Quando Jesus estava andando próximo ao Mar da Galileia, Ele passou por um cobrador de impostos. Como ele trabalhava para os romanos, Levi era evitado pelos rabinos judeus. Para a surpresa de Levi, Jesus disse: “Siga-me”. Outros rabinos viam apenas um cobrador de impostos; Jesus viu uma pessoa para amar.
[1]Mais tarde, Jesus teve uma refeição com um grupo de cobradores de impostos e pecadores na casa de Levi. Os fariseus ficaram chocados, Jesus deveria ser santo; por que Ele estava passando tempo com pecadores? Jesus respondeu: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar justos, mas pecadores” (Marcos 2:17).
O exemplo de Jesus chocou seus contemporâneos. Os fariseus eram considerados os mais santos nos dias de Jesus. Eles diziam: “Nós somos santos, então ficamos longe dos pecadores”. Jesus disse: “Eu sou santo, então eu passo tempo com pecadores”.
Jesus tinha prazer em passar tempo com os pecadores. Quando seguiam a Jesus, pessoas pecaminosas tornavam-se santas. Jesus proveu um modelo de amor santo que transforma o mundo. Santidade é amor perfeito por Deus e amor perfeito pelas pessoas. Verdadeira santidade transforma nosso mundo.
[1]Uma Oração Por Santidade
“Senhor,
Faça-me um instrumento da Tua paz.
Onde tem ódio, que eu semeie amor;
Onde existe machucado, perdão;
Onde existe dúvida, fé;
Onde existe desespero, esperança;
Onde existe escuridão, luz;
Onde existe tristeza, alegria.
Ó Divino Mestre,
Permita-me que eu não busque ser consolado mais do que consolar;
Ser compreendido mais do que compreender;
Ser amado mais do que amar.
Pois é dando que nós recebemos;
É perdoando que somos perdoados;
É morrendo que nascemos para a vida eterna.”
- São Francisco de Assis
Santidade no Mundo de Jesus
► Como as pessoas em seu mundo medem a santidade? Como este padrão se compara com a maneira que Jesus viveu?
O que as pessoas que viveram no mundo de Jesus acreditavam sobre santidade? Como esperavam que as pessoas santas vivessem? Quando vermos as respostas a estas perguntas, entenderemos por que as pessoas se chocaram tanto com a vida de Jesus e seus ensinamentos.[1]
No que as Pessoas do Mundo de Jesus Acreditavam
As pessoas dos dias de Jesus sabiam que Deus é um Deus santo. Elas sabiam que o povo de Deus deve ser santo. Um Deus santo requer que Seu povo seja santo. Deus enviou Israel ao exílio porque Seu povo não era santo.
A pessoas dos dias de Jesus sabiam que santidade requer separação de tudo o que é impuro. O chamado no Antigo Testamento a ser santo requereu do povo de Deus que ficassem longe de tudo que era pecado.
As pessoas dos dias de Jesus conheciam a promessa de Deus de escrever uma nova aliança no coração de Seu povo. Deus prometeu dar ao Seu povo um “novo coração” e um “novo espírito” que permitiria a eles observar a aliança (Ezequiel 36:26). As pessoas dos dias de Jesus estavam esperando pelo cumprimento desta promessa.
As pessoas dos dias de Jesus sabiam que um Deus santo cumpre suas promessas. Deus é fiel à Sua aliança. Mesmo Israel tendo quebrado a aliança, Deus permaneceu fiel. O povo judeu acreditava que a glória de Deus retornaria a Israel se eles fossem santos.
O que as Pessoas do Mundo de Jesus Praticavam
Os religiosos dos dias de Jesus acreditavam nestes princípios, mas falharam em viver de acordo com o padrão de Deus para a verdadeira santidade. Eles não tinham corações santos.
Os líderes sacerdotais colocavam sua fé no templo. Eles acreditavam que se os sacrifícios fossem feitos corretamente, a glória de Deus retornaria. Jesus respondeu: “Vão aprender o que significa isto: ‘Desejo misericórdia, não sacrifícios’” (Mateus 9:13). Jesus mostrou que rituais sozinhos não são suficientes.
Os essênios acreditavam que poderiam ser santos separando-se de outras pessoas. Eles se mudaram para comunidades próximas ao Mar Morto. Jesus respondeu: “Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se” (Lucas 15:7). “Pois eu não vim chamar justos, mas pecadores” (Mateus 9:13). Jesus tocou em leprosos; Ele comeu com pecadores. Ele mostrou que podemos ser santos em um mundo pecaminoso.
Os fariseus obedeciam aos detalhes externos trazidos pela lei, mas eles ignoravam a impureza interna. Jesus comparou os fariseus a sepulcros que são “bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mateus 23:27-28). Jesus mostrou que santidade deve começar no coração. Você não pode ter mãos santas se seu coração não é santo.
Estas pessoas do mundo de Jesus se acomodaram em fazer os rituais, ao invés da verdadeira santidade. Em vez de amar a Deus, mediam santidade pelos regulamentos. Em vez de amar o mundo deles, Israel construiu muros para ignorar um mundo em necessidade. Jesus mostrou que uma pessoa santa ama a Deus e ama seu próximo.
[1]A maioria deste material é baseado no livro Kent Brower, Holiness in the Gospels (Kansas City: Beacon Hill Press, 2005).
A Vida de Jesus era um Modelo de Santidade
Quando nós lemos sobre santidade no Antigo Testamento, nós podemos ser tentados a dizer: “Isto é uma bela teoria, mas como seria isso na realidade?” Jesus veio para nos mostrar com o que a santidade se parece na vida diária. A genealogia de Lucas mostra que Jesus era “filho de Adão, filho de Deus” (Lucas 3:38). Quando olhamos para Jesus, o filho de Adão, nós vemos o modelo perfeito de uma pessoa santa. Os evangelhos mostram a santidade na vida de Jesus de Nazaré.
Santidade é Andar com Deus
Em Jesus, nós vemos o modelo de relacionamento do homem com Deus. A vida de oração de Jesus demonstrou Seu relacionamento íntimo com Seu Pai. Jesus regularmente se retirava das multidões para estar sozinho com Seu Pai. Em sua humanidade, Jesus buscou um relacionamento próximo com Seu Pai Celestial. Ele andou com Deus.
