblia. Por exemplo, pode-se pregar um sermão sobre o texto: “O salário de pecado é a morte”.[1] Em um sermão textual sobre essa passagem, pode-se falar sobre “salário”, “pecado” e “morte”. O tema e, muitas vezes, os pontos principais do sermão vêm do texto. As características, pontos fortes e fracos de um sermão textual são muito semelhantes aos de um sermão em tópico, porque o pregador pode apresentar muitas ideias que não vêm do próprio texto.
Africanos e afro-americanos pregam sermões textuais mais do que outras formas, e o fazem com muita eficácia. Uma das formas tradicionais de aprendizado na África tem sido os provérbios, uma declaração curta e memorável que ensina algum ponto sobre sabedoria. Um texto bíblico também é uma declaração curta e memorável que ensina algum ponto de sabedoria. O sermão textual tira vantagem dessa forma tradicional de ensino; isso torna o sermão textual atraente.
Exemplo de um Sermão Textual
Título: “A quem muito foi dado, muito será exigido.”
O sermão biográfico é baseado em um personagem da Bíblia. Ele explica as boas ou más qualidades do personagem bíblico e faz a aplicação com base nessas qualidades. O sermão biográfico é o estudo de um personagem.[2]
Uma vez que pessoas são mais interessantes do que princípios, o sermão biográfico muitas vezes prende a atenção melhor do que outras formas de sermão. Existem centenas de personagens na Bíblia a partir dos quais se pode pregar sermões biográficos. Quase todos eles refletem alguma qualidade positiva ou negativa.
Esta é uma forma muito eficaz de pregação em culturas que estão acostumadas com histórias. É uma maneira muito natural de pregar e ensinar a Bíblia.
Razões para Pregar Sermões Biográficos
A maioria dos personagens bíblicos são conhecidos pelas pessoas que frequentam a igreja. Identificamo-nos mais facilmente com as pessoas da Bíblia do que com os ensinamentos gerais. É mais fácil ver princípios na vida das pessoas do que em ensinamentos gerais. As pessoas estão interessadas em pessoas; portanto, sermões biográficos podem ser mais interessantes do que outros tipos de sermões.
Método para a Preparação do Sermão Biográfico
1. Leia rapidamente as passagens bíblicas que falam sobre a pessoa e faça anotações sobre as qualidades e deficiências do personagem principal que está sendo estudado.
2. Selecione de três a oito qualidades fáceis de explicar.
3. Organize-as em um esquema uniforme e consistente.
4. Continue a anotar os detalhes da história ao reler e estudar a passagem.
5. Depois de selecionar os pontos principais, encontre dois ou três outros versículos que ilustrem esses mesmos princípios.
6. Faça aplicações específicas dos princípios ilustrados no personagem que você está estudando. Certifique-se de que a aplicação é baseada no texto. Explique como seus ouvintes podem seguir um bom exemplo bíblico ou evitar seguir um mau exemplo.
Coisas para Evitar em Sermões Biográficos
(1) Não transforme o sermão em uma alegoria.
A alegoria é uma história projetada para ensinar uma lição moral. Essa lição vem da imaginação do orador, e não da própria Escritura. Os sermões biográficos devem extrair aplicações das próprias Escrituras, e não de interpretações alegóricas.
Na história de Davi e Golias, não devemos tentar apresentar Golias como Satanás, Davi como Jesus e a pedra como a Palavra de Deus. Em vez disso, devemos tentar encontrar qualidades positivas de caráter na história. A história de Davi e Golias ensinará lições como coragem, fé em Deus, compromisso com uma causa e o princípio de que Deus usa coisas fracas para fazer obras poderosas.
(2) Não force demais a história para fazer uma colocação.
Os pontos extraídos de uma história devem ser naturais. Quando o público os ouve, eles são imediatamente capazes de entender. Se esticarmos demais o ponto de comparação, confundiremos o público. Quanto mais naturalmente as colocações surgirem da história, mais facilmente o público entenderá e aplicará o sermão.
