Atanásio. 296-373 d.C.,
escreveu um tratado famoso “A Encarnação do Verbo”, onde ele explicou por que a completa divindade e a completa humanidade de Jesus eram tão importantes para a fé cristã. Ele foi influente no Concílio de Niceia, de onde surgiu o
Credo Niceno.
Uma das primeiras declarações foi “Jesus é Senhor”, o que significa que Jesus é Deus. As palavras “Senhor Jesus Cristo” também fizeram uma declaração, dizendo que Jesus é o Messias (Christos) e Ele é Deus. Aquele que se recusasse a dizer que Jesus é Senhor ou a usar as palavras “Senhor Jesus Cristo”, não era crente.
Mais tarde houve pessoas que afirmaram serem cristãs, mas não acreditavam que Jesus era realmente humano. É por isso que na epístola de 1 João encontramos esta declaração: “Todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne procede de Deus; mas todo espírito que não confessa Jesus não procede de Deus.”.. (1 João 4:2-3). O apóstolo também disse que se uma pessoa negar as doutrinas essenciais de Cristo, estará pecando e não é de Deus (2 João 1:9).
O credo mais antigo, que faz muitas afirmações, está em 1 Timóteo 3:16:
...Deus foi manifestado em corpo, justificado no Espírito, visto pelos anjos, pregado entre as nações, crido no mundo, recebido na glória.
Não sabemos todas as questões com que o credo de 1 Timóteo estava lidando, mas ele enfatiza a divindade e a humanidade de Jesus quando diz que Deus foi revelado em carne.
Essa pequena declaração serviu um propósito. Se um cristão antigo encontrasse outra pessoa que afirmasse que acreditava em Jesus, o cristão poderia perguntar: “Você crê que Jesus é o Senhor?” ou “Você crê que Jesus é Deus encarnado?”. Se a pessoa dissesse “não”, então o cristão saberia que a pessoa não entendia realmente ou que não aceitava o que Jesus e os apóstolos ensinaram.
[2]Durante os primeiros séculos depois do Pentecostes, a igreja achou necessário fazer declarações claras sobre a Trindade, a encarnação de Cristo e a identidade do Espírito Santo. Eles estabeleceram padrões doutrinários como uma defesa contra as heresias. Os credos destinavam-se a ser resumos das verdades fundamentais em que todos os cristãos acreditavam.
Os credos não poderiam cobrir todos os assuntos, mas aquele que negasse alguma coisa daqueles credos antigos não seria considerado como cristão. Isso era uma tentativa de definir a fé cristã.
[2]“Mas é necessário para a salvação eterna: que também se creia fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo. É, portanto, verdadeira fé que creiamos e confessemos que nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, é Deus e homem.”
– Credo de Atanásio
[3]As traduções dos credos foram retiradas da “Declaração de Fé das Assembleias de Deus”, Editora CPAD, 2017.
O Credo dos Apóstolos
O Credo dos Apóstolos não foi escrito pelos apóstolos, mas foi escrito no segundo século para expressar as doutrinas dos apóstolos.
Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, nosso Senhor; que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria; sofreu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto, e sepultado, e desceu ao Hades; e ressuscitou da morte ao terceiro dia; que subiu ao Céu, e está sentado à mão direita de Deus, o Pai Todo-poderoso; de onde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na santa Igreja católica, na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; e na vida eterna.
Parece que esse credo pretendeu expor os erros daqueles que negaram que Jesus foi verdadeiramente humano e nascido de uma virgem. Existiram também alguns que negaram que Jesus verdadeiramente morreu ou que fisicamente ressuscitou dos mortos.
Muito pouco é dito nos Credos dos Apóstolos sobre o Espírito Santo. Isso não é porque a igreja não sabia quem é o Espírito Santo; é porque as heresias sobre a Sua identidade não eram ainda desafiadoras para a igreja.
O termo católica simplesmente significa “universal” e quer dizer que só existe uma igreja verdadeira.
“Remissão dos pecados” indica a salvação pela graça ao invés de ser por obras ou rituais.
O Credo Niceno-Constantinopolitano
O Credo Niceno foi estabelecido em um concílio da igreja em 325 d.C. O seu propósito era proteger as doutrinas da divindade de Cristo e do Espírito Santo. Algumas declarações foram adicionadas em um outro concílio no ano de 381 d.C. Este credo lida com algumas questões que não haviam aparecido antes.
Cremos em um só Deus, o Pai Todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas, visíveis e invisíveis.
E em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, Deus de Deus, Luz de Luz, Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus, gerado e não feito, da mesma substância do Pai, por meio do qual todas as coisas vieram a ser; o qual, por nós, os homens e pela nossa salvação desceu dos céus e encarnou-se do Espírito Santo e da Virgem Maria, e fez-se homem e foi por nós crucificado sob Pôncio Pilatos, e padeceu, e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus e está sentado à direita do Pai, e virá de novo, com glória a julgar vivos e mortos; e o seu Reino não terá fim.