Talvez a maior imagem do relacionamento de Jesus com o Pai é vista em Seu clamor na cruz. Enquanto carregava nossos pecados na cruz, “Jesus bradou em alta voz: ‘Eloí, Eloí, lamá sabactâni?’ que significa: ‘Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?’” (Mateus 27:46). Morrendo em nosso lugar e carregando a punição legítima dos nossos pecados, Jesus se sentiu abandonado pelo Seu Pai.
Jesus mostrou a intimidade do relacionamento com Deus. A santidade sugerida por Abraão e Davi foi cumprida na vida de Jesus de Nazaré.
Santidade é Separação
Ser santo significa ser separado do pecado e separado para Deus. Em sua humanidade, Jesus foi modelo de separação do pecado. Ele “não tinha pecado” (2 Coríntios 5:21). O discípulo que era mais próximo de Jesus durante seu ministério terreno testificou que “nele não há pecado” (1 João 3:5).
Em sua humanidade, Jesus foi modelo de separação para Deus. Ele viveu em submissão voluntária ao seu Pai. Jesus testificou: “Aquele que me enviou está comigo; ele não me deixou sozinho, pois sempre faço o que lhe agrada” (João 8:29). Jesus era separado para Seu Pai.
Santidade é a Imagem de Deus
Ser santo é refletir a imagem de Deus. Quando nós olhamos para Jesus, vemos a imagem perfeita do Pai. “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade” (João 1:14). Quando Filipe pediu a Jesus: “Mostra-nos o Pai,” Jesus respondeu: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14:8-9). Em Jesus, vemos a perfeita imagem de Deus.
Santidade é um Coração Não Dividido
Uma pessoa santa tem um coração não dividido; ela é devotada completamente a Deus. No jardim do Getsêmani, Jesus orou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). O coração de Jesus estava completamente entregue à vontade do Pai. Jesus mostra o que significa ter um coração não dividido.
Santidade é Justiça
A verdadeira santidade requer comportamento justo. Uma pessoa santa é marcada pela justiça, misericórdia e humildade. Na vida de Jesus, vemos o perfeito exemplo de justiça.
A figura máxima de justiça é vista quando Jesus carrega a justa ira de Deus na cruz. Jesus não negou a justiça da penalidade do pecado; pelo contrário, Ele pagou a penalidade no nosso lugar.
Jesus demonstrou misericórdia em seu tratamento aos leprosos, às mulheres, crianças e pobres. Ele mostrou misericórdia à mulher adúltera, a Zaqueu e ao ladrão na cruz. Repetidamente, Jesus respondeu com misericórdia àqueles que tinham sido rejeitados pelos outros.
Mais de 700 anos antes do nascimento de Jesus, Isaías descreveu a humildade do Messias. “Ele não tinha qualquer beleza ou majestade que nos atraísse, nada em sua aparência para que o desejássemos” (Isaías 53:2). Isaías profetizou: “Não gritará nem clamará, nem erguerá a voz nas ruas. Não quebrará o caniço rachado, e não apagará o pavio fumegante” (Isaías 42:2-3).
Jesus mostrou Sua missão de justiça, misericórdia e humildade em Seu primeiro sermão público. Na sinagoga em Nazaré, Ele leu a profecia de Isaías sobre um Servo que viria:
O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor (Lucas 4:18-19 de Isaías 61:1-2).
Isaías previu o “ano da graça do Senhor,” um tempo de justiça para todos. Jesus anunciou que Ele tinha vindo para cumprir esta promessa: “Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir” (Lucas 4:21). O ministério terreno de Jesus proveu um modelo de justiça.
Santidade nos Evangelhos: Amando Nosso Próximo
Na lição 7, vimos que ser santo é amar a Deus com um coração não dividido. Ser santo também é amar nosso próximo. Jesus deu estes dois mandamentos: “Ame a Deus” e “Ame seu próximo” como resumo de toda a lei (Marcos 12:29-31).
Amor verdadeiro por Deus sempre trará amor por outras pessoas. Se nós amamos a Deus, nós amaremos as pessoas que Deus ama. Santidade nunca é solitária; uma vida santa é vivida em relacionamento com nosso próximo. Santidade é perfeito amor a Deus e perfeito amor pelos outros. Perfeito amor por Deus não pode ser separado do amor pelo nosso próximo.
Jesus colocou desta forma: “Digo-lhes a verdade: o que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram” (Mateus 25:40). João conectou nosso amor por Deus com o amor pelo nosso próximo:
Se alguém afirmar: "Eu amo a Deus," mas odiar seu irmão, é mentiroso, pois quem não ama seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão (1 João 4:20-21).
Em sua raiz, o pecado é egocêntrico. No jardim, Satanás prometeu a Eva que ela poderia “ser como Deus” (Gênesis 3:5). Em Babel, o homem estava determinado: “Nosso nome será famoso” (Gênesis 11:4). Contra os desejos de Deus, Israel pediu por um rei para que pudesse ser “à semelhança das outras nações” (1 Samuel 8:5). Em cada caso, o pecado estava no egocentrismo.
Se o pecado é egocêntrico, por sua vez, santidade (o oposto do pecado) incluirá os outros no centro. Se o pecado nos faz buscar nosso próprio bem, santidade, por sua vez, nos fará buscar o bem dos outros. Se pecado é narcisismo, santidade é amor pelos outros. Ser santo é amar os outros. O mandamento que é mais frequentemente repetido no Novo Testamento é o mandamento para amar. Ele é repetido pelo menos cinquenta e cinco vezes.
Jesus ensinou que santidade é compaixão amorosa pelos outros. Jesus mostrou que uma pessoa santa irá atrair pecadores a um Deus santo, através de uma vida de amor santo.
Obediência ao mandamento de Deus de “ser santo, porque Eu o Senhor sou santo” requer que amemos nosso próximo. Jesus demonstrou perfeito amor pelos outros e ensinou Seus seguidores a amar os outros perfeitamente.
Jesus Demonstrou Amor Perfeito pelos Outros
No início do ministério de Jesus, João Batista mandou seus seguidores perguntarem: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?" (Lucas 7:19). Um fariseu esperaria que Jesus respondesse apontando Sua vida de separação e sábios ensinamentos. Ao invés disso, Jesus apontou para Seu serviço amoroso aos outros:
Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são pregadas aos pobres (Lucas 7:22).