Exemplo de um Sermão Biográfico
Título: A Serva de Naamã
Texto: 2 Reis 5
“Que tipo de menina poderia inspirar seu mestre a fazer uma viagem a Israel por sugestão dela?”
(1) Ela deve ter perdoado.
Ela foi tirada de sua família, mas desejava ajudar seu mestre a se curar de sua doença.
(2) Ela deve ter trabalhado muito.
Nenhum mestre teria dado ouvidos a uma garota preguiçosa.
(3) Ela deve ter sido honesta.
Se o mestre a flagrasse mentindo ou roubando, ele não teria respeitado sua opinião quando ela o informou sobre o profeta em Israel.
Série de Exemplos de Sermões Biográficos
Uma série de sermões para a semana de ênfase espiritual:
(1) Isaías, um Homem Usado por Deus
(2) Jonas, um Homem que Deus Usou um Pouco
(3) Geazi, um Homem que Deus Poderia ter Usado
(4) Davi, um Homem que Deus Usou por Muitas Gerações
Sermão Expositivo
Descrição da Pregação Expositiva
O que é pregação expositiva? A resposta é demonstrada em um acontecimento no livro de Neemias. Sete meses após a construção das muralhas da cidade, o povo se reuniu para uma celebração especial. Uma das partes mais importantes da celebração foi a leitura da Lei Mosaica. Neemias descreve o acontecimento desta forma:
Os levitas ... instruíram o povo na Lei, e todos permaneciam ali. Leram o Livro da Lei de Deus, interpretando-o e explicando-o, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido.[3]
Os levitas “interpretaram e explicaram, a fim de que o povo entendesse o que estava sendo lido”. Este é o objetivo da pregação expositiva: tornar clara a Escritura, para que as pessoas possam entender o que está sendo lido.
Pregar de forma expositiva é explicar o significado de uma passagem bíblica e fazer a aplicação apropriada. É tentar explicar os temas mais importantes da passagem na ordem em que são encontrados. Não omite nada do texto e não acrescenta nada a ele. A pregação expositiva deve ter sido comum na igreja primitiva. Quando as igrejas recebiam cartas dos apóstolos, deviam tê-las lido publicamente e então explicado brevemente o que significavam as várias partes das cartas.
Em certa ocasião, ajudei um homem cuja filha havia conseguido uma bolsa de estudos para os EUA. Ele trouxe a correspondência da universidade e nós a lemos juntos. Expliquei-lhe então o que significavam as várias partes da carta e o que deveríamos fazer em resposta.
Isto é o que o pregador faz na pregação expositiva. A pregação expositiva é a forma mais natural e simples de pregação.
Tipos de Pregação Expositiva
Existem muitos tipos diferentes de pregação expositiva. Escolhi dividir a pregação expositiva em três categorias.
(1) Breve Exposição
Em uma breve exposição, o pregador faz alguns comentários sobre cada versículo de um capítulo inteiro ou de uma longa porção da Bíblia. É basicamente ler uma passagem e depois fazer comentários gerais sobre ela. Nesse método, o pregador aborda apenas os pontos-chave da passagem.
Nas gerações anteriores, os afro-americanos usavam essa forma de pregação com muita eficácia. Naqueles dias, muitos pregadores eram analfabetos, então, eles tinham alguém ao lado deles enquanto pregavam. O pregador faria o leitor ler um versículo ou uma frase em um versículo. Depois, o pregador explicaria e faria aplicações do versículo. Ele dizia: “Leia”, e o leitor continuava com outra frase. O pregador e o leitor continuariam com esse estilo de pregação, alternando durante todo o sermão. Essa forma de pregação se tornou tão popular que pregadores posteriores que sabiam ler continuaram a usar esse estilo.