E no Espírito Santo, o Senhor e Vivificador, o que procede do Pai e do Filho, o que juntamente com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, o que falou por meio dos profetas;
E numa só igreja santa, cristã e apostólica.
Confessamos um só batismo, para remissão dos pecados, esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro. Amém.
► O que você vê nesse credo que não está no Credo dos Apóstolos?
Aqui vemos declarações expandidas sobre todas as três Pessoas da Trindade. A completa divindade de Cristo é enfatizada de uma forma a assegurá-la contra aqueles que afirmam acreditar que Jesus é Deus, mas minimizam a Sua divindade. Ele é eterno (antes de todos os séculos), não criado, com a mesma substância do Pai. Jesus deve ser chamado Deus pelas mesmas razões que o Pai deve ser chamado de Deus.
O Espírito Santo deve ser adorado da mesma forma que o Pai e o Filho, o que afirma que Ele é Deus.
O Credo de Calcedônia
O Credo Calcedônio foi escrito em 451 d.C. O seu propósito foi proteger as doutrinas da encarnação de Cristo. A preocupação dos escritores foi de proteger a doutrina da completa divindade e completa humanidade de Cristo, sem que nenhum dos aspectos fosse tão minimizado que se tornasse insignificante.
No final, os escritores declararam que consideram essas doutrinas como sendo tanto bíblicas como tradicionais na igreja. Eles não estavam desenvolvendo novas ideias, mas defendendo o que a igreja sempre acreditou.
Fiéis aos santos pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar que nosso Senhor Jesus Cristo é o mesmo e único Filho, perfeito quanto à divindade e perfeito quanto à humanidade, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em todas as coisas semelhante a nós, exceto no pecado, gerado, segundo a divindade, antes dos séculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, gerado da Virgem Maria, a portadora de Deus Theotókos. Um só e mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis e imutáveis, inseparáveis e indivisíveis. A distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, mas, pelo contrário, as propriedades de cada natureza permanecem intactas, concorrendo para formar uma só pessoa e subsistência; não dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e mesmo Filho Unigênito, Deus Verbo, Jesus Cristo Senhor, conforme os profetas outrora a seu respeito testemunharam, e o mesmo Jesus Cristo ensinou-nos e o credo dos pais transmitiu-nos.
► Você vê algo sendo especialmente enfatizado nesse credo?
A divindade de Cristo não era algo que Jesus tinha apenas no céu, mas não na terra. Os primeiros cristãos acreditavam que Jesus era verdadeiramente Deus em carne. Ele possuía completamente os atributos de Deus e homem juntos enquanto esteve na terra. Eles consideraram essa natureza de Cristo sendo Sua qualidade única como Salvador.
Os Credos de Hoje
[1]Séculos se passaram desde que a igreja começou. O mundo mudou de diversas maneiras e muitas crenças religiosas se desenvolveram.
Algumas pessoas pensam que não existem doutrinas que devem permanecer iguais. Elas se sentem livres para acreditarem no que quiserem e ainda se chamarem de cristãos.
► É necessário que acreditemos nos credos antigos da igreja?
O Deus da Bíblia, descrito nos credos antigos, não muda. Os primeiros cristãos sabiam que Deus os salvou em resposta à sua fé nEle. Essas declarações sobre a natureza de Deus e os meios de salvação foram, desde o início, o cristianismo básico.
É possível que uma pessoa seja salva sem conhecer todas essas doutrinas ou sem entendê-las corretamente. Nem todas as doutrinas são basilares para o evangelho. Uma pessoa não pode negar o que ela sabe ser verdade e ainda ser cristã, mas ela pode estar enganada em algumas coisas.
Os credos antigos desta lição falam apenas sobre as doutrinas essenciais. Se uma igreja tem uma visão de Deus que é diferente desses pontos essenciais, ela também irá inventar uma forma diferente de salvação, o que seria um outro evangelho. Se fizerem isso, não devem se chamar de cristãos, porque estão inventando uma nova religião.
É claro que toda pessoa é livre para pensar o que quiser, mas se não tiver crenças cristãs, não é um verdadeiro seguidor de Jesus.
Nos primeiros séculos não havia denominações como temos hoje. Existia uma só igreja. Então, os credos eram declarações de toda a igreja. Hoje, as igrejas que respeitam a autoridade da Bíblia mantêm as crenças dos credos, embora discordem em muitas outras questões.
A igreja primitiva sabia que o relacionamento com Deus é o que mais importa. Eles sabiam que foram salvos através do seu relacionamento com Deus. É por isso que foi tão importante que eles garantissem que soubessem quem Deus é.
O livro de Judas nos alerta sobre o dever de defender a fé que foi originalmente entregue para a igreja (Judas 3). Que Deus venha ungir a Sua verdade enquanto fielmente pregamos o evangelho, discipulamos os crentes e treinamos aqueles a quem Ele chamar para o ministério.