Um estudo sobre os milagres de Jesus mostra o Seu amor perfeito pelos outros. Um centurião romano pediu a Jesus que curasse seu servo. A maioria dos rabinos judeus teriam recusado esse pedido. Jesus não apenas curou o servo, Ele louvou a fé deste gentio (Mateus 8:5-13).
Mesmo quando Seus milagres causavam oposição, Jesus agia em amor. Quando uma mulher que andava encurvada foi a Ele, a curou no sábado. Embora nada na lei impedisse esta cura, os fariseus não permitiam curas no sábado. Por causa do amor, Jesus arriscou despertar a ira dos líderes religiosos (Lucas 13:10-21).
Jesus mostrou amor mesmo àqueles que estavam sofrendo como resultado de suas próprias ações pecaminosas. Ele mostrou amor à mulher samaritana que vivia um estilo de vida imoral (João 4). Ele protegeu uma mulher apanhada em adultério. Jesus não negou seu pecado; Ele a ordenou: “Agora vá e abandone sua vida de pecado” (João 8:11). Jesus sabia que santidade requer separação do pecado, mas Ele também sabia que o amor perfeito é mais forte que o poder do pecado.
Horas antes de Sua morte, Jesus demonstrou amor aos outros. Malco, o servo do sumo sacerdote, acompanhava seu mestre para prender Jesus no jardim do Getsêmani. Quando Simão Pedro cortou a orelha de Malco, Jesus repreendeu Pedro e curou Malco (Mateus 26:50-52). Jesus mostrou o que significa amar seu inimigo.
Enquanto Jesus estava na cruz, um ladrão apelou por misericórdia. Este ladrão merecia a morte; ele era um criminoso violento. Jesus, que estava sofrendo não por Seus pecados, mas pelos pecados dos outros, prometeu misericórdia a um ladrão moribundo (Lucas 23:39-43). Apesar de Sua própria agonia, Jesus amou um homem que parecia não poder ser amado.
Jesus Ensinou Seus Seguidores a Amar aos Outros Perfeitamente
Jesus ensinou Seus seguidores o que significa amar perfeitamente. Ele mostrou que o amor perfeito é o padrão para a vida no Reino dos Céus.
Jesus Ensinou o Amor Perfeito no Sermão da Montanha (Mateus 5-7).
O mandamento, “Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” é o centro do Sermão da Montanha. Este mandamento segue uma série de exemplos de amor aos outros. Ser perfeito como o Pai celestial é perfeito é viver uma vida de amor não dividido pelos outros (Mateus 5:48).
Se santidade significasse nada mais do que separação do pecado externo, os fariseus seriam as pessoas mais santas. Eles eram chamados de “Os Separados”. Jesus requereu mais do que a separação dos fariseus. “Se a justiça de vocês não for muito superior à dos fariseus e mestres da lei, de modo nenhum entrarão no Reino dos céus” (Mateus 5:20).
Em contraste a falsa justiça dos fariseus, Jesus mostrou que cidadãos do Seu reino são pessoas de amor. Comportamento externo que não coincide com santidade interna é hipocrisia, não santidade. Nós devemos ter corações santos e mãos santas.
Uma pessoa de amor perfeito vai além da obediência ao mandamento, “Não matarás”. O amor busca a reconciliação com um irmão ofendido. Um homem de perfeito amor vai além da obediência ao mandamento, “Não adulterarás”. O amor se recusa até mesmo a olhar uma mulher para satisfazer desejos egoístas.
Um homem de amor perfeito não busca uma desculpa para o divórcio. Ele ama sua esposa o suficiente para buscar o melhor interesse dela. Uma pessoa de amor perfeito busca a verdade sem brechas. Uma pessoa de amor perfeito não busca vingança.
Jesus concluiu:
Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus. Porque ele faz raiar o seu sol sobre maus e bons e derrama chuva sobre justos e injustos (Mateus 5:44-45).
Amar como Deus ama é amar o inimigo. Jesus não diminuiu as demandas de santidade; Ele aumentou as demandas de santidade. “Sua justiça deve exceder” a justiça externa dos escribas e fariseus (Mateus 5:20). Ao invés de se conformar apenas com o comportamento externo, Deus transforma o coração. Quando você ama como Deus ama, você é perfeito como seu Pai celestial é perfeito.
Jesus Ensinou o Amor Perfeito na Parábola do Bom Samaritano (Lucas 10:25-37).
Um religioso doutor da lei perguntou à Jesus: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?” Jesus respondeu perguntando: “O que está escrito na Lei?” O doutor sabia a resposta correta: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento” e “Ame o seu próximo como a si mesmo".
O doutor não queria encarar as demandas do amor. Ele procurou por uma desculpa para evitar ter que colocar sua doutrina em ação. “Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: ‘E quem é o meu próximo?’” Jesus respondeu com a parábola do bom samaritano.
Jesus ensinou que nós somos responsáveis por amar nosso próximo não apenas em palavras, mas em ações. Como o bom samaritano, o cristão que ama perfeitamente busca oportunidades para servir aos outros – mesmo um inimigo. Se nós amamos nosso próximo, buscaremos oportunidades para servir. Tiago perguntou:
Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: "Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer-se," sem, porém, lhe dar nada, de que adianta isso? (Tiago 2:15-16).
O amor perfeito é visto nas ações, não apenas nas palavras. Pessoas santas amam como Jesus amou. Amar perfeitamente é um amar sacrificial.
Jesus Ensinou o Amor Perfeito ao Lavar os Pés dos Seus Discípulos (João 13:1-20).
Na noite de Sua prisão, Jesus ensinou uma das Suas maiores lições sobre amor perfeito. Enquanto eles comiam na festa de Páscoa, os discípulos começaram a discutir sobre qual deles era o maior.
Jesus respondeu: “Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve” (Lucas 22:27). Ele então pegou uma toalha e começou a lavar os pés dos discípulos, o trabalho de um servo. Jesus se ajoelhou e lavou os pés de cada homem na sala – até os pés de Judas.
Quando Ele terminou, Jesus perguntou: “Vocês entendem o que lhes fiz?” (João 13:12). Ele queria ensinar a estes discípulos que estavam buscando posição uma importante lição:
Vocês me chamam ‘Mestre’ e ‘Senhor’, e com razão, pois eu o sou. Pois bem, se eu, sendo Senhor e Mestre de vocês, lavei-lhes os pés, vocês também devem lavar os pés uns dos outros. Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz (João 13:13-15).