Eu usei esse estilo de pregação de exposição breve algumas vezes, particularmente com passagens como Salmos 73. Nesta passagem, Asafe conta a história de suas dúvidas. Ele questiona a justiça de Deus a qual permite que os ímpios prosperem enquanto os justos sofrem. Asafe começa com dúvidas, mas no meio do capítulo, ele começa a ver as coisas da perspectiva de Deus. O capítulo termina com uma grande declaração de fé: “Mas, para mim, bom é estar perto de Deus; fiz do Soberano Senhor o meu refúgio; proclamarei todos os teus feitos”.[4]
Não é necessário um esboço extravagante na pregação sobre esse capítulo. A técnica “ler e comentar” funciona muito bem.
Romanos 14 funciona bem usando o método de exposição breve. Já preguei essa passagem muitas vezes e descobri que o método de exposição breve é a melhor maneira de explicar as responsabilidades dos fracos e fortes.
(2) Exposição completa
Na exposição completa, o pregador trata sobre quase todas as palavras, doutrinas e pensamentos que surgem em um texto. Como cada capítulo da Bíblia está repleto de muitas verdades, esse tipo de exposição é muito detalhada. São necessárias boas habilidades de exegese e ferramentas para pregar sobre uma passagem de maneira tão completa.
Pense na declaração de Paulo em 2 Coríntios 3:18.
E todos nós, que com a face descoberta contemplamos a glória do Senhor, segundo a sua imagem estamos sendo transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito.
Nesta passagem, há muitas verdades que podemos descobrir com uma análise cuidadosa. Conhecer a história e a teologia da “glória” do Antigo Testamento, particularmente o acontecimento em que Moisés teve que cobrir o rosto depois de estar com Deus no Monte Sinai, nos ajuda a entender o que Paulo está dizendo. O estudo das palavras-chave como “glória”, “transformado” e “imagem” produzirá ricas verdades. Se alguém fizer a exegese corretamente, haverá mais neste versículo do que em um sermão que alguém poderia pregar.
(3) Exposição Temática
Na exposição temática, o pregador seleciona uma seção curta das Escrituras, como um parágrafo, e explica os temas-chave dessa seção. Ele aborda muito mais detalhes do que a exposição breve, mas não trata de cada palavra ou pensamento na passagem. Nesse tipo de exposição, o sermão é construído em torno do tema mais importante da seção. Detalhes que sustentam o tema são enfatizados. Detalhes que não contribuem para esse tema são omitidos ou mencionados brevemente.
Esse é o tipo de exposição que faço com mais frequência. Em um sermão de três ou quatro versículos, é difícil falar de todos os pensamentos possíveis, mas você pode explicar e aplicar os pensamentos principais. Acredito que a exposição temática é a forma mais natural de pregação. Permite manter o sermão focado, mas também explicar as verdades mais importantes na ordem em que aparecem na passagem.
Exemplo de Sermão Expositivo
Título: Epafrodito, um Cristão Comum
Texto: Filipenses 2:25-30
Epafrodito era um leigo enviado da igreja de Filipos para ajudar Paulo quando ele estava em prisão domiciliar em Roma. Em um dado momento, Paulo o enviou de volta a Filipos com a carta aos filipenses. Nessa carta, ele dedicou um parágrafo à descrição da obra de Epafrodito.
A vida cristã inclui fraternidade: “meu irmão”.
A vida cristã inclui trabalho: “cooperador”.
A vida cristã inclui luta: “companheiro de lutas”.
A vida cristã inclui servir aos outros: “mensageiro”.
A vida cristã inclui circunstâncias infelizes: “ficou doente”.
A vida cristã inclui honra e respeito: “honre homens como este”.
A vida cristã inclui sacrifício: “ele quase morreu… arriscando a vida”
Exemplo de Sermão Expositivo
Título: Quando Deus Não Responde à Oração
Texto: 2 Coríntios 1:3-10
Este é um problema com o qual as pessoas lutam. Elas querem saber por que Deus nem sempre responde às suas orações. De acordo com essa passagem, Deus não responde nossas orações por pelo menos três razões diferentes:
1. Para nos preparar para o serviço
2 Coríntios 1:4: “Que nos consola em todas as nossas tribulações, para que, com a consolação que recebemos de Deus, possamos consolar os que estão passando por tribulações”.