[1]“Mas qualquer nova doutrina deve estar errada; pois a velha religião é a única verdade; e nenhuma doutrina pode estar certa, a menos que seja a mesma ‘que foi desde o princípio.’”
- John Wesley, no sermão intitulado “Sobre o Pecado nos Crentes”
Erros Para Evitar: Arrogância Denominacional
Um grupo de igrejas unidas em uma organização é chamado de denominação. Existem milhares de denominações que afirmam serem cristãs. Também existem milhares de igrejas independentes que não fazem parte de nenhuma denominação.
Algumas vezes denominações começam com evangelismo. Se houver muitos convertidos em uma região e nenhuma denominação para cuidar deles, uma nova denominação pode ser formada. Uma denominação pode começar a partir da obra de uma organização missionária em um país.
Algumas vezes, uma denominação se origina com um grupo de pessoas que acredita que uma doutrina importante é negada ou negligenciada pela igreja em que estão. Esse grupo começa uma nova denominação com a intenção de ser doutrinariamente correta. Com o tempo, eles continuam a desenvolver as suas doutrinas. Porque entendem a Bíblia de forma diferente dos outros grupos de cristãos, algumas de suas doutrinas são diferentes das outras denominações.
Denominações também desenvolvem tradições sobre as formas adequadas para o culto e detalhes da vida cristã. Elas diferem umas das outras em suas tradições.
A maioria das denominações cristãs não afirma ser a única igreja verdadeira. Se uma organização afirma ser toda a igreja de Deus na terra, não se deve confiar nela.
Os incrédulos frequentemente contestam o cristianismo por causa das suas divisões e variedades. Eles pensam que os vários grupos do cristianismo contradizem um ao outro. Muitas pessoas no mundo pensam que há pouca unidade entre os cristãos.
Uma denominação ou igreja local que é verdadeiramente cristã crê nas doutrinas dos primeiros credos cristãos. Essa é a unidade doutrinária que existe entre todas as organizações cristãs. Existe uma grande variedade em pequenas questões doutrinárias e tradições, mas não devemos dizer que uma igreja não é verdadeiramente cristã por causa dessas diferenças.
Erros Para Evitar: Incompreensão das Convicções Pessoais
Quando o cristão vive em um relacionamento com Deus, ele desenvolve o seu entendimento da verdade da Bíblia. Ele não chegará sempre a mesma conclusão que os outros. Ao aplicar a verdade em sua vida diária, ele irá desenvolver princípios e regras para si mesmo que serão diferentes das que outros cristãos têm.
Quando alguém pensa nas suas crenças, não deve se sentir livre para rejeitar doutrinas essenciais do cristianismo antigo, a menos que decida que não é mais um cristão.
O cristão deve também ser capaz de crer nas doutrinas estabelecidas pela sua igreja. Se ele acredita que as doutrinas da sua igreja estão erradas, será difícil se comprometer realmente com a igreja como um membro.
O cristão será guiado pelos ensinamentos da sua igreja, mas poderá ter convicções pessoais diferentes de outros membros da sua igreja. A convicção pessoal não é algo diretamente declarado na Bíblia; é a tentativa que temos de aplicar a verdade bíblica em algum assunto.
Todo cristão deve honestamente aplicar as verdades bíblicas nas suas situações, mas não deve julgar rapidamente os outros pelas suas próprias conclusões. É correto esperarmos que todos os cristãos mantenham as doutrinas dos primeiros credos, e é certo esperarmos que os membros da igreja mantenham as doutrinas das suas igrejas, mas não é certo que o cristão espere que os outros concordem com todas as suas crenças pessoais.
► Leiam a declaração de fé juntos, pelo menos duas vezes.
Declaração de Fé
As Escrituras nos dizem para mantermos e defendermos as doutrinas originais do cristianismo. Os primeiros cristãos afirmaram as crenças que são essenciais para o evangelho e para o nosso relacionamento com Deus. Essas declarações ainda definem o cristianismo essencial.
Tarefas da Lição 15
(1) Tarefa Sobre Uma Passagem: Cada aluno receberá uma passagem listada abaixo. Antes da próxima aula, você deve ler a passagem e escrever um parágrafo sobre o que ela fala a respeito do assunto desta lição.
1 Timóteo 3:16
1 Timóteo 4:1-7
Tito 1:7-14
1 João 4:1-3, 14-15 e 1 João 5:12
Judas 3-13
(2) Teste: Você começará a próxima aula com um teste sobre a Lição 15. Estude as perguntas do teste com atenção para se preparar.
(3) Tarefa de Ensino: Lembre-se de agendar e informar as vezes que ensinou fora da aula.
Teste da Lição 15
(1) O que é um credo?
(2) Liste duas das primeiras declarações doutrinárias sobre Jesus.
(3) Qual é a referência para o primeiro credo nas Escrituras que faz várias afirmações?
(4) Qual foi o propósito do Credo dos Apóstolos?
(5) Qual foi o propósito do Credo Niceno?
(6) Qual foi o propósito do Credo de Calcedônia?
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