Em suas horas finais com Seus discípulos, Jesus ensinou que o amor perfeito é humilde. O amor perfeito não busca posição; o amor perfeito busca oportunidades de serviço. Santidade é amor perfeito.
Uma Vida de Perfeito Amor
Jesus disse: “Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” (Mateus 5:48). Muitas pessoas reagem: “Ninguém é perfeito!” Porém, não podemos ignorar a ordem de Jesus: “Sejam perfeitos”. O que Ele quis dizer? É possível para cristãos comuns obedeceram a ordem de Jesus?
O que Significa “Sejam Perfeitos”?
Duas coisas nos ajudam a entender o que Jesus quis dizer. Primeiro, olhe a definição da palavra grega traduzida como “perfeito” em Mateus 5:48. Teleios significa “ser completo”. Teleios vem de um substantivo que significa “objetivo” ou “propósito”. Ser perfeito significa alcançar um objetivo.
O Antigo Testamento mostra que uma pessoa perfeita tem um coração não dividido diante de Deus. Esta ideia continua no Novo Testamento. O objetivo de Deus para Seu povo é “amor completo”, o amor de um coração não dividido. Uma performance perfeita é possível pela nossa própria força? Não. O amor perfeito e não dividido a Deus é possível? Jesus diz: “Sim”.
Segundo, olhe o contexto de Mateus 5:48. Os versos anteriores e posteriores a Mateus 5:48 mostram que ser perfeito é amar a Deus e ao próximo com um perfeito amor. A ordem de Jesus resume uma vida de amor a Deus e ao nosso próximo.
A ordem, “Portanto, sejam perfeitos”, segue os exemplos de amor ao nosso próximo em Mateus 5:21-47. Em vez de assassinato, adultério, divórcio, quebra de votos e vingança, pessoas santas vivem em amor. A última dessas ordens é: “Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem” (Mateus 5:44). Pessoas santas amam aqueles que procuram fazer mal a elas. Ser perfeito significa amar como Deus ama.
Imediatamente após esta ordem, Jesus deu exemplos do que significa amar verdadeiramente a Deus em Mateus 6:1-18. Hipócritas dão aos pobres para receberem honra das pessoas; aqueles que amam a Deus perfeitamente dão para serem vistos pelo “seu Pai que vê em secreto”.
Hipócritas “gostam de ficar orando em pé nas sinagogas e nas esquinas, a fim de serem vistos pelos outros”. Aqueles que amam perfeitamente a Deus: “Vá para seu quarto, feche a porta e ore a seu Pai, que está no secreto”. Hipócritas jejuam para impressionar os outros; eles “mudam a aparência do rosto a fim de que os outros vejam que eles estão jejuando”. Aqueles que amam perfeitamente a Deus querem ser vistos apenas “pelo seu Pai que vê em secreto”.
Paulo ordena os crentes em Colossos a viverem uma vida santa. Ele descreveu uma vida de amor e perdão:
Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportem-se uns aos outros e perdoem as queixas que tiverem uns contra os outros... (Colossenses 3:12-13).
O clímax desta lista é o amor: “Acima de tudo, porém, revistam-se do amor, que é o elo perfeito” (Colossenses 3:14). Ser perfeito é “revestir-se de amor”. Quando Jesus disse: “Sejam perfeitos”, Ele nos ordenou a nos “revestirmos” de amor a Deus e ao nosso próximo. O perfeito amor é o amor de um coração não dividido.
Quão Perfeito é o Perfeito Amor?
No senso comum, às vezes usamos a palavra “perfeito” em um sentido absoluto. Usamos “perfeito” para dizer que algo não pode ser melhorado ou aumentado. Se nós pensamos em “perfeito” como um nível absoluto de conquista, nós vamos medir santidade pelas nossas obras. Assim como os fariseus, vamos visualizar santidade como uma régua de medir.
Muitas pessoas usam esta abordagem para a vida santa. Como os fariseus, elas têm uma lista de caixinhas a serem marcadas. Se todas as caixinhas estão marcadas, elas são “perfeitas”.
“Eu obedeço aos mandamentos?”
“Eu visto as roupas certas?”
“Eu digo as palavras certas?”
Na Bíblia, a palavra “perfeito” não é absoluta. Ela não nega um crescimento dinâmico. Jó era “perfeito”, (Jó 1:1) mas cresceu em seu relacionamento com Deus através das experiências que suportou.
Na Bíblia, ser “perfeito” significa “ser completo” em cada etapa do crescimento. O escritor de Hebreus escreveu aos cristãos que não eram perfeitos em suas etapas de crescimento. Eles tinham falhado em crescer em maturidade espiritual.
Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. Mas o mantimento sólido é para os perfeitos (teleios), os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal (Hebreus 5:12-14 ARC).
O escritor de Hebreus não está sugerindo que crentes maduros (ou perfeitos) não precisam mais de alimento espiritual. Ele está os empurrando em direção a maturidade, para que possam comer o alimento espiritual apropriado para sua idade espiritual. Ser perfeito é ser devidamente maduro no nosso nível de experiência cristã. Ser perfeito significa que nós somos completos e inteiros; nós somos o que Deus nos fez para ser.
Em vez de uma régua de medir, a figura bíblica de “perfeição” é um círculo. Um círculo é perfeito; ele não pode ser feito ainda mais circular. Porém, um círculo perfeito pode ser feito maior; um círculo perfeito pode crescer e expandir. Ele é perfeito, mas ainda está crescendo.
Uma pessoa santa é cheia de perfeito amor a Deus e ao seu próximo. Quando amadurecemos, nossa capacidade de amar aumenta. O círculo expande. Quando amadurecemos, nosso amor abunda “cada vez mais em conhecimento e em toda a percepção” (Filipenses 1:9). Em cada etapa de crescimento, Deus diz: “Esta pessoa me ama com o perfeito amor. Eles são santos”.
Uma pessoa que caminhou com Deus por quarenta anos entenderá melhor como mostrar amor ao seu próximo do que uma pessoa que andou com Deus por um ano. Porém ambas podem amar seu próximo com um coração não dividido. Ambas podem mostrar o perfeito amor.
Quando uma criança de cinco anos desenha uma imagem para seu pai, ele diz: “Obrigado! Está perfeito!” Ele não quer dizer que a arte não poderia ficar melhor. Aos quinze anos, essa mesma criança desenhará uma imagem bem melhor.