2. Para Ilustrar Sua Graça
2 Coríntios 1:5-6, observe a frase “consolação de vocês”.
3. Para Demonstrar o Poder de Deus
2 Coríntios 1:9: “De fato, já tínhamos sobre nós a sentença de morte, para que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus, que ressuscita os mortos.”
Pregação Expositiva em Série
A pregação expositiva em série é a apresentação de uma série de sermões sobre um livro ou seção das Escrituras, um versículo ou parágrafo de cada vez. Por exemplo, o primeiro sermão de uma série sobre o Evangelho de Marcos começaria com o capítulo 1:1 e talvez tratasse da introdução do livro. O próximo sermão poderia ser do capítulo 1:2-5 e o próximo seria do capítulo 1:6-11. Então, o pregador desenvolveria sermões sobre o livro, um parágrafo de cada vez.
Este é o tipo de pregação pastoral que tenho feito durante a maior parte do meu ministério pastoral. Por exemplo, quando servi como pastor sênior de uma igreja, preguei ao longo dos seguintes livros:
Tiago em 15 sermões
1 e 2 Tessalonicenses em 25 sermões
Gálatas em 62 sermões
Filipenses em 32 sermões
Evangelho de Marcos em 102 sermões
Motivos para Fazer um Sermão Expositivo
(1) A pregação expositiva ajuda você a ensinar a verdade da Bíblia.
A pregação expositiva extrai seus pontos principais do próprio texto da maneira mais natural. Isso permite que a passagem se comunique de forma simples e clara. Jesus disse: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.[5] Uma das melhores maneiras de apresentar a verdade da Bíblia é ler um versículo de cada vez e explicar o que significa.
(2) A pregação expositiva ajuda você a enfatizar o que a Bíblia enfatiza.
Se ao pregar sobre Romanos, Paulo menciona uma determinada doutrina apenas uma vez, então você só a mencionará uma vez. No entanto, se ele menciona uma doutrina dez vezes, então você tem a oportunidade de mencioná-la dez vezes. Quando eu pregava sobre o Evangelho de Marcos, toda vez que Jesus curava alguém, eu tinha a oportunidade de pregar sobre cura. Toda vez que Jesus mencionava a oração, eu conseguia pregar sobre oração. Toda vez que Jesus encorajava as pessoas a se arrependerem, eu tinha a oportunidade de encorajar as pessoas a se arrependerem.
(3) A pregação expositiva o ajuda a ser mais natural e criativo.
É fácil para um pregador adquirir o hábito de pregar os mesmos temas o tempo todo. No entanto, quando se faz uma exposição em série, ele será forçado a desenvolver um novo material. O processo de desenvolvimento de um novo material manterá a pessoa aprendendo e crescendo. Isso o capacitará a subir ao púlpito com novidade e entusiasmo.
(4) A pregação expositiva o ajuda a dar ao seu povo uma dieta espiritual variada.
Se os pregadores permitem que seus próprios interesses pessoais determinem o que vão pregar, é provável que preguem repetidamente sobre os mesmos temas. No entanto, se fizerem exposições em série, estarão tratando de vários tópicos diferentes, e isso dará ao seu povo uma dieta espiritual mais equilibrada. Isso força os pregadores a pregar temas sobre os quais normalmente não se sentiriam à vontade para falar. Isso os manterá aprendendo e os ajudará em seu próprio crescimento espiritual.
(5) A pregação expositiva ajuda a eliminar o problema de saber o que pregar.
Praticamente todo pastor já chegou no sábado à noite se perguntando sobre o que iria pregar no dia seguinte. Quando os pastores fazem exposições em série, eles não apenas sabem sobre o que vão pregar no próximo domingo, mas também para muitos domingos no futuro. Esta é uma vantagem para os músicos e outros que servem no culto, porque eles podem coordenar suas atividades em torno do que o pastor vai pregar.