“Está perfeito!” significa: “Esta imagem veio de um coração amoroso. Está correto para o nível de maturidade dela”.
O perfeito amor não é um padrão de performance. É o amor não dividido a Deus e as outras pessoas. O perfeito amor é seguir o exemplo de Jesus, Aquele que veio para revelar o perfeito amor na vida diária.
O Perfeito Amor é Possível para Crentes Comuns?
Os puritanos do século dezessete expuseram um importante princípio de interpretação bíblica. Eles disseram que mandamentos bíblicos são “promessas encobertas.” Os puritanos queriam dizer que um mandamento bíblico tem uma promessa incluída. Um mandamento bíblico implica em uma promessa bíblica. Se Deus ordena alguma coisa, Ele fará com que seja possível obedecer. O que Deus requer de Seu povo, Ele fará em Seu povo.
Imagine um pai terreno que dá a seu filho uma ordem impossível. “Filho, se você quer me agradar, você deve correr um quilômetro em dois minutos.” Por um tempo, o filho pode tentar atingir esse objetivo, mas as expectativas do seu pai são impossíveis. Ao final, o filho ficará desencorajado ou até se tornará amargo. Este é um bom pai? Não.
Deus é um bom pai. Ele não frustra Seus filhos com ordens impossíveis. Quando Jesus nos ordena “sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês”, Ele nos empodera para obedecer a Sua ordem.
O Sermão da Montanha mostra a vida no Reino de Deus. Esta não é uma nova lei que traz maior escravidão que a velha lei. Não é uma lista de ideais inalcançáveis para nos mostrar quão longe estamos de obedecer às demandas de Deus. É uma imagem da vida diária no reino de Deus. Em nenhum lugar Deus diz: “Esta é minha ordem, mas vocês não podem obedecer”. Pelo contrário, Jesus diz: “Isto é o que vocês devem ser”.
Se olharmos a ordem de Jesus pelos olhos da habilidade humana, é impossível. Pela força humana, não podemos cumprir o mandamento de Deus de sermos perfeitos. Pela força humana, não podemos “amar o Senhor teu Deus de todo teu coração e de toda a tua alma e de todo teu entendimento” (Mateus 22:37). Porém, pela força de Deus, nós podemos obedecer às ordens divinas. O perfeito amor é possível através da graça de Deus.
Um homem rico perguntou: “Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?” Jesus respondeu listando os mandamentos:
‘Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’ e ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mateus 19:16-26).
Quando o jovem disse: “A tudo isso tenho obedecido”, Jesus adicionou mais uma ordem. “Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois, venha e siga-me.” Ser perfeito significa amar a Jesus mais do que as posses.
O jovem “afastou-se triste, porque tinha muitas riquezas”. O jovem rico não amava seu próximo perfeitamente; ele não venderia seus bens para dar ao pobre. Ele não amava a Deus perfeitamente; ele não deixaria sua casa para seguir Jesus. Esse jovem tinha um coração dividido. Ele queria Deus, mas ele também queria suas “muitas riquezas”.
Quando viram as demandas do discipulado, os discípulos “ficaram perplexos” e perguntaram: “Quem pode ser salvo?” A resposta de Jesus responde à pergunta: “A perfeição é possível para os crentes comuns?” Jesus disse: “Para o homem é impossível, mas para Deus todas as coisas são possíveis”.
Pela força humana, o perfeito amor a Deus e ao próximo é impossível. Porém “para Deus todas as coisas são possíveis”. Um pai amoroso não frustra seus filhos com ordens que não podem ser cumpridas. As ordens das Escrituras são acompanhadas pela graça para obedecê-las. “Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês” não é um clube legalista para levar cristãos ao desespero. É uma promessa graciosa de que Deus pode fazer em nós o que nunca poderíamos fazer em nós mesmos.
É possível obedecer a ordem de Jesus de ser perfeito? De acordo com o Sermão da Montanha, a resposta é um alegre “sim!” Ser perfeito no reino de Deus é ter um coração de perfeito amor. Ser perfeito no reino de Deus é ter um amor sincero por Deus e pelo próximo. Isso é possível? De acordo com Jesus, o perfeito amor é possível e necessário. O perfeito amor é o propósito de Deus para Seu povo.
Santidade na Prática: Como o Amor Cumpre a Lei?
Hugo diz: “Eu amo Deus com todo meu coração. E eu amo a maioria das outras pessoas. Mas eu não posso amar os negros. Eu acho que todos os negros são preguiçosos”.
O amigo de Hugo responde: “Mas os cristãos amam a todos! Cristãos não podem julgar os outros injustamente.” Hugo respondeu: “Eu não acho que Deus esteja interessado em coisas pequenas como essa. Não é normal evitar pessoas que são diferentes de nós?”
Deus diz: “Pessoas santas tratam todas as pessoas – incluindo aquelas que são diferentes de nós – com compaixão e misericórdia”.
Se vocês de fato obedecerem à lei do Reino encontrada na Escritura que diz: "Ame o seu próximo como a si mesmo”, estarão agindo corretamente. Mas se tratarem os outros com parcialidade, estarão cometendo pecado e serão condenados pela Lei como transgressores (Tiago 2:8-9).
Uma medida do seu caráter é a forma como você trata aqueles que não podem fazer nada por você. É fácil mostrar consideração e honra às pessoas que tem uma posição para nos recompensar com dinheiro, trabalhos ou autoridade. O amor honra aqueles que não podem fazer nada por nós: o pobre, os idosos, as crianças e outros sem posição. A “lei do Reino” de amor afeta como nós tratamos a todos. O amor cumpre a lei.
O Amor Cumpre a Lei
O tema do perfeito amor é central para a mensagem de uma vida santa. Na lição 7, nós vimos que o amor a Deus é mais que uma emoção. O amor a Deus muda todo o foco de nossa vida. Nós agora queremos agradar a Deus mais do que queremos agradar a nós mesmos. Da mesma forma, o amor pelo nosso próximo move nosso foco de nós mesmos para os outros.
Paulo escreveu à igreja em Roma:
Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a Lei. Pois estes mandamentos: "Não adulterarás," "Não matarás," "Não furtarás," "Não cobiçarás," e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: "Ame o seu próximo como a si mesmo." O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei (Romanos 13:8-10).
Todo cristão tem uma dívida de amor. Paulo nos assegura que se nós cumprirmos a obrigação de amar, nós teremos cumprido todas as outras obrigações da lei. Se nós amamos os outros, não cometeremos adultério, assassinado, roubo, cobiça, etc. As obrigações da lei serão cumpridas quando eu amar meu próximo como a mim mesmo.
Nos capítulos finais de Romanos, Paulo mostra como o amor cumpre a lei. Aqueles que são cheios do amor de Deus:
Servem o corpo de Cristo em vez de servir a si mesmo (Romanos 12:3-5).
Odeiam o que é mal e apegam-se ao que é bom (Romanos 12:9).
Dedicam-se a dar honra aos outros (Romanos 12:10).
Importam-se com as necessidades dos outros (Romanos 12:13).
Vivem em paz com os outros, mesmo com seus inimigos (Romanos 12:14-21).
Submetem-se as autoridades governamentais (Romanos 13:1-7).
Respeitam as convicções de outros crentes (Romanos 14:1-23).
Suportam as necessidades do seu próximo como Cristo fez (Romanos 15:1-3).
O amor a Deus muda a direção do nosso coração de nós mesmos, para Ele. Amar nosso próximo muda a direção do nosso coração de nós mesmos, para os outros. Isso faz parte do que significa ser uma pessoa santa.
John Wesley resumiu o significado de perfeição cristã:
Amor é o maior presente de Deus; amor humilde, gentil e paciente. Todas as visões, revelações e dons são pequenas coisas comparadas ao amor. Não existe nada maior na religião; se você busca por qualquer coisa em vez de mais amor, você está procurando longe da meta, você está saindo do caminho real.
E quando você está perguntando aos outros: “Você recebeu esta ou essa benção?” Se você está falando de qualquer coisa, menos mais amor, você entendeu errado; você está os levando para longe do caminho e os colocando em um caminho falso. Estabeleça isso em seu coração, que a partir do momento que Deus te salvou de todos pecados, você deve mirar em nada mais do que mais do amor descrito em 1 Coríntios 13. Você não pode alcançar nada mais alto do que isto.[1]
Amando nosso Irmão Cristão
Duas áreas vão demonstrar como o perfeito amor é em relação aos outros cristãos.
O Amor Respeita as Convicções de Outros Cristãos
Escrevendo aos cristãos em Corinto, Paulo falou sobre o assunto da liberdade cristã. Como eu devo responder a outro cristão que pode se machucar espiritualmente com minha liberdade? Paulo escreveu para cristãos “fortes” que diziam: “Sabemos que ídolos não são nada. Comer alimentos que foram oferecidos a ídolos não significa nada para nós”. Paulo respondeu:
Contudo, tenham cuidado para que o exercício da liberdade de vocês não se torne uma pedra de tropeço para os fracos. Pois, se alguém que tem a consciência fraca vir você que tem este conhecimento comer num templo de ídolos, não será induzido a comer do que foi sacrificado a ídolos? Assim, esse irmão fraco, por quem Cristo morreu, é destruído por causa do conhecimento que você tem. Quando você peca contra seus irmãos dessa maneira, ferindo a consciência fraca deles, peca contra Cristo. Portanto, se aquilo que eu como leva o meu irmão a pecar, nunca mais comerei carne, para não fazer meu irmão tropeçar (1 Coríntios 8:9-13).
Paulo pararia de comer carne pelo resto de sua vida, em lugar de deixar um irmão cristão mais fraco cair. O perfeito amor significa se importar mais com a salvação do outro irmão cristão do que com seus próprios direitos. Mais tarde, Paulo diz: “Suportamos tudo para não colocar obstáculo algum ao evangelho de Cristo” (1 Coríntios 9:12).
Os coríntios diziam: “Nós somos livres para fazermos o que queremos. Não precisamos considerar as necessidades de outros crentes”. Paulo disse: “Eu sou livre para servir as necessidades de outros crentes. Não estou preso aos meus próprios desejos e direitos. Eu sou livre para amar os outros”. Esse é o perfeito amor que Deus quer dar para todo cristão.
► Leia Romanos 14.
Na igreja em Roma, existiam cristãos “fracos” que apenas comiam vegetais. Esses devem ter sido judeus cristãos que continuaram a seguir as leis judaicas sobre alimentação e não queriam arriscar comendo alimentos impuros. Existiam também cristãos “fortes” que tinham mais conhecimento e sabiam que as leis sobre alimentação não vinculavam mais os cristãos.
Paulo mostrou a cada grupo o que significa amar como Cristo amou. O cristão “fraco” não deve julgar quem come carne. O amor não julga.
Porém, o cristão “forte” não deve desprezar o cristão fraco nem deve exercer sua liberdade de uma forma que irá enfraquecer a fé do fraco. Ao invés disso, o cristão forte desistirá dos seus direitos para evitar destruir a fé do crente mais fraco. Por quê? Por causa do amor:
Se o seu irmão se entristece devido ao que você come, você já não está agindo por amor. Por causa da sua comida, não destrua seu irmão, por quem Cristo morreu (Romanos 14:15).
Isto é o que significa amar seu irmão cristão. Nós devemos amar como Cristo amou. Ele deu Sua vida por esse irmão mais fraco; certamente, Paulo diz que nós podemos abrir mão de nosso direito de comer carne.
► Discuta uma área onde cristãos sinceros e devotados divergem. Essas não são áreas claras no ensino bíblico; são áreas com convicções diferentes. Aplique os princípios de Paulo de Romanos 14 a essa situação. Como cada grupo - cristãos “fracos” e “fortes” – deveriam abordar essa área.
O Amor se Importa com um Cristão que Cai em Pecado
Jean é um cristão que foi trapaceado em uma transação de negócios por um companheiro de membresia da igreja. Ivan vendeu um carro usado a Jean, sabendo que o carro tinha sérios problemas mecânicos. Ivan mentiu para Jean: “Eu mandei este carro para o mecânico revisar. Está em condições maravilhosas. Você pode confiar em mim. Eu sou um cristão”.
Dois dias depois de comprar o carro, Jean percebeu que a transmissão no carro estava ruim – e Ivan sabia deste problema.
► O que Jean deve fazer?
Você respondeu: “Jean deve avisar a todos que Ivan é desonesto”? Você respondeu: “Jean não deveria dizer nada para não chatear um companheiro cristão”? Vamos olhar a resposta de Jesus.
► Leia Mateus 18:15-17.