(6) A pregação expositiva ajuda você a lidar com assuntos difíceis de maneira natural.
Se os pastores sabem que há um determinado problema em sua igreja, eles são tentados a direcionar sua pregação para certas pessoas na congregação. Isso fará com que o ministro perca o respeito deles. Muitas pessoas deixaram igrejas porque sentiram que o ministro os havia destacado para pregar contra algo que eles estavam fazendo. No entanto, quando o ministro prega sobre o assunto que está nas Escrituras e que seria o próximo na série, as pessoas não devem acusá-lo de “pregar para” determinada pessoa. A pregação expositiva ajuda você a lidar com assuntos difíceis ou delicados de forma natural e inofensiva.
Fiquei maravilhado ao ver como Deus tem trabalhado soberanamente em mim para pregar sobre determinados assuntos no momento certo, mesmo que o tema fosse simplesmente o próximo da série sobre o livro que estava sendo lido. Deus sabe quem estará em nossos cultos e Ele sabe quando vamos pregar um sermão específico. Muitas vezes, Ele reúne essas coisas de uma maneira que só pode ser entendida como obra de Deus.
(7) A pregação expositiva permite que você pregue com mais autoridade.
Quando pregamos regularmente ao longo dos livros da Bíblia, isso nos dá um nível de autoridade que não temos quando pregamos sermões em tópicos. Quando todos os pontos de um sermão saem do texto de forma que o ouvinte possa vê-los facilmente, ajuda a convencer o ouvinte de que esse sermão é de Deus e não do homem. É fácil dizer: “Assim diz o Senhor” quando você está fazendo uma pregação expositiva.
(8) A pregação expositiva aproveita ao máximo seu tempo e recursos.
Quando você está pregando sobre um livro, todas as informações básicas se aplicam a todo aquele livro. Você pode usar livros de comentários para se beneficiar ao máximo. Se você pregar sobre um livro grande, como um dos evangelhos, poderá usar os mesmos recursos semana após semana e economizará tempo e recursos.
Conclusão
Não existe um método certo ou errado de pregação. O pregador cuidadoso deve selecionar o método que melhor se adapta à ocasião, ao público, à mensagem e ao seu estilo pessoal. Deus pode usar e usa todos os métodos de pregação. Você deve experimentar diferentes estilos de pregação para encontrar o mais adequado à sua personalidade e ao público.
(1) No início da próxima lição, você fará um teste baseado nesta lição. Estude as perguntas do teste cuidadosamente na preparação.
(2) Para entender melhor as diferenças entre cada método, prepare um esboço escrito para cada tipo de sermão.
Um sermão tópico
Um sermão textual
Um sermão biográfico
Um sermão expositivo
(3) Escolha um dos sermões que você preparou na Tarefa 2. Apresente-o como um sermão de 8 a 10 minutos para a turma. Cada membro da turma preencherá um formulário de avaliação encontrado no final deste guia do curso. Ao estudar as avaliações de seus colegas, você pode avaliar sua capacidade de se comunicar de forma eficaz.
Teste da Lição 3
(1) A definição de pregação de Thabiti Anyabwile é “______ falando no poder de seu _______ sobre seu ______ a partir de sua ______ por meio de um ______ para ______.”
(2) A mensagem pregada da igreja primitiva é chamada de ______________.
(3) O objetivo de um sermão ______________ é inspirar o ouvinte a tomar a decisão de aceitar Jesus como seu Salvador.
(4) A pregação _________________ é geralmente dirigida a uma congregação cristã.
(5) Um sermão ______________ é construído em torno de um tópico ou tema.
(6) Um sermão _____________ é baseado em um único texto ou frase.
(7) Um sermão ______________ é construído em torno da história de um personagem da Bíblia.
(8) O objetivo da pregação ________________ é tornar “clara a Escritura, para que as pessoas possam entender o que está sendo lido”.
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