Jesus deu quatro passos que mostram como o perfeito amor trata um companheiro cristão que cai em pecado. Por favor, entenda que esse exemplo é sobre um comportamento pecaminoso. Jesus não está abordando diferenças de opiniões pessoais. Jesus não está dizendo: “Vá, se envolva nos problemas de todo mundo”. Jesus está abordando uma situação em que um irmão cristão peca contra outro cristão. Olhe os passos:
1. Eu devo ir até o irmão a sós. O perfeito amor “não se alegra com a injustiça” (1 Coríntios 13:6). Não está à procura de uma oportunidade para publicar o erro. Ao invés disso, uma pessoa amorosa tenta abordar o problema discretamente e pessoalmente. Uma pessoa amorosa aborda um irmão “surpreendido em pecado... com mansidão” (Gálatas 6:1). O objetivo é a restauração de um irmão, não a vingança. Se não existir arrependimento...
2. Eu devo ter um ou dois líderes espirituais como testemunhas. Novamente, o objetivo é a restauração. Essas testemunhas devem ser líderes espirituais da igreja que podem dar bons conselhos e trazer restauração.[2] Se não existir arrependimento...
3. Eu devo levar a situação à igreja. O objetivo ainda é a restauração. Não é vingança ou humilhação pública. O objetivo da disciplina da igreja deve ser de trazer arrependimento e restaurar um irmão. Se esta pessoa se rebela e se recusa a se arrepender...
4. A igreja deve disciplinar o membro ofensor. A igreja de Corinto tinha um membro que era culpado de terrível pecado sexual. Paulo ordenou que a igreja disciplinasse este homem. “Expulsem esse perverso do meio de você” (1 Coríntios 5:13). Não podemos ignorar o pecado no corpo de Cristo.
Porém, por favor note as palavras de Jesus. Tratem ele “como pagão ou publicano” (Mateus 18:17). Como os cristãos devem tratar os pagãos e publicanos? Com amor. Mesmo aqui, o objetivo é restauração. Em 2 Coríntios, Paulo aborda a situação de um crente que foi disciplinado pela igreja, e que se arrependeu. Paulo disse:
A punição que lhe foi imposta pela maioria é suficiente. Agora, ao contrário, vocês devem perdoar-lhe e consolá-lo, para que ele não seja dominado por excessiva tristeza. Portanto, eu lhes recomendo que reafirmem o amor que têm por ele (2 Coríntios 2:6-8).
Em 1 Coríntios, a igreja tolerava o pecado conhecido e não queria disciplinar o pecador. Paulo os lembrou que amor a Deus requer que nós disciplinemos aqueles que pecam contra o corpo de Cristo.
Em 2 Coríntios, a igreja disciplinou uma pessoa que tinha pecado, mas quando essa pessoa se arrependeu, a igreja não queria perdoá-la. Paulo os lembrou que o amor pelo nosso próximo requer que perdoemos aqueles que se arrependem.
O objetivo da disciplina da igreja deve ser sempre o arrependimento e a restauração. O perfeito amor não busca vingança.
Amando Nosso Vizinho Não Cristão
Como nós mostramos o perfeito amor aos não cristãos, especialmente aqueles que nos odeiam por sermos cristãos? Jesus disse:
Vocês ouviram o que foi dito: ‘Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo’. Mas eu lhes digo: Amem os seus inimigos e orem por aqueles que os perseguem, para que vocês venham a ser filhos de seu Pai que está nos céus (Mateus 5:43-45).
Quando você ama aqueles que te perseguem, você é “perfeito como o Pai Celestial é perfeito” (Mateus 5:48). Pessoas santas amam como nosso Pai celestial ama. Isso é o que significa ser perfeito.
Pessoas santas “demonstram amor pelos outros, não apenas pelos outros cristãos, mas também por aqueles que não são crentes, aqueles que se opõem a nós e aqueles que se engajam em atitudes pecaminosas. Nós devemos lidar com aqueles que se opõem a nós graciosamente, gentilmente, pacientemente e humildemente. Deus proíbe instigar contenda, vingança, ameaça ou o uso de violência como forma de resolver conflitos pessoais ou obter justiça pessoal. Embora Deus nos ordene a abominar atitudes pecaminosas, nós devemos amar e orar por qualquer pessoa que se engaja nestas atitudes”.[3]
Os cristãos sempre viveram em um mundo que se opõe ao evangelho. Paulo chamou os cristãos em Roma para respeitar as autoridades e pagar seus impostos – para um governo que estava matando cristãos e logo mataria Paulo.
Pedro ordenou aos cristãos que “tratem a todos com o devido respeito: amem os irmãos, temam a Deus e honrem o rei” (1 Pedro 2:17). Novamente, este era um império perverso que logo executaria Pedro. Mas, Pedro estava determinado com a ideia de que os cristãos devem amar os inimigos. Ao amar, mesmo os nossos inimigos, nós testemunhamos a verdade do evangelho. “Pois é da vontade de Deus que, praticando o bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos” (1 Pedro 2:15).
Joshua é um pastor nigeriano em uma área do norte da Nigéria onde cristãos tem sido cruelmente atacados por militantes islâmicos. Soldados islâmicos queimaram igrejas, mataram cristãos e sequestraram jovens meninas para venderem como escravas. A última vez que visitei a Nigéria, Joshua mostrou fotos dos corpos de membros da sua igreja que foram mortos pelos islâmicos.
Depois Joshua me mostrou fotos da resposta de sua igreja a estes ataques. Sua igreja construiu uma escola em uma vila muçulmana; cavaram poços para prover água potável para a vila; proveram cadeiras de rodas para muçulmanos vítimas de poliomielite; e estão construindo uma clínica médica para essa vila. Eles estão mostrando amor aos seus inimigos.
O Pastor Joshua disse: “Muitos muçulmanos estão vindo a Cristo porque eles veem o amor de Deus através dos cristãos. Nós estamos ganhando-os, não com armas e por vingança; nós estamos ganhando-os por vivermos Mateus 5:43-48”. Este é o resultado do perfeito amor vivido em nosso mundo hoje.
► Quais são os maiores desafios de amar os não cristãos em seu mundo? Liste alguns passos práticos para mostrar amor aos não crentes em sua comunidade.
O autor russo Leon Tolstoy escreveu uma curta história que mostra o que significa viver uma vida de perfeito amor. Martin era um pobre confeccionador de sapatos que amava a Deus profundamente.[4] Em uma noite, Martin adormeceu enquanto lia a Bíblia. Ele sonhou que Jesus dizia: “Amanhã, vou visitar sua loja”.
No dia seguinte, Martin esperava por Jesus. Outras pessoas foram a loja de Martin, mas Jesus não o visitou. Um velho soldado estava tremendo no frio. Martin convidou o soldado a entrar em sua loja para um chá quente. Uma mulher pobre passou pela loja, tentando manter seu bebê quente. Martin levou a ela sopa e uma coberta para o bebê. Mais tarde, Martin levou comida para um adolescente faminto.
Martin estava desapontado que Jesus não tinha ido, mas ele disse: “Era só um sonho. Fui bobo em pensar que Jesus viria a uma loja de sapatos”.
Naquela noite, enquanto Martin lia a Bíblia, ele novamente adormeceu. Ele sonhou que via pessoas em sua loja. O soldado disse: “Martin, tu me reconhece? Eu sou Jesus!” A mulher com o bebê disse: “Martin, Eu sou Jesus”. O adolescente faminto disse: “Eu sou Jesus”. Martin acordou e começou a ler:
Pois eu tive fome, e vocês me deram de comer; tive sede, e vocês me deram de beber; fui estrangeiro, e vocês me acolheram; necessitei de roupas, e vocês me vestiram; estive enfermo, e vocês cuidaram de mim; estive preso, e vocês me visitaram... Digo-lhes a verdade: O que vocês fizeram a algum dos meus menores irmãos, a mim o fizeram (Mateus 25:35-40).
No segundo século, um grupo de cristãos era chamados de “Os Jogadores” porque eles arriscavam suas vidas para cuidar daqueles que estavam morrendo de doenças contagiosas. Os Jogadores visitavam prisioneiros, cuidavam dos doentes e resgatavam bebês abandonados. Os Jogadores mostravam o perfeito amor.
No ano de 252 d.C., uma praga se instaurou em Cartago. Médicos se recusavam a visitar os pacientes; famílias jogavam os corpos dos mortos nas ruas; a cidade estava um caos. Cipriano, o bispo de Cartago, chamou sua congregação. Ele os lembrou que cristãos são chamados a serem pessoas de perfeito amor. Os cristãos de Cartago enterraram os mortos, cuidaram dos doentes e salvaram a cidade da destruição. Eles eram pessoas de perfeito amor; eram “perfeitos” como o Pai celestial deles é perfeito.
[1]Adaptado de Explicação Clara da Perfeição Cristã, John Wesley, Editora: Mundo Cristão, 1ª ed., 2020).
[3]Disciplina da Conexão Metodista Bíblica de Igrejas, 2014
[4]Leon Tolstoy, “Onde Existe Amor, Deus aí está.”
Ela Encontrou o Segredo - Esther Ahn Kim
Esther Ahn Kim era uma professora de música que vivia na Coréia durante os anos da ocupação japonesa começando em 1937.[1] Os japoneses requeriam que todo cidadão se curvasse ao santuário da deusa do sol na Montanha Namsan. Em 1939, Esther foi ordenada a se curvar perante o santuário. A penalidade da recusa a se curvar era prisão e tortura.
Alguns cristãos tinham se decidido: “Nós vamos fisicamente nos curvar, mas iremos adorar a Cristo em nossos corações”. Esther determinou que não poderia se curvar a um falso deus. Ela amava a Deus com um coração não dividido. Naquele dia, ela se recusou a se curvar.
No final de 1939, depois de muitos meses se escondendo, Esther Ahn Kim foi presa. Ela tinha passado aqueles meses se preparando para a prisão. Ela jejuou e orou, ela memorizou versículos, ela preparou sua mente e corpo para suportar o sofrimento.
Kim passou seis anos na prisão. Ela foi torturada muitas vezes, mas permaneceu fiel porque amava a Deus. Porém, Kim sabia que ela também era chamada a amar seu próximo. Na prisão, Esther começou a orar a cada manhã: “Deus, quem Você quer amar através de mim hoje?” Uma vez, ela deu sua porção de comida por vários dias para uma mulher que tinha sido sentenciada a morte por assassinar seu marido. Através do amor de Esther Kim, essa senhora foi levada a Cristo antes de morrer.
Esther Ahn Kim experimentou o que Thomas Chisholm trouxe em seu hino: “Ser como és... condenações cruéis suportaste, pronto a sofrer e dar salvação”.
[1]Adaptado de Esther Ahn Kim, If I Perish (Chicago: Moody Press, 1977)
Ó! Ser como És - Thomas Chisholm
Ó! Ser como és, Bendito Redentor,
este é meu constante querer e oração;
Alegre perco os tesouros terrenos,
Jesus, para ser semelhante a ti.
Ó! Ser como és, tão compassivo,
amoroso, perdoador, terno e gentil;
Ajudando o perdido, encorajando o desanimado,
buscando o errante pecador.
Ó! Ser como és, tão humilde,
santo, inocente, paciente e valente;
Condenações cruéis suportaste,
Pronto a sofrer e dar salvação.
Ó! Ser como és, Ó, ser como és,
Bendito Redentor, puro como és;
Venha com sua doçura, venha em sua plenitude,
Gravar a tua imagem no meu coração.[1]
(1) As pessoas no mundo de Jesus acreditavam no que o Antigo Testamento ensinava sobre santidade. Porém, elas falharam em viver de acordo com o padrão de Deus para um povo santo.
(2) O modelo perfeito de santidade é visto na vida de Jesus de Nazaré. Ele seguiu todos os princípios de santidade do Antigo Testamento.
(3) Amar nosso próximo perfeitamente é amar como Jesus amou – sacrificial e humildemente.
(4) Ser perfeito significa ser completo. Ser perfeito não significa que não haverá mais crescimento.
(5) Um mandamento tem uma “promessa incluída.” O que Deus ordena, Ele faz ser possível. Santidade é conquistada não pela força humana, mas pela graça de Deus.
(6) O amor cumpre a lei. Quando nós amamos como Deus nos chama a amar, nós cumpriremos as demandas da lei.
Tarefas da Lição
(1) Prepare um sermão sobre: “Amando Seu Inimigo do Século 21”. Use Mateus 5:43-48 como base. Mostre o que significa amar seu inimigo em seu mundo. Tenha certeza de que você inclui o evangelho (boas novas), do que Deus fez através de Cristo para tornar possível amar o inimigo.
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